Do baú quase inesgotável da rede
BBC de Londres, surge mais um interessante produto. “Best Of The BBC Vaults”
traz quatro apresentações de Ella Fitzgerald na tevê, abrangendo o período de
1965 a 1977. Lançado lá fora no ano passado, ganha edição nacional em 2011 pela
Som Livre em uma bonita caixinha com livreto, CD de 18 músicas e um DVD
contendo 35 canções espalhadas em 4 exibições que alcançam duas horas e meia de
duração.
A cantora nascida em 25 de abril
de 1917 e falecida no dia 15 de junho de 1996 aos 79 anos, deixou uma carreira
fecunda em grandes momentos. Consolidou a vida artística nos anos 40 e 50 apoiada
em belos discos que visitavam as obras de George Gershwin, Cole Porter e Duke
Ellington, porém nunca parou de produzir, elaborando uma extensa discografia. “Best
Of The BBC Vaults” cobre um período de afirmação, alguns problemas pessoais e
recomeço.
O registro mais raro é logo o
primeiro, intitulado “Show Of The Week: Ella Fitzgerald Swings (1965)” com 25
minutos. Nele, Ella destaca boas canções do seu repertório mais habitual como “Cheek
To Cheek”, “St. Louis Blues” e uma versão bem pessoal de “The Girl Of Ipanema”.
Sempre bem educada com o público, entre as canções apresenta o que virá pela
frente. Por ser a mais antiga, aparece em preto e branco e tem o som apenas razoável.
Em “Ella Fitzgerald Sings (1965)”,
também em preto e branco, temos praticamente um prolongamento do anterior e
traz o Tommy Flanagan Trio acompanhado pela orquestra de Johnny Spence. O
resultado é o mais fraco de todos, com a cantora voltando para o tempo em que
se apresentava com big bands nos anos 30. No entanto, temos agradáveis ocasiões
como em “Too Marvellous For Words”, “Manhattan” e “That Old Black Magic”.
“Omnibus Presents Ella Fitzgerald
At Roonie Scott’s (1974)” vem com o habitual trio de Tommy Flanagan (piano),
preenchido excepcionalmente pela guitarra de Joe Pass, além do onipresente
baixo de Ketter Bats e a bateria de Bobby Durham. No tradicional reduto do jazz
britânico, a banda se sobressai bastante enquanto a artista produz boas interpretações
(apesar da voz já enfraquecida) para “The Man I Love” e “The Very Thought Of
You”.
Mas o melhor fica mesmo para o
final. Em “Jazz From Montreaux (1977)”, Ella se aventura em arriscadas faixas
como “My Man” e “Day By Day”, além de cantar novamente Tom Jobim em “One Note
Samba” e encerrar de modo brilhante com “You Are The Sunshine Of My Life” de
Stevie Wonder. E basta essa última canção para mostrar as razões que a levam ser
apontada como a maior cantora que o jazz americano já viu em todos os seus anos
de existência.
Site oficial: http://www.bestofthevaults.com
Assista ao teaser de lançamento:
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