quarta-feira, 25 de outubro de 2006

"Revelations" - Audioslave (2006)

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Quando o Audioslave foi criado em meados de 2001 por Chris Cornell (vocais), ex-Soundgarden e três integrantes do Rage Against The Machine, no caso Tom Morello (guitarras), Tim Commerford (baixo) e Brad Wilk (bateria), muita gente torceu o nariz, afinal de contas, projetos como esse geralmente dão certo. Hoje, cinco anos depois, dois discos lançados (os excelentes “Audioslave” de 2000 e “Out Of Exile” de 2005) e um DVD de um show histórico em Cuba, a descrença faz parte do passado, a banda assume o posto de uma das maiores da atualidade com seu som vigoroso e ao mesmo tempo melódico. “Revelations”, o novo disco do quarteto lançado mês passado está figurando entre os mais vendidos dos USA, galgando mais um degrau e se consolidando em detrimento de tantas modas passageiras que vez ou outra tomam de assalto o mercado. Com o Audioslave o rock definitivamente não morreu. Não só sobrevive nos guetos e na independência como também no mainstream. Esse novo disco talvez seja o que melhor resume a mistura entre as ex bandas dos integrantes, aliando a melodia e o peso do Soundgarden com o ritmo e a energia do RATM. O som dá uma aliviada, ganha em diversidade, amplia mais o horizonte e utiliza o funk como ferramenta musical em faixas como “One and The Same” e “Moth” que fecha o disco. Abrindo com a faixa que dá nome ao disco, a guitarra de Tom Morello se alterna entra o dedilhado e a batida, abrindo espaço para o vocal sempre arrebatador de Chris Cornell, entrando com os versos: “You know what to do/ You know what I did...”. Destaques maiores ainda também para “Original Fire”, que lembra bastante o RATM, “Somedays” e Nothing Left To Say But Goodbye”. Pode-se perceber o Audioslave de sempre em “Sound Of a Gun”, cantar junto com a quase doce “Until We Fall” com seus violões e efeitos e chutar o balde com a letra de “Wide Awake” que tem como pano de fundo o furacão Katrina para falar do governo Bush. Pode ser que esse não seja o melhor dos álbuns da banda (mesmo brigando cabeça a cabeça por isso), mas com certeza é o que melhor define sua fusão de idéias. Rock de qualidade para ser ouvido em alto e bom som, mexendo a cabeça, ditando o ritmo com o pé na bateria imaginária e notar falando sozinho “Que sonzeira boa!!” Afinal quem tem Tom Morello de guitarrista e Crhis Cornell de vocalista já começando ganhando o jogo de pelo menos uns 2 a 0.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

"Vizontele" - Yilmaz Erdogan (2006)

O cinema é um caso fascinante, meio que do nada aparece uma produção de um país sem grande tradição e que emociona e diverte ao mesmo tempo, cativando o telespectador longe do esquemão de Hollywood. É o caso de “Vizontele”, filme turco, lançado em 2006 e que chega nas locadoras. “Vizontele” é uma comédia divertidíssima e que foge totalmente do tradicional sem soar banal ou recorrente. O diretor Yilmaz Erdogan narra uma história que é quase uma fábula de outros tempos, rememorando uma fase mais romântica de um mundo que não se conectava tão rapidamente avalizado pelo processo da globalização. Baseado em suas lembranças da época, o filme se passa na cidade de Hakkari na Turquia que em meados dos anos 70 tem seu sossego abalado pela chegada da primeira televisão (a “Vizontele” do título) e todo o escarcéu que a possibilidade de se ter o mundo todo dentro de uma pequena tela provoca em uma pequena e pacata cidade do interior, repleta de suas idiossincrasias e superstições. A cidade recebe do Governo uma televisão para ser instalada, no entanto ninguém sabe como funciona. Para tanto o Prefeito convoca em meio a desconfiança de todos, um morador da cidade que é dito por uns como maluco e por outros como milagreiro (interpretado brilhantemente pelo próprio diretor) para bota-la para funcionar. Uma verdadeira odisséia tem inicio com heróis, vilões, Dom quixotes e principalmente piadas secas com personagens completamente afetados envolvidos no processo. O humor do filme não é gratuito o que já confere grande valia, tendo uma direção simples como a própria trama. “Vizontele” é nostalgia embalada em sorrisos, história com recheio de imbecilidade, melancolia de um tempo que as coisas pareciam ser mais fáceis, principalmente porque as pessoas tinham a grande concepção de vida de não se preocupar com nada muito importante.
“Vizontele” é um retrato de um mundo que ficou para trás, para o bem ou para mal e uma grata surpresa dentro dos filmes que assisti durante esse ano.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

