quinta-feira, 31 de julho de 2008

“Falsas Baladas e Outras Canções de Estrada" - OAEOZ - 2008

A vida não é uma coisa lá muito fácil às vezes. Em determinados momentos pelo contrário é bem difícil. Inquietações, sonhos não realizados, desejos, a sociabilidade com as pessoas em volta, a busca por uma identidade melhor, a falta de esperança, a tentativa da fé. São coisas que vez ou outra assolam a humanidade. Difícil pensar nisso quando o que queremos mesmo é viver, seguir em frente. Mas mesmo assim pensamos.
A banda curitibana OAEOZ, velha conhecida aqui da casa, explora boa parte dessas nuances no seu segundo disco “Falsas Baladas e Outras Canções de Estrada”, lançado há alguns meses virtualmente pelo Senhor F e disponível em outros canais como o My Space e a Trama Virtual. Neste seu segundo disco (se descontarmos aqueles lançados independentemente), a banda dá um passo a frente na sua música.
No trabalho, Ivan Santos (voz, violão e teclados), Rodrigo Montanari (baixo e voz), Carlos Zubek (guitarras e voz) e Hamilton de Locco (bateria e voz) colocam a disposição do ouvinte oito canções longas, na sua maioria com mais de cinco minutos, que trazem as influências da banda como post rock e o rock psicodélico anos 60 e 70, esmerilhados em letras fortes e melodias que fogem bastante do lugar comum.
Como destaque maior tem a já conhecida “Impossibilidades” (lançada em single ano passado), que abre o registro com toda a sua energia, além das ótimas “Mariane” e “Ninguém Vai Dormir”. Com “Falsas Baladas...” o OAEOZ lança um disco que em nenhum momento parece fácil e gratuito, que para ser apreciado precisa ser tocado por vezes e mais vezes, mas que a partir do momento que você acredita nas canções, fica difícil não gostar.
Aproveite também o EP “Ao Vivo Na Grande Garagem Que Grava”, disponibilizado para download este ano junto com o novo disco.
My Space: http://www.myspace.com/oaeoz
Trama Virtual: http://tramavirtual.uol.com.br/oaeoz

terça-feira, 29 de julho de 2008

"Colin Meloy Sings Live!" - Colin Meloy - 2008

Tem dias em que a paciência para a música não está lá essas coisas. Não estamos a fim de escutar a nova salvação do rock mundial dessa semana proclamada por alguém, mergulhar em algo mais elaborado ou simplesmente sair a caça de discos não muito conhecidos. Nessas horas costumo colocar como pano de fundo, algum disco antigo que já conheça tudo, para sair cantando enquanto toco o trabalho e a vida pela frente.
O vocalista Colin Meloy da banda The Decemberists (uma das melhores bandas da década aqui para a casa), lançou mais um disco para entrar nessa categoria. Mas como assim? Não eram discos antigos o pano de fundo? Sim. E o novo disco do artista chamado “Colin Meloy Sings Live!” é um disco antigo. Gravado em 2006 ao vivo na turnê solo do músico e seu violão.
“Colin Meloy Sings Live!” é o terceiro registro da categoria “Sings...” que o músico vem promovendo. Antes já foram homenageados em dois belíssimos ep´s, Morrisey e Shirley Collins. Dessa vez o músico coloca algumas faixas desconhecidas, umas poucas covers e desmembra em versões completamente acústicas, boa parte das grandes canções da sua banda.
Em constante conversa com seu público, contando histórias e outras coisinhas mais, Colin Meloy passa por temas como “Here I Dreamt I Was An Architect”, em que emenda com “Dreams” do Fletwood Mac, “The Engine Driver”, “The Gymnast, High Above the Ground”, “A Cautionary Song”, “The Bachelor And The Bride” e a dobradinha “California One/Youth And Beauty Brigade” que menciona “Ask” do Smiths.
“Colin Meloy Sings Live!” é um disquinho para levar no celular, no computador ou no carro, para ser solto de vez em quando, fazendo cantar junto sem muita preocupação e com um bom sorriso no rosto.
Site oficial: http://www.colinmeloy.com
My Space: http://www.myspace.com/colinmeloy
Sobre o disco cantando Morrisey, saiba mais aqui.

