Ano novo chegando...
Hora de renovar os sonhos, as esperanças, fechar um novo contrato com a vida...
Hora de cortar maus hábitos, de lembrar que todo dia também pode ser um novo ano...
Hora de fazer um elogio a tudo que realmente vale a pena nessa vida...
Hora de brindar a vida...
Hora de agradecer por tudo que já nos foi dado na nossa jornada...
Hora de entender que tudo aqui passa rápido, correndo, mas que tudo vale a pena, que tudo merece ser vivido da melhor forma que conseguirmos...
Um ano para começar a realizar todos os sonhos que guardamos nas gavetas, um ano para mais uma vez afirmarmos para o mundo: “Ei, estamos aqui!!”
Um brinde!
Que façamos da vida sempre um elogio a própria vida...
Um 2009 do caralho a todos!!
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
“Falling Off The Lavender Bridge” - Lightspeed Champion - 2008
Sabe aquele disco para escutar em uma bela e despretensiosa manhã de domingo? Para escutar nos momentos mais leves do dia ou no fone de ouvido enquanto caminhamos rumo ao trabalho? Aquele disco saborosamente pop, mas com bastante qualidade? Sabe? Pois é, esta categoria ganhou mais um integrante no ano de 2008, trata-se de “Falling Off The Lavender Bridge” do Lightspeed Champion.
O Lightspeed Champion, na verdade é o novo projeto do músico Devonte Hynes (Ex-Test Icicles), que faz sua estréia com uma capa no mínimo peculiar e que na verdade serve mais para afugentar do que conquistar ouvintes. Aliás, Dev Hynes é uma figuraça daquelas. Basta dar uma olhada nos vídeos no youtube ou nas fotos do site, que você não passa indiferente a canhastrice do cara.
“Falling Off The Lavender Bridge” é deliciosamente pop, flertando com o folk, o country e o indie, trazendo momentos bastante agradáveis no decorrer das suas doze faixas, que com raras exceções tem curta duração, como exige a música pop. Uma dessas raras exceções fica por conta de “Midnight Surprise” que com quase dez minutos e andamentos diversos, passa suave e tranqüila, sem soar cansativa no seu percurso.
O disco tem desde momentos mais animados como “Galaxy Of The Lost”, “Tell Me What It's Worth”, “I Could Have Done This Myself”, “Dry Lips”, “Let The Bitches Die” e “No Surprise(For Wendela)/Midnight Surprise” ou mais calmos como “All To Shit”, “Devil Tricks For A Bitch”, “Salty Water”, passando até por baladinhas como “Everyone I Know Is Listening To Crunk”.
“Falling Off The Lavender Bridge” traz boas doses de humor e letras bem sacadas inseridas em melodias muito bem feitas e contagiantes. Dev Hynes está inspirado e muito bem acompanhado por um bom grupo de amigos, principalmente da vocalista Emmy The Great, que ao contrapor o vocal com o de Hynes provoca ótimos momentos. Esse disquinho do Lightspeed Champion merece ser escutado, sendo completamente indicado contra a tristeza e o mau humor.
Site Oficial: http://www.lightspeedchampion.com
My Space: http://www.myspace.com/lightspeedchampion
sábado, 27 de dezembro de 2008
"For Emma, Forever Ago" - Bon Iver - 2008
Uma das definições mais peculiares para o que chamamos de folk é: “denominaçāo indicava para a música feita pela sociedade pré-industrial, fora dos circuitos da alta cultura urbana”. É claro que essa definição vincula o folk em tempos bem mais idos. Ao escutar o disco “For Emma, Forever Ago” do americano Bon Iver, tal assertiva não fica tão distante, uma vez que o disco exala por todos os seus poros, um climão rústico, distante da barulheira das cidades.
Bon Iver na verdade é o americano de Wisconsin, Justin Vernon que construiu as nove canções que compõem o disco, assoberbado por uma imensa carga de fracasso, decepção e tristeza. Como muitos outros, Vernon tinha uma banda e também uma namorada. A banda saiu para tentar a sorte em outra cidade, não resistiu e o sonho acabou. Seu relacionamento amoroso foi igualmente por água abaixo. Vernon então decidiu ir para uma cabana, se isolar, passar por esse pequeno inferno astral e tentar se recuperar.