"Manderlay" - Lars Von Trier (2005)

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O dinamarquês Lars Von Trier é um grande cineasta, daqueles que qualquer trabalho chama a atenção, levando a discussões (positivas ou negativas, mas sem passar despercebido) desde que apareceu completamente ao mundo com o filme “Dançando no Escuro” de 2000. Um dos fundadores do movimento “Dogma 95”, que insiste em um cinema mais simples e natural, no entanto com muita criatividade. Em 2003, o diretor iniciou sua trilogia denominada “EUA – Terra das Oportunidades” com o filme “Dogville”, que surpreendeu com sua abordagem cética e cínica dos americanos, dentro de uma concepção diretiva quase teatral, passando inclusive pelos cenários, ou a falta deles se preferir. Ano passado, a saga de Grace (agora interpretada por Bryce Dallas Howard de “A Vila” no lugar que era de Nicole Kidman) continua em “Manderlay”, ambientado em uma cidade sulista que recebe a visita desta e de seu pai (Willem Dafoe) com seus gangstêres a procura de novos horizontes. “Manderlay” é uma fazendo que ainda continua mantendo a escravidão dos negros em 1933, mesmo depois da abolição tempos atrás. Mais uma vez Grace ao enxergar que as coisas estão erradas na sua visão, começa a fazer parte dessa intricada relação entre patrões e empregados que parece ser bem mais complicada do que o seu sentido de certo indicava. Von Trier consegue melhorar bastante sua receita cinematográfica, dirigindo seu elenco em atuações soberbas como a de Bryce Dallas Howard e singelamente Danny Glover como Wilhelm, o mais velho dos escravos e que no decorrer do filme demonstra ser uma ótima surpresa. Com um enredo bem arrumado, a receita de crítica social envolta a papéis bonitos e laços de presente, esbanja cinismo e um falso conformismo. Um tema sempre atual como o do racismo que tem raízes tão profundas quanto mal cheirosas nos USA, a terra que abre chance a todos, mas ao mesmo tempo caça aqueles que formam sua nação. Parafraseando um epílogo do clássico “V de Vingança” de Alan Moore, “Manderlay” é para aqueles que não desligam a tv quando o noticiário começa e continua achando que tudo é como acha que devia ser. Agora é esperar o final da trilogia marcada para o ano que vem com “Wasington” e se deliciar com a mais recente obra prima do diretor.

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

"Return to Cookie Mountain" - TV On The Radio (2006)