domingo, 27 de julho de 2008

"Batman - O Cavaleiro Das Trevas" - 2008

Antes de começar esse texto, estava pensando em algumas palavras para definir “Batman - O Cavaleiro Das Trevas” e simplesmente desisti. Cheguei a conclusão que não dá para definir. Só assistindo mesmo. O sucessor de “Batman Begins” de 2005 (em que toda a cronologia cinematográfica do morcego foi zerada) chega ao nível de ser chamado de obra prima, levando de sobra também o titulo de “melhor adaptação dos quadrinhos para o cinema”. Sério.
Antes de ser uma história de super herói, o trabalho do diretor Christopher Nolan é um drama policial tenso e repleto de ação e caos para todo lado. E convence muito por esse lado. Além de ser um filme sobre Batman, Coringa e outros, versa sobre uma cidade. Uma cidade que procura a toda prova sobreviver a corrupção, a criminalidade e a loucura a que foi imposta. Sobrevivência que passa por questionamentos a justiça e as leis que a cercam.
O longa começa por uma cidade que Batman (mais uma vez o competente Christian Bale) e o tenente Jim Gordon (Gary Oldman em uma atuação irretocável) conseguem diminuir a criminalidade e a máfia, assim como os meliantes comuns passam a temer o Cavaleiro das Trevas. No entanto, a figura do vigilante passa a incentivar outros a saírem fazendo justiça pelas próprias mãos, tanto quanto o surgimento de uma nova leva de criminosos bem mais ensandecidos.
No meio desse cenário surge o novo promotor da cidade, Harvey Dent (Aaron Eckhart), que veste as cores da justiça e passa a formar uma espécie de circulo de confiança junto com Batman e Gordon com o intuito de limpar a cidade. A máfia então começa a sofrer baixas e mais baixas, tendo operações anuladas e pessoas presas. No meio de um desespero total resolve recorrer ao lunático que vem aparecendo seguidamente nos telejornais chamado Coringa.
O palhaço do crime nunca foi tão assustador como nesse filme. Heath Ledger criou o Coringa de maneira brilhante, ofuscando de longe o tão justamente aclamado trabalho de Jack Nicholson no filme dirigido por Tim Burton. Ledger que morreu por overdose de medicamentos esse ano merece pelo menos uma indicação ao Oscar, sem brincadeira alguma. O Coringa quando aparece na tela deixa o telespectador com determinadas reservas. Não se sabe o que virá. O personagem está mais louco e insano que nunca.
O Coringa então oferece para a máfia a única saída (no seu modo de ver) de comandar novamente a cidade: Matar Batman. E quando essa caçada dupla começa, muitos vão sucumbindo a ela. Policiais e criminosos vão morrendo e dando ao caos reinante mais força e fogo para queimar. O morcego se vê no meio de uma batalha que em determinados momentos parece que não será vencida. E quando tudo parece não poder piorar, o jogo vira novamente e ganha toques mais cruéis ainda.
O diretor Christopher Nolan criou um filme que já nasce com o adjetivo de “clássico”. Baseado na HQ “Batman - O Longo Dia Das Bruxas” de Jeph Loeb e Tim Sale, respeitando os toques sombrios do seu primeiro filme e com mais ótimas cenas de ação, roteiro ágil e sem falhas, além de um trabalho impressionante de todo o elenco envolvido, esse “Batman - O Cavaleiro das Trevas” é o tipo de filme que merece ser assistido por muitas vezes.
Vale todo o investimento e se bobear, você ainda sai é devendo.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

