sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

“Here´s To Being Here” - Jason Collett - 2008

O combo canadense Broken Social Scene criado por Kevin Drew e Brendan Cannig em 1999, reúne uma grande quantidade de músicos. Dentre eles está Jason Collett, que lançou em fevereiro deste ano seu terceiro disco solo, chamado “Here´s To Being Here”. Os outros são “Motor Motel Love Songs” de 2003 e “Idols Of Exile” de 2005, que passaram despercebidos, sem badalação alguma.
O som de Collett que nos primeiros álbuns circulou na seara do folk mais moderno dos nossos tempos, ganha nesse novo trabalho o auxilio de mais guitarras (com direito a um belíssimo solo em “Henry´s Song) e a ajuda do comparsa de banda Andrew Whiteman. Se a devoção por Bob Dylan (até pelo vocal, meio parecido às vezes) ainda permanece lá, outras influências são visitadas.
As quatro primeiras faixas resumem bem isso, como em uma espécie de tributo pessoal. “Roll On Oblivion” é Bob Dylan. “Sorry Lori” é uma baladinha um pouco mais acelerada que em alguns momentos lembra George Harrison. “Out Of Time” é Lou Reed, seja pelo jeito de cantar, ou pelas paradinhas de guitarra ditando o ritmo. E ainda tem uns “uh, uh, uh...”, bem legais. “Papercut Hearts”, a quarta faixa, traz Bruce Springsteen pro jogo.
Bons momentos que são completados pelo balanço de “Charylin, Angel Of Kesington”, pelo ótimo folk de “No Redemption Song” (gostou do nome?), pelo cativante pop rock de “Trough The Night These Days” (que ganha o posto de melhor faixa) ou ainda por “Waiting For The World”, uma canção bem bonita, que traz Collett cantando suave e contemplativo.
Nada de novo no front, apenas boas canções para serem escutadas enquanto se trabalha, durante uma leitura ou naquelas noites passadas na frente do computador. Bom disco.
Site: http://www.arts-crafts.ca/jasoncollett
My Space: http://www.myspace.com/jasoncollettofficial

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

"Alto Disco" - Airbag - 2008

Segunda feira. Inicio de mais uma semana de muito trabalho pela frente. Aquela velha moleza tomando o corpo. Precisa-se de música urgente. Uma música leve, descompromissada e alegre para restaurar as forças e fazer os primeiros sorrisos da semana saírem do rosto. Uma boa pedida para tanto é “Alto Disco” do Airbag.
A banda de Málaga na Espanha, volta com um novo trabalho depois de três anos, lançado no último dia 4 de fevereiro. O trio formado por Adolfo (guitarra e vocal), Pepe (baixo) e José (bateria), investe na diversão em um punk pop, muito bem tocado com influências de Ramones, Beach Boys e Green Day além de um pouco de Weezer.
Das treze faixas, quase nenhuma música extrapola os três minutos (só duas fazem isso), o que permite que o disco desça redondo, redondo. Desde a dobradinha de abertura “Spoiler” e “Comics Y Posters” (primeira faixa a ser trabalhada) já se percebe o que vem pela frente, canções com boas melodias, poucos acordes, letras bem sacadas e um clima bem para cima.
Destaques ainda para “Golpe Al Sueño de Verano” com suas palmas, “De Um Verano A Outro”, com seus backing vocals, “Ahí Viene La Decepción” com seus “pa-pa-pa-pa...”. O maior momento no entanto, fica com a deliciosa “Salva Mi Domingo” em que o casamento de ritmo e letra saem numa perfeita e legitima canção pop, grudando na cabeça a partir do momento em que se encerra.
Revigore-se e divirta-se. Siga o link. :)
Site Oficial: http://www.airbag.tk
My Space: http://www.myspace.com/mondoairbag

