terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Top Top - Os Melhores de 2011


Salve, salve minha gente amiga...

2011 chegou ao fim exatamente um mês atrás e como de costume publicamos nossa listinha de melhores discos e músicas nesse dia. O nosso tradicional “Top Top” parte para o 6º ano seguido, sempre com o objetivo de dar um panorama geral (na nossa opinião, evidente) do que aconteceu no ano que se encerrou.

O ano que ficou para trás apresentou uma grande quantidade de bons discos nacionais e trabalhos nem tão inspirados assim oriundos lá de fora, por mais que alguns poucos álbuns tenham sido bem acima da média.

Eis a nossa listinha:

TOP 25 - DISCO NACIONAL

1 – O Segundo Depois do Silêncio – Los Porongas
2 – Que Isso Fique Entre Nós - Pélico
3 – Liebe Paradiso – Celso Fonseca e Ronaldo Bastos
4 – Peixe Homem – Madame Saatan
5 – Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa – Mundo Livre S/A
6 – Horizonte Vertical – Lô Borges
7 - Música Vulgar Para Corações Surdos – Harmada
8 - Samba 808 – Wado
9 - De Verdade – Nevilton
10 – Música Crocante – Autoramas
11 - Passo Torto – Passo Torto
12 – Memórias Luso/Africanas – Gui Amabis
13 – Um Labirinto em Cada Pé – Romulo Fróes
14 – Humanish – Humanish
15 – O Inevitável – Tomada
16 – De Pai Para Filha – Marya Bravo Canta Zé Rodrix – Mayra Bravo
17 – Odiosa Natureza Humana - Matanza
18 – Desconocidos – Quarto Negro
19 – Longe de Onde – Karina Buhr
20 – Veroz – Maglore
21 – Nó Na Orelha – Criolo
22 – Veraneio – Eddie
22 – Um Futuro Inteiro – Bonifrate
24 – O Inevitável – Tomada
25 – Ferro-Velho de Boas Intenções – Beto Só

TOP 25 - MÚSICA NACIONAL

1 – Não Éramos Tão Assim – Pélico
2 – Respira – Madame Saatan
3 – Amigo Nenhum – Matanza
4 – Avenida Dropsie – Harmada
5 – Dois Lados – Los Porongas
6 – Um Passo Por Vez – Jair Naves
7 – Não Existe Amor em SP – Criolo
8 – Ela É Indie – Mundo Livre S/A
9 – French Doll – Team.Radio
10 – Com a Ponta dos Dedos – Wado
11 - Ballet da Vida Irônica - Nevilton
12 – Você Não Sacou - Celso Fonseca e Ronaldo Bastos
13 – Xananã – Lô Borges
14 - Estou Bem Mesmo Sem Você – Aeroplano
15 – Fora de Área – Kassin
16 – Carlos e Cecília – Harmada
17 – Chalala – Blubell
18 – Todos os Amores São Iguais – Maglore
19 – Silêncio – Los Porongas
20 – Tanto - Humanish
21 – Réu Primário – Tonho Crocco
22 – Velha e Louca – Mallu Magalhães
23 – Eu Vou Comprar Esse Disco – Marya Bravo
24 – Amigo Comprimido – Lê Almeida
25 – Superficial - Autoramas

TOP 25 - DISCO INTERNACIONAL

1 – The King Is Dead – The Decemberists
2 – Dynamite Steps – The Twilight Singers
3 – Collapse Into Now – R.E.M
4 – Wasting Light – Foo Fighters
5 – The Impossible Song & Other Songs – Roddy Woomble
6 - Noel Gallagher’s High Flying Birds – Noel Gallagher’s High Flying Birds
7 – El Camino – Black Keys
8 - Arabia Mountain – Black Lips
9 – Belong - The Pains of Being Pure at Heart
10 - Pull Up Some Dust and Sit Down – Ry Cooder
11 - Several Shades of Why – J Mascis
12 - The Whole Love - Wilco
13 – 21 - Adele
14 - Lie, Cheat and Steal – US3
15 – III - Chickenfoot
16 - Mirror Traffic - Stephen Malkmus and The Jicks
17 – Revelator – Tedeschi Trucks Band
18 – Mapas – Vertusta Morla
19 – Showroom of Compassion - Cake
20 – Kaputt – Destroyer
21 – Last Words: The Final Recordings – Screaming Trees
22 – This Is Only a Test – Smoking Popes
23 – The Party Ain’t Over – Wanda Jackson
24 – Suck It And See – Arctic Monkeys
25 – Pressure & Time – Rival Sons