O resultado desses meses no meio do nada em pleno inverno é “For Emma, Forever Ago”, um trabalho que remete ao folk de nomes como Nick Drake ou Bert Jansch e pode fazer par com nomes mais contemporâneos como Devendra Banhart, Iron & Wine e Bonnie “Prince” Billy. No disco, o artista conta além de seu violão com uma rara bateria, uns pouquíssimos metais e vocais carregados de overdubs e passagens dobradas, que passam fazendo bonito, sem soar cansativos ou mesmo chatos.
Originalmente lançado de maneira independente em 2007, o disco teve um novo nascimento em fevereiro deste ano pela pequena gravadora Jagjaguwar e chegou a lista de melhores de 2008, de publicações respeitáveis mundo afora. Faixas como “Flume”, “Skinny Love”, “For Emma” e “Re:Stacks” tem um lirismo cativante e são o ponto mais alto de um trabalho triste, mas muito bonito, afinal quem disse que a tristeza não pode ser bela?
Site Oficial: http://www.boniver.org
My Space: http://www.myspace.com/boniver
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Feliz Natal!!
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
"Fleet Foxes" - Fleet Foxes - 2008
Mesmo com tanta informação disponível nos dias de hoje e a vontade de sempre estar atento a tudo que vem acontecendo, freqüentemente passa uma banda que não damos a devida atenção e acabamos por redescobrir mais adiante. Isso aconteceu com os americanos do Fleet Foxes, vi o disco, li uns comentários, mas não fui atrás de escutar. Agora no final do ano a banda esteve presente em listas conceituadas de melhores de 2008, o que me fez querer escutar.
Os americanos de Seattle, Robin Pecknold (vocal e guitarra), Skyler Skjelset (guitarra), Bryn Lumsden (baixo), Casey Wescott (teclados) e Nicholas Peterson (bateria) fizeram no seu disco homônimo de estréia um belo trabalho. “Fleet Foxes” é extremamente prazeroso de ser escutado e pode servi-lo em diversas ocasiões do dia. Sua música habita no mundo de Beach Boys, Bob Dylan, Crosby, Stills, Nash & Young e The Byrds, entre outras influências presentes.
A sonoridade é simples e rústica mesmo quando é extremamente trabalhada. As harmonias vocais elaboradas pela banda são muito bem arregimentadas e conduzidas, transportando o ouvinte para uma espécie de transe que só tem fim quando o disquinho acaba de rodar no player. Vamos citar como exemplo, a faixa “White Winter Hymnal”, com os vocais ora em conjunto, ora em momentos diferentes que vão se encontrando na bela melodia, pedindo para tocar muitas vezes.
Todas as onze canções estão no mesmo nível, mas ainda assim podemos destacar algumas como a abertura com “Sun It Rises”, a bonita “He Doesn't Know Why”, a ode a Neil Young em “Meadowlarks” ou o fechamento nota dez com louvor de “Oliver James”. O timbre de voz de Robin Pecknold também ajuda, é agradável e faz muito bem aos ouvidos às vezes calejados de tanta bobagem durante o dia.
“Fleet Foxes” foi uma grata surpresa nesse final de 2008. Tomara que a banda siga na estrada sempre produzindo músicas não só para os ouvidos, mas também para a alma. Belo disco.
My Space: http://www.myspace.com/fleetfoxes
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
"Ensaio Sobre a Cegueira" - 2008
O livro “Ensaio Sobre A Cegueira” do escritor português José Saramago é uma obra que transmite ao leitor uma versão dura e crua da nossa pretensa humanidade e das nossas conquistas enquanto sociedade, que desmoronam de uma hora para outra nos arremessando de volta a tempos bem mais difíceis. Quando o diretor Fernando Meirelles apontou como seu novo projeto a adaptação da obra para o cinema, achei muito difícil ele repassar o sentimento do livro para a grande tela.