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

"Terceiro Mundo Festivo" - Wado - 2008


Difícil não gostar do trabalho do alagoano Wado. Desde sua estréia em 2001 com “O Manifesto da Arte Periférica”, ele vem flertando entre o novo e o antigo, usando e abusando de melodias inteligentes, sonoridades distantes do lugar comum e letras muito bem sacadas. Em 2004, ao lado Realismo Fantástico lançou uma pequena obra prima, o indispensável “A Farsa do Samba Nublado”.
Ano passado juntou-se com alguns amigos e colocou no mercado o projeto Fino Coletivo, que lançou um dos melhores discos do ano e manteve o alto nível do seu trabalho. Em 2008, chega a hora desse alagoano nos surpreender com outro belo disco. “Terceiro Mundo Festivo” é o nome e traz as apostas de Wado em sonoridades das periferias de todo o mundo.
Contando com Dinho Zampier (teclados e violão), Pedro Ivo Euzébio (programações), Bruno Rodrigues (baixo) e Rodrigo Peixe (bateria), além de Cris Braun e Jan Aline nos backing vocals, Wado dá mais uns cinco passos a frente ao mesmo tempo em que reencontra parte da sonoridade proposta nos dois primeiros álbuns.
Se no disco anterior (já citado acima), os violões conduziam as canções, desvirtuando o samba e lhe dando novos contornos, neste “Terceiro Mundo Festivo”, eles são apenas bons coadjuvantes. As bonitas “Melhor” e “Recado” talvez sejam as que mais se assemelhem a esse passado recente. As demais canções são outro papo.
Temos quase um funk carioca, bem mais lento em “Teta”, que carrega a letra de sacanagem: “Está guardado pra você amor, aceite, aceite/Está guardado pra você amor, o leite”. “Fita Bruta” nos seus pouco mais de dois minutos, critica a indústria da arte em frases como: “Não entramos na comédia/E é preciso fazer média com o maldito diretor”. “Leva” circula por ritmos nordestinos e caribenhos, suave e pra cima.
“Reforma Agrária do Ar”, com vocal recheado de efeitos, critica “o latifúndio das ondas do rádio”, um tiro seco e certeiro contra todo esse cartel que vive de mesmice e jabá. “Pendurado”, “Faz-me Rir” e “Lucrécia” também não ficam atrás e mantêm o alto nível. O ponto máximo fica por conta de “Fortalece Aí”, um quase samba, com uma melodia grudenta dizendo: “Fortalece aí, meu coração...”. Pode deixar tocar seguidamente.
Mais uma vez Wado dá show, voltando seus olhos para a música que nasce a cada minuto nos mais diversos lugares, com poucos recursos e muitas idéias, sem o mínimo apoio. E continua cavalgando firme na montagem de uma sonoridade ímpar no cenário nacional. É o seguinte meu chapa, aperte o play e bote pra funcionar a reforma agrária do ar.
“Terceiro Mundo Festivo” está liberado para download no site oficial, assim como os discos anteriores. Não perde tempo, vai lá: http://www2.uol.com.br/wado
Resenha sobre “A Farsa do Samba Nublado”, aqui.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

"On The Street" - Jason Anderson - 2008

Tem dias em que a música que invade tua vida não é badalada, não é clássica, não é do seu artista preferido. Às vezes são somente canções de algum desconhecido que passam despercebidas pelo player, sem terem a mínima obrigação de soarem fundamentais ou essenciais. Sem a menor obrigação de te fazer buscar mais informações ou repassar para os amigos. Até que... você é fisgado por ela e decide escrever uma resenha.

Passeando por aí, me deparei com o primeiro álbum do americano Jason Anderson, que na verdade está mais para um EP extendido, pois são sete faixas e uma pequena introdução. O músico já fez parte da banda Wolf Colonel e tem o tom de voz e o estilo de cantar muito parecido com o do Craig Finn (The Hold Steady), apesar das suas canções passarem um pouco distante das do grupo que ele comanda.

“On The Street” é na sua essência pura e simplesmente rock n´roll, o típico rock americano de bandas como Buffalo Tom, Dinosaur Jr. e The Long Winters, no entanto buscando referências também no alt country. Começa com quase um indie pop da faixa titulo e depois entra no rockão básico e cheio de energia de “July 4, 2004”.

