domingo, 25 de junho de 2006

Daniel Belleza e os Corações em Fúria

Que os caretas de plantão, as mocinhas inocentes, os nerds certinhos e todos aqueles que rogam praga ao rock se danem. O Rock está vivo, muito vivo e Belém pode ver isso de perto dia 24 de junho último no African Bar com o show da banda paulista Daniel Belleza e os Corações em Fúria. Quem perdeu, sinto muito mas se deu muito mal. Uma noite totalmente rock n´roll sem dúvida, de sorrisos múltiplos e solos mil. A banda paraense Madame Sataan abriu a noite com a habitual competência e o peso de costume emanados pela voz da vocalista Sammliz, despejando em pouco mais de quarenta minutos todos seus sucessos. Em seguida veio Jayme Catarro e seu Deliquentes, mandando ver com seu punk-hardore-rock. Mesmo depois de tantos anos vendo os caras ainda me impressiono com a porrada sonora que produzem. Eis que lá pelas 3 da manhã depois de muita conversa com o pessoal lá embaixo sobe ao palco, aquele que com certeza é um dos melhores show de rock do país no momento. Já tinha visto os caras no Abril Pro Rock 2005 e sabia de tudo que eram capazes e sinceramente foram melhores ainda. Abrindo com “Babe” o delírio foi total. E vieram “Do amor de morte”, “A caixa” (com participação da Sammliz), a cacetada e delírio de “Aonde estão as flores da sua cabeça” e “Sinfonia para Sol Menor” (essa com participação de alguém da platéia, no caso a amiga Pollyana). Ainda rolaram duas covers matadoras, “I Wanna Be Your Dog” dos Stooges com direito a Jayme Catarro em dueto e “21sth Century Boy” do T. Rex. Um puta show de rock n´n roll sem dúvida, onde o visual era totalmente importante para o resultado do show, assim como as perfomances, principalmente do Daniel e do baixista androginíssimo Rangel. Entre plumas e paetês e muito glamour o rock teve uma noite de rei na capital paraense e mostrou toda sua força.

quarta-feira, 7 de junho de 2006

Chinatown - 1974

O cinema noir marcou época, definiu um gênero de cinema, onde dramas policiais ganhavam uma fotografia mais sombria do que a habitual. Nos anos 40 e 50 tal gênero se consolidou e gerou inúmeros filhos bastardos, principalmente órfãos de “O Falcão Maltês”, clássico de John Huston de 1941. Em 1974, o diretor Roman Polanski (após o excelente “O Bebê de Rosemary”) que acabara de perder sua esposa Sharon Tate, resolveu prestar uma homenagem ao cinema noir em “Chinatown”. 

De acordo com Raymond Bord e Etiene Chauteton no site Store Track, existem sete elementos que consolidam o noir, são eles: Um crime. A perspectiva dos criminosos. Uma visão invertida dos fatos, como a corrupção policial. Alianças e lealdade instáveis. A figura da “Femme Fatale”. Violência bruta. Mudanças e motivações estranhas. “Chinatown” reúne grande parte disso. Vencedor do Oscar de melhor roteiro original, além de ser indicado em outras dez categorias, ganhador de quatro Globo de Ouro e 3 Bafta, o filme se tornou também um clássico. 

Na trama, o detetive particular J.J. Gittes (interpretado magistralmente por Jack Nicholson), recebe a visita de uma mulher de nome Evelyn Mulwray que deseja contratar seus serviços, pois acredita que seu marido o Engenheiro-chefe do Departamento de Águas e Energia vem mantendo um caso. Porém, Gittes logo descobre que sua cliente na verdade é uma farsante. 

Após isso, a verdadeira Evelyn Mulwray (a sempre bela e competente Faye Dunaway) o encontra. Quando o marido aparece morto no reservatório de água da cidade, Gittes percebe a gravidade do caso. Seu envolvimento leva-o a ser atacado por gângsters e após manter um romance com Evelyn, descobre que ela é filha de Noah Cross (o grande John Huston), um dos homens mais poderosos da cidade. Gittes começa a desconfiar de tudo e passa a armar esse tremendo quebra cabeça que lhe aparece na frente. 