Para o grande bem daqueles que gostam do livro e do bom cinema, o brasileiro conseguiu transmitir de maneira brilhante quase que a totalidade da inquietação que sentimos ao ler a obra. “Blindness”, o filme, é ao mesmo tempo ousado e elitista, assustador e esperançoso, sombrio e humanista. Com um elenco de primeira linha, composto por Juliane Moore, Gael Garcia Bernal, Danny Glover, Mark Ruffalo e Alice Braga, o diretor transpõe fielmente a obra de Saramago, o que resulta no grande ponto positivo.
No filme em que ninguém tem nome (afinal para que nomes?), somos apresentados a um homem que subitamente fica cego quando está dirigindo pela cidade, uma cegueira completamente branca, sem explicações e que começa a se alastrar como uma epidemia, contagiando todos que vão se sucedendo nos acontecimentos. O governo para conter o surto coloca todos os “doentes” em um lugar sujo e sem higiene, que serve para apaziguar o medo dos governantes em serem atingidos.
Os “doentes” que são colocados em quarentena passam a se virar como podem, sem nenhum auxilio do governo, a não ser da mulher (Juliane Moore, redundantemente ótima) do médico (Mark Ruffalo) contaminado pelo primeiro a ter cegado, que continua com sua visão em perfeita forma, se tornando a única a ver os horrores que passam a ser construídos. A mulher do médico ao mesmo tempo em que serve de guia e ajuda, funciona também como guardiã e testemunha de uma realidade quase absurda.
“Blindness” destrói de maneira brutal e arrebatadora todos os conceitos de sociedade que hoje nos são pertinentes. A partir da perda da visão coletiva arremessa todos (com raras exceções) em direção aos seus instintos mais básicos como alimentação e sexo, mas sem antes manter entre eles a perversão da cobiça e do desprezo para com os seus iguais. “Blindness”, como diria o livro diz que “só num mundo de cegos as coisas serão o que verdadeiramente são”. Obrigatório.
sábado, 20 de dezembro de 2008
"Longe Dela" - 2007
Toda pessoa sonha com o amor para o resto da vida em algum momento da sua jornada. Sonha em encontrar alguém para viver feliz e envelhecer juntinho quando for chegada a hora disso acontecer. Esse desejo tão ilusório nos dias de hoje (mas ainda assim grandioso), tão distante na época em que vivemos pode ser presenciado em algumas ocasiões. É nesse universo que o primeiro longa da competente atriz Sarah Polley nos coloca em “Longe Dela”.
Nele somos apresentados a Grant (Gordon Pinsent) e Fiona (Julie Christie), um casal na casa dos 60 anos, que passou os últimos 40 e poucos juntos e hoje moram em um chalé afastado, onde compartilham o prazer da sua companhia e as benesses de um relacionamento que apesar de alguns deslizes (como percebe-se mais a frente) foi regado inteiramente de amor e de companheirismo. Grant e Fiona seriam o casal do desejo descrito no parágrafo acima.
Até chegarmos a cena que define o que esperar do filme mais adiante. Ao acabar de lavar uma frigideira, Fiona vai calmamente, abre a geladeira e a coloca dentro, enquanto em seguida, de maneira sossegada, Gordon a retira e guarda no local correto. Fiona está com o Mal de Alzheimer e este vai se acelerando e degradando a sua memória e aquilo que lhe concerne como mundo lá fora, enquanto junto com seu esposo tentam levar tudo mais ou menos tranquilamente.
Com o avanço da doença a única saída é a internação de Fiona (com seu total aval) em uma casa de repouso, onde no início Grant precisará ficar 30 dias longe da sua amada. Quando finalmente Grant está permitido para encontrar sua esposa, a doença dela lhe trará um mundo novo, um mundo totalmente desconhecido para os dois, que precisam novamente encontrar o amor que tinham um pelo outro no meio das novas surpresas que vão aparecendo.
“Longe Dela” é um filme demasiadamente bonito, mas igualmente triste. Baseado no conto “The bear came over the mountain" da escritora canadense Alice Munro, Sarah Polley constrói um drama difícil de passar sem causar emoção. Com um trabalho brilhante de Gordon Pinsent e Julie Christie, indicações ao Oscar e uma trilha sonora com canções de Neil Young como Harvest Moon e Helpless (essa em uma versão maravilhosa de K.D. Lang), “Longe Dela” vale plenamente a sessão.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
"Day & Age" - The Killers - 2008
Se tornar uma banda grande, que lota estádios por onde passa, vende muito discos e tem fãs ao redor do mundo, na maioria das vezes resulta em algo não muito saudável para sua sonoridade. Vez ou outra o sucesso sobe um pouco a cabeça, a megalomania toma conta do ar, a gravadora faz pressão para mais sucessos e a banda nem percebe isso a tempo de corrigir e retomar seu rumo. O começo disso pode estar acontecendo com os americanos do The Killers.