Depois temos “From Here To There”, outro rockão com um pé no alt country e “Omaha”, que também aposta suas fichas nisso. “This Will Never Be Our Town” chega com guitarras distorcidas e uma melodia bem bacana. Ótima melodia também em “We Will Bend, We Will Break, etc.”. “On Vacation” fecha o trabalho com violões, vocal repleto de efeitos e uma pequena melancolia pairando no ar.

“On The Street” é recomendado para escutar sem qualquer pretensão, deixando tocar relativamente alto no som. Sem alarmes e nem surpresas, apenas um punhado de boas canções de rock.

Baixe gratuitamente direto do site da gravadora do artista:

http://www.ecarecords.com/releases/jason-anderson/onthestreet/index.php

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

"Onde Os Fracos Não Tem Vez" - 2008

“Onde Os Fracos Não Tem Vez” novo trabalho dos irmãos Joel e Ethan Coen, é a produção mais indicada ao Oscar desse ano, ao lado de “Gangstêr”. Está concorrendo a 8 estatuetas, entre elas Direção, Melhor Ator Coadjuvante, Roteiro Adaptado e Fotografia. Os irmãos Coen, mais uma vez produzem uma pequena obra prima, que nada fica devendo a filmes anteriores, como “Fargo” ou “Arizona Nunca Mais”.
Seu mais recente trabalho é adaptado do livro “No Country For Old Men” de Cormac McCarthy e versa sobre um mundo que parece perdido, sem valores, entregue ao dinheiro, sucumbindo à violência e permeado pelo caos. Um mundo onde tudo parece permitido e a impunidade corre livre, leve e solta sem maiores preocupações.
Ambientado no Texas do começo dos anos 80, encontramos Llewelyn Moss (Josh Brolin), um típico sulista aposentando, que combateu na guerra do Vietnã e agora se finge de caçador. Em uma de suas caçadas, Moss se depara com algumas caminhonetes e pessoas mortas no meio do deserto. Uma transação de drogas que não deu certo e deixou uma maleta com 2 milhões de dólares.
Mesmo percebendo que pegar aquela maleta pode acabar com sua vida, pois com certeza alguém virá atrás dela, Moss a leva consigo e começa a sua fuga. Em seu encalço está Anton Chigurgh (uma atuação espetacular de Javier Bardem), um assassino frio e completamente psicótico. Suas falas estão entre as melhores coisas do filme.
No rol dos personagens principais ainda temos o xerife local Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones), que tenta resolver as coisas ao mesmo tempo em que se desilude com o rumo que o mundo vai tomando, um mundo em que ele parece cansado para acompanhar. Woody Harrelson ainda faz uma ponta como Carson Bells, outro no encalço da maleta com o dinheiro.
Com uma direção sempre correta e que esbanja vitalidade, “Onde Os Fracos Não Tem Vez” é daqueles filmes que fazem pensar. Nele vemos um mundo em que não há salvação e nem perdão. Um mundo em que as pessoas de bem estão em extinção e o restante são guiadas na sua grande maioria pelo poder do dinheiro (a cena em que Chigurgh compra uma camisa de um garoto exemplifica bem isso).
Cinema com C maiúsculo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