TOP 25 - MÚSICA INTERNACIONAL

1 – Rolling in the Deep – Adele
2 – Down By The Water – The Decemberists
3 – The Death Of You And Me – Noel Gallagher
4 – On The Corner – The Twilight Singers
5 – Gather The Day – Roody Woomble
6 – These Days – Foo Fighters
7 – Midnight in Harlem – Tedeschi Trucks Band
8 – Lonely Boy – Black Keys
9 – Midnight in Harlem – Tedeschi Trucks Band
10 - I Am Trying to Break Your Heart – JC Brooks & The Uptown Sound
11 – Wild Weast – US3
12 – No Banker Left Behind – Ry Cooder
13 - Run Away With The Sun – Bob Scheneider
14 – Überlin – R.E.M
15 – Senator - Stephen Malkmus and The Jicks
16 – Sick Of You – Cake
17 – Miracle Worker – SuperHeavy
18 – Lo Que Te Hace Grande – Vetusta Morla
19 – Gunshots – The Twilight Singers
20 – Heart in Heartbreak – The Pains Of Being Pure At Heart
21 – Take The Righ Road – Blind Boys Of Alabama
22 – Thunder Of The Mountain – Wanda Jackson
23 – Lotus Flower – Radiohead
24 – Make It Right – J Mascis
25 – Piedras – Fábian

Paz sempre!!

P.S: Para ver como fechou o “Top Top” de 2006 para cá, é só clicar aqui.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Música: Shonen Knife e Ronan Keating


A japonesa Naoko Yamano completou no ano passado, 30 primaveras empunhando sua guitarra e cantando na banda Shonen Knife. Única integrante da formação original (hoje a banda tem Ritsuko Taneda no baixo e Emi Morimoto na bateria), ela resolveu enquadrar em um só disco, a sua banda principal e uma espécie de projeto paralelo onde só toca canções de um dos pilares do punk. O resultado é “Osaka Ramones: A Tribute To The Ramones”.

Produzido por Robby Takac do Goo Goo Dolls (o que não ajuda, convenhamos), o disco não traz nenhuma surpresa. Todas as 13 canções são executadas exatamente como as originais, o que se por um lado representa minutos garantidos de diversão, por outro não acrescenta absolutamente nada na carreira de nenhum dos envolvidos, assim como dos homenageados. Deve ser entendido apenas como uma brincadeira de fã para ídolos confessos.

Mesmo assim, é impossível classificar como ruim um disco que traga clássicos como “Blitzkrieg Bop”, “Rockaway Beach”, “Sheena Is a Punk Rocker” e “Psycho Therapy”. Dê uma chance.

Nota: 6,0

Twitter:  http://www.twitter.com/ShonenKnife        

O maestro Burt Bacharach constantemente tem suas canções regravadas e aqui e acolá ganha um tributo. Dessa vez a história foi um pouco diferente, pois ele próprio procurou alguém para interpretar suas canções e também ajudou nos arranjos e na produção. O escolhido foi o irlandês Ronan Keating, ex-integrante da boy band Boyzone, que assim como vários outros membros de grupos do tipo, resolveu partir para a carreira solo.

O álbum traz no repertório 10 canções que vão de pérolas como “The Look Of Love”, “Walk On By”, “I'll Never Fall In Love Again” e “Artur's Theme (The Best That You Can Do)”, até coisas mais recentes como “This House Is Empty Now” do (ótimo) disco feito em parceria com Elvis Costello em 1998. Com uma voz agradável, Ronan Keating se põe a prova em um grande desafio, o qual ultrapassa razoavelmente, mesmo que sem nenhum brilho.

“When Ronan Met Burt” é o típico disco que poderia ter sido evitado e serve somente para iniciantes na música de Burt Bacharach procurarem atuações mais vibrantes. Nada muito além disso.

Nota: 5,0



sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

"Histórias Cruzadas" - 2012

A busca pela igualdade, ou a simples conquista, dos direitos civis objetivando o fim da segregação racial imposta aos negros nos Estados Unidos rendeu ótimos filmes no decorrer da história do cinema como “Mississipi em Chamas” (1988) de Alan Parker, entre tantos outros. O ator e diretor Tate Taylor investiu nesse período histórico para elaborar o seu mais recente trabalho, “Histórias Cruzadas” (“The Help”, no original).

Baseado em best-seller de Kathryn Stockett (amiga de infância do diretor), o filme retorna a década de 60 para a pequena cidade de Jackson no estado do Mississipi. Nessa cidade encontra a jovem Skeeter Phelan (Emma Stone de “Superbad”) inquieta com suas ambições e com o mundo que está a sua volta. Recém formada, quer de todas as formas ser escritora, nem que para tanto comece no pequeno jornal da cidade natal.

O começo de Skeeter passa por uma coluna direcionada para as mulheres negras da região, que atendem a esmagadora maioria das casas dos brancos. Em um período conturbado, onde em uma cidade sulista do porte de Jackson o tratamento para os negros era desumano e repleto de soberba e maldade, a incipiente escritora que reside em Skeeter vê a chance de publicar uma história comovente e que faça justiça as fontes escolhidas.

Ela convence Aibileen Clark (Viola Davis de “Dúvida”) a contar sua vida e a maneira com que os brancos se "dignam" a conviver diariamente. Logo em seguida, a falastrona e divertida Minny Jackson (Octavia Spencer de "Sete Vidas") também se põe a falar devido a insuportável convivência com sua patroa Hilly Holbrook (Bryce Dallas Howard de “Manderlay”) e suas amigas, como a insossa e patética Celia Foote (Jessica Chastain de “A Árvore da Vida”). 