No seu novo álbum, lançado mês passado, “Day & Age”, Brandon Flowers (vocal e teclados), David Keuning (guitarras), Mark Stormer (baixo) e Ronnie Vannucci (bateria) rumam para um caminho de pretensa grandiosidade que não lhe faz nada bem. O vigor contido na estréia em “Hot Fuss” e a qualidade de “Sam´s Town”, o segundo trabalho, continuam presentes, mas são sobrecarregados pela produção e arranjos que permeiam o disco.
As influências da banda continuam lá, Queen, David Bowie, pop 80, U2, etc..., as melodias continuam arrebatadoras com refrões para cantar junto, o vocal de Brandon Flowers está melhor (apesar de tentar ser o Bono em alguns momentos), mas algo parece soar fora do lugar. É uma orquestração que não funciona, um teclado que não cai bem, uma faixa que ultrapassa demais o tempo de terminar. Tudo isso acaba por fazer “Day & Age” um disco com apenas alguns bons momentos.
Entre esses momentos podemos citar a primeira faixa de trabalho, “Human”, um pop dançante dos 80, que poderia muito bem ter saido de algum disco do Pet Shop Boys ou do Erasure e “Spaceman” com um baixão a lá Joy Division que funciona muito bem. Destaque também para “Neon Tiger”, totalmente Queen. As duas faixas bônus “A Crippling Blow” e “Forget About What I Said” funcionam muito bem e podiam tranquilamente estar no disco.
Em “Day & Age”, Brandon Flowers e sua trupe estão vivendo um dos maiores estereótipos do rock, tentando fazer sua música ser maior do que realmente é. Uma produção excessiva (até para os parâmetros da própria banda) acaba por fazer do Killers meio cópia de si mesmo, vivendo somente de alguns momentos, o que para uma banda que já cravou mais do que um bom par de hits nos discos anteriores, chega a ser bem decepcionante.
My Space: http://www.myspace.com/thekillers
Site Oficial: http://www.thekillersmusic.com
Mais The Killers, passe aqui.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
"Apenas Uma Vez" - 2007
Encontrar a pessoa certa já serviu de tema para bons filmes na história. Quando esse encontro é feito ao acaso, melhor ainda. Em “Apenas Uma Vez” do diretor John Carney, esse assunto tão recorrente é belamente explorado, rendendo um ótimo resultado. O diretor usa da simplicidade para criar uma espécie de conto de fadas, sem maiores toques de sentimentalismo e principalmente sem soar piegas em momento algum.
O romance é praticamente um musical, já que metade do filme é preenchido por canções, mas não pense que veremos atores pulando e dançando ao cantar, nada disso, o toque aqui é de pura simplicidade. Ambientado na cidade de Dublin, somos apresentados a um músico de rua que procura ter uma chance de mostrar seu trabalho, ao mesmo tempo que precisa se recuperar de feridas amorosas, enquanto ajuda o pai na sua loja de conserto de aspiradores.
O músico (Glen Hansard da banda irlandesa The Frames, que já havia trabalhado em “The Commitments, como o guitarrista), tem seu caminho atravessado por uma mulher tcheca (Marketa Irglova, tmabém música) que ganha a vida vendendo rosas pelas mesmas ruas em que ele toca. A convivência se inicia e vai se aprimorando a partir do momento em que ele descobre que ela toca piano e conhece música, passando assim a colaborarem.
Os dois personagens principais se encontram perdidos, tentando esquecer problemas recentes enquanto procuram sobreviver e seguir em frente. O diretor John Carney (que tocou com Glen Hansard no The Frames) faz uma direção em que tudo parece completamente real e possível, enquanto sua câmera segue ora de longe para dar maior tranquilidade aos atores, ora mais perto para assegurar ao espectador a certeza das reações de cada um.
