É quase irrecusável o convite que
um livro chamado “Mr. Blues & Lady
Jazz” faz para o leitor. Junte-se a isso um trabalho visual bem feito, com
capa dura negra e pequenos toques de dourado e a compra está feita. Com 176
páginas, a obra foi lançada pela Devir Livraria no ano passado e mostra o autor
Nick Farewell explorando o mesmo universo já retratado em “GO”, estreia de
2009, que junto com os poemas de “Manual de Sobrevivência Para Suicidas” compõem
seus escritos até aqui.
Nick Farewell (na verdade um pseudônimo
de Gyu Suk Lee) ambienta o novo livro no meio do romance dos seus personagens
Mr. Fahrenheit e Ginger e assim como em “GO”, insere as mais diversas
referências de cultura pop, que vão desde Charles Bukowski e o poeta irlandês
Patrick Kavanagh até bandas como Moloko e a nacional Cascadura. Ao final da
história chega até mesmo a enfileirar algumas músicas citadas (ou não) para que
se tenha uma espécie de trilha sonora a disposição.
“Mr. Blues & Lady Jazz” ambiciona contar o árduo desenrolar de
um relacionamento amoroso, assim como transitar pelos medos e dúvidas dos
personagens, principalmente os do DJ e aspirante a escritor Mr. Fahrenheit.
Nick Farewell enche o livro de pensamentos sobre adequação, solidão, paranoia e
tristeza, que estão muito acima dos momentos de alegria e felicidade. E esse
olhar entre a psicologia e a filosofia barata é que transforma o livro em
pedante e monótono.
Em considerações longas e que
apenas circulam em vão sobre o mesmo tema sem acrescentar nada ao personagem, a
não ser que este é cheio de dúvidas (sim, mas isto logo se percebe), o livro
vai gradualmente deixando de ser interessante e só retorna com alguma força no
final. O ponto forte reside nos diálogos bem humorados e com a dose certa de
cinismo, mas que são pouco explorados e submergem no grande mar de redundância
que a maioria das páginas opta por apresentar.
Apesar de toda a boa vontade que
o título e a edição transportam ao leitor, “Mr.
Blues & Lady Jazz” é um passo atrás quando se compara com a estreia. As
boas ideias sucumbem a um universo de reciclagem que não cria nada interessante,
constituindo um trabalho que sobrevive de citações e parcas boas passagens. E todo
o pretenso sofrimento e incapacidade de Mr. Fahrenheit são repassados em um tom
que faz com que o entusiasmo não sinta a menor vontade de ficar e compartilhar
a leitura.
Nota: 4,0
Twitter do autor: http://twitter.com/NickFarewell
Um comentário:
incrivel ele é de mais melhor autor que já vi
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