“Histórias Cruzadas” tem um cuidado impecável ao recriar o momento em que se situa, até mesmo porque tanto o diretor quanto a escritora (que também assina o roteiro) foram criados na região. As roupas, o jeito que as pessoas se comportam, a hipocrisia de um modo de vida repleto de aparências e raso de coisas válidas e importantes, se configura como o grande destaque, acima inclusive das boas atuações individuais.

No entanto, apesar das suas qualidades, o longa distribui superficialidade e não escapa de parecer um pequeno conto de fadas. Nesse pequeno conto de fadas é a jovem branca e cheia de ideias e amor no coração que vem salvar (ou aliviar, que seja) a vida de sofridas mulheres negras. Percebe-se que o buraco é mais embaixo e ao optar por seguir esse caminho, o filme acaba desmerecendo aquelas que visa honrar.

É inegável que “Histórias Cruzadas” é bonito e bem feito, e que ao decidir deixar a política de lado e se concentrar apenas nos aspectos pessoais, se configura em um produto palatável e com forte carga de emoção para as massas. A prova disso são as indicações para o Oscar desse ano. Porém, contudo e todavia, Tate Taylor se utiliza de uma moral um tanto duvidosa para servir de vestimenta nas suas boas intenções.

Nota: 7,0

Assista ao trailer:

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

“Mr. Blues & Lady Jazz” - Nick Farewell


É quase irrecusável o convite que um livro chamado “Mr. Blues & Lady Jazz” faz para o leitor. Junte-se a isso um trabalho visual bem feito, com capa dura negra e pequenos toques de dourado e a compra está feita. Com 176 páginas, a obra foi lançada pela Devir Livraria no ano passado e mostra o autor Nick Farewell explorando o mesmo universo já retratado em “GO”, estreia de 2009, que junto com os poemas de “Manual de Sobrevivência Para Suicidas” compõem seus escritos até aqui.

Nick Farewell (na verdade um pseudônimo de Gyu Suk Lee) ambienta o novo livro no meio do romance dos seus personagens Mr. Fahrenheit e Ginger e assim como em “GO”, insere as mais diversas referências de cultura pop, que vão desde Charles Bukowski e o poeta irlandês Patrick Kavanagh até bandas como Moloko e a nacional Cascadura. Ao final da história chega até mesmo a enfileirar algumas músicas citadas (ou não) para que se tenha uma espécie de trilha sonora a disposição.

“Mr. Blues & Lady Jazz” ambiciona contar o árduo desenrolar de um relacionamento amoroso, assim como transitar pelos medos e dúvidas dos personagens, principalmente os do DJ e aspirante a escritor Mr. Fahrenheit. Nick Farewell enche o livro de pensamentos sobre adequação, solidão, paranoia e tristeza, que estão muito acima dos momentos de alegria e felicidade. E esse olhar entre a psicologia e a filosofia barata é que transforma o livro em pedante e monótono.

Em considerações longas e que apenas circulam em vão sobre o mesmo tema sem acrescentar nada ao personagem, a não ser que este é cheio de dúvidas (sim, mas isto logo se percebe), o livro vai gradualmente deixando de ser interessante e só retorna com alguma força no final. O ponto forte reside nos diálogos bem humorados e com a dose certa de cinismo, mas que são pouco explorados e submergem no grande mar de redundância que a maioria das páginas opta por apresentar.

Apesar de toda a boa vontade que o título e a edição transportam ao leitor, “Mr. Blues & Lady Jazz” é um passo atrás quando se compara com a estreia. As boas ideias sucumbem a um universo de reciclagem que não cria nada interessante, constituindo um trabalho que sobrevive de citações e parcas boas passagens. E todo o pretenso sofrimento e incapacidade de Mr. Fahrenheit são repassados em um tom que faz com que o entusiasmo não sinta a menor vontade de ficar e compartilhar a leitura.

Nota: 4,0



segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Música: Elder Effe e Molho Negro


“Dessa vez vai ser melhor ficar distante da confusão. Agora eu ando sempre alerta, eu nunca sigo em vão. Espero a poeira baixar pra decidir a direção” Os versos iniciais de “As Crônicas do Bandido”, a primeira música do EP “Sob Medida” que o músico paraense Elder Effe disponibilizou no final de 2011, diz muito sobre a sua atual situação.

A relação pessoal existe, mesmo se tratando de um personagem que dará o tom da estreia solo dele, que de fundador do Suzana Flag, montou o Ataque Fantasma e faz parte do Johny Rockstar e hoje também do combo Laurentino e os Cascudos. Amadurecido e com outro olhar da vida, o músico percorre o caminho do folk-pop nas 3 faixas do EP.

Além dos suaves dedilhados da canção citada acima, temos a bonita balada da faixa título construída sobre violões e piano e a viciante e grudenta “Video Out”. Apesar de ser uma espécie de aperitivo, o EP serve devidamente para mostrar o alto poderio de composição que o artista sempre se notabilizou, além de constituir um belo prelúdio do que está por vir.