Com bonitas canções como “Falling Slowly” (vencedora do Oscar de melhor canção desse ano), “If You Want Me”, “Leave” e “Say It To Me” ajudando a contar sua história, John Carney faz um filme delicioso de ser visto e ouvido, um filme em que depois da sessão ainda gastamos alguns minutos pensando um pouco nesse tal de amor e sobre seguir em frente apesar de tudo. “Apenas Uma Vez” é daqueles filmes para se ter devidamente guardado em casa.
domingo, 14 de dezembro de 2008
"Aos Meus Amigos" - Maria Adelaide Amaral
O que a amizade realmente representa na vida das pessoas? O que ela acrescenta ou prejudica? No livro “Aos Meus Amigos” da escritora Maria Adelaide Amaral, temos uma boa história para responder parte dessas perguntas. O livro que inspirou a minissérie da TV Globo “Queridos Amigos” (e que não vi), versa sobre amizade tendo como pano de fundo um país sem muitos caminhos e alternativas, usando o ponto de vista de uma geração que lutou tanto e acabou como os demais.
O livro foi originalmente lançado em 1992 e traz uma grande turma de amigos que se reencontram em um momento nada bacana. Léo (inspirado em Décio Bar, amigo da autora), escritor e publicitário, se suicida e consegue reunir em seu leito de morte, seu grupo de amigos que há muito não estavam juntos, mas que viveram intensamente entre os anos da ditadura brasileira, com todas as implicações políticas e de cerceamento da liberdade que isso representa.
Léo ao mesmo tempo que carregava um talento enorme, sofria bastante com o seu lado social, não se enquadrava direito no mundo e vivia até onde podia como seus ídolos, artistas como Rimbaud ou os poetas beatniks. Seu suícidio apesar de não ter sido uma grande surpresa para os amigos, mexe bastante com todos, que desencavam antigos sentimentos, relembram histórias e olham para a sua própria vida, percebendo que eles podiam muito bem ter tomado a mesma decisão.
A autora nos apresenta um grupo de pessoas que perdeu os sonhos em um determinado ponto da vida e olham para trás lembrando os tempos em que eram mais importantes, se arrependendo de alguns atos e promessas. Maria Adelaide Amaral lança um olhar de um Brasil sem esperança no final dos anos 80 e de um mundo que quebrava antiga amarras com a queda do muro de Berlim, entre outras coisas, ao mesmo tempo que versa sobre o valor da amizade em nossos caminhos.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
"Rede de Mentiras" - 2008
Você consegue arrumar um tempo na correria do dia a dia e dá uma passada pelo cinema para ver se consegue pegar alguma sessão, quando percebe que daqui a alguns minutos começará um filme que tem a direção de Ridley Scott e personagens principais, o quase sempre ótimo Russell Crowe e o astro Leonardo DiCaprio em ascensão constante como ator. A primeira coisa que vem a cabeça é: vou comprar meu ingresso, deve ser bom.
“Rede de Mentiras”, o novo longa do diretor de “Alien’, “Blade Runner”, “Gladiador”, “Gangstêr”, etc. é realmente uma ótima promessa, que infelizmente não chega a se concretizar, por mais que não decepcione em momento algum. É um filme mediano, o que com os envolvidos citados anteriormente, chega a ser bem frustrante. “Rede de Mentiras”, vale a sessão se você quer espairecer sem maiores expectativas ou se está sem pretensões maiores para o horário.
A trama, um thriller político e de ação convence bem, mas toma caminhos que o prejudicam no seu andamento. Tudo começa no Iraque, quando um líder da Al-Qaeda começa a comandar ataques terroristas pela Europa. O agente da CIA, Roger Ferris (DiCaprio) consegue rastrear um pequeno fio que pode levar a ele. Para tanto, o seu chefe Ed Hoffman (Crowe, bem a vontade no papel) o transfere para Amã na Jordânia, onde Ferris começa a trabalhar com o chefe da inteligência jordaniana, Hani (Mark Strong).
