terça-feira, 31 de março de 2009

"Juju Claudius" - The Chatham Singers - 2009

Imagine estar em algum bar sujo situado no Delta do Mississipi nos anos 30, tomando um gole de uísque falsificado enquanto Robert Johnson dedilha seu violão ou então novamente em um bar, mas desta vez no sul de Chicago nos anos 40, com Elmore James ou Willie Dixon tocando a sua alma em cima de um palco qualquer. Conseguiu imaginar? Se não, coloque para tocar “Juju Claudius”, novo trabalho do The Chatham Singers, que ficará mais fácil.
The Chatham Singers é mais um projeto do prolífico senhor John Steven Hamper, nascido em 1º de dezembro de 1959, mais conhecido por Billy Childish. No decorrer dos anos, Billy Childish construiu sua carreira em diversas áreas além da música, como a poesia, fotografia e pintura. Na música, esteve a frente de inúmeras bandas ou projetos, como o Headcoats e o Buff Medways, para ficar só nos mais conhecidos.
Em 2009, o multi artista volta a ativa com o segundo trabalho do The Chatham Singers que toca junto com sua esposa Julie Hamp e os amigos Wolf Howard e “Bludy” Jim. “Juju Claudius” é um disco que traz como matriz principal o blues dos anos 30 e 40, optando por adicionar um pouco de folk e country ocasionalmente. O resultado disso são 14 quatorze canções completamente viciantes, entre covers e próprias.
O climão presente no disco é de um bar sujo na beira da estrada, bebida sendo consumida em grande escala, mulheres dançando sensualmente e os músicos arremessando a própria alma nos instrumentos. Faixas como “All Who Cheated And Lied”, “The Son Of Art”, “Queen Bee” “The Good Times” e “Baby What's Wrong” são alguns exemplos disso. O vocal ora de Billy ora de sua esposa, também é carregado de tosquice, o que ajuda no resultado final.
Ninguém sabe ao certo se o The Chatham Singers chegará ao terceiro disco ou acabará neste “Juju Claudius”, uma vez que Billy Childish é conhecido por mudar freqüentemente, o fato no entanto é que prestes a completar 50 anos, esse louco artista continua a presentear o mundo com pequenos retalhos da sua excelência, sempre de maneira errática e sem nenhuma predisposição firmada. Consuma sem a menor moderação.
My Space: http://www.myspace.com/thechathamsingers

domingo, 29 de março de 2009

"Frost/Nixon" - 2009

O escândalo Watergate nos anos 70 foi um trauma político que o povo norte americano carrega até os dias de hoje, ainda que em menor escala do que outrora. A espionagem comandada pelo então presidente Richard Nixon contra o Partido Democrata, resultou na sua renúncia (para evitar o impeachment) de um mandato no qual havia ganho de maneira avassaladora, somando mais de 90% dos colégios eleitorais.
Três anos se passaram e Nixon nunca veio a público explicar diretamente os fatos ou mesmo se desculpar publicamente para toda uma população que depositou sua fé nele. Em maio de 1977, para incrível surpresa de todos, o ex-presidente resolveu conceder uma entrevista para o apresentador inglês de variedades, David Frost. A série de entrevistas que passaram por quatro dias foi um imenso sucesso, sendo vista por mais de 45 milhões de pessoas no total.
Peter Morgan já havia feito uma montagem teatral de sucesso do caso, contando com Frank Langella (no papel de Nixon) e Michael Sheen (como Frost) como os personagens principais. O diretor Ron Howard, que não acertava desde “Uma Mente Brilhante” de 2001, resolveu levar a história para o cinema e obteve um ótimo resultado. A grande sacada foi manter a mesma dupla de atores nos papéis principais, trazendo Peter Morgan para o roteiro.
Howard mostra toda a complexidade que foi para David Frost conseguir montar a série de entrevistas com ex-presidente, passando por dúvidas sobre a sua capacidade de conseguir bons resultados, pela falta de dinheiro para pagar o entrevistado e montar a estrutura, além da descrença da sua própria equipe nele em alguns momentos. Do outro lado, Nixon buscava conseguir uma grana alta pelas entrevistas, além de fazer destas um trampolim para o seu retorno a vida pública.
O debate entre Frost e Nixon é um duelo impressionante, carregado de tensão, dedicação, brilhantismo e reviravoltas. Com um elenco forte, que traz ainda Sam Rockwell, Kevin Bacon, Oliver Platt, Toby Jones e Rebecca Hall nos papéis secundários, Ron Howard constrói um filme forte e bem feito, como há tempos não conseguia. "Frost/Nixon" tem uma atuação arrasadora da dupla principal e merece ser visto e comentado nas suas mais diversas faces.