Nota: 7,5




Tecnobrega, tecnomelody, aparelhagens, o escambau. Tente esquecer isso quando pensar no Pará. João Lemos (do Sincera e Laurentino e Os Cascudos) ergueu a guitarra e proclamou do alto de alguns riffs mais uma banda na contramão da marcha corrente. Junto com o ótimo Turbo do Camilo Royale, o Molho Negro surge como um alívio para o rock no estado.

O apropriado nome “Rock!” batiza o primeiro EP com 4 faixas lançado esse ano e demonstra um vigor e energia muito bem vindos. Gravado no estúdio Rocklab em Goiânia por João Lemos (vocal, guitarra e baixo) e Augusto Oliveira (também do Sincera e responsável pela bateria e vocal), hoje já é um trio com o advento de Raony Pinheiro no baixo.

Abrindo com as guitarras de “Mania de Perseguição”, passa pela melancolia bem sacada do complexo de Peter Pan de “Fliperama Superstar”, atravessa a poderosa “Onde Está Meu Mojo?” e chega ao sarcasmo do pequeno candidato a hino do momento paraense atual: “Ela Prefere o DJ”. Para baixar, botar no player, aumentar o som e lembrar de como o rock cai bem.

Nota: 8,0

Baixe o EP aqui: http://www.molhonegro.com


sábado, 21 de janeiro de 2012

"As Aventuras de Tintim" - 2012


Em um determinado momento de “As Aventuras de Tintim”, que estreia somente agora nos cinemas nacionais, o personagem principal (Jamie Bell de “Billy Elliot”) está cabisbaixo e parece querer desistir. É quando o capitão Haddock (Andy Serkis de “O Senhor Dos Anéis”) chega com um discurso atrapalhado, mas não menos envolvente, instruindo o jovem repórter a seguir em frente e até atravessar muros e paredes se for preciso, o que serve de combustível suficiente para que isso realmente ocorra.

Essa passagem resume bem o típico herói que o diretor Steven Spielberg tanto gosta de apresentar. O herói que mesmo apesar das adversidades e do tempo correndo contra ele, arruma uma maneira de seguir em frente, sempre obstinado a conseguir seu objetivo. Longe da direção desde o apenas razoável “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” de 2008, Spielberg retorna com uma animação concebida em cima da criação de 1929 do belga Georges Prosper Remi, mais conhecido como Hergé.

O primeiro dos três filmes propostos por Spielberg e Peter Jackson (que é produtor do primeiro e dirigirá o segundo) é diretamente baseado em dois álbuns de Tintim: “O Segredo do Licorne” de 1943 e “O Tesouro de Rackham, o Terrível” de 1944. Assim, encontra Tintim envolvido em uma trama repleta de segredos e mistérios, abrangendo um tesouro escondido em três miniaturas de navios originários de ancestrais do Capitão Haddock e perseguido pelo vilão Sakharine (o 007 Daniel Craig).

Tintim nessa nova encarnação é uma mistura eficiente das invencionices de MacGyver (para quem não sabe quem é, passe aqui), do raciocínio rápido de Sherlock Holmes e da agilidade e treinamento de algum agente secreto. Seu inseparável fox terrier Milu aparece como nos quadrinhos salvando a pele do dono vez ou outra, assim como apreciando um uísque. Figuras clássicas como os atrapalhados detetives gêmeos Dupond e Dupont também fazem parte do trabalho, e claro, criam confusão atrás de confusão.

Na caminhada atrás de resolver o mistério do tesouro do Licorne, Tintim se depara com as mais incríveis aventuras que passam por céu, terra e mar. Steven Spielberg parece ter redescoberto a sua habilidade de construir cenas em ritmos acelerados e com charme e gosto bem peculiares de outros tempos. O roteiro de Steven Moffat (da série “Sherlock”), Edgar Wright (“Scott Pilgrim Contra o Mundo”) e Joe Comish (“Ataque Ao Prédio”), mesmo não sendo assim um primor, colabora bem para o desenvolvimento.

“As Aventuras de Tintim” é mais um bonito exemplo do que a tecnologia de captura de movimentos pode proporcionar ao cinema, como Robert Zemeckis já havia demonstrado em “O Expresso Polar” de 2004 e “Os Fantasmas de Scrooge” de 2009 e merece ser melhor explorada. Mesmo com algumas situações maçantes (como a passagem no deserto), Steven Spielberg atinge o alvo e promove uma aventura com boas recordações das suas mais inspiradas produções e agrada tanto jovens quanto adultos mais castigados.   

Nota: 7,5

Assista ao trailer: 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

"Josh Rouse And The Long Vacations" - Josh Rouse And The Long Vacations - 2011


O ex-presidente dos EUA John F. Kennedy disse certa vez que “a mudança é a lei da vida, aqueles que olham para o passado irão com certeza perder o futuro.” Essa frase simples e até mesmo óbvia pode ser plenamente aplicada ao atual momento do músico Josh Rouse. Na batalha desde “Dressed Up Like Nebraska” de 1998, o norte-americano de Paxton, Nebraska, acumulou prestígio no circuito alternativo pelas suas canções folk-pop com um pé no alt-country, porém optou em alterar o seu som nos últimos anos e discos.