"Stay Positive" - The Hold Steady - 2008

Era 09 de outubro de 2006 e eu escrevia aqui no Coisapop: “rock n´roll de garagem, um grande vocalista, riffs de guitarra sabotadores, cozinha de respeito, teclados bem utilizados. Pura diversão. Letras que passeiam entre a poesia e acidez.” A resenha era em cima do disco “Boys & Girls In America”, dos americanos do The Hold Steady que nesse momento não saia do meu player e acabou o ano com entre os melhores.
Quase dois anos depois e quando o novo trabalho da banda “Stay Positive” acaba de tocar, a única coisa que me vem a cabeça é: Craig Finn fez outro discaço. A afirmativa é plenamente correta. Depois de um puta disco em 2006, o cara vem com outro petardo da mais alta qualidade. Não espere inovações de Craig Finn e seus comparsas, apenas o bom e velho rock n´roll para ser tocado em último volume.
“Constructive Summer” já abre botando tudo para cima, com aquele climão dos anos 70 no ar. “Sequestered In Memphis” que vêm em seguida é uma canção fodaça (desculpe o palavrão, não deu para evitar), nela temos tudo a que se tem direito. Guitarra, cozinha detonando, teclados, metais, palmas. Rock n´roll baby.
E ainda tem muito mais. Tem o riff e ritmo de “Navy Sheets”, os teclados e o climão de “Lord, I´m Discouraged”, a entrada matadoura de “Yeah Sapphire”, um hitzaço, nos moldes de “Chips Ahoy!” do disco anterior. E não acaba ainda, tem mais os backing vocals e guitarras da faixa titulo e o rockão alternativo de “Magazines”, entre outras faixas.
“Stay Positive” é um dos melhores trabalhos do ano. A música de Craig Finn exala honestidade e qualidade por todos os poros. E para grande alegria dos fãs, exala também o rock na sua essência mais pura e crua. Um disco impossível de não se viciar. É bom tomar muito cuidado e aumentar o volume.
My Space: http://www.myspace.com/theholdsteady
Site: http://www.theholdsteady.com
Sobre o disco de 2006, leia mais aqui.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

"Lie Down In The Light" - Bonnie "Prince" Billy - 2008

Vez ou outra me pego falando do poder da música, do poder das canções. Da força que tem. De como podem mudar o humor ou o rumo de um dia ruim. Recentemente, isso aconteceu de novo. Em meio a duas semanas corridas, sem muito tempo para nada, o grau de bom humor já não andava muito elevado por aqui.
Foi nesse momento que “Lie Down In The Light”, novo trabalho de Bonnie “Prince” Billy entrou no player e começou a mudar o jogo. O tal do Bonnie é na verdade o cantor, compositor e ator Will Oldham, nascido em uma véspera de natal no ano de 1970 na cidade de Louisville no Kentucky (USA) e que já há alguns anos vem produzindo bons discos.
Neste novo projeto, Will chama Shahzad Ismaily (percussão, guitarra, banjo e piano), Emmett Kelly (guitarra e harmonia vocal), Paul Oldham (baixo) e Ashley Webber (vocal) para acompanhá-lo. O resultado é um belo disco de folk que se apóia principalmente no country americano, puxando influências de Woody Guthrie, Nick Drake, Bob Dylan e muitos outros, mas sempre com uma veia correndo alternativo.
São doze faixas que passam de maneira descompromissada, ideal para acalmar e deixar tocar um pouco ao fundo. Faixas como “So Everyone”, “Keep Eye On Other´s Again”, o belíssimo dueto de “You Want That Picture”, “What´s Missing Is”, a excelente faixa-título e “I´ll Be Glad”, são alguns destaques maiores no meio de um trabalho que em nenhum momento traz algo ruim.
“Lie Down In The Light” não vai ficar entre os melhores do ano ou mudar sua vida. Também não é diferente de nada. Pelo contrário, é igual a muita coisa que já escutamos por aí. “Lie Down In The Light” é somente um bom disco, com uma capa feia, mas com bonitas canções para salvar a alma em um dia ruim. Em alguns momentos da vida é só isso que interessa.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

“Batman - O Longo Dia das Bruxas” - Jeph Loeb & Tim Sale

“Batman - O Longo Dia das Bruxas” é daquelas histórias que mereciam uma edição especial, uma edição definitiva. A Panini resolveu fazer isso. A Editora que está fazendo um excelente trabalho, presta mais um grande favor para os amantes dos quadrinhos. A obra célebre dos artistas Jeph Loeb e Tim Sale ganha uma edição encadernada e luxuosa, com vários extras.
Essa obra originalmente lançada nos USA de dezembro de 1996 a dezembro de 1997, em treze edições é admirada com muita justiça. Em entrevista, o diretor Christopher Nolan, responsável por “Batman Begins” de 2005 (que tinha “Batman:Ano Um” do Frank Miller como referência) e pelo excelente e recente “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, afirmou que essa foi sua série de cabeceira quando bolava o filme.
É uma espécie de ano “dois” do Morcego. Nela, Batman se vê no meio de uma loucura que parece não ter fim. Uma história estritamente policial com uma arte belíssima remetendo ao noir em diversos momentos. A luta do vigilante contra a máfia que controlada por Carmine Falcano e Salvatore Maroni destroça sua cidade tem clara influência do clássico “O Poderoso Chefão” no seu andamento.
Em uma cidade domada pela corrupção, Batman arma um triunvirato para limpar a sujeira, tendo o tenente Gordon e o recente promotor Harvey Dent (que posteriormente viraria o vilão Duas-Caras) ao seu lado. Ninguém pode confiar em ninguém. Para piorar a situação, aparece um assassino serial usando os feriados como assinatura, enquanto provoca tensão entre as famílias.
Desse ponto, Batman se envolve em uma aventura que parece não ser capaz de parar, vendo sua cidade saindo do comando dos gansters e caindo nas mãos de malucos que vão surgindo pela série como Hera Venenosa, Coringa, Pinguim, Espantalho, Charada, Chapeleiro Louco e a sempre controversa Mulher Gato. A vida de Batman e de Gotham nunca mais será a mesma depois desse “longo dia das bruxas”.
Leitura obrigatória para todos os amantes dos quadrinhos e da arte em geral.