sexta-feira, 27 de março de 2009

"Milk - A Voz da Igualdade" - 2009

Diante de toda a pompa e inegável poder dos USA, sempre residiu uma imensa moralidade que no decorrer dos anos se vestiu de preconceito nas mais diversas faces, seja ela contra os negros, gays, estrangeiros, etc. Essa pretensa (ou falsa) moralidade criou no passar da história diversos "heróis" que optaram em brigar com o sistema e promover mudanças, pessoas como Harvey Bernard Milk, nascido em 22 de maio de 1930.
Harvey Milk foi um dos primeiros homossexuais declarados a ganhar uma eleição e assumir um cargo público nos USA. Seu assassinato por um adversário político o transformou em um mártir do ativismo gay nos anos 70/80, sendo que o seu legado é constantemente lembrado até os dias de hoje. Mesmo sendo de Nova York, Milk construiu a sua história em São Francisco, de onde travou sua guerra particular.
Muito já havia sido contado sobre o personagem em documentários ou livros, por isso mesmo o roteiro do jovem Dustin Lance Black (ganhador do Oscar desse ano) merece aplausos. Apesar da narrativa ser simples e em alguns momentos até óbvia, a construção do universo de São Francisco nos anos 70, com suas pessoas, músicas e lugares, assim como do momento histórico em que os americanos estavam vivendo é bastante satisfatória.
O diretor Gus Van Sant, que já produziu obras do calibre de “Drugstore Cowboy” de 1989 e “Gênio Indomável” de 1997, adiciona mais um momento inspirado a sua carreira. Com um elenco forte nas mãos, composto no seu núcleo central por Emile Hirsch, Josh Brolin, Diego Luna e James Franco, além de mais uma vez um brilhante Sean Penn no papel principal, em uma atuação que lhe rendeu o Oscar do ano.
“Milk - A Voz da Igualdade” é o tipo do filme que consegue ter mais valor como critica social e política do que propriamente como cinema, por mais que este em nenhum momento seja ruim, apenas bastante convencional em sua narrativa. Sem mascarar (apesar de atenuar) temas que cavalgam contra o personagem principal como as drogas e o sexo praticado na sua roda de convivência, Gus Van Sant é responsável por um trabalho bacana, que honra a importância de Harvey Milk na história.

quarta-feira, 25 de março de 2009

"Quem Quer Ser Um Milionário?" - 2009

Vivemos em uma época que diversas coisas deixaram de ter o sentido de outros tempos. Uma época de instabilidade, insegurança e consumo rápido de informação, construindo um mundo que na maioria das vezes carece de fé e de amor. Parece piegas e ingênuo, talvez até seja mesmo, mas coisas realmente boas tem ficado para trás. Diante dessa dura realidade, filmes que explorem esses valores são sempre bem vindos.
“Quem Quer Ser um Milionário?”, o vencedor do Oscar desse ano na categoria de melhor filme, direção e roteiro adaptado, entre outras mais é um desses casos. O novo trabalho do diretor Danny Boyle (do clássico “Trainspotting”) versa principalmente sobre o amor, mas sem esquecer-se de retratar as mazelas sociais e de caráter, que colaboram para que essa fábula moderna, seja um excelente prato a ser degustado.
Baseado em um livro lançado em 2005 pelo escritor Vikas Swarup, “Quem Quer Ser Um Milionário?” é situado na Índia e conta a história de Jamal Malik (Dev Patel), um jovem de 18 anos, oriundo de uma família pobre das favelas de Mumbai, que como em um passe de mágica passa a ser detentor de 10 milhões de rúpias (a moeda local) podendo concorrer ao dobro na versão indiana do programa de perguntas “Who Wants To Be a Millionaire?”.
Logo no começo, encontramos Jamal sendo torturado pela polícia, que procura descobrir como um rapaz sem estudo, que serve chá em uma empresa de telemarketing, pode ser capaz de chegar tão longe onde várias pessoas com formação muito superior a dele não conseguiram. Seria destino ou trapaça? Jamal começa a contar a sua história pessoal, desde os tempos de criança até a presente data, sobre tudo que passou.
Desse ponto em diante o roteiro de Simon Beaufoy flui muito bem enquanto a trama vai pulando em diversos pontos, resultado do ótimo trabalho de montagem e edição de Chris Dickens, sempre retornando ao momento presente. Enquanto Jamal narra sua vida repleta de provações e obstáculos, o espectador conhece Latika (Freida Pinto), a garota responsável por grande parte dos atos que Jamal produz na busca pelo seu amor.
As comparações que o filme carrega com o brasileiro “Cidade de Deus” realmente são muitas, tanto na construção do filme, quanto no aspecto social e até em determinado ponto da formatação dos personagens. “Quem Quer Ser Um Milionário?” é uma brilhante fábula moderna, um conto de fadas ambientado em um mundo que os sonhos têm cada vez menos significado e os atos do destino ganharam tons de milagre.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Radiohead - Chácara do Jockey (SP) - 22.03.2009