“Josh Rouse and The Long Vacations” é o novo testemunho dessa mudança. Lançado no segundo semestre de 2011 é primeiramente encarado como um projeto em conjunto com os amigos espanhóis Caio Bellveser e Xema Fuertes, mas logo pode ser estendido para sua carreira-solo. Gravado em estúdio próprio na cidade espanhola de Valência, conta com participações de músicos da região como Raül Fernandez (theremin e piano), Robert DiPietro (bateria e percussão), Paco Loco (guitarras) e Esteban Perles (percussão).

No disco “El Turista” de 2010, ele não conseguiu convencer com a inclusão de uma latinidade maior, assim como de uma extensiva percussão que parecia no final mais um batuque de gringo do que outra coisa. No novo registro apesar desse clima ainda estar presente, chega amenizado e melhor calibrado. O disco ainda é claro e luminoso, afinal o músico chegou a afirmar recentemente que “não quer mais lançar discos tristes” e consegue preservar o diferencial de Josh Rouse, que é o poder de forjar belas melodias.

Com um clima leve e praiano entre as castanholas bem dosadas da percussão ao fundo, “Diggin' In The Sand” é a primeira faixa. Já “Movin' On” é uma bonita canção onde toda a categoria de Josh Rouse é exibida, enquanto “Fine Fine” brinca com a bossa-nova e “To The Clock, To The City” se rende ao pop dos anos 60. Na sequência temos a curta “Bluebird St.”, onde é o piano que toma conta em uma tradicional canção americana, além da igualmente curta “Lazy Days” que já permite se viajar na direção dos anos 40.

Encerrando o álbum aparece “Oh, Look What The Sun Did!”, com castanholas novamente, mas menos jovial que antes, assim como “Friend”, conduzida por um baixo acústico. A última é a alegre “Disguise”, que mostra o quanto Josh Rouse está feliz nessa busca por novos sons, mesmo que ainda não tenha encontrado a fórmula ideal. Como diria o incomparável Martin Luther King: “pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios”. Isso, parece que hoje Josh Rouse tem de sobra.

Nota: 6,5

Site Oficial: http://www.joshrouse.com

Mais resenhas sobre o artista no blog: discos de 2006, 2007 e 2010.

Assista ao clipe de “Movin' On”:


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

"O Espião Que Sabia Demais" - 2012


George Smiley (Gary Oldman) dedicou a vida ao Serviço Secreto da sua Majestade no Reino Unido. Para ele isso significou ter uma vida regrada e conflituosa com a esposa. Mesmo assim na primeira metade dos anos 70 continua firme na labuta, sendo o braço direito de Controle (o grande John Hurt), o chefão da agência que após uma fracassada missão na Hungria envolvendo até a morte de um agente, passa por um processo difícil que culmina em demissão.

O topo dessa instituição que internamente recebe o apelido de Circus é preenchido por cobras da mais alta periculosidade. Percy Alleline (Toby Jones de “Frost/Nixon”), Bill Haydon (Colin Firth de “O Discurso do Rei”), Toby Esterhase (David Dencik dos filmes suecos da trilogia “Millennium”) e Roy Bland (Ciarán Hinds de “Estrada Para Perdição”) fazem parte da cúpula da administração que visa se posicionar com maior destaque no cenário da guerra fria.

É esse o ponto de partida de “O Espião Que Sabia Demais” do diretor sueco Tomas Alfredson de “Deixe Ela Entrar” de 2008. Fundamentado em livro de 1974 do mestre britânico da espionagem John Le Carré, a obra já teve uma adaptação de sucesso como uma série no final dos anos 70 e começo dos ano 80, onde o papel chave de George Smiley ficava a cargo do excelente Alec Guinness (dos episódios IV, V e VI de “Guerra Nas Estrelas”).

A história se desenvolve após a queda de Controle e a demissão de Smiley, quando este regressa de modo extraordinário para investigar os antigos companheiros de trabalho, pois se desconfia da existência de um agente duplo infiltrado. Com o recrutamento de um pequeno time, o experiente espião passa a perseguir as evidências que apontam para o traidor. Os tempos são outros e soluções mágicas não existem e valem muito menos do que o poder da dedução.

O processo de descoberta é extremamente lento e minucioso, remetendo diretamente ao título original do filme “Tinker, Tailor, Soldier, Spy”, que significa “Funileiro, Alfaiate, Soldado, Espião”, nomes que o antigo chefe de Smiley costumava brindar seus parceiros de cúpula. Esse jogo não se utiliza de muita ação e prefere se apoiar em premissas humanas como ambição, vaidade e egoísmo para produzir suas consequências que repercutem em pequenos dramas e mentiras.

“O Espião Que Sabia Demais” é configurado para girar em torno do personagem de Gary Oldman, onde acerta plenamente. Em uma atuação sóbria e intensa, o experiente ator dá um show ao lado de companheiros igualmente bons como Colin Firth. O roteiro de Peter Straughan (“Os Homens Que Encaravam Cabras”) e do falecido Bridget O’Connor é preciso como uma lâmina afiada e oferece ao telespectador um desafio onde a cabeça representa mais que músculos e armas.

