domingo, 30 de março de 2008

“Brain Thrust Mastery” - We Are Scientists - 2008

Na vida vez ou outra é preciso se encontrar, andar por diversos lados a fim de achar o seu melhor. Na música, isso também pode ser encarado como um caminho. Se encontrar é o que parece que os nova iorquinos do We Are Scientists procuram em seu segundo álbum “Brain Thrust Mastery”, lançado na semana passada.
Em 2006 a banda estreou com um ótimo disco, que trazia faixas vigorosas como “Nobody Move, Nobody Get Hurt”, “Inaction” e “The Great Escape”, apoiado nas guitarras e vocais de Keith Murray. Nesse novo disco, o trio se tornou um duo com a saída do batera Michael Tapper e busca uma nova estrada para seguir com a sua música.
“Brain Thrust Mastery” não carrega a energia do disco anterior, vem bem mais melódico e demonstra na maioria do seu tempo idéias comuns demais, sem ao que tudo indica muito interesse. Essa aliviada de mão, produz coisas para escutar e esquecer no minuto seguinte, como “Lethal Enforcer”, Altered Beast” e “Chick Lit”.
Os bons momentos ficam por conta de “Let´s See It”, “After Hours”, além de “That´s What Counts” que fecha o disco e de tão canalha que é com seu saxofone, acaba sendo bem interessante. Keith Murray, continua cantando muito bem, mas isso não é suficiente para colocar sal no disco, que aparece meio insosso e sem graça. Vale crer em dias melhores.
My Space: http://www.myspace.com/wearescientists
Site Oficial: http://www.wearescientists.com
Sobre o primeiro disco, clique aqui.

sexta-feira, 28 de março de 2008

"Conduta de Risco" - 2007

“Conduta de Risco” recebeu sete indicações ao Oscar, quatro ao Globo de Ouro e cinco ao BAFTA. Isso na minha humilde opinião, já credencia o filme para ser assistido. Junte a esse pacote um elenco com George Clooney, Tom Wilkison, Tilda Switon e Sydney Pollack. Só para melhorar ainda mais coloque Tony Gilroy (roteirista de “Advogado do Diabo” e a trilogia Bourne) na sua estréia como diretor além de responsável pelo roteiro.
Um pacote que promete bastante não? Promete e cumpre. Como um ótimo thriller político, filmado com bastante competência, tendo um roteiro ágil e coerente, “Conduta de Risco” (no original leva o nome de “Michael Clayton”, seu personagem principal), merece ser assistido. Não é cinema inovador, nem uma obra prima, mas é daqueles filmes que tem vocação para te prender na cadeira.
George Clooney é Michael Clayton, um advogado de Nova York trabalhando em uma grande empresa e sua função é limpar a sujeira dos seus clientes milionários, uma espécie de faxineiro, como o próprio filme define. No meio de uma tempestade na sua vida pessoal, que inclui dívidas, falência de outros negócios e uma tremenda pendência financeira com um agiota, Michael se vê no meio de um grande e perigoso processo.
Tudo acontece porque um companheiro (e bom amigo), Arthur Edens (Tom Wilkison) outro advogado da sua firma, simplesmente pira e tira a roupa perante um tribunal, gritando impropérios dos mais diversos. O julgamento em questão consistia em bilhões de dólares e Arthur parece querer mudar de lado, o que causa um tremendo reboliço na sua firma e na empresa processada, colocando Michael no meio de tudo isso.
A exploração dos pormenores das grandes corporações, expondo e criticando todos os seus podres sempre rende bons filmes como “O Informante” e “Jardineiro Fiel”, só para ficar em dois bons exemplos, sendo sempre bem vindos para mostrar nem que seja um pouco a sociedade em geral o universo em que todos estão inseridos, sendo preciso vez ou outra tomar partido e fazer alguma coisa.
Nota 8. Com louvor.