sábado, 19 de julho de 2008

"A Família Savage" - 2007

O que esperar quando os pais começam a ficar velhos e passam a nos surpreender com as dificuldades dessa fase? As doenças passam a ser mais graves e todos os cuidados são necessários para salvaguardar aqueles que por tanto tempo nos sustentaram e cuidaram de nós. Mas como fazer isso no meio do corre corre do dia a dia? E ainda pior: Como fazer isso se os nossos pais não nos trataram tão bem assim antigamente? Esse ponto é um dos que a diretora Tamara Jenkis explora em seu primeiro longa metragem lançado ano passado. “A Família Savage” (“The Savages”, no original) é um drama familiar, com toques de comédia e algumas doses de humor negro. O filme rendeu duas indicações ao Oscar. Laura Linney como melhor atriz e também concorreu a estatueta de melhor roteiro original. No filme somos apresentados a Wendy (Laura Linney), uma escritora de teatro desempregada, que busca uma bolsa para produzir, mora em Nova York e transa com seu vizinho casado. Morando em Buffalo, temos seu irmão Jon (Philip Seymour Hoffman), um professor universitário repleto de manias, que está terminado um relacionamento com uma polonesa e busca finalizar um livro sobre o escritor alemão Bertolt Brecht. Os dois irmãos não são muito de manter contato, mas são obrigados a fazê-lo quando recebem uma ligação dizendo que seu pai (Philip Bosco) está sofrendo de demência. Para piorar, a sua namorada com que vivia no Arizona faleceu e ele não tem mais onde morar. Dessa maneira, Wendy e Jon são obrigados a viajar em busca de seu pai e arranjar um lugar para ele morar, assim como passar a cuidar dele. No meio da trama, explora-se tanto a relação dos irmãos entre si quanto a destes com o pai, que não foi lá dos melhores para os dois. Somos apresentados aos dramas da velhice, assim como a solidão das pessoas que se fecham em seu próprio mundo. Vemos também uma busca em prol de uma vida melhor, apesar dos momentos complicados que somos forçados a passar. O recheio do drama fica por conta de bons e inteligentes momentos de humor. “A Família Savage” fala sobre temas comuns a todos nós, como a morte, o relacionamento em família e o mundo atual de uma maneira até determinado ponto tranqüila, sem buscar filosofias baratas ou oferecer pontos de vista mais complexos. É daqueles filmes que apenas vão acontecendo e agradando, aliado a uma performance acima da média da dupla Linney e Seymour Hoffman.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