Nota: 9,0

Assista ao trailer:

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

"Horizonte Vertical" - Lô Borges - 2011


Em uma canção do excelente disco “Bhanda” de 2006, Lô Borges entre breves considerações sobre calma e pressa cantava: “nosso passado certamente não detém o tempo que já vem/e vou amando pela vida/minha receita sempre natural”. Versos certeiros desse mineiro nascido em 1952 que sempre administrou a vida de maneira espontânea e com um carinho imenso pela música.

“Horizonte Vertical” lançado no ano passado com apoio do projeto Natura Musical e distribuição pela Sony Music, é mais um álbum inerente a opção que o músico fez a partir de “Um Dia e Meio” de 2003 em elaborar mais trabalhos com inéditas. Essa opção se consolidou como um grande acerto e resultou também no já citado “Bhanda” de 2006 e em “Harmonia” de 2009.

Com ajuda dos companheiros de banda Barral e Robinson Matos também na produção, Lô Borges faz com dedicação aquilo que sabe tão bem. Monta melodias como se fosse um quebra cabeça minucioso na união com letras e instrumentos. Mais do que os anteriores, “Horizonte Vertical” é um disco claro, de bem com a vida e com versos que buscam tranquilidade e tratam sobre o amor em geral.

São 12 faixas onde se faz presente a parceria constante com Márcio Borges e Ronaldo Bastos, assim como Samuel Rosa e Nando Reis na música que intitula o registro. A novidade fica por conta da esposa Patricia Maês, que colabora em cinco canções. Além das parcerias anotadas nas letras, Samuel Rosa, Fernanda Takai e Milton Nascimento abrilhantam estas em elegantes duelos vocais.

Das participações, Fernanda Takai é a que brilha mais. Começa em inglês com “On Venus” com trechos como “on the road, a rolling stone/ i won’t look back for Dylan” e passa por “Antes do Sol”, uma belíssima canção sobre otimismo que começou a ser composta ainda em meados dos anos 80. Depois desembarca na ensolarada e amorosa “Xananã”, para ainda chegar na beatle “Quem Me Chama”.

Em “Nenhum Segredo” é a vez de Samuel Rosa aparecer bem em um rock sessentista onde mostra a exata dimensão que a obra de Lô Borges tem na carreira do Skank. Já Milton Nascimento está na afirmação de postura de “Da Nossa Criação” (“no rastro dos pedaços dos nossos passos/na imensidão onde se encontra a chama/que não se apaga da nossa criação”), assim como na brincadeira de “Mantra Bituca”.

Fora as sociedades (que também se estendem a fantasia da canção que dá nome ao disco), Lô Borges resplandece sozinho na paixão arrebatadora de “De Mais Ninguém”, na balada conduzida com piano e teclados de “O Seu Olhar”, na viagem do tempo de “Você e Eu” e no pequeno rock inglês de “Canção Mais Além”, que com a participação de um coro de crianças extrapola a descrição de comovente.

“Horizonte Vertical” é dedicado ao filho Luca e a geração dele (ele tem 13 anos). É um trabalho que além de encher o rebento de orgulho, consegue uma proeza rara nos tempos de hoje, que é emocionar o ouvinte no decorrer de algumas canções. E pode ser equiparado a discos clássicos do músico como “Lô Borges” de 1972 e “A Via Láctea” de 1979, o que não é nada mal para um senhor de 60 anos.

Nota: 9,0

Site oficial: http://www.loborges.com

Assista a um vídeo sobre o disco:

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

"Memórias Luso/Africanas" - Gui Amabis - 2011


O músico e compositor paulista Gui Amabis conduziu sua carreira pelo caminho das trilhas sonoras. Esteve envolvido na televisão em trabalhos como “Cidade dos Homens”, assim como em filmes nacionais (“Quincas Berro D’Água”) e gringos (“Senhor das Armas”). Em 2008 se juntou a Céu (sua esposa), Dengue, Pupillo e Lúcio Maia (Nação Zumbi) e o irmão Rica Amabis (Instituto) para lançar um projeto intitulado Sonantes, que primeiro saiu lá fora para somente depois aparecer em edição tupiniquim.

Por fora disso, mais ou menos desde meados de 2007, vinha lapidando um projeto próprio que nasceu no ano passado. “Memórias Luso/Africanas” surgiu de modo independente e com disponibilização gratuita no site oficial (http://guiamabis.com). O álbum vem caracterizado, não de modo surpreendente, como uma engrenagem de um filme inspirado nas lembranças do artista e com um olhar enraizado nas origens do povo brasileiro e nas influências herdadas durante o decorrer dos tempos.

Para transpor suas ideias na parte vocal ele convidou para cantar a esposa Céu, além de amigos como Criolo, Tulipa Ruiz e Lucas Santtana. Já para auxiliá-lo na montagem dos sons pretendidos, músicos como Thiago França (sax), Régis Damasceno (guitarra), Curumin (bateria), Samuel Fraga (bateria), Dengue (baixo) e Rodrigo Campos (violão) foram convidados para participar. O resultado disso são 10 faixas que impulsionam a música para uma esfera repleta de nuances e explorações.