Hipnótico. Fascinante. Transe Coletivo. Difícil descrever o que foi o show do Radiohead na Chácara do Jockey em São Paulo, neste histórico domingo 22 de março de 2009. Uma coleção de momentos que irão ficar guardados na memória durante toda uma vida para aqueles que compareceram e passaram por uma seqüência de abusos e desrespeitos por parte da produção, que macularam a imagem do evento como um todo.
O Festival começou no horário e devido a bagunça que foi chegar e entrar no local, acabei por perder as primeiras quatro músicas tocadas pelos Los Hermanos. A apresentação foi apenas boa, com o público entoando todas as canções em quase uníssono. Talvez a escolha do repertório não tenha sido das melhores, mas o aquecimento ao som de músicas como “O Vencedor”, “Casa Pré-Fabricada” e “Sentimental”, foi extremamente válido.
Em seguida foi a vez do Kraftwerk subir ao palco. Apesar de ter somente o Ralf Hütter da formação original, foi complicado ficar indiferente ao show visual proposto e aliado a canções como “Radio-Activity” e “Autobahn”. Mesmo não sendo grande fã do grupo, ver o show deles será contado por muito tempo, afinal ali está uma das páginas da música moderna e sua evolução através de outros artistas influenciados por eles.
A expectativa já dominava quando se pode ouvir o início de “15 Step”, a já esperada abertura começou o delírio absoluto que foram as próximas horas. Na sua seqüência veio “There There”, arrebatadora com suas batidas e ritmo. O show foi em frente com uma colagem de várias fases dos ingleses, retratadas em canções como “All I Need”, que emocionou bastante, “Karma Police” cantada a plenos pulmões e “Weird Fishes/Arpeggi”, que se mostrou melhor ainda ao vivo.
A seqüência que encerrou a primeira parte do show foi arrebatadora, com “Jigsaw Falling Into Place”, “Idioteque”, “Climbing Up The Walls”, “Exit Music (For a Film)” e ”Bodysnatchers”. Nesse momento procura-se em vão o fôlego perdido. Vem o primeiro bis, com Thom Yorke esbanjando lirismo em “Videotape” para depois entrar em “Paranoid Android” que rendeu um dos momentos mais emocionantes, com o público cantando depois da música em um dueto fascinante com Yorke.
Em seguida “Fake Plastic Trees” arrasa com aqueles que ainda conseguiam manter a sanidade. Mais “Lucky” e “Reckoner” encerram essa parte. Hora do segundo bis e a banda abre com “House Of Cards” e fecha com “Everything In Its Right Place”. Nessa hora a alma já não é a mesma, o coração bate cansado e paradoxalmente feliz, enquanto os olhos buscam alguma explicação nos amigos ao lado.
A banda volta para mais um bis (o terceiro!!) e Thom Yorke brinca com o público antes de “Creep”. Imagens se confundem e buscam rostos na mente em minutos surreais e fantásticos. O show acaba e a sensação que transborda a Chácara do Jockey não consegue encontrar significado. As pessoas se entreolham tentando entender o que acabou de atropelá-las e seguem em procissão para a saída.
No final de tudo, o Radiohead fez o melhor show que se poderia esperar deles, honrando com sobras toda a expectativa gerada. A banda realizou um casamento perfeito com o público que entrou em transe durante seu show. Los Hermanos e Kraftwerk, foram dois bônus de alta qualidade. Agora como evento o “Just a Fest” deixou muito a desejar, uma total e absurda falta de respeito, para com os seus consumidores, que precisaram atravessar uma verdadeira aventura para chegar e sair. Lamentável.

domingo, 22 de março de 2009

"Beatles Num Céu de Diamantes" - Teatro das Artes (SP) - 21.03.2009

Mexer com os Beatles é quase sempre garantia de sucesso. O toque de Midas que os “fab four” imprimem na cultura pop é realmente impressionante. O musical “Beatles Num Céu de Diamantes”, atualmente em cartaz no Teatro das Artes no Shopping Eldorado em São Paulo é mais uma prova disso. O musical já levou milhares de pessoas para assisti-lo, principalmente na sua temporada no Rio de Janeiro, com até seis apresentações por semana.
A produção da dupla Charles Möeller & Claudio Botelho de outros recentes musicais de sucesso como “A Noviça Rebelde” é simples e funciona bem na maioria do tempo. Composto de um elenco de 11 cantores/atores, sendo 7 homens e 4 mulheres, o repertório fascinante dos quatro eternos garotos de Liverpool, vai sendo sobreposto basicamente em colagens ou de maneira completa algumas vezes.
A simplicidade com que a peça é construída consegue lhe trazer tanto benefícios quanto alguns questionamentos. Primeiramente, essa simplicidade acaba por enaltecer a obra dos Beatles e o talento dos atores envolvidos, pelo fato de funcionar sem maiores truques cenográficos, no entanto, se fossem utilizados mais recursos cênicos, o espetáculo seria mais valorizado, visto a melhora nas horas em que isso ocorre.
Outro ponto que funciona bem é a falta de uma história a ser contada, o que permite ao espectador viajar e meio que montar um roteiro na sua própria cabeça. Não que não exista um fio condutor, mas este é bastante subjetivo, amarrado por temas que se sucedem em temas como sonho, fuga, descoberta, encontros, amadurecimentos e retorno, embalados pelos ótimos músicos de apoio, Delia Fisher no piano e Luciano Corrêa no Violoncelo, além de Jonas Hammar que além de atuar ainda participa na bateria e percussão.
A uma hora e meia de duração do musical passa tranquilamente e em diversos momentos rende ótimas sensações ao público, como na seqüência que traz “Come Together”, “Penny Lane”, “Honey Pie”, “I Am The Walrus”, “Ob-la-Di Ob-la-Da” e “Yellow Submarine”. “Beatles Num Céu de Diamantes” é leve e descompromissado, agrada sem maiores problemas, ainda mais para quem traz tatuado na memória, as obras de arte em forma de canções dos inigualáveis ingleses.
Site: http://www.beatlesnumceudediamantes.com.br

