domingo, 27 de abril de 2008

"Esta Vida Pide Otra" - Tachenko - 2008

O grupo espanhol Tachenko surgiu em 2002 das cinzas do respeitado El Niño Gusano, banda fundamental na cena alternativa espanhola da década de 90. Em 2004 estrearam com “Nieves Y Rescates” e em 2005 lançaram o excelente “Las Jugadas Imposibles” (discos que só fui ter o prazer de conhecer bem recentemente), chegando em 2008 ao seu terceiro registro.
Sergio Vinadé (guitarra e vocal), Sebas Puente (guitarra e vocal), Eduardo Baos (baixo) e Alfonso Luna(bateria) lançaram em março “Esta Vide Pide Otra”, um disco que mantêm o nível de qualidade bem alto, soando tão bonito quanto o trabalho anterior. Nele nos são apresentadas onze canções perfeitamente pop, assobiáveis e beirando a perfeição em vários momentos.
A dobradinha Sergio Vinadé e Sebas Puente está irretocável tanto no trabalho de guitarras quanto nos vocais, despejando todas as influências da banda desde o rock alternativo dos anos 90 como pelas bandas dos anos 60, indo do indie pop ao powerpop de maneira saborosa e enxertando suas melodias com letras inteligentes e interessantes.
Difícil destacar alguma faixa já que todo o trabalho desce redondo, redondo. No entanto, podemos citar os riffs de “Robay Y Compartir” e “Palabras Célebres”, o powerpop de “Protestas Pacificas” ou a baladinha sixtie “Medio Normales” como pontos um pouquinho maiores.
Uma das gratas surpresas do ano até agora, entrando fácil nesse momento naquela tradicional listinha de melhores.
Para “Esta Vida Pide Otra”, siga o link.
My Space: http://www.myspace.com/tachenkonet

sexta-feira, 25 de abril de 2008

"Piaf - Um Hino Ao Amor" - 2007

Já fazia algum tempo que estava querendo ver “Piaf - Um Hino Ao Amor”, que rendeu a atriz Marion Cotillard o Oscar desse ano (assim como o Globo de Ouro, Bafta, César, etc.), mas sempre deixava para depois. Cumpri esse desejo nesta semana e fiquei espantado com a atuação da atriz. Além de arrebatadora, chega em alguns momentos perto do transcendental.
O longa dirigido por Olivier Dahan, narra a história da francesa Edith Giovanna Gassion (1915-1963), mais conhecida no mundo todo como Edith Piaf e por canções clássicas como “La Vie En Rose” e “Non, Je Ne Regrette Rien”. Traz sua vida desde a infância sofrida e a criação em um bordel de segunda categoria, passando pelo sucesso e aclamação pública para fechar com a sua morte já com diversas complicações de saúde.
“Piaf” é um filme rico em vários aspectos, desde a atuação do elenco até a reconstrução de época, sem esquecer da bela trilha sonora e da montagem dos figurinos. O diretor explora todos os devaneios presentes na figura ímpar da artista, que em alguns momentos fica difícil se recuperar de todas as porradas que nos são apresentadas em tela para uma pessoa tão frágil e em outros momentos tão indócil.
Transitando entre diversos pontos da vida de Edith Piaf, em alguns momentos a montagem peca um pouco e deixa o longa demasiadamente lento e em outras vezes com alguns buracos, que se não chegam a complicar muito acabam com uma possível busca de excelência. No mais, só a atuação de Marion Cotillard já vale as pouco mais de duas horas. Recomendável.
Quer saber mais sobre a artista? Passa no Wikipédia, aqui.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

"Keep It Simple" - Van Morrison - 2008

Madrugada. Um dia de semana qualquer. Enquanto trabalho bato um papo com um amigo no msn e digo todo satisfeito que o grande Van Morrison está de álbum novo, quando ele me sai com a pergunta “Pô cara, mas o que Van Morrison tem a dizer em 2008?” Uma pergunta para se pensar sem dúvida alguma, afinal de contas estamos em tempos sempre cada vez mais rápidos e ligeiros.
O irlandês Van Morrison faz 63 anos em 2008, sendo mais de 40 dedicados a boa música, seja lá no inicio junto com o Them ou em carreira solo onde produziu verdadeiras obras primas como “Astral Weeks” de 1968, “Moondance” de 1970 ou mais recentemente “What´s Wrong With This Picture?”, um dos melhores álbuns de 2003 para mim. Qual seria o papel desse seu novo trabalho?
“Keep It Simple” chega às lojas como o 35º disco da sua carreira e com todas as composições novas, coisa que não acontecia desde 1999. O músico cuidou de grande parte da produção e explorou todo seu universo de influências nas onze canções que compõem o álbum. Lá estão jazz, blues, folk, soul e gospel envoltos na camada envolvente de um grande artista.
O que esperar de “Keep It Sample”? Classe, acima de tudo. É deixar passar no player faixas como: “School Of Hard Knocks”, “Lover Come Back”, “End Of The Land”, “No Thing” e “Soul” e verificar a alma se estendendo tranqüila para um nível maior de satisfação. Respondendo ao meu amigo, depois de escutar o disco algumas vezes, digo que Van Morrison não precisa dizer nada em 2008, basta somente continuar a cantar.
Site oficial:
http://www.vanmorrison.co.uk

