O músico e compositor paulista
Gui Amabis conduziu sua carreira pelo caminho das trilhas sonoras. Esteve
envolvido na televisão em trabalhos como “Cidade dos Homens”, assim como em
filmes nacionais (“Quincas Berro D’Água”) e gringos (“Senhor das Armas”). Em
2008 se juntou a Céu (sua esposa), Dengue, Pupillo e Lúcio Maia (Nação Zumbi) e
o irmão Rica Amabis (Instituto) para lançar um projeto intitulado Sonantes, que
primeiro saiu lá fora para somente depois aparecer em edição tupiniquim.
Por fora disso, mais ou menos
desde meados de 2007, vinha lapidando um projeto próprio que nasceu no ano
passado. “Memórias Luso/Africanas”
surgiu de modo independente e com disponibilização gratuita no site oficial (http://guiamabis.com). O álbum vem
caracterizado, não de modo surpreendente, como uma engrenagem de um filme
inspirado nas lembranças do artista e com um olhar enraizado nas origens do
povo brasileiro e nas influências herdadas durante o decorrer dos tempos.
Para transpor suas ideias na
parte vocal ele convidou para cantar a esposa Céu, além de amigos como Criolo,
Tulipa Ruiz e Lucas Santtana. Já para auxiliá-lo na montagem dos sons
pretendidos, músicos como Thiago França (sax), Régis Damasceno (guitarra),
Curumin (bateria), Samuel Fraga (bateria), Dengue (baixo) e Rodrigo Campos
(violão) foram convidados para participar. O resultado disso são 10 faixas que
impulsionam a música para uma esfera repleta de nuances e explorações.
“Memórias Luso/Africanas” abre com “Dois Inimigos”, cheia de tensão
nos teclados e uma letra que trata de dificuldades e uma “batalha que continua
franca e aberta”. Em “Orquídea Ruiva” Sinhá se debruça sobre falas, enquanto
Criolo submete sonho e desejo em um vocal surpreendente. “Sal e Amor” é alegre
e ensolarada com Tulipa Ruiz no comando, ao passo que “Swell” monta uma cama
quebrada para Céu “correr por toda a pele tentando encontrar um poro aberto
para se infiltrar”.
“Ao Mar” brinca com o jazz e novamente
vem mais suave na voz de Tulipa Ruiz, fazendo analogias com o mar e aplaudindo
o amor. “Doce Demora” mistura valsa e tango e “O Deus Que Devasta Mas Também
Cura” surge com uma excelente participação de Lucas Santtana. Para fechar vem a
tríade “Imigrantes” (com belo vocal de Tiganá se sobressaindo), a angustiante homenagem
ao músico etíope Mulatu Astatke com Criolo em “Para Mulatu” e o tema quase
instrumental de “Fim de Tarde”.
Em pouco mais de 30 minutos (e
claro contando com a ajuda dos convidados citados anteriormente), Gui Amabis
faz uma estreia digna de alguém devidamente graduado na escola da música. “Memórias Luso/Africanas” é uma obra que
transpõe tudo que deseja, indo da homenagem aos ancestrais até a aflição das
texturas sonoras e que honra o significado da palavra encanto. E no final é um
disco que pede urgentemente para que alguém crie um filme em cima das suas
canções e versos.
Nota: 8,0
Baixe o disco gratuitamente no
site oficial: http://guiamabis.com
Assista a um vídeo com “Sal e
Amor”:
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