sábado, 21 de março de 2009

"Avenida Dropsie" - Sutil Companhia de Teatro - Teatro do Sesi (SP) - 20.03.2009

A Sutil Companhia de Teatro criada pelos curitibanos Felipe Hirsch e Guilherme Weber comemora 15 anos em 2009 e desembarcou em São Paulo para uma curta temporada no Teatro do Sesi na Avenida Paulista. “Avenida Dropsie”, o espetáculo baseado na história em quadrinhos do mestre Will Eisner é um dos trabalhos apresentados e versa sobre cidades e lugares que podem existir em qualquer lugar do mundo.
No elenco temos André Frateschi, Duda Mamberti, Erica Mignon, Guilherme Weber, Jorge Emil, Leonardo Medeiros, Magali Biff e Maureen Miranda sobre a direção geral de Felipe Hirsch. O roteiro usa pedaços cortados da história original de Eisner, como também de outros trabalhos seus, divididos por temas ou situações. A peça é entrecortada pela voz de Gianfrasceco Guarnieri, que serve como guia condutor.
A “Avenida Dropsie” da Sutil Companhia de Teatro é um espetáculo visual fascinante. A montagem que traz uma pequena tela que reflete projeções sobre o cenário é um recurso interessantíssimo. O cenário em si, a frente de um prédio por onde passam as mais diversas pessoas e acontecem coisas comuns a toda cidade é muito bem utilizado e consegue dar vida ao grande trabalho dos atores, bem mais gestual que através de palavras.
O vigor e a agilidade de determinados momentos se misturam a momentos mais íntimos, dentro de um mosaico de emoções que vai conquistando o público, que ao mesmo tempo em que se diverte, reflete sobre situações próprias do seu dia a dia. A trilha sonora é outro ponto positivo, mistura coisas mais modernas e velhas canções dos anos 30 e 40, abrilhantando de maneira relevante as percepções da peça.
“Avenida Dropsie” anda em um ritmo diferente da história original de Will Eisner (que merece ser lida e conhecida por mais pessoas), o que não a impede de honrar a obra em que se baseia. Visualmente fantástica, em um cenário onde até a chuva cai em determinado ponto, a peça veste como uma luva uma cidade do tamanho de São Paulo e desnuda pequenas idiossincrasias dos habitantes que dão vida a grande metrópole. Imperdível.

terça-feira, 17 de março de 2009

"200 Million Thousand" - Black Lips - 2009

Começo de ano e os lançamentos vão aparecendo em todo lugar na internet. Bandas antigas, novas, projetos paralelos, etc. Entre tanta coisa, faça-se o favor e guarde um espaço na sua estante, seja ela física ou virtual, pois os malucos do Black Lips estão de volta. Cole Alexander (vocal e guitarra), Jared Swilley (vocal e baixo), Ian Saint Pé (guitarra) e Joe Bradley (bateria e vocal) estão com disco novo na praça.
“200 Million Thousand” que foi lançado em fevereiro é o quinto disco da carreira da banda, sem dúvida uma das mais divertidas e bacanudas da atualidade. O trabalho que vem suceder os petardos contidos em “Good Bad Not Evil” de 2007, chega um pouco mais calmo, mas não menos sujo e garageiro. A gravação tosca remete diretamente a algum ponto perdido das décadas de 60 e 70 com facilidade.
As influências do quarteto se fazem presentes, entre elas grupos como Kinks, Troggs, Sex Pistols, 13th Floor Elevators e outras tantas bandas do inicio do punk rock, além é claro de uma estética sessentista que permeia boa parte das faixas. A mistura traz outros ingredientes como surf music, country e até hip hop, além de letras que muitas vezes ganham o aviso de “explicitas”.
Só para ficar em alguns destaques, tem o punk rock de “Drugs”, que parece recém saído de algum ponto em 1977 ou 1978, “Starting Over” e sua deliciosa aparência sessentista, “Trapped In A Basement” um encontro entre Lou Reed e Tom Waits tocando bêbados em algum bar por aí, “Short Fuse” um pop cheio de viagens sonoras e “Again & Again” que traz aqueles backing vocals já meio tradicionais do quarteto.
Os malucos do Black Lips que recentemente foram expulsos da Índia devido aos seus shows incendiários e repleto de toques por assim dizer não convencionais, mais uma vez produzem um disco para provocar a diversão. O flower punk do grupo (como eles se definem) continua funcionando muito bem e promove bons momentos para animar qualquer festinha. Nada demais é certo, mas que diferença faz? Aumente o som.
P.S: A última faixa, “I Saw God”, traz como sampler logo no ínicio, parte de um vídeo onde nos anos 60 uma criança explica sua experiência com LSD. Maluquice pouca é bobagem.
Sobre “Good Bad Not Evil”, passe aqui.
Site Oficial: http://www.black-lips.com
My Space: http://www.myspace.com/theblacklips