segunda-feira, 21 de abril de 2008

"Elephant Shell" - Tokyo Police Club - 2008

A estréia da banda canadense Tokyo Police Club se não vinha sendo aguardada com imenso frenesi, pelo menos guardava uma certa ( e boa) expectativa, tudo devido ao EP de 2006, “A Lesson In Crime”, que se tratava de um registro matador. 2008 foi o ano escolhido para o nascimento desse primeiro disco e o resultado obtido ficou um pouco aquém do que se imaginava.
Não que o disco seja ruim, pelo contrário (é bom), mas parece que algum ingrediente da mistura do EP citado acima, ficou para trás. O baixo pulsante e o vocal cativante de Dave Monks continuam lá, junto com os riffs rápidos de Josh Hook, os teclados enérgicos de Graham Wright e a bateria correta de Greg Aslop, no entanto parece faltar uma espécie de algo mais.
Não que fosse de se esperar um álbum para mudar paradigmas ou explodir com alguma coisa, mas esse “Elephant Shell” ficou devendo um pouco, talvez até por culpa dessa premeditada expectativa. No mais, esqueça isso, aumente o som e bote para rolar faixas como “In A Cave”, “Juno”, “Nursey Academy” ou a já conhecida “(e ótima) Your English Is God”.
Um disco que apesar do descrito acima é bem recomendável.
Site Oficial: http://tokyopoliceclub.com
My Space: http://www.myspace.com/tokyopoliceclub
Leia aqui, sobre o EP de 2006.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

"Desmanche" - Sobrado 112 - 2008

Coloque em um caldeirão bem fundo Miles Davis, João Donato, Chico Buarque, Aldir Blanc, Paulinho da Viola, Funkadelic, Nação Zumbi, Augustus Pablo, Pixinguinha, Racionais Mc´s, Novos Baianos, Beastie Boys, Chet Baker, Moacir Santos, Gilberto Gil e João Nogueira. Depois deixe por um bom tempo, sem maiores compromissos ou prazos. Quando tudo estiver no ponto, teremos o Sobrado 112.
O Sobrado 112 é formado por Victor Gottardi, Leandro Joaquim e Claudinho. Se conheceram em um grande casarão no Rio de Janeiro, recanto de músicos e artistas, situado no bairro da Glória entre a Lapa e o Morro Santo Amaro em meados de 2006. Em determinado momento decidiram unir suas influências tão dispares em um único projeto, projeto esse que lançaram de maneira independente no comecinho desse ano, chamado “Desmanche”.
Victor toca guitarra e traz os sons mais modernos ao grupo. Leandro é trompetista e adicionou o jazz e mpb a mistura. Claudinho é percussionista e juntou diversos ritmos, principalmente nordestinos. Essa mistureba toda é simplesmente deliciosa de ser ouvida, sendo impossível não ser repetida por muitas e muitas vezes. Viciante.
A banda disponibiliza gratuitamente seu disco. Pegue o seu correndo aqui.
Site Oficial: http://www.sobrado112.com
My Space: http://www.myspace.com/sobrado112

quarta-feira, 16 de abril de 2008

"Híbrido" - Velhos E Usados - 2008

Em determinados momentos o nome da banda já dá uma antecipada no som que virá pela frente no player. Isso acontece com a brasiliense Velhos e Usados. Formada por Diego Marx na guitarra, voz e violão, David Murad nas guitarras, Arthur Lôbo no baixo, Rodrigo Cavallare nos teclados e programações e Marco Pessoa na bateria, a banda lança seu primeiro disco este ano chamado “Híbrido”.
No trabalho temos convidados do Móveis Coloniais de Acaju e Los Diaños, outras duas boas bandas. No seu som, o Velhos e Usados imprime referências que passeiam do Rock Brasil safra anos 80 por Los Hermanos, pelo Indie Rock americano as bandas clássicas dos anos 70, construindo um mosaico de influências sempre dirigido pelo vocal de Diego Marx e o ótimo baixo de Arhtur Lôbo.
Na média temos um trabalho um pouquinho acima do regular, que ainda parece carecer de direcionamento e produção melhores, no entanto isso não impede de nos satisfazermos com pequenas jóias como “Alegoria”, “O Carneiro e o Leão”, “A Menina Dos Olhos Da Cor Dos Cabelos” e “Trapos, Remendos e Azul”.
“Híbrido” está disponibilizado no site oficial e na Trama Virtual, a exceção da faixa “O Mundo”, regravação da canção do André Abujamra que só estará no cd. Passa lá:
http://www.velhoseusados.com
http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=45873