A partir desse momento a trama viaja e ganha muito em corpo, com o roteirista recém oscarizado por “Os Infiltrados”, William Monahan, mostrando seu trabalho e costurando uma história que além de atual é alicerçada por jogos políticos, mentiras, traições e todo o tipo de sujeira envolvendo a todos. No meio de tudo isso, pessoas são arremessadas para morte e tem suas vidas destruídas por capricho ou jogada daqueles que comandam as peças do tabuleiro.
A trama vai convencendo relativamente bem, quando é inserido na história um par romântico para o agente Roger Ferris, que faz quase tudo desaguar. O filme vira um pastiche de 007 e um romance descabido e plenamente desnecessário, com propensas lições de moral. Em “Rede de Mentiras”, Ridley Scott vai agradar a muitas pessoas, mas quando a sessão acaba, o gosto que fica no final é que poderia ser melhor, bem melhor.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
"Konk" - The Kooks - 2008
Fazia um tempo que eu queria escrever sobre o segundo disco dos ingleses do Kooks, mas sempre me desviava e acabava deixando para depois. O disco em questão, “Konk”, tocou bastante por aqui alguns meses atrás e quando me peguei fazendo a tradicionalíssima listinha de melhores do ano, ele apareceu novamente. O sucessor do bom “Inside In/Inside Out”, que levou o grupo de Luke Pritchard ao sucesso e ao hype, é diversão garantida.
A sonoridade do Kooks é carregada de boas influências, passa tanto pelos anos 60 e 70, quanto pelo britpop, procurando extrair sempre o lado mais assobiável de tudo. É música para se ouvir de bem com a vida, para cantarolar algumas frases por aí. Nada que vá mudar o rock, ou acrescentar alguma coisa nova. É apenas e prazerosamente música. Pop até a alma, com uma produção impecável e melodias que grudam na mente do ouvinte, por mais que este as esqueça depois de uns meses.
“Konk” abre com a boa “See The Sun”, passa pelo hitzaço “Always Where I Need to Be”, diverte com “Mr. Maker”, lembra Franz Ferdinand em “Do You Wanna”, esbanja melodia em “Gap”, gruda como chiclete na bregona e absurdamente pop “Love It All”, desembarca nos 80 em “Stormy Weather”, faz cantar junto em “Sway”, encanta em “Shine On”, faz dançar em “Down To The Market”, passa bonito pelos violões de “One Last Time” e fecha despretensiosamente com “Tick Of Time”.
Com “Konk”, Luke Pritchard começa a deixar uma grande expectativa no ar, que daqui há alguns anos possa sair uma obra prima da mão de sua banda, ou quem sabe de outros projetos que o envolvam. Em “Konk”, o Kooks assina a carteira como pop, se rende de vez a máxima de canções assobiáveis com mais ou menos três minutos e proporciona ao ouvinte a chance de passar alguns minutos sem se preocupar com nada, curtindo alguns momentos de felicidade, o que sempre faz bem.
Site Oficial: http://www.thekooks.com
My Space: http://www.myspace.com/thekooks
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
"...Earth To The Dandy Warhols..." - The Dandy Warhols - 2008
O Dandy Warhols já foi uma banda bacana no cenário do rock mundial. Em discos como “Thirteen Tales from Urban Bohemia” de 2000 ou “Welcome To The Monkey House” de 2003, a banda de Portland, Oregon, USA chegou até a trilhar um caminho bem interessante, aliando o pop, com influências dispares e diversas, que basicamente passavam sempre pelos anos 80, David Bowie e Velvet Underground.
Porém, em algum momento parece que a piração dos caras passou a fazer mal. O experimentalismo passou do ponto, com uma certa “megalomania”, por assim dizer, dos seus integrantes. O novo trabalho “...Earth To The Dandy Warhols...”, lançado esse ano, pode ser considerado como uma pequena retomada do trabalho de outrora, pois apesar de ser apenas razoável, é imensamente melhor que seu anterior “Odditorium Or Warlords Of Mars” de 2005.
Em “...Earth To The Dandy Warhols...”, Courtney Taylor-Taylor, Peter Holmström, Zia Mccabe e Brent de Boer trazem 13 faixas, em que mais da metade soa completamente dispensável. Os bons destaques ficam com “The World The People Together (Come On)”, bem dançante com ecos de Manchester no fim dos 80 e disco music, “Mission Control” oitentaça e com toques de britpop e “Wasp In The Lotus” com um vocal repleto de efeitos em cima de uma base quase industrial enjetando um riff meio psicodélico.