"Anormal" - Jonas Sá - 2007

Na primeira vez que “Anormal”, o disco de estréia de Jonas Sá passa pelo player é impossível não fazer a associação com Lulu Santos. Não somente pelo tom da voz muito parecida, mas pela estética sonora que remete ao pop bem feito e trabalhado. Só essa comparação elogiosa já poderia ser suficiente para representar a qualidade desse disco. Mas “Anormal” vai bem além dela.
Jonas Sá passou quase seis anos maturando esse projeto e o traz ao mercado na aposta da Som Livre em novos talentos através do “Som Livre Apresenta”. Ok, já vimos esse filme antes e não deu certo, mas sempre representa uma melhor divulgação país afora. Um timaço de músicos participa do álbum, nomes como Rodrigo Amarante, Lucas Santtana, Thalma de Freitas e Rubinho Jacobina, que entre outros deixam também um pouco de si pelas faixas.
O trabalho abre com a faixa título, um grande e potencial hit, um pop absoluto que mais para frente se enche de barulho para todos os lados. Depois aparece uma linha de baixo inserindo “Tenha Um Bom Dia”, e os versos “pelo menos hoje lembre de quem amou você/antes de mim” para depois engatar um “vá viver sua vida/vá a merda”. As letras saem bastante do lugar comum, o que valoriza um pouco mais.
Outros momentos que merecem destaque são “Real Love, Real Player”, brincando com o soul em uma baladinha suave, “Looking For Joy”, completamente saborosa, um sambinha com toques de indie pop, “Melhor Assim” que com seus blips tem tudo para ganhar remixes e invadir as pistas e o encerramento com a dobradinha “Apenas Eu” e “Entre Nós 2”.
Unindo diversas influências como Mpb, Pop e rock só para ficar nas mais evidentes, Jonas Sá cavalga em diversos estilos com bastante classe produzindo não uma sonoridade única, mas uma sonoridade repleta de energia e com aura de novidade. Mal comparando poderia ser um Beck mais suave e menos maluco. “Anormal” é uma boa chance do pop brasileiro (de qualidade) sair da lona e recuperar o espaço na grande mídia perdido há algum tempo. Palmas para Jonas Sá.
Site oficial: http://www.jonassa.org
My Space: http://www.myspace.com/jonassah

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Eric Clapton - A Autobiografia

O inglês Eric Patrick Clapton nascido na pequena cidade de Ripley em 30 de março de 1945 é um dos maiores nomes vivos do rock. No decorrer da sua vasta carreira lançou discos memoráveis, fez canções inesquecíveis, vendeu milhões de discos e passou por diversos baixos na carreira devido ao seu envolvimento com drogas e álcool, sendo que hoje desfruta de relativa paz na sua vida.
O próprio músico resolveu contar sua história em “Eric Clapton – A Autobiografia”, lançado ano passado e apresentado aqui pela Editora Planeta. O livro é daqueles que pedem para ser consumidos vorazmente, pois além de mostrar a vida do seu autor, envolve em registros anos e mais anos de boa música, tendo este como seu espectador em alguns momentos e peça chave em outros.
Clapton desmistifica parte dos seus mitos, enquanto escancara e demonstra outros. Desde a criança tímida que foi criada com os avós em sua introspecção até chegar à sua juventude e na descoberta da guitarra e do blues, do qual foi um defensor radical em seus trabalhos. Uma viagem saborosa que passa por momentos de grande criatividade do rock n´roll.
Temos tudo lá, do inicio indo em sequência pelos Yardbirds, o visceral disco gravado com John Mayall, a decepção com o Blind Faith, o Cream e o clássico “Disraeli Gears” de 1967, o disco gravado como Derek And The Dominos, uma obra prima atemporal, a queda por causa das drogas, a ressurgida com o excelente “Ocean Boulevard” em 1974, com a regravação de “I Shott The Sheriff” de Bob Marley, a nova queda por causa do álcool, a recuperação, a morte do seu filho Conor, o Unplugged MTV, os discos com BB King e o ídolo JJ Cale, até os dias atuais.
Historias é o que não faltam, como o relacionamento de Clapton com nomes como Jimi Hendrix e George Harrison, grandes e inseparáveis amigos. As mortes que sempre permearam sua vida e ainda assim ele conseguiu seguir em frente. O processo de criação de discos clássicos. O relacionamento peculiar com Bob Dylan e John Lennon. As milhares de mulheres (inclusive a de George Harrison) e sua imaturidade para conseguir fazer dar certo. Todo sua excentricidade e porra louquice em doses volumosas.
O criador de canções imortais como “Layla”, “Sunshine Of Your Love”, Wonderful Tonight” e “Tears In Heaven”, abre seu coração em uma narrativa suave e carregada de arrependimento por suas atitudes pessoais, mas quase nunca por seu trato em relação a música, a sua verdadeira paixão e salvação. Um mergulho sensacional na vida do “Slowhand” que já foi chamado de Deus. Essencial.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