domingo, 15 de março de 2009

"...Luisa Mandou Um Beijo..." - Luisa Mandou Um Beijo - 2009

Quando a banda carioca Luisa Mandou Um Beijo lançou seu primeiro disco em 2005, foi meio difícil não se apaixonar de imediato, fosse pelas melodias, pelo vocal doce de Flávia Muniz ou pelos solos de trompete e flauta que atravessavam as canções. No entanto, mesmo com todo esse encantamento, parecia faltar alguma coisa ao disco, faltava uma coesão maior entre as faixas, pequenos toques de algo mais.
Em 2009, com o lançamento do seu segundo trabalho de nome homônimo, esse algo mais aparece e faz cativar ainda mais. A mistura de Rio de Janeiro + Amor + Dadaísmo que a própria banda utiliza para se descrever, funciona perfeitamente. A promessa de um grande disco que veio em 2005 se concretiza agora. Parafraseando a vocalista Flávia Muniz, as canções são aquarelas pintadas com palavras.
A sonoridade do grupo, agora formado por Flávia Muniz (vocal), Fernando Paiva (guitarra), PP (guitarra), PC (baixo), Shockbrou (trompete) e Luciano Grossman (bateria), transita entre o indie pop e a mpb com pitadas de bossa nova. Ao contrário do primeiro disco que as canções eram quase todas com Fernando Paiva, agora o processo de criação foi mais dividido entre os integrantes, o que colabora ainda mais para o ótimo resultado.
São 14 canções em pouco mais de 44 minutos que proporcionam um prazer revigorante para o ouvinte. As letras, um dos pontos fortes da banda, casam perfeitamente com as melodias. Faixas como “Mar Sem Sal” (...não queria machucar-te/queria dar-te um beijo e um mar sem sal...) e “A Odalisca e o Pirata” (...quando o carnaval chegar/eu me visto de você...), podem tocar por horas sem enjoar ou cansar.
No seu segundo disco, os cariocas do Luisa Mandou Um Beijo conseguem cativar até o mais incauto dos ouvintes, com seu lirismo na dose certa e precisa. Tipo do disco para você deixar tocando repetidamente em qualquer momento do dia. Em tempos meio amargos e com crises na beira da porta, um pouco de doçura ajuda a vida a correr de maneira mais agradável, além de acalmar um pouco a alma.
Site oficial: http://www.luisamandouumbeijo.com
My Space: http://www.myspace.com/luisamandouumbeijo

sexta-feira, 13 de março de 2009

"Watchmen - O Filme" - 2009

Depois de anos e anos com discussões, mudanças de planos e alteração dos envolvidos, finalmente “Watchmen” a genial série de Alan Moore e Dave Gibbons, chega aos cinemas. A sua adaptação gerou muita desconfiança durante todo esse tempo, afinal como conseguir levar para a grande tela, todas as tramas desenvolvidas por Moore originalmente nos quadrinhos? E como tornar tudo isso palatável para o público que não conhece a série?
Muitos questionamentos como esses surgiram por todo lugar nos últimos meses e receberam suas respostas agora, que a produção do diretor Zack Synder deu sua cara a bater. Para grande alegria dos fãs, essas respostas são boas em sua grande maioria. Synder manteve o foco na história principal e respeitou a obra original, promovendo somente algumas pequenas mudanças, que em nenhum momento prejudicam o enredo.
Conseguir transpor para o cinema tudo que Moore colocou na série, não era tarefa das mais fáceis, tanto é verdade que tramas paralelas como os Contos do Cargueiro Negro, que correm conjuntamente com a narrativa principal, só estarão presentes na versão estendida em DVD, que já gera mais uma grande expectativa de lançamento. O clima soturno e pesado dá o tom e conduz a história, refletindo bem a arte de Dave Gibbons.
“Watchmen - O Filme” não é nada fácil para quem está acostumado com as adaptações tradicionais dos quadrinhos. O mundo que Moore imaginou em 1985, a beira de um colapso mundial, com a terceira guerra mundial batendo na porta e deixando um ataque nuclear como um fato bastante viável é muito bem retratado. Junte-se a isso, Nixon ainda como presidente dos USA e vigilantes andando pelas ruas. Completo caos.
Quando o Comediante (Jeffrey Dean Morgan), que depois da lei que baniu os vigilantes em 1977, começou a trabalhar para o governo é assassinado, Rorschach (Walter Kovacs) entende isso como uma espécie de atentado contra os antigos vigilantes e começa a procurar pistas, além de avisar os sobreviventes como o Coruja (Patrick Wilson), Ozymandias (Matthew Goode), Dr. Manhattan (Billy Crudup) e Espectral (Malin Akerman).
A partir das suas investigações, Rorschach reata antigas alianças e começa a descobrir que uma trama muito maior do que imaginava foi posta em prática, caminhando firme para levar ao assassinato de milhões. No recheio de tudo isso, adicione paranóia, política, sexo, desespero, traições, violência e filosofia, entre outras coisas mais. O resultado de tudo junto é uma história que não passa impune ao espectador em nenhum momento.
“Watchmen - O Filme” que já dividia opiniões mesmo antes do seu lançamento, tem essa divisão mais agravada ainda com a sua estréia. Quem já conhecia os quadrinhos realmente deve gostar mais, no entanto do jeito que o diretor Zack Synder conseguiu tratar o enredo, agradará ao público em geral também. Com muito mais acertos do que erros, “Watchmen - O Filme” vale muito a ida ao cinema. E que venha o dvd com a versão estendida.
Sobre a série em quadrinhos, passe aqui.