Um perfeito casamento de drama e suspense, com atuações bem acima da média, uma direção precisa e uma fotografia preciosa, calcados em um grande roteiro. Isso é “Chinatown”. Cenas memoráveis como quando o nariz de Gates é cortado (pelo próprio Polanski em participação mais que especial) ou os desmembramentos finais fizeram historia dentro do cinema, influenciando gerações e prestando tributo a um gênero tão especial como o Noir (que recentemente recebeu outra demonstração de admiração em “Sin City”, um dos melhores filmes do ano passado). 

Um filme que parece ficar melhor a medida em que fica mais velho. 

Obrigatório.

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Homem Espuma - Mombojó

Homem Espuma - Mombojó, originally uploaded by Kalnaab.

Ano passado no Abril Pro Rock estava ansioso para ver o show do Mombojó, tinha gostado muito do disco “Nadadenovo” e pelo fato de estarem em casa esperava um showzaço. E foi. Mas por outro lado, a banda apresentou muitas músicas novas, em um ritmo bem mais lento e com mais improvisação do que o antigo repertório. Ao mesmo tempo em que ficava com raiva de algumas músicas terem ficado de fora, admirava os caras por terem feito isso. O tempo passa. Eis que surge a nova empreitada de Felipe S (voz), Samuel Dee (baixo), Vicente Machado (bateria), Marcelo Machado (guitarra), Rafa (flauta), Chiquinho Moreira (teclado e sampler) e Marcelo Campello (violão, cavaquinho e escaleta), agora com o apoio de Daniel Ganjaman (do Instituto Coletivo) e de Lúcio Maia (Nação Zumbi) na produção. Sem contar equipamentos muito melhores. E lançamento pelo Trama. Quando uma banda lança um disco que é muito aplaudido, o segundo álbum atrai uma carga de responsabilidade muito grande. Ou você repete as formulas do que já deu certo e cria uma identidade, o que convenhamos é mais comum, ou você pega essa formula e inverte, remexe, acresce, retira, fazendo um trabalho sempre novo. Os recifenses optaram pela segunda. E se deram bem. “Homem Espuma” lançado recentemente é um tiro certeiro. Pode não cativar e nem balançar de primeira como o excelente “Nadadenovo”, mas explora caminhos bem mais diversos que este, com a maestria de seus músicos e a voz cativante de Felipe S. e seu sotaque. O disco foge um pouco mais do samba e rock, vertentes mais exploradas anteriormente e adiciona na panela um pouco de funk, mais bossa nova, eletrônico, uma boa dose de psicodelismo e algumas estranhices decerto. O Mombojó ainda está todo lá, só que com uma outra roupagem, querendo ser mais alguma coisa. “O Mais Vendido” abre o álbum com uma batidinha nonsense e uma letra bacana, trazendo na seqüência “Novo prazer” com um clima meio lounge no ar, almejando “...tomar uma vitamina C...” e culminando no “...sha-la-la....”. A música titulo tem um solo bem bacaninha, mas um dos destaques do álbum vem depois, “Realismo Convicente”, tem uma força coesa, um quê de rock, com um quê de cadência e uma letra bem juvenil e esperançosa “...eu preciso salvar o mundo mesmo que eu não ganhe nada com isso...eu vou tentar...”. Além da participação de Tom Zé. Ponto para os caras. “Tempo de Carne e Osso” também se destaca, com a cortesia da paulistana Céu nos vocais, bem devagarzinha com uma grande quebrada no final. Depois temos a seqüência mais Mombojó do disco, com “Swinga”, “Saborosa” e “Fatalmente”, lembrando outras épocas. “Desencanto” é outra perola a ser descoberta, com Felipe cantando baixinho “...no meu quarto deixei as lágrimas e o desencanto...”. Criatividade sambista em estado bruto. Bons destaques ainda para “Singular” e os metais de “Vazio e o Momento” (que tem uma letra muito interessante). “Minar” fecha o disco botando o clima da psicodelia pelos cantos. Muita gente vem dizendo que os caras aliviaram a mão ou então que o disco não é bom. Proponho um trato. Escute o álbum, deixe um tempo, escute de novo e se depois disso você não gostar eu dou meu braço a torcer. O Mombojó deu um passo a frente na sua música como poucos artistas tem criatividade e ousadia para fazer e nos trazem um disco que com certeza estará entre os melhores do ano. Música prazerosa de ouvir.