terça-feira, 15 de abril de 2008

"Stars And The Sea" - Boy Kill Boy - 2008

Em 2006, quando fechei meu Top Ten do ano, a última posição ficou com a banda londrina Boy Kill Boy que lançava “Civillian”, seu primeiro disco nesse ano. Apesar de não explorar nada de novo e beber na fonte de outras milhares de banda atuais, trazia um som vigoroso, bem feito e com excelentes canções como “On And On”, “Back Again”, “Suzie” e “Shoot Me Down”.
Em 2008, chega a hora de Chris, Kev, Pete e Shaz se colocarem a prova do tão temido segundo álbum. Nesta prova, o quarteto londrino consegue passar bem (mesmo sem superar a estréia). Em “Stars And The Sea”, o vigor dá uma aliviada e temos um trabalho mais elaborado que continua bebendo diretamente no pós-punk dos anos 80, mas que agora engrossa o caldo com pitadas mais fortes de britpop.
As duas primeiras faixas “Promises” e “No Conversation” foram os singles escolhidos para começar (em ordem inversa) a divulgação, apesar de não serem as melhores. Esse posto fica lá no meio do álbum com a dobradinha “Paris” e “A OK”, esta segunda completamente pop e saborosa (virou uma das mais tocadas aqui na casa esse ano). Outros destaques são as faixas “Be Somebody”, “Ready To Go e “Kidda Kidda” (essa totalmente Blur).
No meio de tantas bandas fazendo o mesmo tipo de som, o Boy Kill Boy continua se diferenciando um pouco, elaborando canções para se ouvir sem preocupações e de preferência em volume alto. Canções para se divertir, apenas isso. Isto às vezes é o suficiente e se não esperarmos nada além disso, esse “Stars And The Sea”, desce redondinho, redondinho.
Site Oficial: http://www.boykillboy.com
My Space: http://www.myspace.com/boykillboy
Para ler sobre o disco anterior, clique aqui.

domingo, 13 de abril de 2008

"Warpaint" - The Black Crowes - 2008

Domingo de manhã com sol, dia de fazer alguns trabalhos caseiros como lavar o carro, consertar alguma coisa, pintar um pequeno espaço. Trabalhos manuais típicos do domingão, pois a semana não te deixa tempo para muita coisa. Para tornar a coisa mais leve e tranqüila de ser conduzida, nada melhor do uma cerveja gelada e uma boa música. Uma sempre boa pedida para essa situação são os Black Crowes.
Os corvos liderados pelos irmãos Robinson (Chis e Rich), estão de volta com um disco, coisa que não faziam desde “Lions” de 2001. O novo rebento chama-se “Warpaint” e compreende toda a maneira de fazer música da banda. Não espere nada de novo, apenas o delicioso hard rock encharcado de blues, anos 60/70, soul, guitarras solando e teclados aparecendo com destaque.
No novo projeto além dos habituais Steve Gorman e Sven Pipien, chegam junto Adam MacDougall e Luther Dickinson para completar o time. “Warpaint” reza perfeitamente na cartilha da banda, sendo fiel e honesto no retrato da sua música. Se “Warpaint” não chega a desbancar a tríade que iniciou a carreira dos corvos é melhor do que outros discos (como o já citado “Lions”, por exemplo) e prazeroso de ser escutado em ultimo volume.
O mais do mesmo (que nesse caso é bom) está presente nas guitarras de “Goodbye Daughters Of The Revolution”, na baladaça “Oh Josephine”, no ritmo de “Wounded Bird”, nos toques de psicodelia de “Whoa Mule” ou no blues de “God´s Got It”. O Black Crowes virou o tipo da banda que não precisa provar nada para ninguém, já venderam milhões de discos e agora seguem fazendo apenas o que lhes convêm, o que para nossa sorte quase sempre resulta em boa música.
Site Oficial: http://www.blackcrowes.com