quarta-feira, 11 de março de 2009

"The Umbrella Academy" - Gerard Way e Gabriel Bá

O que esperar de uma história em quadrinhos escrita por Gerard Way, o vocalista do Chemical Romance? O que passa logo pela cabeça é uma grande sacada de marketing, a fim de atingir o público da banda, em sua grande essência adolescentes (emo, para ser mais claro). Mas por mais incrível que pareça, o trabalho de Way como roteirista de quadrinhos rende bons frutos em “The Umbrella Academy”, série ainda inédita no Brasil.
Antes de adentrar ao universo da “Academia Umbrella”, a hesitação era uma constante. No entanto alguns pontos colaboram já de entrada com o trabalho. Primeiro as edições foram publicadas pela Dark Horse, célebre casa de boas idéias, segundo, o desenhista é Gabriel Bá, irmão de Fábio Moon, responsável junto com o irmão por “10 Pãezinhos” e por fim, os prêmios Eisner Awards e Harvey Awards ganhos pela série ano passado.
A história em si não traz nenhuma novidade, mas é construída de maneira competente, sendo capaz de prender o leitor na revista até que se conheça o final. O roteiro explora grandes clichês, mas também os questiona de certo modo, o que acaba dando um charme especial a trama. Os momentos de ação e aventura são bem alinhados com a parte mais dramática, o que deixa a narrativa sempre com bom ritmo.
Tudo acontece quando 42 crianças nascem com poderes especiais, sendo que para proteger mundo de uma ameaça futura, o milionário Reginald Hargreeves reúne para treinamento as 7 crianças que consegue encontrar, as demais não são achadas. De inicio seus pupilos são conhecidos apenas por números de 1 a 7, para somente depois ganharem nomes. No começo tudo vai bem, até que aos poucos a academia vai desmoronando e separando os “irmãos” de criação.
Nove anos depois, todos se reúnem para o funeral do seu mentor. Toda a frustração de anos e da forma como foi conduzida o seu crescimento vem a tona entre os membros sobreviventes da academia, provocando amplos conflitos. Em cima disso, inserem-se planos de destruição mundial (lógico!), brigas, viagens no tempo, macacos falantes, vilões góticos e mais alguns bons toques de fantasia como recheio.
Em “Academia Umbrella”, Gerard Way faz muita gente dar o braço a torcer (inclusive eu), mais uma prova fiel que é preciso conhecer o trabalho, antes de virar as costas. Gabriel Bá com seu traço que ora lembra o argentino Eduardo Risso (“100 Balas”), ora o mestre Mike Mignola (“Hellboy”) dá um verdadeiro show e transporta a história de Way para as páginas com mérito de sobra.
Aqui no Brasil, a Devir anunciou que lançará a série este ano.

segunda-feira, 9 de março de 2009

"Com Num Filme Sem Um Fim" - Pública - 2009

Enquanto bandas repletas de mais do mesmo e qualidade duvidosa são alçadas pela grande mídia para o topo do rock nacional, este mesmo rock sobrevive longe dessa mídia completamente envenenada de modismo, produzindo a cada dia novas obras interessantes. É o caso dos gaúchos do Pública, que depois do ótimo “Polaris” de 2006, que trazia a bela “Long Plays”, lançam “Como Num Filme Sem Um Fim” nesse comecinho de 2009.
Pedro Metz (vocal e guitarra), "Guri" Assis Brasil (guitarra), João Amaro (pianos), Guilherme Almeida (baixo) e Cachaça (bateria) chegam ao segundo disco, afirmando uma identidade própria ainda que recheada de influências com teor marcante. O rock inglês que conduzia “Polaris” foi meio que deixado de lado e no novo trabalho percebe-se uma influência maior do rock alternativo americano dos anos 80, assim como outras coisas dessa década.
“Como Num Filme Sem Um Fim” começa com “Quarto das Armas” que chega com uma pequena viagem de uns 40 segundos precedendo a guitarra, para depois ser consumida em uma bonita melodia oitentista conduzida com os versos: “não vou mudar/porque eu sempre volto pro lugar/onde as almas e as crianças/teimam em brincar”. “1996” traz boas guitarras e lembra um pouco o Violeta de Outono.
“Canção do Exílio” é bem anos 80, com o baixo ditando o ritmo da canção e uma das melhores letras do disco. “Casa Abandonada” que aparece em seguida, tem status de hit. Tecladinho vintage e ritmo bacaninha, com direito até a metais lá pelo meio da canção, a transformam em uma das melhores canções de 2009 até agora. “Vozes” também é bem pop e um pouquinho mais pesada que as anteriores.
“Sessão da Tarde”, faz jus ao nome, leve e completamente nonsense, aplica fartas doses sessentistas embaladas com letra adolescente. “Há Dez Anos ou Mais”, é mais uma com letra bacana e volta seus olhos para o rock inglês. A faixa título tem o piano como condutor, para depois andar com um ritmo meio quebrado, com cordas invadindo, deixando tudo extremamente bom.
Um sino toca e dá a deixa para “Último Andar”, com o baixo tomando a frente envolto em uma melodia daquelas que te pega para cantarolar junto. “Justiceiro” começa com a bateria preparando a cama, para que o rock possa invadir. E para finalizar, tem “Luzes” que com seus quase sete minutos e espasmos de rock progressivo é a única que destoa um pouco da qualidade das demais canções do trabalho.
Com “Como Num Filme Sem Um Fim”, o Pública consegue evoluir e lançar um trabalho extremamente competente, mostrando assim como outras bandas, que o rock brazuca sobrevive bem, apesar da grande mídia não ligar muito para isso. A banda disponibilizou gratuitamente o disco no seu site, sendo que na Trama Virtual estão os dois álbuns para download. Corra lá e bote no player um dos grandes discos desse começo de ano.
My Space: http://www.myspace.com/publicarock
Site: http://www.publicaoficial.com/
Trama Virtual: http://tramavirtual.uol.com.br/publica