"Kung Fu Panda" - 2008

Como um gordo desastrado e completamente sem estilo pode ser a encarnação de um grande guerreiro fadado a salvar a vida de milhares? Essa premissa é o ponto principal da nova animação do estúdio Dreamworks, responsável pelas aventuras de um certo Shrek. A direção fica a cargo da dupla Mark Osborne e John Stevenson e o roteiro envolto a muita filosofia oriental é de Glenn Berger e Jonathan Aibel.
“Kung Fu Panda” cumpre muito bem a sua função de divertir, apesar da trama ser recheada de alguns bons clichês. Nele somos apresentados a Po, um Panda gordo e desastrado que sonha em ser um mestre do Kung Fu, mas que vai se contentando em trabalhar junto com o pai no seu restaurante de macarrão. Até que o destino lhe sorri e abre novos horizontes.
Po é um apaixonado pela milenar arte marcial e fã confesso dos mestres denominados como os “cinco furiosos” (Macaco, Víbora, Louva-Deus, Tigresa e Garça). No dia em que vai se escolher o grande dragão guerreiro, aquele que consta em uma antiga profecia, Po literalmente cai do nada, para ser o escolhido e o causador de surpresa a todos os envolvidos.
Na árdua tarefa (e a grande falta de jeito) em se tornar o grande guerreiro que vai salvar o seu vale do renegado Tai Lung que retorna em busca de vingança, Po nos apresenta momentos bem divertidos. Ambientado na China Medieval e lançado sabiamente perto dos Jogos Olimpicos de Pequim, “Kung Fu Panda” apresenta ação em boas doses, resultando em um daqueles filmes de diversão garantida para todas as faixas etárias.
Para assistir com descompromisso e um bom saco de pipoca na mão.

terça-feira, 15 de julho de 2008

"Wall-E" - 2008

Ao sair do cinema depois de assistir “Wall-E”, a vontade era voltar e pegar mais uma sessão. A nova animação da Pixar beira o espetacular. Uma animação que passa longe de ser só para crianças e envolve o espectador com aventura, bom humor, critica ambiental e sensibilidade. É praticamente impossível sair do cinema sem se apaixonar pelo robozinho que dá nome ao longa.
O filme vai começando e somos apresentados a uma terra totalmente devastada, ocupada de lixo de ponta a ponta, em que Wall-E (na verdade uma marca e não um nome) é o único robô sobrevivente. Sua função consiste em pegar o lixo, compactá-lo e organizar em montes. Ele ainda consegue sobreviver, pois montou um banco de peças de reposição oriundas dos antigos robôs.
Wall-E foi deixado na Terra há mais de 700 anos, quando todos os humanos fugiram em naves, deixando os robôs a cargo de limparem tudo para que eles pudessem voltar. Isso nunca aconteceu. Wall-E vive sozinho. Sua única companheira é uma barata amalucada que lhe segue nos afazeres do dia a dia. A solidão do robozinho chega a comover em alguns momentos.
Determinado dia, eis que surge de uma nave, uma robozinha chamada Eva (abreviatura de sua função), um modelo muito mais moderno que ele, que logo lhe faz apaixonar. A partir desse momento, Wall-E começa um envolvimento atrapalhado e bisonho para mostrar seu “amor”, que trabalha com muitos gestos e poucas falas, em uma linda homenagem aos tempos do cinema mudo.
No meio de toda a devastação Eva consegue encontrar uma pequena planta sobrevivente e obedecendo sua diretriz primordial retorna a nave, com o apaixonado Wall-E em seu encalço. A partir desse momento começa a aventura, com os personagens apresentando novas características, enquanto somos apresentados a uma humanidade que desaprendeu como viver e segue vegetando no piloto automático.
Com uma direção de arte competentíssima, roteiro bem bacana e sem apelar para pieguice e/ou chatice enquanto versa sobre meio ambiente e o amor, os diretores Mark Osborne e John Stevenson construíram um dos melhores filmes do ano até agora. "Wall-E" é uma fábula de ficção cientifica esplendorosa, (que não parece tão improvável assim), narrando a mais universal de todas as histórias, o amor. Vale muito a pena.