“Sweeney Todd – O Terrivel Barbeiro de Fleet Street” - 2008

Vingança. Esse é o prato principal do novo trabalho do excelente diretor Tim Burton. “Sweeney Todd – O Terrivel Barbeiro de Fleet Street”, é seu novo longa em que faz uma adaptação do musical da Broadway de mesmo nome, sucesso de publica e de critica no decorrer dos anos tendo a frente Stephen Sondheim (de por exemplo, “West Side Story”).
Mais uma vez o diretor elege o seu preferido Johnny Deep para o papel principal e coloca sua esposa Helena Bonham Carter no elenco. “Sweeney Todd” é uma espécie de lenda inglesa que permeia o século XIX e no decorrer dos anos foi ganhando outras formas e adquirindo fãs e mais fãs como Burton.
A história trata de Benjamim Barker (Deep simplesmente mais macabro do que nunca), o melhor barbeiro da cidade, um homem que pagou por um crime que não cometeu durante 15 anos por intermédio do juiz Turpin (da série “Harry Potter e de “Simplesmente Amor”), que fez isso para ficar com sua esposa. Quando retorna a Londres em busca de vingança, Barker descobre que sua esposa se matou e então assume a alcunha de Sweeney Todd.
Com a ajuda da Sra. Lovett (Helena Bonham Carter), uma cozinheira famosa por suas tortas horríveis, Todd retorna ao oficio, se estabelece na Fleet Street e começa a buscar sua tão desejada vingança contra o juiz Turpin e o bedel Bamford (Timothy Spall). Ainda temos a participação do comediante Sacha Baron Cohen (de “Borat”) como o barbeiro italiano Adolfo Pirelli.
Tim Burton faz mais um filme sombrio usando uma Londres ainda bastante vitoriana como coadjuvante. Com ótima direção e um bom trabalho dos atores, principalmente de Johnny Deep, o diretor recheia a trama com canções, sangue, humor negro, pequenas criticas sociais e muito mais sangue. A cena em que Todd brinca com suas navalhas e faz um dueto com o juiz Turpin é simplesmente deliciosa.
“Sweeney Todd” vai construir boas criticas negativas por parte do publico, pois acaba não sendo de fácil digestão, nem tanto pela sua “violência” e sim pelo seu humor especifico e a sua concepção como quase um musical. Apesar de achar que faltou um algo mais para que a produção merecesse todos os aplausos, a nova obra de Burton e Deep é bastante interessante, merecendo ser conferida.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

"Juno" - 2008



Muitas pessoas andam escrevendo que “Juno”, o novo trabalho do diretor Jason Reitman (responsável pelo excelente “Obrigado Por Fumar”) é o filme “indie” do ano. Na boa, não sabia que tinham filmes “indies”, descobri agora. “Juno” é o tipo de filme independente americano que trata de temas complicados com leveza e peculiaridade, calcado em boas referências da cultura pop.
Você já viu isso em “Hora de Voltar” e “Pequena Miss Sunshine”, só para citar alguns exemplos. Películas que não são feitas para discutir seriamente os problemas que tratam e no máximo indicar um caminho possível, com a certeza de que tudo vai ficar bem no final (e quem não precisa de otimismo?), cativando o espectador pela sua estranheza e simplicidade.
Olhando assim, “Juno” convence muito bem. Ganhou quatro indicações ao Oscar desse ano nas categorias de Melhor Atriz (Ellen Page), Melhor Filme, Melhor Diretor (para Jason Reitman) e Melhor Roteiro Original, escrito por Diablo Cody (só por curiosidade, uma ex-stripper). Provavelmente não vai ganhar nenhum, mas nesse caso a indicação vale a estatueta.
O filme começa quando “Juno” (Ellen Page de “Menina Má.com” e “X-Men – O Confronto Final”) descobre que está grávida aos 16 anos. A gravidez indesejada aconteceu depois de uma noite com seu melhor amigo Paulie Bleeker (Michael Cera) e ela fica meio sem saber o que fazer, até que com a ajuda de uma amiga decide de maneira inusitada procurar pais adotivos no jornal.
Ela acha um casal ideal na sua concepção (vivido por Jeniffer Gardner e Jason Bateman), ricos, bonitos e apaixonados. Só que nessa última parte parece que o telhado é meio de vidro. No decorrer da película Juno briga com a sua incapacidade de ser mãe ao mesmo tempo em que cativa essa ideia. Fica ainda indecisa sobre seus sentimentos para com o seu “amigo”. Nada mais normal para uma adolescente.
Recheado de referências pop com citações de bandas, discos espalhados e filmes cult (em determinado momento Juno dispara “Sonic Youth é só barulho!”. Olha a heresia!). Com trilha sonora competente, tendendo um pouco para o folk e juntando nomes como Belle And Sebastian, Cat Power, The Moldy Peaches, o já citado Sonic Youth e Velvet Underground, entre outros, tudo passa leve e suave.
Destaque maior para a canadense Ellen Page que se sobressai bastante ao resto do elenco, a menina trabalha muito bem mesmo. “Juno” cumpre com uma premissa básica que existe no cinema que é divertir. E se possível questionar alguma coisa. Entrar mais fundo em discussões (nesse caso gravidez na adolescência e maturidade) sempre é importante, mas outros filmes podem fazer isso.
“Juno” é “apenas” cativante. Muito cativante. Não deixe de assistir.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