quarta-feira, 26 de março de 2008

"Na Praia" - Ian McEwan

O que é capaz de mudar as nossas vidas para sempre? Será que um pequeno gesto mal interpretado, pode ter esse poder? Essa determinação tão fatalista? Essa é uma das premissas que o cultuado escritor inglês Ian McEwan explora no seu ultimo romance, intitulado “Na Praia”, lançado ano passado por aqui pela Companhia das Letras, com 136 páginas.
Ian McEwan já ganhou diversos prêmios e lançou ótimos livros como “Sábado” e “Reparação”.
Sua escrita é sempre direta e bastante prazerosa de ser consumida. Em “Na Praia”, uma história que o próprio autor definiu como “triste com algumas cenas cômicas”, ele volta à Inglaterra de 1962, ainda preenchida com os resquícios da moral vitoriana e na porta da revolução sexual e de costumes que estava por vir.
Narrado em terceira pessoa, temos Edward e Florence, que recém casados vão passar sua noite de núpcias na praia de Chesil, próxima ao Canal da Mancha. Essa noite que devia ser prazerosa, se mostra desastrosa e revela dois personagens demasiadamente educados, embaraçados e tímidos, sufocados pela sua época e divididos entre o desejo e o pudor, a vontade e o despreparo.
Usando o fundo social e cultural da época, Ian McEwan entra na vida de Edward, recém formado em História e Florence, uma promissora violonista, mostrando como se conheceram, o desenrolar do seu romance, os seus sonhos e a não transformação destes, explorando todos os costumes da sociedade a sua volta que tanto atrapalhavam a vida de dois jovens.
“Na Praia” por não ser longo, passa rápido e satisfaz bastante, principalmente devido ao talento de Ewan e sua escrita bonita ao mesmo tempo em que dança com a simplicidade. É um livro para pensar um pouco na vida, em que não há redenção, em que os erros não podem ser consertados, somente analisados. É um livro sobre seguir em frente e lembrar que a vida pode ser modificada por pequenos detalhes.
Site oficial do autor: http://www.ianmcewan.com

segunda-feira, 24 de março de 2008

"This Gift" - Sons And Daughters - 2008

A Escócia sempre foi capaz de produzir excelentes bandas como The Jesus And Mary Chain, Teenage Fanclub, Belle And Sebastian, Franz Ferdinand e Idlewild, só para ficar em alguns exemplos. Essa lista ganha mais um bom componente nesse ano de 2008, o “Sons And Daughters”, lança seu terceiro disco chamado “This Gift”, que por si só clama um lugar melhor ao sol.

A banda formada por Adele Bethel (vocal, guitarra e piano), Scott Paterson (vocal e guitarra), Ailidh Lennon (baixo e bandolim) e David Gow (bateria e percussão) já tinha dois discos no currículo, “Love The Cup” de 2003 e “The Repulsion Box” de 2005, que apesar de serem bons trabalhos, não conseguiam se sobressair no meio das enxurrada de bandas que surgem diariamente.

Em “The Gift” o papo é outro, a urgência e energia tão características da banda, continuam fortemente presentes, mas muito melhor trabalhadas tanto nos seus arranjos, quanto no seu poder pop. Parte dessa “culpa” pode ser atribuída a produção de Bernard Butler (ex-Suede), que soube evidenciar mais as melodias sem perder a pegada das guitarras cortando com seus riffs e o baixo sempre pulsante.

O vocal de Adele Bethel (talvez o maior carro chefe da banda), está bem melhor, sem emular tanto a Debbie Harry do Blondie, enquanto destroça petardos viciantes, enérgicos e poderosos como “Gilt Complex”, “Rebel With The Ghost”, “This Gift”, “Darling”, “Flags”, “House In My Head” ou “Goodbye Service”.

Esse novo trabalho do Sons And Daugthers tem cacife para ocupar algumas listinhas no final do ano, não representando nenhuma surpresa. Totalmente recomendável. Para ser escutado no último volume.