Também merecem destaque nessa quase retomada as faixas “Talk Radio”, a grande canção do trabalho, um popzão, com nananas e tudo mais, “Love Song” um folk que flerta com o country, encharcado totalmente na lisergia, com participação especial dos guitarristas Mark Knopfler (Dire Straits) e Mike Campbell (The Heartbreakers) e “Now You Love Me” mais uma vez pop, com mais calma, trazendo guitarras sobrevoando a canção. A velha acidez a mostra.
Com “...Earth To The Dandy Warhols...”, os dandys parecem ter reencontrado novamente o caminho das pedras nas seis canções citadas anteriormente. As demais são ou um pastiche de suas próprias canções ou pretensiosas demais. Com um disco razoável, mas com alguns bons momentos, não é forçoso acreditar novamente um pouquinho em uma banda que foi responsável por um trabalho bem bacana nos primeiros anos desta década. Só resta torcer.
Site Oficial: http://www.dandywarhols.com
sábado, 6 de dezembro de 2008
"Efeito Moral" - Relespública - 2008
Viver de música no Brasil não é fácil, imagine então se você faz rock. Para cada Titãs ou Capital Inicial que estoura e trilha o caminho do sucesso (sem antes ralar bastante), existem dezenas de bandas que sucumbem sem ter o seu trabalho gravado, dirá reconhecido. Para sobreviver e continuar longe dos holofotes, nem que estes sejam pequenos, tem que ter muita persistência. Os curitibanos da Relespública são craques nessa seara.
Na estrada desde 1989, o grupo já lançou quatro discos, entre eles os ótimos “O Circo Está Armado” de 2000 e “As Histórias São Iguais” de 2003. O rock cru, seco e básico de Fabio Elias (guitarra e vocal), Emanuel Moon (bateria) e Ricardo Bastos (baixo e vocal) frequentemente produz bons resultados. Em 2008, chega a hora de mais um trabalho, “Efeito Moral”, que leva a banda para um caminho mais pop, sem esquecer suas, digamos assim, raízes.
As influências antigas continuam lá, como o rock brazuca dos anos 80, rockabilly, Ira!, Rolling Stones, etc., mas se juntam com outras como o rock dos anos 60 no seu lado mais hippie e a jovem guarda. Nada mais natural que uma banda com quase 20 anos de carreira amadureça (no bom sentido da palavra), procure novas sonoridades e desacelere um pouco o ritmo. Isso não quer dizer que sua música seja pior ou melhor. É a vida que segue.
“Efeito Moral” traz ótimos momentos como a deliciosamente brega “Dê Uma Chance Para o Amor” , a skankiana “Tudo Que Eu Preciso” (não por acaso, com participação de Samuel Rosa), a bacana “Catavento”, a riponguíssima “Tema Pela Terra” ou a epopéia de “Lara Bee”, com outros menos inspirados, que apesar de baixarem um pouco o nível, não chegam a afetar o resultado do disco. Talvez com umas duas ou três faixas a menos ficaria melhor.
A Relespública continua devidamente viva e fazendo música de qualidade, o que é mais importante. “Efeito Moral” é um bom disco que nem de perto arranha a discografia da banda e traz para o jogo mais algumas canções para serem cantadas nos shows país afora. Para bandas como a Relespública, clichês como honestidade e sinceridade caem sempre bem, sem soar forçado em momento algum.
My Space: http://www.myspace.com/relespublica
Site Oficial http://www.relespublica.com
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
"Get It Together!" - Supersuckers - 2008
Fazia um bom tempo que eu não ouvia falar (e não ouvia o som) dos americanos do Supersuckers. A banda liderada pelo baixista Eddie Spaghetti não dava as caras com disco de estúdio desde o “Motherfuckers Be Trippin’” de 2003. Os caras carregam uma longa carreira (sem trocadilhos, por favor), iniciada há vinte anos atrás, em 1988, na pequena Tucson no Arizona, sempre produzindo um rock vigoroso e clássico, daqueles para ser tocado com volume em nível elevado.