De vez em quando nos deparamos com um disco difícil, daqueles que não andam muito depressa e que logo vai sendo removido do som. Depois você resolve dar mais uma chance e parece que as coisas vão se acertando, quanto mais o álbum toca mais nuances são descobertas, arranjos encantam e te cativam. Isso aconteceu recentemente com “Return To Cookie Mountain” do TV On The Radio, banda de Nova York, oriunda do Brooklyn que lança seu segundo álbum pela gravadora Interscope. Para esse disco não dei só uma chance, foram diversas tentativas e sempre empacava no comentário “pretensioso e nada demais” basicamente. Até que alguns dias atrás o negócio mudou de figura. Coisas da música.
Formado por Kyp Malone (guitarras e vocais), Tunde Adebimpe (vocais), Jaleel Bunton (bateria e percussão), Gerard Smith (baixo) e David Sitek (guitarras, pianos, programações e produção), esse quinteto que já havia lançado em 2004 o bem comentado, “Desperate Youth, Blood Thirsty Babes”, se supera criando um disco que pode mudar muita coisa daqui pra frente.
O som da banda soa como se David Bowie encontrasse o Radiohead em “Ok Computer”, com a mixagem do Massive Attack e a produção de Brian Eno, com lançamento pela Motown. Difícil de imaginar que isso seria possível caber em um disco. Mas coube. E de maneira quase sobrenatural.
Nesse caldeirão de art-rock, soul e pitadas de blues com vocais ora em falsete ora como se fosse uma grande canção de Marvin Gaye, cortesia de Malone e Adebimpe, é como se diversas camadas sonoras distintas fossem sobrepostas uma a uma com muito zelo gerando o resultado final. Camadas que coexistem quase que sem porquê.
A tríade que abre o disco poderia muito bem resumir a idéia de fazer música do TVOTR, “I Was a Lover”, “Hours”(a grande canção do disco) e “Province”(fascinante, com cortesia dos backing vocals de Bowie), entram num clima de ambientação própria que emerge o ouvinte para um lugar distante daqui, simulando efeitos, produzindo psicodelia em média escala e discordando perigosamente de alguns conceitos.
As letras também merecem destaque, como o conteúdo político social de “A Method” e as divagações de “Wash The Day” além de outros bons destaques do disco como “Wolf Like Me”(o que mais se aproxima de rock) e “Let The Devil In” (pelo seu ritmo induzido), permeando um caminho repleto de experimentações e criatividade.
Assim como “Revolver” dos Beatles, “Pet Sounds” dos Beach Boys, “Ok Computer” do Radiohead, “Blue Lines” do Massive Attack ou “Mellow Gold” do Beck, “Return to Cookie Moutain” entra pelo mesmo anseio de inovar, partindo da idéia de recriar e remexer diversas sonoridades congruindo para um quadro que não fora pintado antes com as cores que se está utilizando e misturando.
Em um ano de tantos discos bons e outros excelentes, o TV On The Radio ganha um lugar de destaque por tudo aquilo que a sua música propõe. Ou não propõe. Depende de você.

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

"Crooked rain, crooked rain" - Pavement - 1994

O ano era 1994. Não existia Rapidshare, Emule, Soulseek e coisas do tipo. Se você quisesse algum disco importado de uma banda que tinha lido pelas entrelinhas da Bizz ou publicações da época, tinha que ir atrás para comprar ou pedir para aquele seu amigo nerd que se achava o tal em música e que antes de te emprestar ia implorar mil vezes para você tomar cuidado, muito cuidado. Sorte que nessa época o dólar estava quase igualado ao emergente Real, do plano de mesmo nome que levantou e reorganizou a nossa economia apesar dos efeitos colaterais que produziu. Dentro desse contexto nacional, uns californianos malucos lançavam lá fora um disco daqueles que o tempo não consegue apagar nem desvalorizar, um disco que ficaria para sempre guardado na memória. Com o nonsense título de “Crooked Rain, Crooked Rain” (algo “chuva perversa, chuva perversa”), o Pavement, banda do talentoso Stephen Malkmus instituía um clássico dos anos 90. A banda já tinha produzido um grande trabalho em seu disco de estréia “Slanted and Enchated” em 1992, mas parecia que as doideras, experimentações e influências precisavam ser lapidadas. Isso veio em 1994. Aliando as influências que passeavam por Lou Reed, Pixies, Sonic Youth, Yo La Tengo, Bob Dylan e até mesmo o progressivo com muita ironia e despretensão, arremessadas e remexidas em uma caixa onde a melodia reinava produzindo efeitos arrebatadores, a banda foi responsável por semi-hinos do underground como “Cut You Hair”, onde destilava sarcasmo nos versos: “...nada de cabelo comprido / músicas siginificam muito / quando músicas são compradas...”. Desde a abertura com a bateria quebrada e o riff meio low-fi de “Silence Kit” até o épico “Filmore Five” que fecha o disco, Malkmus e sua trupe produziam pérolas pop encobertas por extensões, paradas, mudanças de ritmo e doses precisas de microfonia. Apoiado pelos dois bateristas (sim, a banda tinha dois), Steve West e o “mad” Bob Nastanovich, pelo baixo inquieto de Mark Ibold e pela guitarra ao mesmo tempo desconexa e frenética de Spiral Stairs, Malkmus destorcia quase poesias, desalinhava melodias, costurava acordes e construía um universo novo, ainda que respaldado por todas as suas influências. Sendo irônico quando não devia ser (em “Range Life” detona Smashing Pumpkis e Stone Temple Pilots), gritando sem nada pré-determinado (“Unfair”), emocionando ao contar agruras e desagruras de um cotidiano imaginário (“Gold Sound Z”), fazendo jazz torto porque queria fazer (“5-4=Unity”) ou evocando Lou Reed quando menos se esperava (“Heaven´s Truck”), Malkmus era o cara. Depois de “Crooked Rain...”, o Pavement alçou um público maior, tocou em grandes festivais e continuou lançando bons discos, sempre com sua marca registrada meio que adicionando uma contra-fórmula que passou a ser copiado por tantos outros. Depois de umas férias, a banda anunciou sua separação, deixando para trás uma carreira que não teve nenhum disco ruim no seu currículo. Malkmus continua lançado projetos solos ou tocando com os The Jicks, sempre com qualidade, mas sem alcançar o ápice de tempos atrás. O Pavement era como uma espécie de anti-héroi que mesmo sem querer e sem saber ao certo porquê, encantava ouvidos ao redor do mundo com sua música e suas histórias.