quinta-feira, 10 de abril de 2008

“O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford” - 2008

O nome “Jesse James” inspirou livros, lendas, quadrinhos e filmes. O mito em torno desse nome pavimentou anos e mais anos de historias que ganharam o mundo em faroeste, mostrando um bandido capaz de quase tudo em uma terra em formação e praticamente sem lei. O diretor Andrew Dominik (que também assina o roteiro) resolveu mostrar os últimos dias do mito por uma outra visão, sem tanta ação e carregada de drama.
“O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford” traz Jesse James (vivido de maneira competente por Brad Pitt) em seus últimos momentos. No último assalto a trem de sua carreira um jovem entra no seu bando, um jovem que é um admirador confesso, fazendo essa admiração beirar a devoção. Esse jovem, Robert “Bob” Ford é interpretado brilhantemente por Casey Affleck, o ponto alto do longa.
Bob Ford vê o seu ídolo já em completa decadência, tanto em termos físicos quanto emocionalmente, entrando em depressão e repleto de paranóias e desmandos. Aos poucos sua admiração vai se dissolvendo e ele percebe um homem comum, repleto de falhas e defeitos. Essa decepção, aliada a humilhação que recebe de todos do bando, das piadinhas que é obrigado a escutar sempre, fazem Bob Ford decidir assassinar Jesse James, que praticamente se entrega para isso.
Com um elenco que traz nomes como Sam Shepard, Paul Schineider e Mary-Louise Parker, além de uma brilhante direção de arte e fotografia, o diretor Andrew Dominik cria um bom filme, um bom drama. O grande ponto negativo fica por conta da falta de ritmo e do extenso tempo de tela (mais de duas horas e meia), que em determinados momentos passa arrastado e sem graça. Para ser melhor, poderia ser menor, mas ainda assim vale a sessão.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

"Accelerate" - R.E.M. - 2008

Uma guitarra entra soando alto e de maneira constante, a bateria entra na jogada, enquanto o baixo aparece pulsando rapidamente, deixando os versos nervosos que entoam a canção bem acompanhados. Assim é a abertura do novo disco do R.E.M. e chama-se “Living Well Is The Best Revenge”, trazendo Michael Stipe, Peter Buck e Mike Mills mais uma vez ao encontro do barulho e das guitarras.
“Accelerate” é mais do que um nome propício para o novo álbum, representa uma espécie de definição da atual fase. Desde “Monster” de 1994, o R.E.M. não soava tão barulhento e sujo. Depois de três discos com sonoridade bem mais calma (“Up” e “Reveal” e “Around The Sun”), sendo que o último chegou a despertar desconfiança que a banda perdera a mão, por ser demasiadamente denso e pesado, mas nunca ruim ou de baixa qualidade.
Esta é a grande vantagem de Stipe & Cia, nunca em mais de 25 anos de carreira lançaram um disco ruim e ainda deixaram um rastro de clássicos e mais clássicos. “Accelerate” retoma o punch de discos como “Life´s Rich Pageant” de 1986 e “Document” de 1987, além do já citado “Monster”, além de inserir uma certa urgência que remete ao inicio da carreira da banda lá no comecinho dos 80.
Em menos de 35 minutos o R.E.M. destila toda sua qualidade e competência. Depois da abertura com “Living...”, temos mais guitarras em “Man-Sized Wreath”, com Michael Stipe cantando como no meio dos anos 80, depois um clássico instantâneo com o primeiro single “Supernatural Superserious”, viciante e poderoso, para fazer pular fãs e mais fãs nos shows ao redor do mundo.
“Hollow Man” é uma bela canção típica da banda, para cantar junto e tudo mais. “Houston” chega cheia com um clima tenso e poderia muito bem estar no “Around The Sun”. A faixa título arremessa novamente tudo pra cima, show das guitarras de Buck e do sempre convidado Scott McCaughey. “Until The Day Is Done” é uma balada em forma de folk que remete a canções antigas como “King Of Birds”.
Depois chega a vez de uma das melhores faixas do trabalho, “Mr. Richards”, com letra de cunho político, traz uma guitarra soando enquanto Stipe canta. Poderosa. “Sing For The Submarine” é mais trabalhada, em seus quase cinco minutos vai conquistando o ouvinte pouco a pouco. Para fechar, duas cacetadas com fortes ecos punk, “Horse To Water” e a já conhecida “I´m Gonna DJ”, com belos backing vocals de Mills.
Muitas pessoas já falaram que “Accelerate” é o melhor disco do R.E.M. da década e isso é verdade. Mais um ótimo disco em uma carreira sem praticamente nenhuma falha de uma banda que consegue passear no mainstream e no underground com galhardia e brilho, que ao mesmo tempo em que emplaca hits como “Losing My Religion” e "The One I Love", nunca abandona a sua independência, esbanjando qualidade aos quatro cantos.
Acelere (é impossível não fazer o trocadilho...) e corra atrás do melhor disco de 2008 até agora.
Site Oficial: http://www.remhq.com

quinta-feira, 3 de abril de 2008

"Saturnalia" - The Gutter Twins - 2008

Na mitologia grega, Midas recebeu como benção de Dionisio, o Deus do Vinho o poder de transformar tudo que tocasse em ouro. Mark Lanegan e Greg Dulli parecem ter recebido esse mesmo dom e ao contrário do personagem grego não sofrem nem um pouco com tal “maldição”. Os dois colocaram esse ano no mercado pela lendária Sub pop, sua estréia em dupla, intitulada “Saturnalia”. O nome do duo? The Gutter Twins, o que na definição de Dulli é uma espécie de "The Satanic Everly Brothers".

Mark Lanegan é um dos maiores cantores vivos do rock, sua voz poderosa urge desde o grunge com o seminal Screaming Tress, passando depois por Queens Of The Stone Age, uma parceria com Isobel Campbell, bons discos solo e mais recentemente no ano passado um ótimo disco com o Soulsavers. Greg Dulli foi líder do excelente Afghan Whigs e há alguns anos desembarcou com o não menos competente Twilight Singers.

Essa dupla que nos seus trabalhos anteriores nunca foi capaz de lançar algum disco ruim, não faria isso na hora em que trabalhassem junto, não é? “Saturnalia” é um disco poderoso, que combina as duas personalidades em uma alquimia musical que mergulha o rock americano (e suas vertentes) em um universo denso e pesado, onde os céus estão carregados de raios e trovões e o chão em que o caminho se segue não demonstra quaisquer belezas.

Contando com um terceiro membro não oficial, Mathias Schneeberger, o The Gutter Twins destila climas enquanto os vocais de Lanegan e Dulli se confundem e se alternam, no meio de guitarras, violões e efeitos que fazem referência ao rock alternativo dos anos 80, ao próprio grunge e ao post-rock, com algumas pitadas de blues e folk aqui e acolá. Faixas como “God´s Children”, “The Body”, “Seven Stories Underground” e “I Was In Love With You” por si só já valeriam o registro.

Mais um ótimo trabalho na carreira desses dois incansáveis artistas e que venha sempre mais e mais desses pequenos toques de ouro.

Site Oficial:
http://www.theguttertwins.com
My Space: http://www.myspace.com/theguttertwins
Resenha de Lanegan com o Soulsavers e com a Isobel, aqui e aqui.

terça-feira, 1 de abril de 2008

"Funplex" - B-52´s - 2008

Ah...os velhos amigos...Como é bom revê-los, ouvi-los novamente. Mês passado a banda norte americana B-52´s voltou a lançar um disco novo, coisa que não fazia há 16 anos, desde “Good Stuff” de 1992. Essa banda que fez parte das festas e alegrias de muita gente com músicas como “Private Idaho”, “Legal Tender” e “Rock Lobster”, está de volta com “Funplex”.
Katie Pierson, Cindy Wilson, Keith Strickland e Fred Schneider voltam com um ótimo disco (um dos melhores do ano até agora), parecendo que nunca abandonaram a cena. O B-52´s influenciou dezenas de bandas da nova geração, com a sua new wave, dance rock, pós-punk, ou o que seja, com a sua deliciosamente viciante alegria e delírios próprios. Em “Funplex”, o B-52´s não parece com mais ninguém a não ser ele mesmo.
As 11 faixas que passam em pouco mais de 48 minutos são capazes de levantar qualquer astral, de fazer balançar a cabeça do mais sério, de colocar o pezinho para bater no chão. Experimente os hits certeiros “Ultraviolet”, “Too Much To Think About” ou a faixa-tiulo, o pop descompromissado de “Julie Of Spirits” e “Deviant Ingrediant”, a guitarra cortando “Keep This Party Going” enquanto o baixo salta a frente ou o refrão ganchudo de “Hot Corner”.
Quem tem menos de 20 anos, talvez não ache grande coisa e prefira escutar algo do Klaxons ou do Cansei de Ser Sexy, ou de tantas outras bandas da nova geração. Mas para quem teve a adolescência embalada pelo B-52´s, ouvir esse retorno (com grande qualidade, o que é melhor) é ser tomado por um gostoso prazer. Corra atrás. Consuma em doses cavalares e em último volume. A vida até parece que fica mais fácil.
Site Oficial: http://www.theb52s.com
My Space: http://www.myspace.com/theB52s