domingo, 13 de julho de 2008

"Dias Mais Tranquilos" - Beto Só - 2008

“O caminho é longo, mas não tenho pressa...” Com essa frase o brasiliense Beto Só começa a música “Vida Boa Não é Vida Ganha”, que abre seu segundo disco “Dias Mais Tranquillos”, lançado esse ano pelo selo Senhor F. O nome do novo trabalho do cantor e compositor combina muito bem com o que temos pela frente. Em dias cada vez mais corridos, nada melhor do que onze canções para nos fazer parar um pouco.
“Dias Mais Tranquilos” foi gravado no estúdio Daybreak em Brasília, sobre a batuta da dupla Gustavo e Thomas Dreher e produzido pelo grande Philippe Seabra. A (boa) banda que gravou com o músico é formada por Ju (guitarra), Bruno Sres (guitarra), Beto Cavani (bateria), Felipe Portillo (piano), Tiago Lanuck (teclado) e o mesmo Seabra comandando o baixo.
As canções continuam passando pelo folk rock tendo os violões como condutores nas maiorias das vezes, estando bem mais elaboradas que na estréia. As letras são outro ponto forte do trabalho, versando sobre cotidiano, amores e o tempo, além de alguma espécie de redenção como na faixa “Tão Tarde” que abre com os versos: “Eu voltei depois de enfrentar todos os monstros do mundo...”
Destaque maior para a belíssima “O Tempo Contra Nós”, já conhecida desde o ano passado, onde Beto versa: “Corre o tempo contra nós, quase que perco você, um mundo tão veloz, tenta nos separar, deixa ele tentar...”. Uma das canções de 2008, sem dúvida alguma. “Meu Velho Escort”, “Minha Doce Bailarina” e “O Espaço de Nada” são outras que merecem um pouco mais de relevância.
Com “Dias Mais Tranquilos”, Beto Só além de consolidar sua carreira com um bonito trabalho, faz um disco que com suas melodias e arranjos, alimenta não o coração, mas a alma, levando o ouvinte a pensar um pouco na vida e na correria a que se sujeita no seu cotidiano. Como diz a faixa titulo: “Que sejam longos os dias mais tranqüilos, meu dias mais felizes...”. Amém.
My Space: www.myspace.com/betoso

sexta-feira, 11 de julho de 2008

"Real Emotional Trash" - Stephen Malkmus & Jicks - 2008

O americano Stephen Malkmus é quase um herói aqui na casa. Culpa do seu trabalho junto com o Pavement nos anos 90, criando obras primas como os discos “Slanted And Enchated” e “Crooked Rain, Crooked Rain”, que serviram de trilha sonora da vida deste que escreve durante bons anos. Depois do fim da banda, Malkmus seguiu carreira solo, sempre com competência, mas sem alcançar os resultados obtidos com sua ex-banda.

“Real Emotional Trash” lançado em março deste ano é o seu quarto trabalho solo. Mais uma vez temos como banda de apoio, os Jicks, que são formados atualmente por Mike Clark (guitarra e teclados), Joanna Bolme (baixo) e Janet Weiss (bateria). Malkmus e Jicks parecem ter sido feitos um para o outro. A simetria que já era boa, melhora ainda mais.

“Real Emotional Trash” deixa um pouco de lado o rock alternativo e abraça os anos 70 de maneira fundamental, com várias e várias guitarras solando e explodindo em tons psicodélicos e distorcidos. Malkmus parece mais sério nesse trabalho (também o cara já tem quarenta e poucos anos) e os arranjos um pouco mais elaborados, apesar das loucuras e desleixo de sempre.

O disco abre com a Led Zeppeliana “Dragonfly Plie”, que abusa das guitarras e distorções, passa pela ótima “Hopscotch Willie”, que brinca com The Doors em alguns momentos, chega na pop “Cold Son” (com Malkmus fanfarrando no final), atravessa a épica faixa título com seus mais de 10 minutos e conclui a primeira parte com mais ecos de Pavement em “Out Of Reaches”.

Depois temos “Baltimore”, com pegada mais garageira e teclados na condução, abrindo espaço para as ótimas guitarras e variações de ritmo. “Gardenia” tem menos de três minutos, extremamente pop e ensolarada. “Elmo Delmo” é mais uma com apelo setentista e ainda traz toques de Sonic Youth. “We Can´t Help You” é um dos grandes momentos do disco, com seus “na-na-na-na...”.“Wicked Wanda” fecha o álbum com fartas doses de lisergia.

Em “Real Emotional Trash”, Stephen Malkmus faz seu melhor disco pós-Pavement e aponta para algumas novas direções. Ótimo trabalho. É a vida que segue.