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Putting The Days To Bed - The Long Winters

No meio de tantas e tantas bandas que estão fazendo o ano de 2006 valer a pena olhando pelo lado musical, destaca-se a banda de Seatlle, The Long Winters. Depois do bom “When I Pretend to Fall” de 2003, John Roderick retorna aos nossos ouvidos em 2006 com o excelente “Putting The Days to Bed”. Nesse disco Roderick tira a mão um pouco da cartilha indie e/ou alternativa que dava a atmosfera do trabalho anterior e faz um punhado de canções mais ambientada no rock americano das bandas dos anos 70/80, como Tom Petty e R.E.M, privilegiando guitarras básicas, violões, teclados e a voz conduzindo a melodia. O resultado disso são canções que grudam no ouvido e fazem girar o cd player a todo o momento. Desde “Pushover” que abre brilhantemente o álbum até o fechamento com a quase balada “Seven”, temos um disco coeso onde Roderick e seus comparsas Eric Corson no baixo, Mike Squires na guitarra, Sean Nelson nos teclados e os diversos amigos que tocaram na bateria criam uma atmosfera agradabilíssima. Passando pelas guitarras de “Free Island, Ak” (que lembra até Strokes sem ser patético) e “Rich Wife”, pela belíssima “Sky Is Open”, ou pelo pop perfeito de “Hindsight” e “(It´s a) Departure”, com os backing vocals tendo um papel digno do nerd genial Mike Mills, tudo que sai do Long Winters convence. E muito. Uma banda que corre o sério risco de passar despercebida em todos os melhores discos do ano e nem ser notada, mas que tem potencial de sobra para encher nossos ouvidos com canções pop de primeira linha, saídas da cabeça de um semi nerd americano chamado John Roderick. Entre no site da banda e conheça um pouco mais: http://www.thelongwinters.com/

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

O Diabo veste Prada

Quantas vezes no começo da nossa vida profissional não deparamos com um chefe mal humorado, abusado, descontrolado, perguntando se valia a pena estar ali, mas suportando porque era necessário? Ou em alguns casos isso não acontece até hoje? Dentro deste universo é que está inserida Andréa Sachs (muito bem trabalhada pela atriz Anne Hattaway de “O Segredo de Brokeback Mountain”), na melhor comédia do ano até agora. Andréa acaba de se formar e procura emprego em Nova York, conseguindo o mesmo em uma das maiores revistas de moda do mundo, a Runway. Esse emprego onde “um milhão de pessoas queriam estar” que no inicio se mostra espetacular, vai se contorcendo totalmente em desgraça quando Andréa começa a se “relacionar” com Miranda Priestly (a fabulosa Merly Streep, em uma atuação impecável que com certeza resultará em mais uma indicação ao Oscar), a toda poderosa do ramo. Em meio a tantos pedidos de café, de guarda de roupas e de outras inúmeras atividades menores sempre com cobrança imensurável, Andréa vai se transformando em uma outra pessoa para poder vingar em um mundo totalmente fashion em que o glamour além de necessário, encobre toda a ganância, falsidade e traição que se esconde em roupas de grifes famosas. Com um elenco de apoio com boas atuações (a de Adrian Grenier como “Nate” por exemplo) e uma direção sem muitas firulas, mas precisa de David Frankel, o filme diverte com muita acidez, umas doses de humor negro, algumas pitadas de sarcasmo e uma generosa contribuição de situações constrangedoras. A adaptação do livro de Laureen Weisberger, “O Diabo Veste Prada” (que conta com uma pequena ponta da Gisele Bundchen) convence bem e se torna um dos bons filmes do ano. Totalmente indicado para todos aqueles que conhecem o prazer e os efeitos colaterais do primeiro emprego e porque não da própria vida. Boa diversão.