My Space: http://www.myspace.com/sonsanddaughters

Site Oficial: http://www.sonsanddaughtersloveyou.com

sexta-feira, 21 de março de 2008

"Diamond Hoo Ha" - Supergrass - 2008

Era final de 2005, chegava a hora de escolher os melhores do ano para colocar naquela velha listinha que sempre rola nessa época. Era o ano do excelente segundo disco do Franz Ferdinand, mas para mim uma das bandas prediletas da casa produziu uma pequena obra prima. Coloquei “Road To Rouen” do Supergrass como disco e “Kick In The Teth” como a canção do ano.
Em “Road To Rouen” a banda de Gaz Coombes evoluía de ótimos hits juvenis como “Allright” do álbum de estréia e petardos do seu grande disco até então como “Richard III” ou “Sun Hits The Sky” do álbum “In It For The Money” para uma sonoridade mais trabalhada e experimental, botando no seu bolo de influências bandas como Led Zeppelin e Pink Floyd.
O que se esperar do próximo disco então? Uma continuidade do último ou um retorno aos primeiros? Gaz Coombes (guitarras e vocal), Mick Quinn (baixo), Rob Coombes (teclados) e Danny Goffey (bateria) optaram sabiamente em mesclar as duas “fases”. “Diamond Hoo Ha” que chegou às lojas agora em março continua um pouco experimental ao mesmo tempo em que as guitarras e o pop ligeiro retornam ao palco.
As guitarras e o pop estão presentes na faixa titulo, em “Bad Blood”, na deliciosa “Rebel In You” e em “Whisky & Green Tea”. A parte que remete um pouco mais ao disco anterior pode ser verificada em “When I Needed You”, “Return Of Inspiration” ou na beatle “Ghost Of A Friend”. Ainda temos a mescla das duas fases com a dobradinha que fecha o álbum, as ótimas “Outside” e “Butterfly”.
A produção de Nick Launay (que trabalhou com Arcade Fire e Nick Cave, entre outros), deixa todos os instrumentos e nuances bem perceptíveis, o que é sempre bom. Com “Diamond Hoo Ha”, o Supergrass mostra mais uma vez que talento não lhe falta e que sua história ainda contará com muitos capítulos, além de cravar mais um bom trabalho na sua discografia. Bom disco de uma ótima banda.
Site oficial: http://www.supergrass.com

quarta-feira, 19 de março de 2008

"The Little Willies" - The Little Willies - 2006

Há alguns dias uma amiga me perguntou se eu gostava de Norah Jones. Respondi que tinha algumas coisas que achava bacana, mas bom mesmo era um projeto que ela tocava em paralelo chamado The Little Willies. Ao fazer o arquivo para passar para ela, me deparei escutando novamente e cá estou fazendo uma resenha ainda que tardia sobre este bonito álbum.
Os “Willies” (uma homenagem a Willie Nelson) são a já citada Norah Jones (piano e vocal), Richard Julian (guitarra e vocal), Jim Campilongo (guitarra), Lee Alexander (baixo) e Dan Rieser (bateria). Se conheceram em 2003 em Nova York cada um vindo de uma parte do país e perceberam que tinham a música em comum, principalmente o country que passaram a vida escutando nas suas cidades.
Começaram a se reunir para algumas apresentações, sempre que todos estavam pela cidade e em 2006, lançaram seu único álbum até agora “The Litlle Willies”. No repertório canções de Hank Williams, Fred Rose, Kris Kristofferson, Townes Van Zandt e claro Willie Nelson, que fazem companhia a composições próprias da banda e se misturam no decorrer do disco.
Esse álbum acima de tudo registra duas coisas, homenagem e devoção. Nele, músicos metem o pé no country clássico e embriagam-se de alegria, descompromisso, guitarras slides, baixos acústicos, vocais dobrados, como se estivessem em um bar perdido na beira da estrada. Junte-se a isso um ótimo trabalho instrumental, com tudo soando unido e coeso sem soar burocrático e sempre bem divertido.
Para ser consumido sem qualquer controle ou restrição.
Site do projeto: http://www.thelittlewillies.com
Richard Julian:
http://www.richardjulian