Site: http://www.stephenmalkmus.com

My Space: www.myspace.com/stephenmalkmus

quarta-feira, 9 de julho de 2008

"Ghosts From The Past" - Bang Gang - 2008

Semana passada passando pelos blogs que sempre visito, deparei com um disco de uma banda chamada Bang Gang no Indiepowerpop (http://indiepowerpop.blogspot.com) do Pedro Damian. Quando baixei o álbum me encantei no primeiro momento. Não conhecia a banda, que na verdade é um projeto do islandês Bardi Johannsson, que já chega ao seu terceiro disco.
Isso mesmo, o trabalho vem da Islândia. Nem só de Björk e Sigur Rós vive a terrinha gelada. “Ghosts From The Past” envolve completamente o ouvinte da primeira até a oitava faixa, caindo um pouco nas três últimas. O som transita entre o indie pop, folk e o post-rock. Por não conhecer os discos anteriores não posso afirmar se mudou alguma coisa ou não, mas esse “Ghosts From The Past” é muito bom.
Quando o vocal de “The World Is Gray” invade o som e começa a ser acompanhado por alguns dedilhados de violões e leves incursões de teclados, antes da bateria entrar e dar o ritmo, a viagem se dá inicio e o tempo dá aquela boa parada ao redor. Os violões em seguida conduzem “One More Trip”, misturando a melancolia de Leonard Cohen com o indie pop.
“I Know I Sleep” é leve e suave como um belo final de tarde com uma melodia caprichada e ótimo refrão e backing vocals. “Black Parade” é um post rock com ecos do Sea And The Cake. “Lost In Wonderland” chega instrumental e parece um tema cinematográfico repleto de influências progressivas. “Every Time I Look In Your Eyes” traz aquela melancolia gostosa, em um belo dueto com a cantora Keren Ann da banda M83.
A faixa título sozinha já poderia valer o disco. Uma melodia arrebatadora conduzida brilhantemente pelo vocal de Bardi Johannsson. “Forever Now” abre com pianos e parece extraída de algum ponto dos anos 90. As outras três faixas “Don´t Feel Ashamed”, “You Wont´Get Out” e “Stay Home” reduzem um pouco a qualidade do trabalho, mas nada que comprometa o resultado final.
Uma grata surpresa nesse meio de ano, “Ghosts From The Past” é um trabalho muito bonito, daqueles que crescem a cada audição e vão te conquistando sem maiores alardes. Melancolia e beleza aliadas em grande nível.
Site Oficial: http://www.banggang.net
My Space: http://www.myspace.com/banggangband

segunda-feira, 7 de julho de 2008

"Japan Pop Show" - Curumin - 2008

Um dos maiores lugares comuns que hoje existem é afirmar que a música está globalizada (assim como quase tudo, convenhamos), o que é em grande parte verdade e não dá para correr disso. Ao escutar “Japan Pop Show”, segundo disco do paulista Luciano Nakata, mais conhecido como Curumin, essa premissa não deixa em nenhum momento de aparecer.
Apreciado por muita gente de fora do país e dono de um excelente primeiro trabalho intitulado “Achados e Perdidos” de 2003, Curumin acaba de parir mais um trabalho repleto de influências diversas, ligando passado, presente e futuro no meio dos loops e das batidas eletrônicas que apresenta junto com outros instrumentos.
Com participação de nomes como Marku Ribas, BNegão, Lucas Santtana e o skatista Tommy Guerrero, esse “Japan Pop Show” representa um grande exemplo de como fazer música nos tempos atuais de maneira criativa e ainda assim independente. Na salada musical temos funk, samba, soul, samba-rock, baião, pop, eletrônico e muito mais.
“Salto No Vácuo Com Joelhada” abre o trabalho de maneira instrumental, preparando o terreno para aparecer faixas como “Dançando no Escuro”, as deliciosas “Compacto” e “Magrela Fever” e as políticas “Kyoto” (algo como o Pizzicato Five encontrando o DJ Dolores e brincando com rap e reggae rasta), “Mal-Estar Card” e o funk detonado de “Caixa Preta”.
Destaques maiores para as ensolaradas “Sambito”, uma brincadeira em japonês que gruda na mente e “Esperança”, um sambinha que tem uma letra bem bacana, lembrando em alguns momentos a bossa nova. “Japan Pop Show” é um bom disco, apesar de achar um pouco menor que o primeiro e pensar que funcionaria melhor com umas duas faixas a menos.
Luciano Nakata, o Curumin, coloca com “Japan Pop Show”, músicas para serem escutadas em qualquer momento, brindando o ouvinte com inovações ao mesmo tempo em que saúda o passado. Longa vida.
My Space: http://www.myspace.com/curumin