"District Line" - Bob Mould - 2008

O rock é pródigo em criar ídolos. Alguns são exaltados ao grande público e com imenso sucesso comercial e outros tem isso em menor volume, mas são de fundamental importância na história do estilo, influenciando diversas outras bandas no decorrer dos anos, sendo responsáveis por pequenas obras primas.
O americano Bob Mould se enquadra nessa segunda descrição. A frente do seminal Husker Dü nos anos 80, junto com Grant Hart e Greg Norton fez-se referência para bandas como Pixies, Nirvana e Green Day, entre outras. O disco “Warehouse: Songs And Stories” de 1987 é um clássico absoluto. Depois do fim da banda, Bob Mould encarnou o Sugar no começo dos anos 90 e fez outro pequeno clássico, “Copper Blue” de 1992.
Depois foi a vez de seguir a carreira solo de vez, sempre meio a margem do grande público, mas produzindo suas pérolas como os discos “Bob Mould” de 1996 e “The Last Dog And Pony Show” de 1998. Em 2008 o artista resolve lançar seu oitavo disco, intitulado “District Line” e novamente agrada aos fãs.
O álbum é quase uma continuação do anterior “Body Of Song” de 2005 (inclusive para ele próprio) e conta novamente com a participação de Brendan Canty, ex-baterista do Fugazi (outra bandaça). Nas 10 faixas que se apresentam há algumas pequenas inovações (como uma brincadeira ou outra com eletrônica, vide a faixa “Shelter Me”), mas estão lá as guitarras soando alto que servem de base para melodias pop. A mesma cortesia de sempre.
Quase todo esse “District Line” é bom, destaques maiores para a abertura com “Stupid Now”, a já conhecida por alguns “Again And Again”, o primeiro single “The Silence Between Us”, o pop de “Very Temporary”, os violões de “Miniature Parade” ou a regravação de “Walls In Time”, constante no seu primeiro solo de 1989.
Não é para mudar o mundo e nem hoje essa é a intenção de Bob Mould, ele já fez isso em outras épocas. É somente um punhado de canções para serem escutadas sem pretensões, sem demasiadas expectativas. E é sempre prazeroso escutar esse cara. Sempre. Mesmo com um resultado sem tanto esplendor.
Site Oficial: http://www.bobmould.com

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

"Clichês Em Alto Volume" - Incolores - 2007 (EP)

Energia, melodias sessentistas, rock gaúcho, letras que falam de amor com bom humor, jovem guarda, Beatles, guitarras e mais guitarras. Isso é mais ou menos o que se pode esperar da banda catarinense de Jaraguá do Sul, chamada “Incolores”, formada por Jackson (vocal e guitarra), Leandro (guitarra), Jonathan (baixo) e Darlon (bateria).
A banda coloca na MP3 Magazine para download, o seu primeiro EP, intitulado “Clichês Em Alto Volume” finalizado ano passado e tem como primeira grande vantagem, realmente se apegar ao clima que expressa em seu som, ao clima que suas canções retratam, não querendo de forma alguma soar novo, deixando aquele gostoso sabor de passado no ar.
São seis canções todas de parceira ente Jackson e Jonathan, abrindo com a bateria ditando o ritmo de “Coleção de Discos”, com uma letra bem bacana “Vou acabar sua coleção/mas em troca lhe darei o coração”. Romantismo jovem guardiano a toda prova. Depois temos “Tudo Menos Ela”, um pedido para que algum Detetive encontre o sonhado amor.
“Ao Lado Seu” tem aqueles característicos vocais dobrados no refrão e os “la, la, las...”. “Show De Rock n´Roll” é uma baladinha bem bacana. “Visões Coloridas” é a que mais exala o cheiro sessentista, com seus “tchu, tchu, tchura...”. “Pobre Coração” é a ultima canção, quase como uma ode aos quatro garotos de Liverpool e seus primeiros discos. “Ah, ah, ahs...” e palminhas permeiam a faixa.
Se preferes algo novo passe bem longe desses clichês dos Incolores, mas se isso não te incomoda e o que te alegra são canções pop de três minutos, com boas melodias para cantar junto e guitarras altas temperadas com passado, sinta-se em casa. E sirva-se a vontade.
Baixe de grátis no site do Mp3 Magazine: http://mp3magazine.com.br/download.jsp?idDisco=159
My Space: www.myspace.com/incolores

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Meu Nome Não é Johnny - 2008

Apostar na vida de traficantes de drogas tem rendido bons filmes nas últimas duas décadas, como “Profissão de Risco” e mais recentemente “Gangster” (entre muitos outros). Geralmente são vidas que passeiam entre a loucura e sensatez, risco e lucro. Essa idéia chega ao Brasil com o filme “Meu Nome Não É Johnny” e também traz bons resultados.
“Meu Nome Não é Johnny” já levou mais de 1 milhao de espectadores ao cinema e rendeu algo em torno de R$ 9 milhoes de reais de bilheteria. Sucesso absoluto de público. O diretor Mauro Lima e a produtora Mariza Leão (que juntos adaptaram o roteiro baseado no livro homônimo de Guilherme Fiúza) chegam com uma parceria entre a pequena Downtown Filmes e uma major, no caso a Sony Pictures.
Com orçamento na casa dos R$ 6 milhões de reais e filmagens percorrendo as cidades do Rio de Janeiro, Barcelona e Veneza, Mauro Lima conta a história real de João Guilherme Estrela, um jovem carioca de classe média, que morava no Jardim Botânico, freqüentou os melhores colégios e no final da década de 80 e começo de 90 foi um dos maiores traficantes (senão o maior) de cocaína da cidade maravilhosa até sua prisão em 1995.
No primeiro um terço do longa, parece que vamos ter mais uma daquelas produção sem cara de cinema que a Globo Filmes tanto fez ultimamente, no entanto no seu andamento a trama ganha em ritmo, inserindo boas doses de drama, toques de humor, trilha sonora competente e alguns questionamentos, ainda que estes não estejam tão em primeiro plano assim.
Um dos principais erros do filme é tentar mesmo que de maneira não tão explicita justificar os atos de João Guilherme como uma espécie de inconseqüência juvenil, romantizando sua situação colocando-o quase como vitima. Isso não chega a afetar tanto o processo, pois ao mesmo tempo temos as discussões sobre as escolhas da juventude e os possíveis caminhos mais fáceis representando um maior volume.
O trabalho de Selton Mello mais uma vez é competentíssimo, mostrando tanto a porra louquice de João como seu drama quando do seu julgamento e posterior tratamento em uma espécie de “hospicio” (ah, vá lá...é isso mesmo), lutando para não perder a sua sanidade. A cena que mostra o primeiro natal dele depois disso e o reencontro com a cidade do Rio de Janeiro em que um dia foi quase rei, emociona muito, muito mesmo.
“Meu Nome Não é Johnny” podia ser um filme melhor do é, explorando melhor as idéias que procura trabalhar como o envolvimento dos jovens com as drogas e a busca por uma segunda chance, mas isso apesar de atrapalhar um pouco seu brilho, ainda vale a ida ao cinema. Famoso filme Nota 7.
Site Oficial: http://www.meunomenaoejohnnyfilme.com.br