segunda-feira, 17 de março de 2008

"En Níngun Lugar" - Charades - 2008

Tem discos que conseguem transformar e melhorar um dia ruim, colocando um pouco de sorriso no rosto e ajudando a tocar em frente quando as coisas não estão dando muito certo. O segundo disco da banda Charades, intitulado “En Ningún Lugar” tem esse pequeno dom. Em seus poucos mais de 23 minutos, melhora qualquer astral.
Um dos grandes malefícios do cd foi uma “obrigação” das bandas em encherem todo seu espaço e na maioria das vezes acabam por soar cansativas ou repetitivas. Discos com 10,11,12 faixas e rodando na faixa dos 30 minutos perderam espaço. Esse é um dos diferenciais de “En Ningún Lugar”, são 10 canções com pouco mais de dois minutos, que ajudam e muito o trabalho.
Oriundos de Madri na Espanha, o Charades estreou em 2006 com o bem recebido pela critica “When Shinning Blue” (cantado em inglês), onde trazia um indie rock com grande influência de Veruca Salt. No entanto, é nesse novo registro que Isabel Fdez. Reviriego (vocal e guitarras), Maria Hernández (baixo e vocal), Coki Garcia (teclados) e Guilhermo Llansó (bateria) encontram sua melhor sonoridade nas mãos do produtor Santi Garcia.
“Siete” abre com uma linha de baixo remetendo ao pós punk, passa por “La Máquina Del Tiempo”, com uma bonita letra, em versos como: “No dejaré que el pasado recuerde lo que pude hacer/ Sé que hoy el sol brilla, no quema y sabe quien soy” e continua nas melodiosas “La Carta”, “Cuando Tú Não Estás” e “El Barco de Eric”.
Aparece com outro ótimo momento na faixa titulo que diz: “Desde aquí no se ve la ciudad/ si nos buscas tendrás que llegar a ningún lugar”, nos delicia com o powerpop de “Rozando La Suerte” (com introdução remetendo a “Allright” do Supergrass), traz os teclados de “Un Día En Brighton”, os violões de “Tengo A Maria” e fecha com “Hanna Arendt”, com leves toques psicodélicos, em mais um indie pop.
Esse segundo disco do Charades, não ostenta nada de novo, traz influências de indie contemporâneo, The Breeders e de bandas dos anos 60, mas vem carregado de harmonia, ótimos backing vocals, ensolarado como um belo dia de sol, trazendo felicidade e alegria ao passar no player, além de uma das capas mais bonitas do ano até agora. Completamente indicado para salvar um dia ruim.
My Space: http://www.myspace.com/lascharades
Siga o link.

sábado, 15 de março de 2008

"Elizabeth - A Era de Ouro" - 2008

Cada vez admiro mais o trabalho da australiana Cate Blanchett. Difícil apontar algum filme ruim seu (tá certo, tem “O Dom da Premonição”, mas...). No grosso a atriz sempre faz um excelente trabalho e em “Elizabeth - A Era de Ouro”, não é diferente. Na continuação de “Elizabeth” de 1998, alguns anos se passaram e o talento dessa atriz, cada vez mais se apóia na sua absurda segurança. Tipo de caso que só ela já vale o filme.
Nos trinta anos de história que se passaram entre o primeiro filme e o segundo, Elizabeth continua no poder, só que enfrenta diversas ameaças, oriundas principalmente do Rei Felipe II da Espanha que cristão fervoroso e aliado da Igreja Católica pretende devolver o catolicismo a Inglaterra, utilizando para tanto a Rainha Mary da Escócia, desenvolvendo uma trama que culminaria com esse repasse de poder.
O diretor Shekhar Kapur (apesar de alguns deslizes) retrata bem uma rainha que ao mesmo tempo em que precisa ser forte e proteger o seu povo de acordo com suas convicções, se vê cada vez mais migrando para o caminho da solidão, pois seus acertos amorosos não passam de mero desejo. Elizabeth ficou conhecida com “A Rainha Virgem”.
No elenco ainda temos o sempre excelente Geofrey Rush e o competente Clive Owen que formam uma trinca que mais ou menos é responsável por carregar o filme. Só não temos um trabalho melhor, pois este peca em ritmo, as passagens e os problemas com que Elizabeth tem que lidar poderia ganhar um pouco mais de emoção e ação.
No entanto, a atuação de Cate Blanchett é mais do que suficiente para valer a sessão. Excelente desempenho. A atriz continua em alta por aqui.