sexta-feira, 4 de julho de 2008

"Interlúdio" - Léo Jaime - 2008

O que esperar de um disco novo de Léo Jaime? O cantor e compositor carioca foi um dos ícones dos anos 80, um romântico repleto de bom humor que deixou no seu rastro, canções inesquecíveis. Fazia 18 anos, isso mesmo, 18 anos que não lançava nenhum trabalho de inéditas, tendo sido esquecido pelas gravadoras, mas sem nunca sair de cena, continuou fazendo shows país afora, sendo o mesmo cara gente boa de sempre.
“Interlúdio” é o nome (mais que apropriado) do trabalho que vem romper com esse “silêncio”. Lançado pela Som Livre, contêm 10 faixas, sendo apenas uma não autoral, cortesia do competente Alvin L. O disco é bem elaborado e traz mais baladas do que o rock juvenil de outros tempos. Mais maduro (na boa acepção da palavra), mais tranqüilo e com alguns ecos inevitáveis dos anos 80.
“Mesmo Assim” abre o trabalho, uma baladinha sessentista carregada por violões e efeitos de teclados, trazendo o velho romantismo do músico à tona. “Fotografia” é mais uma que aposta nos violões, falando de paz, felicidade e o tempo que passa. Brega e simples assim. “Se Ela Soubesse O Que Quer” seria um hit e tanto em outras épocas. Letra bacana, ritmo contagiante, palmas e um riff certeiro.
“Pode Ser” que entra com uma guitarra solando de leve, traz uma das melhores letras do disco e um romântico incurável. A faixa título é totalmente em grau menor, com tons de jazz e bossa nova, Léo canta que “o amor não me visita mais”. “Tudo” chega como um blues, nos melhores moldes do Barão e Cazuza. “Nos Arredores do Amor” é um rock mais moderno, com outra ótima guitarra.
“Pelo Rio” traz orquestrações, novamente um grau bem menor para o músico declamar sua paixão atrás de um amor partido, procurando entender onde foi que ele errou. Brega e simples assim de novo. “Silêncio” tem uma introdução básica que pode ser encontrada em algumas canções por aí, parecendo uma velha amiga, Léo brada: “fui teu inferno e teu paraíso”. “Hoje e Sempre”, termina o trabalho com pianos em uma balada tradicional.
“Interlúdio” é o tipo de disco que não dá para traçar panoramas mais detalhados. Ele tem a única missão de ser escutado, sem grandes alarmes ou maiores surpresas. Um disco com canções simples, românticas e sem grandes invencionices. Canções para serem escutadas de coração aberto. Brega e simples assim, mais uma vez.
Passa pelo my space: http://www.myspace.com/leojaime

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Paulinho da Viola - Centro de Convenções Hangar (PA) - 01.07.2008

Assistir um show do Paulinho da Viola é um raríssimo prazer. Uma combinação de lirismo, simplicidade, maestria e canções memoráveis. Nesta última terça feira, dia 1º de julho, o cantor e sua trupe desembarcaram em Belém para realizar o show do Acústico MTV em homenagem aos 200 anos do Banco do Brasil e aos 100 da primeira agência no estado.
O lugar escolhido foi o Centro de Convenções do Hangar, que apesar de muito bonito, deixou um pouquinho a desejar na ambientação dos presentes, pois alguns ficaram sem ver direito o espetáculo. Deixando esse pequeno detalhe de lado, Paulinho e o competente grupo de músicos que lhe acompanha, promoveram uma apresentação intimista em grande parte e emocionante durante todos os momentos.
A sequência de entrada teve “Timoneiro”, “Coração Leviano” e “Amor é Assim” (a mesma do DVD) e mostrou as primeiras cartas na mesa. Momentos de emoção não faltaram. Paulinho cantou “Para Um Amor No Recife” (sua canção mais bonita para este que escreve), “Dança da Solidão”, “Foi Um Rio Que Passou Na Minha Vida”, “Pecado Capital” e “Sinal Fechado” (esta para delírio de um senhor sentado atrás de mim).
No decorrer do show o envergonhado artista foi se soltando e contando alguns causos, a maioria deles já relatados em outras oportunidades e conhecidos para quem acompanha sua carreira, mas sempre prazerosos de se ouvir. Grandes momentos também foram a versão de “Nervos De Aço”, a nova “Talismã” (parceria com Marisa Monte e Arnaldo Antunes) e pout-porri de “14 Anos/Jurar Com Lágrimas/Recado/Coisas do Mundo, Minha Nega”.
Um show daqueles para lavar a alma e deixar a paz reinando por um bom tempo na vida. Se passar por você não deixe de assistir. Totalmente recomendável.