sábado, 7 de março de 2009

"Easy Rider (Sem Destino)" - 1969

No decorrer dos anos o cinema teve o dom de retratar alguns momentos da história mundial de maneira brilhante. “Easy Rider” que aqui no Brasil ganhou a alcunha de “Sem Destino” é um destes momentos. Lançado em 1969, o filme é o retrato de uma geração e comporta como poucos o sentimento do final dos anos 60, como a busca pela liberdade e o envolvimento com sexo, drogas, política e contracultura de uma maneira geral.
Os primeiros minutos do longa são clássicos. A dupla Wiatt (Peter Fonda) e Billy (Dennis Hopper) compram cocaína de um grupo de mexicanos por um valor pequeno e depois revendem para um figurão americano por um preço bem maior. Com o dinheiro na mão, sobem na moto para cruzar o país, não sem antes Wiatt retirar o relógio do pulso e arremessá-lo fora. Tudo isso ao som de “The Pusher” e “Born To Be Wild” do Steppenwolf. Memorável.
Enquanto cruzam o país na direção de Nova Orleans em busca de se divertirem no Mardi Gras (um dos carnavais mais famosos do mundo), Wiatt e Billy são apresentados para um país que desmorona nos próprios alicerces em que foi construído, para uma sociedade que convive diariamente dentro da sua mesquinharia, sorvendo sua vida com ignorância, intolerância, racismo e medo do futuro que se apresenta.
Nessa sua jornada a dupla de personagens principais cruza com o advogado alcoólatra George Hanson, com uma interpretação de Jack Nicholson que rouba as atenções do filme. George se une a dupla em direção do Mardi Gras e é responsável por ótimos momentos como quando diz para os dois: “Eles não têm medo de vocês, mas do que vocês representam. Para eles, vocês representam a liberdade.”
Com uma direção tranqüila de Dennis Hopper, um cenário natural de roubar o fôlego, um grande time de atores e uma trilha sonora inesquecível, “Easy Rider” cativou toda uma geração e 40 anos depois do seu lançamento ainda consegue levar ao espectador toda a sua aura de magia. Filme obrigatório. Como diria a canção: “Like a true nature’s child/we were born/born to be wild/we can climb so high/i never want to die/born to be wild...”

quinta-feira, 5 de março de 2009

"A Torre Negra - Vol. VII" - Stephen King

18 meses se passaram do início da minha leitura da série “A Torre Negra” do escritor Stephen King até eu terminar em meados de dezembro passado. Durante os dois, três meses que vieram desde então fui relendo trechos dos sete volumes, a fim de montar o quebra cabeça deixado pelos livros, de maneira mais consistente. Não é tarefa das mais fáceis, se contarmos que o próprio autor precisou de 33 anos para chegar ao fim da saga.
Durante esses 33 anos, King escreveu mais de 4.000 páginas que foram divididas em sete volumes (todos comentados por aqui). Durante esse espaço de tempo a obra já foi traduzida para mais de 40 países. Em “A Torre Negra - Vol. VII” a saga de Roland de Gilead e o seu ka-tet finalmente encontra o seu ponto final, passando por aventuras, mortes, desespero, esperanças e aprendizados.
Depois de percorrer os sete volumes, percebe-se que “A Torre Negra” não é o tipo de obra que chega ao seu ápice no final, esse ápice aparece durante a trama, nos livros intermediários. O final da saga parece em uma primeira visita bastante confuso e um tremendo exercício de ego do escritor, para depois amarrar a grande maioria das pontas soltas no decorrer do caminho e convencer o leitor que andou um caminho tão longo.
Sobre a série, King declarou: "Já escrevi romances e contos suficientes para encher um sistema solar da imaginação, mas a história de Roland é meu Júpiter, um planeta que faz de anão todos os outros...” Quando se percorre os passos de Roland em um mundo que seguiu adiante e se direciona a passos firmes para o seu fim, é fácil ter esse entendimento. O escritor além de se tornar parte de sua história, conta esta com uma paixão emocionante.
“A Torre Negra” já ganha outras mídias como os quadrinhos e provavelmente chegará ao cinema. O mundo construído por King que além de usar suas próprias criações, adicionou a mistura fortes doses de J.R. R. Tolkien e Sérgio Leone, ainda percorrerá o imaginário de muitas pessoas ao redor do mundo. Personagens como o tão ambíguo, obcecado e carismático Roland de Gilead ainda perdurarão vivos no inconsciente por alguns anos.
Sobre os volumes I, II, III, IV, V e VI, siga os links.
Site Oficial: http://www.torrenegra.com.br