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

"Boys and Girls in America" - The Hold Steady

Bares, poesia beatnik, ZZ Top, guitarras, mulheres e muita cerveja. Esse parece ser o mundo do americano Craig Finn, vocalista do The Hold Steady, que lança no mercado “Boys and Girls in America”, recebendo elogios diversos da critica pela visceralidade da sua música calcada no rock n´ roll clássico. Juntamente com os comparsas Bobby Drake na bateria, Galen Polivka no baixo, Franz Nicolay nos teclados e Tad Kubler na guitarra, Craig diverte muito com o seu vocal potente e o seu estilo de cantar, as vezes derramando as letras, contrapondo os backing vocals ou simplesmente explorando o lado garageiro anos 70 de forma sublime. O álbum abre com “Stuck Between Stations” com uma guitarra subindo, aderindo aos teclados e causando boa impressão logo na entrada. A música de trabalho “Chips Ahoy!” que vem depois é para agitar e balançar qualquer ser humano que tenha um pouco de alegria dentro do seu ser. Contagiante. De quebra ainda tem as guitarras de “Hot Soft Light”, a balada “First Night”, a cozinha de bateria e baixo que dá apoio a guitara de Tad e o vocal de Craig em “Massive Night” ou “Party Pit”, em que parece que o mundo não está mais no mesmo lugar, viagem temporal com direito a assento na primeira classe, impossível não embarcar. Nos últimos meses esse “Boys and Girls and América” foi o disco que mais tempo escutei seguidamente. Isso não quer dizer que seja o melhor álbum do ano, só que está perto dos melhores. O disco vicia, deixando aquela vontade de doses diárias e nada homeopáticas. Simples assim. Rock n´roll de garagem, um grande vocalista, riffs de guitarra sabotadores, cozinha de respeito, teclados bem utilizados. Pura diversão. Letras que passeiam entre a poesia e acidez. Apesar de ser um pouco mais lapidado que o anterior “Separation Sunday” de 2005, não deixe passar em branco. Nada de novo, mas o bom e velho rock sendo devidamente agraciado com toda sujeira e energia que merece. Entre no site da banda: http://www.theholdsteady.com ou no do disco: http://www.boysandgirlsinamerica.com . E baixe aqui.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

"Skeleton" - The Figurines

Sabe aquela banda que faz um som bem bacana, mas que não está nas suas preferidas? Aquela banda que não desperta maiores sentimentos, mas vez ou outra é escolhida para preencher o cd player? E diverte acima de tudo? Uma dessas bandas é o The Figurines, da Suécia, que tem seu terceiro disco “Skeleton” de 2005, relançado em edição canadense nesse 2006. Formado por Andreas Toft no baixo, Christian Hjelm nos vocais e guitarras, Claus Johansen nas guitarras e backing vocals e Kristian Volden na bateira, o quarteto faz uma mistureba danada de influências prazerosa de ser ouvida. Passeando entre o low-fi americano, britpop, indie e até mesmo o folk e o country, a sensação que se tem é que já ouvimos isso antes diversas vezes, mas se conseguir tirar essa idéia da cabeça a diversão está garantida em bons momentos, apesar de não se ter grande unidade. Músicas como “The Wonder”, “Other Plans” e “All Night” estão prontas para tocar em qualquer festa e fazer dançar, o vocal puxado aliado com um refrão daqueles de cantar junto são convicentes. Se preferir pode ficar com a oitentista “I Remember”, com sua batida e backing vocals, paradinha de guitarra e baixo. Ou ainda o alt country de “Back In The Day”, lembrando Ben Harper na estrutura e pelos violões. Tem ainda o mezzo-country de “Ghost Songs”, mas o grande momento do disco fica por conta de “Release Me On The Floor” que lembra as boas passagens do The Delgados com bastante louvor e envolve o ouvinte em uma atmosfera bela ao mesmo tempo em que deixa o clima tenso. A comparação com diversas bandas é inevitável, mas aqui vai um bom conselho, relaxe, apenas relaxe e deixe o disco tocar, inclua algumas músicas nas suas seleções pessoais, toque algumas para os amigos e deixe o disquinho lá, bem a vista, para que naquele momento em que estiver sem muita pretensão, ele possa tocar. Visite o site: http://www.figurines.dk e baixe o disco em: http://rapidshare.de/files/22183466/the_figurines_-_skeleton__2006_.rar.html , pois o mesmo ainda não tem edição nacional.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

"Sam´s Town" - The Killers

Música é um estado de espírito. Acima de tudo. E para a banda de Las Vegas, The Killers, música é acima de tudo uma bela diversão. Diversão por tocar, de cantar refrões ganchudos, de adicionar teclados e melodias marcantes, com letras que parecem ser de algumas décadas atrás. Música acima de tudo é para ser feliz. A banda de Brandon Flowers (vocais e teclados), David Keuning (Guitarras), Mark Stoemer (Baixo) e Ronnie Vanucci (bateria), jogam seu trabalho para o grande desafio do segundo disco. Se em “Hot Fuss” de 2004, a banda recebeu diversos elogios por sua mistura dos anos 80 com o rock atual, elaborando hits como “Mr. Brightside” e “Somebody Told Me”, a prova de fogo acontecem em 2006 com “Sam´s Town”. O disco que teve lançamento no dia 18 de setembro, tem seu nome extraído de um cassino da cidade natal e vinha sendo aguardado com um pouco de ansiedade por quem gostou do álbum anterior e uma reticência maior quanto à qualidade do trabalho. Durante sua gestação, declarações como a do baixista Mark Stoemer de que o disco: "mostra que crescemos um pouco como músicos, compositores e pessoas", botavam mais pulgas atrás das orelhas. No final das contas a banda manteve a pegada do primeiro disco, incorporou mais algumas idéias, descartaram outras e fez canções para dançar, namorar, deixar no som do carro, cantar alto. A formula meio que se repete, mas funciona melhor do que em “Hot Fuss”, parece mais coeso o seu trabalho nesse “Sam´s Town”. A primeira música de trabalho “When You Were Young”, já denuncia boa parte do que virá pela frente, é pop sim senhor mas tocado como rock, rock básico, com a letra ironicamente jogando no ar: “Ele não parece nem um pouco com Jesus, mas ele fala como um cavaleiro, do jeito que você imaginou quando jovem...”. Perfeito para uma banda que olha o passado, principalmente a década de 80, com admiração de tudo aquilo que um dia já se chamou de ultrapassado. Muitas bandas fazem o mesmo, podemos alegar, mas a força do Killers é usar coisas como refrões cantados juntos, teclados fazendo riffs, vocais cheios de pretensão em primeiro plano, atmosfera do pop romantic 80 em uma roupagem rock n roll que não só agrada, como convence a quem gosta de uma boa diversão. Destaque ainda para “Uncle Johnny” com sua guitarra repetitiva fazendo o clima para os vocais e o refrão, “Bones” com entrada à la Queen, tecladinho e metais, “The River is Mind” pelos backing vocals de entrada e o baixo pulsando em primeiro plano, “Bling” pelos violões e o grande vocal de Brandon Flowers ou simplesmente a força de “For Reasons Unknow”. O Killers não vai mudar o mundo e provavelmente nem a sua vida, mas tem a grande força de emocionar e fazer com que se esqueça um pouco de tudo e somente se divertir, dançar e cantar, como se o tempo tivesse parado. Vale muito se escutar o álbum que de antemão tem uma das melhores capas do ano e um dos melhores vocalistas da sua geração. Quanto ao teste que colocamos acima, a banda passou com mérito.
Baixe o disco
aqui.