Em 2015 a Marvel iniciou novas
séries utilizando o universo de Star Wars. Para o britânico Keiron Gillen
(Homem de Ferro) coube elaborar os roteiros com a missão de entrar na cabeça de
um dos mais simbólicos vilões da cultura pop mundial: Darth Vader. Com a arte
limpa e repleta de detalhes do espanhol Salvador Larroca (X-Men), a dupla contou
parte da história da saga sob o ponto de vista do mais tenebroso dos Lordes
Sith. Essa fase inicial já fora lançada aqui no Brasil pela Panini Comics em
revistas mensais e para quem perdeu a editora reúne agora em um encadernado de
capa cartonada as 6 primeiras edições originalmente lançadas nos EUA entre
março e agosto de 2015, dando nova chance para quem não leu. São 152 páginas
ambientadas logo após a destruição da Estrela da Morte e da batalha de Yavin
retratada no primeiro filme da franquia em 1977. A Aliança Rebelde está animada
com a inesperada vitória e Vader sofre pressão do Imperador Palpatine por conta
disso e é inclusive remanejado para acatar ordens de terceiros. Nesse cenário e
ainda buscando coisas pessoais que o Império não tem conhecimento como saber
mais sobre o jovem responsável pelo revés e se inteirar de uma provável
armadilha preparada contra si pelo próprio lado, Vader recruta uma arqueóloga
criminosa chamada Aphra que traz consigo dois droides malucos e assassinos chamados
Triple-0 e BT-1. “Star Wars Darth Vader:
Vader” é alinhada diretamente com as demais revistas da mesma safra, mas
pode ser lida normalmente sem conhecimento destas o que é sempre bom. O desafio
de Gillen e Larroca não era dos mais fáceis, pois tratar de algo desse tamanho
é sempre delicado no que concerne ao recebimento dos fãs e ainda tentar ir além
e agregar novos leitores. A dupla tira isso de letra e mesmo que já se conheça
como as coisas vão terminar faz com que a jornada seja tão representativa
quando o destino final.
Nota: 7,5
É raro hoje em dia encontrar algo
dentro do metiê dos quadrinhos de heróis que já não tenha sido feito ou
abordado outrora. Na verdade, é comum agraciarmos novas leituras de ideias já
exploradas antes em grau menor ou maior, desde que bem realizadas e com novas
nuances adicionadas. Porém, o quadrinhista piauiense Caio Oliveira conseguiu
essa façanha em “Super-Ego” lançado
no início desse ano. A obra já havia sido publicada virtualmente no Sequential
Link (vale bem conhecer o site: http://www.sequentialink.com)
e em versão impressa nos EUA pelo selo Magnetic Press. Para a edição nacional o
autor recorreu ao financiamento coletivo e o sucesso da empreitada gerou uma
publicação cuidadosa, repleta de extras e bônus como várias artes por nomes
diversos dos quadrinhos. Com capa de Glenn Fabry (Preacher) a história do Dr.
Eugene Goodman (que chama a si próprio de Dr. Ego) traz também as precisas cores
de Lucas Marangon sobre a arte de Caio Oliveira. A abordagem central de “Super-Ego” é a seguinte: mesmo com
todos os poderes que possuem e a imagem que transmitem para o público em geral,
tanto heróis quanto vilões também sofrem (e muito) de angústia, medo, ansiedade,
insegurança. Já vimos a premissa antes, lógico, mas não dentro de um consultório e
visto pelo olhar do psicólogo que atende esses indivíduos. Caio Oliveira mostra
a mesma pegada satírica e bem-humorada já vista em trabalhos seus como “Alan
Moore, Mago Supremo” e “All Hipster Marvel” e destroça conceitos e clichês do
mundo dos superseres. Até quando faz revelações
na trama e envereda para o clássico embate do bem contra o mal faz isso de
maneira inteligente e arrojada, despejando sem perdão complexos e frustrações
pelo meio do caminho. Tanto a história quanto os bônus da edição (como as
anotações do Dr. Ego sobre cada paciente) fazem de “Super-Ego” desde já um dos melhores lançamentos do ano em terras
nacionais. Que venha uma sequência.
Nota: 9,0
Site do autor: http://www.facebook.com/caioscorner