terça-feira, 3 de março de 2009

"O Silêncio de Lorna" - 2008

Os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne são responsáveis por dirigir grandes filmes como “Rosetta” e “A Criança” que lhe valeram a Palma de Ouro em Cannes em 1999 e 2005. Podemos colocar na conta também o excelente “O Filho” de 2002. Sua maneira de conduzir filmes sempre de maneira muito natural e real, com a câmera andando quase que nos ombros dos personagens, se tornou uma característica marcante. 

Na sua mais nova empreitada intitulada “O Silêncio de Lorna”, essa tendência naturalista continua presente em uma obra inferior aos filmes citados acima, mais ainda carregada de algum brilhantismo. O longa ganhou como melhor roteiro ano passado em Cannes, laureando mais uma vez o trabalho competente da dupla. “O Silêncio de Lorna” não é em nenhum momento fácil e deixa o espectador às vezes meio desconfortável. 

Na película somos apresentados a Lorna (Arta Dobroshi), uma albanesa que para conseguir se estabelecer na Bélgica, faz um casamento arranjado com Claudy (Jérémie Renier), um dependente químico que namora o desespero dia a dia. A principio o trato parece bom, Lorna consegue sua cidadania e Claudy mais dinheiro para se drogar. Depois que tudo acontecer, ela se divorcia e casa com um russo que está atrás de cidadania. 

Lorna está em busca não somente de um lugar melhor para morar, como também de um sonho, que é montar seu próprio negócio com o namorado e começar outra vida. Para agilizar o divórcio e colocar novamente Lorna disponível para casar, o agenciador do negócio tem o plano de matar Claudy, pois ele é um drogado e um drogado a menos não levanta suspeita não é mesmo? Lorna começa a entender que não.

Além de dissertar sobre um tema bastante atual e recorrente na Europa nos dias de hoje que é a imigração, os irmãos Dardenne mais uma vez exploram a relação entre a racionalidade prática dos atos da sociedade, por mais sujos que sejam contra o anarquismo que os sentimentos humanos podem chegar. Até onde se consegue cavar para conseguir algum objetivo? Essa é a pergunta que fica subentendida e infelizmente não encontra resposta.

domingo, 1 de março de 2009

"Guitarras Y Tambores" - Cola Jet Set - 2009

Existe uma categoria de discos que te conquistam de imediato, pedindo para serem repetidos novamente e novamente. Não necessariamente são discos essenciais ou que vão freqüentar a lista de melhores ao final de cada ano, no entanto tem a habilidade de provocar prazer instantâneo e fazer o ouvinte cantar junto. O segundo trabalho dos espanhóis do Cola Jet Set é um ótimo retrato disso.
“Guitarras Y Tambores” é o segundo trabalho do grupo de Barcelona, sendo o primeiro pela Elefant Records. Antes disso haviam lançado “Contando Historias” em 2004 e mais recentemente o EP “Suena el Teléfono” em 2007. Nesse novo trabalho fecharam uma formação especifica que traz Ana (vocal, teclado), Alicia (guitarra, vocal), Cristina (baixo, vocal), Felipe (guitarra, vocal) e Joan (bateria, vocal).
A sonoridade explorada se mantêm fiel a do primeiro registro, um indie pop com influências sixties e tempero powerpop. A influência do La Casa Azul, apesar de ainda estar presente, diminui um pouco, permitindo que outros toques possam entrar. No mais, temos melodias arrebatadoras, vocal compartilhado, backing vocals a todo instante, letras desprentesiosas, um teclado fazendo riff aqui e ali e um ritmo contagiante.
Das treze canções do trabalho temos doze inéditas (apesar de algumas terem sido tocadas esporadicamente em shows) e uma revisitada a “Suena el Teléfono” do EP de 2007. É meio complicado não se animar e deixar levar por faixas como “El Sueño de Mi Vida”, “Subidubi”, “Durará”, “En Esta Pista ya No Se Puede Bailar”, como também por “Nadie Nos Va a Poder Parar” e “Dulce Despertar”.
“Guitarras Y Tambores” é plenamente indicado para afastar o mau humor, para ser tocado dentro do ônibus ou no carro a caminho do trabalho, para servir de pano de fundo para alguma tarefa que se esteja fazendo. O único efeito colateral da sua indicação, ainda mais se for utilizado em alta dosagem é que as melodias podem grudar na cabeça, sem aviso prévio ou qualquer solicitação.
My Space: http://www.myspace.com/colajetset
Mais aqui: http://www.elefant.com/grupos/cola-jet-set