O Supersuckers passou um bom tempo na Sub Pop, estando lá no auge do grunge, mas sempre fazendo uma sonoridade bem diferente dos seus colegas de selo. O som da banda remete ao rock mais cru, pendendo ora para o hard rock, ora para o punk, além de gostar de utilizar o country e o rockabilly. Lançou discos bacanudos como o “The Smoke Of Hell” de 1992 (que infelizmente só conheci algum tempo depois), entre outros.
A banda traz na sua atual formação, além de Spaghetti, Ron “Rontrose” Heathman em uma guitarra, Dan “Thunder” Bolton na outra guitarra e Scott “Scottzilla” Churilla na bateria. O universo da banda continua sendo o de sempre, drogas, garotas, alcool, conversas com o demônio (eita!) e rock n´roll. Nada mais caricato e ao mesmo tempo tudo feito com paixão e sinceridade daqueles que se intitulam a “melhor banda de rock da história”.
Seu mais recente trabalho “Get It Together!” traz tudo que foi exemplificado acima em doses variáveis. É fato, que eles já vem dando uma acalmada na mão faz alguns anos, mas mesmo assim temos rock n´ roll em estado bruto. Passa pela dobradinha de abertura “What It Takes” e “Anything Else”, engata no riff e nas paradinhas de “Listen Up”, transita pelo excelente powerpop de “Sunset On Sunday”, pelo country de “Breaking Honey's Heart” e pelo canto falado de “Something Good For You”.
Ainda tem uma versão especial do disco com DVD de uma apresentação realizada na California em setembro de 2007, com músicas do novo álbum, além de clássicas da banda."Get It Together!” é daqueles discos para se ouvir tomando uma cerveja bem gelada, jogando conversa besta e idiota fora, rindo bastante e de preferência com o volume bem alto. É rock n´roll, baby, somente rock n´roll, mas vale a pena.
Site Oficial: http://www.supersuckers.com
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
"Dig Out Your Soul" - Oasis - 2008
Quem diria que o velho Oasis voltaria a lançar um disco inspirado? Eu com certeza, não. A banda dos irmãos Gallagher que vendeu milhões de discos mundo afora, parecia que estava fadada a se copiar eternamente, lançando uma boa música aqui, outra acolá, até que acabasse. “Dig Out Your Soul” chega para carregar toda essa história para longe e colocar novamente o Oasis com um bom trabalho no mercado, coisa que não acontecia há muito tempo.
Desde a grande dobradinha de estréia com “Definitely Maybe” de 1994 e “What´s The Story Morning Glory” de 1995, o Oasis não exibia uma sonoridade tão boa. “Dig Out Your Soul” faz esquecer discos ruins como “Standing On The Shoulder Giants” de 2000 e mostra os irmãos Gallagher totalmente entrosados com Gem Archer (guitarra) e Andy Bell ( baixo). Até Liam está cantando melhor, sem toda aquela extensão nas frases finais.
Neste seu sétimo disco de estúdio, os ingleses reencontram a inspiração perdida nos primeiros trabalhos, flertando bastante com a psicodelia (começando pela climão da capa), mostrando também além de guitarras vigorosas, bons refrões e melodias. A abertura com “Bag It Up” é um ótimo momento e nos arremessa diretamente de volta para algum ponto perdido no meio dos anos 90, junto com “The Shock The Lightning”.
“The Turning” é extremamente pop, “I´m Outta Time” uma bonita balada e faixas como “(Get Off Your) High Horse Lady”, “To Be Where There's Life” (esta com uma melodia marcante) e “Soldier On” namoram bastante a psicodelia. Destaque também para “Waiting For The Rapture” que apesar de copiar descaradamente “Five To One” do The Doors, consegue ganhar um brilho próprio e aparece como o lado canalha da banda em ação.
Com “Dig Out Your Soul” o Oasis faz nascer seu terceiro melhor disco na carreira, retoma a velha forma e com isso volta a habitar o player de muitas pessoas ao redor do mundo, como este que aqui escreve. Pode ir atrás sem medo. Vale a pena.
Site Oficial: http://www.oasisinet.com
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