“Memórias Luso/Africanas” abre com “Dois Inimigos”, cheia de tensão nos teclados e uma letra que trata de dificuldades e uma “batalha que continua franca e aberta”. Em “Orquídea Ruiva” Sinhá se debruça sobre falas, enquanto Criolo submete sonho e desejo em um vocal surpreendente. “Sal e Amor” é alegre e ensolarada com Tulipa Ruiz no comando, ao passo que “Swell” monta uma cama quebrada para Céu “correr por toda a pele tentando encontrar um poro aberto para se infiltrar”.

“Ao Mar” brinca com o jazz e novamente vem mais suave na voz de Tulipa Ruiz, fazendo analogias com o mar e aplaudindo o amor. “Doce Demora” mistura valsa e tango e “O Deus Que Devasta Mas Também Cura” surge com uma excelente participação de Lucas Santtana. Para fechar vem a tríade “Imigrantes” (com belo vocal de Tiganá se sobressaindo), a angustiante homenagem ao músico etíope Mulatu Astatke com Criolo em “Para Mulatu” e o tema quase instrumental de “Fim de Tarde”.

Em pouco mais de 30 minutos (e claro contando com a ajuda dos convidados citados anteriormente), Gui Amabis faz uma estreia digna de alguém devidamente graduado na escola da música. “Memórias Luso/Africanas” é uma obra que transpõe tudo que deseja, indo da homenagem aos ancestrais até a aflição das texturas sonoras e que honra o significado da palavra encanto. E no final é um disco que pede urgentemente para que alguém crie um filme em cima das suas canções e versos.

Nota: 8,0

Baixe o disco gratuitamente no site oficial: http://guiamabis.com

Assista a um vídeo com “Sal e Amor”:

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Séries - "Grimm"

 
Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, Cinderela, João e Maria, Rapunzel, A Bela Adormecida, O Flautista de Hamelin. Quantas vezes contos e histórias envolvendo esses nomes não passaram pela sua vida? Desde criança ouvindo dos pais até fazer o repasse posteriormente para filhos e netos. Esse universo fantástico é obra dos irmãos alemães Jacob e Wilhelm Grimm, que durante o século XIX resgataram essas fábulas do cotidiano e transformaram em algo mais.
 
Fundamentado nesse orbe de criaturas, mitos e fantasia, o canal norte-americano NBC construiu uma nova série chamada “Grimm”, criada por Stephen Carpenter (roteirista dos fracos “Um Tira Muito Suspeito” e “O Cara”) e o experiente David Greenwalt (de séries como “Angel” e “Buffy”). Nada que se pareça com o horroroso filme “Os Irmãos Grimm’, dirigido por Terry Gilliam em 2005 e que contava nos papeis principais com Matt Damon e o falecido Heath Ledger.
 
Aqui no Brasil a série passa no Universal Channel na segunda feira às 21:00hs e opta por uma vereda com bastante ação e um pouco de terror inserido. A trama se passa nos dias atuais na cidade de Portland, Oregon, USA, onde da noite para o dia o detetive Nick Burkhardt (o desconhecido David Giuntoli) descobre fazer parte de uma antiga seita que visa livrar o mundo de criaturas fantásticas e perigosas, que evidentemente são baseadas nas obras dos irmãos originais do título.
 
Todas essas criaturas usam uma carapaça humana para viver diariamente e só se revelam por completo para os olhos de algum descendente dos Grimm. Assassinatos, vinganças, pequenas conspirações e até mesmo a própria natureza “animal” desses seres, começam a fazer parte da rotina do detetive da homicídios em dupla com o parceiro Hank Griffin (Russell Hornsby de “In Treatment”). A série resolve também se aventurar pela vida pessoal de alguns desses personagens.
 
“Grimm” é um trabalho mediano para fraco, que no início não consegue convencer muito. A parte técnica mesmo não sendo excepcional é bem feita, mas esbarra nas concepções pouco vigorosas do roteiro e na falta de carisma de David Giuntoli, que além de ser um ator bastante ruim, não cria empatia com o telespectador. Serve para agradar somente quem gosta de um pouco de tosqueira, boas cenas de ação e mistérios com soluções visíveis para passar o tempo em um dia ruim.
 
Nota: 5,5
 
Site oficial da série:http://uc.globo.com/programas/grimm/  
 
Assista a um trailer:

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

"As Far As Yesterday Goes" - The Red Button - 2011

O ano de 2007 apresentou algumas boas surpresas fora do esquemão mais tradicional. Tivemos o álbum de estreia dos dinamarqueses do Kissaway Trail e dos canadenses do Young Galaxy. Paul Quinn (ex-Teenage Fanclub) lançou “Go!” com o Primary 5 e John Stirrat (Wilco) apareceu com mais um trabalho do Autumn Defense. Os suecos do Weeping Willows encantaram com a melancolia de “Fear & Love”, enquanto os australianos do Devastations trincavam a alma com “Yes, U”.