quarta-feira, 12 de março de 2008

"Let´s Stay Together" - Al Green - 1972

Em 13 de abril de 1946, nascia nos EUA um garoto que recebeu o nome de Albert Greene. Criado desde cedo com a música ao seu lado e na sua vida, cantando desde os nove anos, seria responsável 26 anos mais tarde por um dos clássicos eternos da soul music, já conhecido como Al Green e gozando de relativo prestigio no seu meio.
“Let´s Stay Together” saiu em 1972, sendo o terceiro disco da carreira solo do cantor, alcançando ótimos lugares na parada de sucessos da época. Green cantava com enorme maestria, completamente versátil transitava entre vários tons e falsetes como poucos. Esbanjava sensualidade ao mesmo tempo em que devotava paixão e força à sua música.
Sua parceria com o produtor Willie Mitchell se tornou lendária, chegando ao seu ápice nessa obra. A tríade que abre o disco é simplesmente irresistível, a faixa-título (sim, é aquela canção que fez parte de “Pulp Fiction” do Tarantino) vem seguida de “La-La For You” e “So You´re Leaving”. De tirar o fôlego.
Todas as nove faixas presentes merecem destaque. Seja o suingue e os metais sangrando forte em “I´ve Never Found A Girl”, a sensualidade subjetiva de “What Is This Feeling” ou a romântica “Old Time Lovin´”, com excelente trabalho de backing vocal, remetendo diretamente aos anos 50 e 60.
Tem ainda a bonita regravação de “How Can You Mend A Broken Heart” dos Bee Gees, com orquestrações e um vocal quase sussurrado que passa dos seis minutos de duração, “Judy” mais uma canção com o carimbo do artista e para fechar essa pequena obra prima o balanço retorna em grande estilo com “It Ain´t No Fun To Me”, com os metais em altíssimo volume.
Não muito tempo depois do lançamento desse disco, algumas situações aconteceram na vida de Al Green, que o fizeram enveredar pelo caminho da música gospel, outra eterna paixão. A partir disso ganhou a alcunha de “Reverendo” e passou a conquistar fiéis e mais fiéis que simplesmente não conseguiam resistir aos vocais perfeitos e a excelente música que lhes chegava.
Na entrada do seu site oficial está escrito: “Reverend, Singer, Songwriter, Musican, Legend”. Só cabe a mim concordar.
Site: http://www.algreenmusic.com

domingo, 9 de março de 2008

"Un Día En El Mundo" - Vetusta Morla - 2008

A independência na música não é um caminho nada fácil. Não somente aqui no Brasil, mas em qualquer lugar do mundo provavelmente. A banda de Madrid na Espanha, Vetusta Morla que o diga. Nove anos se passaram desde a sua formação até o lançamento em 11 de fevereiro desse ano do primeiro disco chamado “Um Día En El Mundo”.

Nove anos que serviram para fazer que a música do Vetusta Morla saia bem acabada e com extrema naturalidade. Antes disso foi lançado o Ep “Mira” em 2005, um belo registro que cedeu quatro canções para a sua estréia (pena que “Iglús” não esteja incluída). Em seu site oficial (que coloco abaixo) este registro está disponível para download.

Esse combo espanhol tem em sua formação o ótimo Pucho (vocal), além de Alvaro B. Baglietto (baixo), Guilhermo Galván (guitarras), Juan Manuel Latorre (guitarras e teclados), Jorge González (percussão e programações) e David “El Indio” (bateria). O entrosamento entre eles é completamente percebível e faz com que todas as canções desçam redondinhas.

No que tange a sonoridade, não espere nada que você não tenha ouvido antes. Lá você pode perceber influências de Radiohead, Travis, Elton John e U2, todas reunidas e mescladas entre si e adicionada a outros toques distintos que ao seu final produzem canções para serem tocadas por horas sem enjoar. As letras são outro ponto forte (confira no site oficial logo abaixo).

Desde que “Autocritica” abre cheio de climas e termina em um coro uníssono até que “Al Respirar” encerre a estréia em um grande trabalho vocal, o Vetusta Morla convence e muito. Maiores destaques para a ensolarada “La Marea” e a esperançosa “Año Nuevo” (ambas extraídas do Ep já citado), além da bela faixa título que com seus teclados e guitarras cortando em frases certeiras é daquelas que grudam na mente.

Uma bonita e grata surpresa desde início de ano.

quinta-feira, 6 de março de 2008

"Brincando De Coisa Séria" - Cascabulho - 2008

A banda pernambucana Cascabulho surgiu em meados dos anos 90, no auge de uma cena rica e diversificada, apostando em ritmos regionais que tanto estavam em voga na nossa música nessa época. Usando referências que iam de Jackson do Pandeiro ao maracatu, produzia uma sonoridade interessante que lhe rendeu vários prêmios e viagens para o exterior a fim de mostrar a sua música.
Em 1998 a banda lançou “Fome Dá Dor De Cabeça” que traduzia toda a sua mistura de maneira bastante concisa. Depois desse álbum, Silvério Pessoa, talvez o integrante mais importante do time, decidiu sair para seguir seu caminho. O baque foi grande e a banda demorou a assimilar. O retorno só aconteceu em 2002 no bom “É Caco de Vidro Puro”, que tentava achar um novo caminho com a ajuda de várias participações especiais.
Depois de um bom tempo sem lançar nada, 2008 é o ano para o terceiro disco do Cascabulho, que conta apenas com Kléber Magrão da formação original. Mais do que nunca uma dura prova depois que a banda já foi sepultada diversas vezes. “Brincando De Coisa Séria” é completamente diferente dos trabalhos anteriores ao mesmo tempo em que não esquece suas origens e de onde veio.
A atual sonoridade investe em menos regionalismos e percussões (mesmo que eles ainda apareçam bem) e para isso contou com o trabalho de Leo D. e William P. do estúdio Mr. Mouse, onde foi feita a gravação. A formação tem o já citado Magrão, João Alencar (percussão), Jackson Rocha Jr.(baixo e vocal), Léo Lira (violão, guitarra e vocal), Alexandre Ferreira (saxofone, pífanos, violões e vocal) e Ebel Perrelli (bateria).
O disco abre com um texto de Braúlio Tavares feito em 1995 e que aqui é declamado pelo poeta Antônio Marinho. Depois tudo agrada bem, seja pelos metais de “Rua Do Hospício”, o suingue de “Sambada Boa”, a beleza de “Ciranda”, o samba à lá Novos Baianos de “A Parede” ou a funkeada “É Toma Lá Dá Cá”. Para fechar, uma versão poderosa de “Quebra Quilos” de Pedro Luís que vem ao mesmo tempo pesada e dançante.
O por assim dizer “novo” Cascabulho agrada muito bem e aponta para um futuro com grandes feitos. A ciranda, maracutu, samba de roda, frevo e coco que a banda explorava, agora ganham um tratamento mais pop e a companhia de outros ritmos como o funk, o jazz e o rock. Como diz o nome do poema que abre o disco, “tudo vai no cascabulho”. E mais do que nunca vai mesmo. E bem.
Site oficial:
http://www.cascabulho.com.br

terça-feira, 4 de março de 2008

"The Golden Age" - American Music Club - 2008

“Atemporal: o que transita no tempo sem necessariamente pertencer ao passado, futuro ou presente”. Vez ou outra costumo classificar algumas obras da cultura pop como atemporais, porque combinam com a definição que inicia esse texto. O nono disco do American Music Club, lançado em fevereiro deste ano e intitulado “The Golden Age”, pode carregar essa definição merecidamente.
A banda de São Francisco, sempre sob a batuta do cultuado e não tão conhecido Mark Eitzel, volta à ativa depois de quatro anos, após “Love Songs For Patriots” de 2004, que por sua vez rompia um hiato de quase dez anos sem lançamentos. A formação está diferente do último disco, contando agora com Sean Hoffman (baixo) e Steve Didelot (bateria), além do retorno do velho comparsa Vudi na guitarra.
O American Music Club começou sua caminhada em 1983, lançando seu primeiro trabalho em 1985, chamado “The Restless Stranger” e sempre ambientou sua sonoridade em uma melancolia carregada de fortes pinceladas de cinza. No campo das composições, quase sempre estas couberam a Mark Eitzel que além de cantá-las, preenchia as melodias com letras bem acima da média, produzindo bonitos esboços de poesia.
Em 2008, a banda esbanja maturidade e se não chega a igualar trabalhos anteriores como "San Francisco" de 1994 e “Mercury” de 1995, lança canções capazes de induzir a uma reflexão pessoal, recheada de melodias simples mais não menos cativantes. Mark Eitzel parece não se importar com nada além de mostrar um punhado de canções que podiam muito bem ser de outras épocas. Passadas ou quem sabe futuras.
Difícil não se apegar a faixas como “The Victory Choir”, “The Decibels And The Little Pills”, “All The Lost Souls Welcome You To San Francisco”, “Who You Are” e “The Dance”. Faixas que caem perfeitamente bem a noite ou em um fone de ouvido durante uma viagem ou na leitura de um livro. “The Golden Age” é um dos melhores discos do ano até agora. Atemporal e bonito.
Site Oficial: http://www.american-music-club.com
My Space: http://www.myspace.com/americanmusicclub

domingo, 2 de março de 2008

"A Torre Negra Vol. IV - Mago e Vidro" - Stephen King

Em 1997, Stephen King originalmente lançou o quarto dos sete volumes da sua odisséia épica sobre um pistoleiro e uma torre. Sobre um mundo que correu e foi em frente. “A Torre Negra Vol. IV – Mago e Vidro”, retoma a saga de Roland De Gilead e seus parceiros Eddie, Susannah, Jake e Oi do ponto onde parou anteriormente, dentro do Monotrilho Blaine.
Depois de conseguir vencer o desafio e derrotar Blaine de maneira inusitada, o Ka-tet de Roland, desce em Topeka no Kansas, mas um Kansas de um outro quando e outro onde. Neste momento, Roland decide contar mais sobre sua vida aos seus companheiros, contar sobre os seus primórdios como pistoleiro e de um mundo completamente diferente do que aquele com que hoje se deparam.
A partir desse momento, Stephen King insere uma nova história dentro da sua, uma história repleta de emoção, amor e devoção. A partir disso constrói o melhor momento da serie até o momento, nos fazendo esquecer completamente da outra trama (no caso, a principal) em questão, atando algumas pontas soltas e abrindo outros caminhos.
Somos arremessados a adolescência do pistoleiro e apresentados aos seus grandes amigos Alain e Cuthbert, ao seu primeiro (e talvez único) amor Susan Delgado e a personagens importantes como a feiticeira Rhea de Cöös. Depois que a história termina e o fôlego ainda se recupera, voltamos aos dias atuais da trama e ao palácio de vidro com o mago Marten Broadcloak, com King usando e abusando das referências ao clássico Mágico de Oz.
Em “Mago e Vidro”, o escritor americano chega num momento de ápice nesse seu trabalho. E deixa o ar carregado de boas expectativas para o próximo volume “Lobos de Calla”.
Sobre os outros volumes I, II e III, siga o link.
Site Oficial: http://www.torrenegra.com.br