sexta-feira, 31 de julho de 2015

Quadrinhos: "Justiceiro - Dispensado da Missão" e "Capitão Britânia"


"Justiceiro – Dispensado da Missão” reúne em 132 páginas as edições da revista “Thunderbolts” de número 27 a 32, publicadas nos Estados Unidos entre agosto e dezembro de 2014. Lançado recentemente pela Panini Comics essa compilação apresenta um Frank Castle (por incrível que pareça) não mais atuando como vingador solitário, e sim como parte do grupo governamental composto por criminosos em busca de redução de pena ou algum outro benefício (uma espécie de “Esquadrão Suicida” da Marvel). Na verdade, ele está de saída do grupo, pois logo no início se desentende com o Hulk Vermelho que é o chefe da operação. Essa retirada não é muito bem recebida e desencadeia várias ações e reações dos dois lados envolvidos. Dentro do elenco estão Elektra, Deadpool, Motoqueiro Fantasma, Líder e os Vingadores. Escrito pela dupla Ben Acker e Ben Blacker (de “The Thrilling Adventure Hour”) e com arte do mexicano Carlos Barberi (X-Men, Hulk) e do filipino Kim Jacinto (Hulk), essa história do Justiceiro mostra aquilo que os fãs tanto gostam: muita ação e o comportamento pessoal sempre problemático e sem muitas concessões. Honrando as tradições do personagem e até mesmo se dando ao luxo de inventar um contraponto amoroso com a Elektra que não prejudica a narrativa, pelo contrário, a amplifica ainda mais, esse lançamento é um bom investimento dentro da relação de custo e benefício, mesmo que seja mais indicado para leitores já conhecedores dos personagens envolvidos.

Nota: 6,5


O Capitão Britânia foi o primeiro personagem criado pela Marvel especialmente para o mercado inglês, estreando em outubro de 1976. Neste início, vários clichês adornavam suas histórias e não lhe levavam muito além de mero pastiche do Capitão América, com elenco de apoio baseado em outros heróis como o Homem-Aranha, apesar de origem diferente, escorada pela magia. Isso começou a mudar quando um ainda iniciante e desconhecido Alan Moore assumiu o título junto com outro talentoso artista inglês chamado Alan Davis. Em pouco mais de dois anos, a dupla revirou quase tudo e propôs ideias que tiveram muita influência dentro do universo da editora, como a criação de várias terras e de mundos paralelos e alternativos. A Panini Books reúne essa celebrada fase agora em um encadernado de nome “Capitão Britânia” com 244 páginas. Inicia na revista “Marvel Super Heroes” de setembro de 1981, ainda com Dave Thorpe nos roteiros, e vai até a “The Mighty World Marvel” de junho de 1984, com o final de uma grande trama que envolve Merlin, diversos personagens, vilões poderosos (e malucos) e alusões a vários pontos dos quadrinhos. Quem está acostumado ao Alan Moore de “Watchmen”, “V de Vingança” ou “Monstro do Pântano”, aqui tem a oportunidade de ler um de seus primeiros grandes trabalhos, e apreciar não só a capacidade narrativa para contar histórias quase improváveis, como também suas críticas políticas e sociais.

Nota: 8,5


quarta-feira, 22 de julho de 2015

Quadrinhos: "Homem-Aranha: 99 Problemas" e "Astro City"


Marvel Knights surgiu no final dos anos 90 como uma linha editorial para tratar os personagens da empresa de maneira mais adulta, com maior conteúdo de sexo, violência, drogas e outros temas mais “pesados” para edições normais. Bem sucedida no que tange a personagens como Justiceiro, Pantera Negra e Demolidor, essa linha se alastrou para diversos outros heróis da casa das ideias como o Homem-Aranha. A Panini Comics lança esse ano um encadernado de capa dura com as 5 primeiras edições de “Marvel Knights: Spider-Man” publicadas lá fora entre dezembro de 2013 a abril de 2014. “Homem-Aranha: 99 Problemas”, chega com 116 páginas e roteiro de Matt Kindt, ilustrações de Marco Rudy e cores de Val Staples. Nessa história, o nosso amado cabeça-de-teia se mete em uma confusão danada comandada pelo vilão Arcade, quando Peter Parker atrás de ganhar um extra (as coisas não estão fáceis) aceita um trabalho em uma mansão. Lá ele toma uma pílula que priva alguns poderes e o coloca no meio de uma pancadaria geral com seus maiores inimigos um atrás do outro e sem tempo para respirar. Esse arco inicial foi bastante elogiado lá fora, mas apesar do bom argumento, o roteiro é apenas razoável; se muito. No entanto, a arte do talentosíssimo Marco Rudy (Superman/Batman) eleva a história realmente a um patamar maior, repleta de experimentações, sem fórmulas e com muita lisergia embutida, o que faz de “99 Problemas”, uma história para ter em casa, ainda mais agora com tantas mudanças acontecendo na vida do amigão da vizinhança, representa uma trama para lembrar porque o personagem é tão querido.

Nota: 7,0


Em 1994, Kurt Busiek (roteiro) e Alex Ross (arte) lançavam “Marvels”, série que tinha como protagonista um homem comum chamado Phil Sheldon que desde os anos 30 presenciou o surgimento de seres com poderes quase divinos. Essa perspectiva pouco usual rendeu vários prêmios e serviu para alavancar mais a carreira da dupla. Em 1995, Kurt Busiek surgiu com uma série chamada “Astro City”, na qual ampliava os conceitos de “Marvels” e tinha mais espaço para expor dramas e dúvidas em meio a uma considerável quantidade de homenagem aos quadrinhos dos anos 30 a 70. De novo com o apoio de Alex Ross (dessa vez nas capas e concepção de personagens), porém agora com a arte de Brent Anderson (X-Men), a nova série também foi sucesso de crítica e rendeu mais prêmios aos autores. A Panini Comics através do selo Vertigo começou esse ano a publicar novamente no país esse trabalho. “Astro City Vol. 1 – Vida na Cidade Grande” reúne as edições originais de 1 a 6 lançadas originalmente entre agosto de 1995 e janeiro de 1996, com capa cartonada e diversos extras em 196 páginas. Neste arco inicial Kurt Busiek expõe uma cidade onde heróis, vilões e aliens vivem no meio de pessoas normais e assim como elas tem inúmeros problemas cotidianos banais. Essa perspectiva (por si só uma extensão de “Marvels”) também serve como crítica a sociedade no que tange ao tratamento a notáveis e a mídia e seus noticiários, o que faz dessa republicação de “Astro City” ainda relevante mesmo após duas décadas da concepção inicial.

Nota: 8,5