Dentro desse inventário retroativo de 2007, pode-se adicionar também o Red Button com “She's About To Cross My Mind”. A banda formada pelos norte-americanos Seth Swirsky e Mike Ruekberg, músicos com larga experiência, debutou com um belo disco naquele ano. A sonoridade do duo reconstruía o estilo dos anos 60 com perícia e autoridade, sem soar como uma mera transcrição da época. E no ano passado mais uma prole dessa sonoridade nasceu com “As Far As Yesterday Goes”. 

“As Far As Yesterday Goes” tem lançamento pela Grimble Records e serve as características anteriores como refeição principal. Nas 12 canções encontram-se facetas de Beatles, Kinks, Hollies, Monkees, Zombies, Turtles, Troggs e Beach Boys. Já na primeira faixa (“Caught In The Middle”) isso fica evidente. Com uma gaita no riff inicial remete-se a primeira fase da carreira do quarteto de Liverpool, de coisas como “I Should Have Know Better” e assim essas memórias são estendidas para o resto do trabalho.

A faixa título é uma balada com modus operandi de Paul McCartney, enquanto “Sandreen” já olha mais para George Harrison. “On a Summer Day” e “Girl, Don’t” são pequenas baladas sessentistas e “Picture” e “I Can’t Forget” utilizam a delicadeza do powerpop de Norman Blake e seu Teenage Fanclub. E ainda tem “You Do Something to Me” levada ao violão com uma graciosa batida reggae (e que mataria Jack Johnson de raiva caso ele escutasse) e toda a sutileza melódica da garbosa “Genevieve”.

O segundo disco do Red Button é um balcão de oportunidades para destilar clichês do tipo “um disco que não mudará sua vida, mas a deixará melhor por alguns instantes”, “um disco que é difícil tirar do som” ou ainda “um disco a ser descoberto”. E “As Far As Yesterday Goes” honra bem todos eles, pois afinal clichês são feitos para ser empregados e essa é uma situação ideal. É colocar para tocar e deixar que as músicas de Seth Swirsky e Mike Ruekberg façam o devido processo de sedução e conquista.

Sobre o disco de 2007, passe aqui.

Nota: 7,5 

Site oficial: http://www.theredbutton.net
Site de Seth Swirsky: http://www.seth.com
Site de Mike Ruekberg: http://www.mikeruekberg.com 

Assista a um vídeo com “On A Summer Day”:

 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

"Código de Honra" - 2011


“Puncture” em inglês quer dizer punção, picada, perfuração. Uma definição que condiz muito bem com aquilo que o filme de mesmo nome dirigido pelos irmãos Adam Kassen e Mark Kassen procura transmitir. Só que por alguma daquelas ideias iluminadas e inexplicáveis ganhou o nome de “Código de Honra” aqui no país, o que invalida quase que inteiramente a relação entre o nome e a obra.

Historicamente situado no final dos anos 90, o longa se inicia com uma enfermeira (Vinessa Shaw de “Os Indomáveis”) se ferindo acidentalmente com uma seringa em um atendimento de emergência no hospital em que trabalha. Esse tipo de ferimento atingia na época algo como 800.000 casos por ano nos EUA, levando parte deles, como o caso da enfermeira em questão, a adquirir o vírus da AIDS.

Do outro lado do jogo somos apresentados a Mike Weiss (Chris Evans, o “Capitão América”) e seu sócio Paul Danziger (o co-diretor Mark Kassen). Mike é um advogado brilhante que descobre soluções com uma facilidade inegável, no entanto vive em um mundo separado da sua profissão no qual é um consumidor voraz de drogas de qualquer tipo e prostitutas das mais variadas localidades de Houston.

Mesmo com os desvarios do sócio, o escritório de advocacia cresce a cada dia com a gestão voltada em Paul, o lado sereno e normal da velha dupla de amigos que resolveu trabalhar juntos. É quando o caso da enfermeira cruza a frente deles, amparado em um projeto elaborado por Jeffrey Dancort (o veterano Marshall Bell) de uma seringa completamente segura que acabaria com o risco de tais acidentes ocorrerem.

Só que essa evolução na salvaguarda dos funcionários representa também uma mudança de fornecedores e novos gastos de fabricação. E é visível que há um choque de interesses entre o imenso grupo de compras por trás do abastecimento desses hospitais que gira em monopólio com a causa que Mike e Paul se envergam em defender. Choques que resultarão em ameaças, dores, quebras financeiras e desilusões. 

“Código de Honra” é um filme interessante que transita bem entre o drama de tribunal e os problemas pessoais dos personagens, principalmente na espiral de loucura que Mike Weiss se insere para conseguir funcionar. Chris Evans faz um trabalho apreciável, assim como o elenco de apoio (que conta também com o ótimo Brett Cullen) em uma história onde predomina a falta de fé em um mundo que parece perdido na própria ganância, apesar da esperança sempre espreitar na porta. 

P.S*: O filme é baseado em fatos reais e está disponível em DVD por aqui. 

P.S**: No final ainda temos o som da poderosa “Rusted Wheel” do Silversun Pickups terminando tudo. 

Nota: 8,5 

Assista ao trailer: