terça-feira, 30 de setembro de 2008

"Ponto Enredo" - Pedro Luís e A Parede - 2008

Acompanho o trabalho do Pedro Luís e sua sempre revigorante A Parede , desde o seu ínicio lá no meio dos anos 90. De lá para cá o grupo produziu bons discos como “É Tudo 1 Real”, fez um belíssimo trabalho com Ney Matogrosso em “Vagabundo” e ainda é parte do núcleo central do Monobloco, um grande combo que reinventa sambas no carnaval carioca (e fora dele), promovendo cultura e farra por onde passam.
“Ponto Enredo” é seu novo disco e Pedro Luís continua junto com os seus comparsas Mário Moura, Sidon Silva, C.A. Ferrari e Celso Alvim, como também das dezenas de instrumentos que sempre o acompanham como: cuíca, ganzá, baixos, guitarras, violões, baterias, triângulo, caixas, repiques e muitos outros. “Ponto Enredo” enverga diretamente para o samba, apesar de não ser específico e ainda abraçar as demais estruturas sonoras da trupe.
Abre com “Santo Samba”, uma bela devoção para o estilo com os versos “vou cuidar de sambar/vou cantar pra valer/o samba é um santo remédio/pra quem quer viver”. Depois temos a faixa titulo, em que olha-se mais para o batuque afro, densa e mais pesada. Zeca Pagodinho chega para desenrolar um partido alto, com letra malemolente em “Ela Tem A Beleza Que Eu Nunca Sonhei”. Diversão garantida.
“Mandingo” em parceria com Roque Ferreira (responsável por muitos sucessos de Zeca Pagodinho) é outro samba, mais de roda, com bom trabalho de cavaco e letra divertida. “Repúdio” chega diferente, com um tom de crítica social e comportamental. “Animal” deixa o samba de lado e vem mais soturna, mais pesada. “Tem Juízo Mas Não Usa” é a bola da vez para levantar o astral. Típica canção do grupo, as guitarras falam mais alto, enquanto um samba funk passa pelo player.
“4 Horizontes” conta com o Lenine (que produziu o disco) participando no vocal e entrando na batida. “Cantinga” é mais um sambão de roda que joga tudo para cima, com Pedro dizendo “quero ser feliz/nas ondas do mar”. Depois temos a melhor canção do trabalho, a belíssima “Luz da Nobreza”, uma quase balada, parceria com o grande Zé Renato e com a Roberta Sá engrandecendo ainda mais, compartilhando os vocais.
Para fechar temos “Cabô”, com bom trabalho do cavaco em mais um samba. Em “Ponto Enredo”, Pedro Luís e A Parede, afirmam mais uma vez a excelência da sua carreira, produzindo um disco em que a música brasileira é homenageada ao mesmo tempo em que é transformada e misturada. Mais um bom trabalho para uma discografia calcada de boas canções e ritmos, sempre com pouquíssimo erros. Vida longa!
Site oficial: http://www.plap.com.br

sábado, 27 de setembro de 2008

"Sou" - Marcelo Camelo - 2008

Antes de escrever alguma coisa sobre o primeiro disco do Marcelo Camelo escutei o álbum um bom número de vezes. Não é um disco fácil em momento algum, às vezes soa tranquilo demais e em alguns momentos isso é até confundido com uma certa preguiça. “Sou” apesar disso e por isso entra naquela categoria de ser o “retrato do artista” no momento. Marcelo Camelo parecia querer exatamente isso.
Quem estava acostumado com Los Hermanos vai estranhar. Ainda que algumas coisas remetam ao “4”, último trabalho da banda. Nada é banal em “Sou” que namora muito mais o instrumental do que as palavras (e poderia ter umas quatro músicas a menos) e precisa de pelo menos algumas sessões para se tornar agradável. Opta pela tranquilidade (o que já era esperado) ao invés do barulho ou agitação.
Com um ótimo trabalho instrumental, cortesia dos paulistanos do Hurmold, Camelo se despe em canções que flertam com bossa nova, Chico Buarque, Dorival Caymmi e alguns toques de jazz e experimentalismo. Disso pode se extrair ótimos momentos como a bela “Doce Solidão” e mais “Tudo Passa”, “Jantar” (com participação da Mallu Magalhães dando um toque “Moldy Peaches” na mistura), “Liberdade” e “Copacabana”.
Em outros momentos, ainda que menores, as coisas não saem tão bem como em “Passeando” e “Menina Bordada”. Não que sejam ruins, mas estão em um nível muito menor do que as anteriormente citadas. E também não vi necessidade de dois temas instrumentais de músicas constantes no disco para finalizar. Podia muito bem ficar sem essa e dar um pouco mais de compactação ao trabalho.
Com “Sou” Marcelo Camelo consegue provar o que sempre se soube. Que ele é um bom artista, recheado de boas influências. A estréia podia ser melhor, sim, podia, mas “Sou” é um disco que tem seu charme, diferente e com uma proposta arriscada do músico que prefere ir de enontro a algo não usual e explorar novas sonoridades do que ficar preso as fórmulas que o consagraram anteriormente. Nota 6.
My Space: http://www.myspace.com/marcelocamelo

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

"Sunshine Lies" - Matthew Sweet - 2008

Sidney Matthew Sweet é um cidadão de Nebraska, USA, nascido em 1964. Mais conhecido (na verdade nem tão conhecido assim) pelo seus últimos nomes, vem trabalhando com música desde o começo dos anos 80 e lançando bons discos desde sua estréia solo com “Inside” de 1986. Tocou com uma pá de gente boa no decorrer da carreira e tem no currículo ótimos discos como “Girfriend” de 1991 e “In Reverse” de 1999.
Em 2008 o músico lança mais um belo disco, chamado “Sunshine Lies”, que foi produzido e mixado por ele mesmo. A banda que lhe faz companhia é um caso a parte. Um timaço que conta com Richard Lloyd (Television) na guitarra, Ivan Julian (Richard Hell & The Voivods) na outra guitarra, Greg Leiz (Beck) no baixo, Rick Menck (Velvet Crush) na bateria e Susana Hoffs (The Bangles) nos backing vocals.
A sonoridade é puro power pop com toques do final dos anos 70 e de bandas como o The Replacements. Puro prazer. Abre com a ótima “Time Machine”, passa pelo rock recheado de guitarras de “Room To Rock” e “Flying”, pela sessentista “Byrdgirl”, embarca na bela balada “Feel Free”, ganha ares de hit com “Let´s Love” e toma um direcionamento meio psicodélico com “Sunshine Eyes”.
Para continuar vem o pop saboroso de “Pleasure Is Mine” (para tocar naquele velho domingo de manhã), “Daisychain” que poderia ter saído de um disco do Teenage Fanclub, “Sunrise Eyes” toda sessentista, “Around You Know” e “Burn Through Love”, powerpop de primeira linha, com bastante pedigree e “Back Of The Mind”, outra pequena baladinha que também poderia ter saído de um disco dos escoceses do Teenage.
“Sunshine Lies” é um dos grandes trabalhos de 2008. Para quem gosta desse tipo de sonoridade, é um prato mais que cheio. Corra atrás sem medo.
My Space: http://www.myspace.com/matthewsweetmusic
Site Oficial: http://www.matthewsweet.com

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

"III Festival Se Rasgum" - 21.09.2008 - 3º Dia

Domingueira na área trazendo consigo o último dia do III Festival Se Rasgum. O clima já é meio de despedida quando adentro o complexo, com uma feirinha menos povoada, mas com várias promessas para fazer a preguiça do domingo ir embora. O último dia foi uma parceria com o pessoal da Pró Rock e da Bafafá e trouxe só bandas paraenses no palco principal, com o público podendo entrar a partir da doação de 1 Kg de alimento. Idéia bacana.
Cheguei um pouco tarde e perdi a apresentação do “Curimbó de Bolso”, pegando o comecinho do “Paulo Luamin”. O que achei? Bom, apesar da boa qualidade dos músicos, a sonoridade soa batida demais e o vocal é bem mais ou menos. Passável. Depois veio o “Clepsidra” do Renato Torres. Sempre gostei da banda a da proposta musical. O show apesar de alguns pequenos probleminhas passou de forma bacana. Vale bem a pena, principalmente em espaços menores.
O “Pianuts” subiu na sequência, com roupas de preto e temas que pareciam ter saído de algum momento em 79-83. Não convenceu. Em determinados momentos foi complicado ouvir a banda tocando. O “Johny Rockstar” chegaria logo depois, para começar a fazer valer o domingo. Essa banda tem um monte de qualidades. Quase todas as músicas são hits, tem público cativo, ótimos músicos e uma performance de palco sempre empolgante.
Eliezer Wonkas (foto) junto com os comparsas Natanael (Velocípedes), Elder Effe (Ataque Fantasma) e Ivan Vanzar (Madade Saatan), fizeram o público cantar e pular junto em canções como: “Osvaldo”, “Alcalina” e “Vingança dos Chatos”. Melhor show da noite, que foi bastante prejudicado por problemas técnicos perceptíveis de som. Apesar disso valeu bem a pena. Que venha o primeiro disco dos caras.
Aproveitando a empolgação do público, o “Rennegados” subiu no palco e detonou o seu hardcore preciso e veloz. Show ideal para bater a cabeça. Depois foi a vez de Jayme Katarro colocar o “Delinquentes” na roda. Banda tradicionalíssima do rock paraense, já vi tocarem incontáveis vezes e em nenhuma delas fui decepcionado. O seu punk hardcore tem poder, alguns hits e público cativo. Ótima apresentação.
A noite já chegava ao fim e o “Suzana Flag” se preparava para entrar no palco, recheando de expectativas o público. Afinal a banda voltou faz pouco tempo a ativa, depois de acabar seu segundo disco e todos meio que estavam sedentos de shows deles. Mas o que se viu, meio que decepcionou. Mais uma vez os problemas técnicos de som se agigantaram. A guitarra do Joel estava tão alta que atravessou a voz da Susanne em diversos momentos.
A Susanne por sua vez estava bastante rouca e se esforçou ao máximo para acompanhar a banda (esforço até comovente em certos momentos). A banda também optou em tocar mais canções do disco novo e feitas depois do “Fanzine”. Mesmo assim, cantou-se junto as novas “Souvenir” e “3D”, as intermediárias “Boas Novas” e “Sem Você” e o quase hino “Contraposto” que botou todo mundo para dançar no fim. Poderia ter sido melhor.
Final do show. O cansaço acumulado me impediu de ver a última apresentação do festival, a banda Telaviv ou passar na boate para ver os Djs convidados em ação. No final das contas a 3ª edição do Festival está de parabéns, apesar dos problemas técnicos vistos no domingo, houve muito mais acertos que erros, melhorando bem em relação ao último ano. Agora é descansar e que venha 2009, com uma 4ª edição melhor ainda. No mais, ficam os aplausos para a Se Rasgum e os músicos, além de alguns ótimos shows guardados na memória.

domingo, 21 de setembro de 2008

"III Festival Se Rasgum" - 20.09.2008 - 2º Dia

Sabadão. Segundo dia de festival pela frente. Energias renovadas (ou a maior parte delas) e ânimo em cima. Canequinha para a cerveja na mão e vamos nessa. Cheguei um pouco tarde e perdi a apresentação do “Destruidores de Tóquio” (DDT). Que pena. Queria bem ver os caras em ação novamente. O público vai chegando e entro no comecinho da apresentação dos “Filhos de Empregada”.
Não tem jeito. Por mais que tente não consigo ver algo de bom no som dos meninos. Saio sempre com impressão de que falta um caminho, um direcionamento para o seu som. Depois foi a vez do Zueira de Fumanchú tocar no palco secundário. Bom show. A mistura que envolve forró, regionalismo, reggae, pop e rock funciona bem na maioria das vezes. Agradou.
Depois foi a vez dos cariocas “Do Amor” subirem ao palco principal. Bastante cultuados no cenário alternativo de hoje, pela qualidade (comprovada) dos músicos, eles fizeram um show divertido, alegre e bastante homogêneo. Em seguida os recifenses do “River Raid” arremesaram seu rock de três guitarras em uma platéia que respondeu muito bem a isso. Show bastante conciso, apesar de não ser nada acima da média.
O “Manacá”, banda carioca, veio a seguir e subiu no palco principal. Apesar da proposta interessante de misturar mpb com pop e rock, como também do show bem tocado e da boa presença da vocalista Letícia Persilles, o grupo não comoveu muito. Talvez no outro palco funcionasse melhor. Ou não. Saio um pouco mais cedo, passo pelo laboratório (outra ótima criação do pessoal da produção) e me dirigo para ver o “Ataque Fantasma”.
Elder Effe já tem o nome marcado na recente história do rock paraense devido a sua presença no Suzana Flag, além dos seus outros projetos. Sua banda tinha tudo para fazer um ótimo show, mas contou com problemas técnicos (ficou sem a outra guitarra por algumas músicas). Mesmo assim tocou bem e fez o público cantar junto canções como a bela “Central” e pequenos hits como “120” e “Detetive”.
Em seguida seria a vez dos suecos do “Shout Out Louds” no palco principal. O indie pop com fortes influências de The Cure fez todo mundo se balançar. Lugar garantido entre os melhores shows do festival. Adam Olenius tocou hits de sua banda como “Tonight I Have To Leave It”, “You Are Dreaming” e fez todo mundo dançar com “Shut Your Eyes”. Apresentação muito bacana mesmo. .
Depois, direto do inferninho viria o melhor show da noite. O catarinense radicado em Alagoas, “Wado” (foto), fez todo mundo se balançar e cantar junto. E ainda ganhou de lambuja da produção a chance de tocar mais duas músicas. Sorte do público. Com músicas como “Tarja Preta”, “Beijou Você”, “Fortalece Aí”, “Melhor” e “Teta” (fora as inúmeras outras que ficaram de fora) é meio dificil fazer uam apresentação ruim. Show para guardar na memória.
Colado ao último show, o paulista Luciano Nakata, mais conhecido como “Curumin” subiu para mostrar toda a sua mistura envolvida em ótimas canções. Responsável por um dos melhores discos do ano até agora (“Japan Pop Show”), o multi instrumentista mandou muito bem na frente da sua bateria e o público respondeu bem a músicas como “Compacto” (que foi bastante pedida para minha surpresa). Bom show.
Em seguida viria o projeto “Metaleiras da Amazônia” que infelizmente não assisti, pois o cansaço já tomava conta. Preferi me guardar para o “Autoramas”, no entanto ouvi bons comentários de quem presenciou a parada. Logo depois, Gabriel Thomaz subia no palco principal para encerrar a segunda noite do festival. O “Autoramas” quando toca em Bélem joga praticamente em casa, já fez apresentações excelentes por aqui.
A banda tem um bom público na cidade e este aguardava ansioso pelo show. Apesar de ter um pouco menos gente do que no dia anterior, o que se viu foi uma senhora farra enquanto a banda arremesava seus hits para o alto. Mais um ótimo show do festival. Antes do final, mais bebâdo e cansado que no dia anterior, pega-se o rumo de casa, pois o domingo ainda trará mais coisa pela frente.

sábado, 20 de setembro de 2008

"III Festival Se Rasgum" - 19.09.2008 - 1º Dia

Sexta feira. 19 de setembro de 2008, por volta de 21hs. Belém, Pará, Brasil. Começava o III Festival Se Rasgum, prometendo ser o melhor dos três, com novas propostas e uma escalação de bandas que deixava no ar muita expectativa. Logo quando entrei na estrutura do African Bar e o Natanael detonava os primeiros riffs com seu “Velocípedes”, deu para perceber um ambiente mais organizado, com uma feirinha mais cheia. Bons indícios.
Abrindo o festival o pequeno grande Natanael detonava suas canções para um público que ia aparecendo. Show correto. Depois foi a vez do “Vinil Laranja” subir no palco secundário (o assim chamado “inferninho”) para tocar sua proposta de rock. Sinceramente não gosto muito do som deles (cantar em inglês não para todo mundo), apesar da banda ter um pucnh razoável ao vivo.
Em seguida foi a vez do desconhecido “Mini Box Lunar” do Amapá. Grata surpresa. Nada demais, mas além de uma boa perfomance de palco, divertida e pra cima, a banda tem uma sonoridade bem bacana, apoiada nos anos 60, Rita Lee e Mutantes. Divertiu bem. Em seguida os cearenses do “O Garfo” explodiram o ar com uma guitarra com riffs certeiros e uma cozinha para lá de concisa, guiando o rock instrumental que os caras fazem.
Passando um pouquinho das 23hs, o grupo de hip hop “SequestrodamentE” assumia seu lugar. Boas rimas, quatro vocalistas se revezando, o grupo agradou quem viu atentamente seu show. Depois foi a vez daquele que na minha opinião foi o melhor do dia. Os gáuchos do “Tom Bloch” fizeram um show perfeito (apesar de curto), baseado no seu último disco. Além do Pedro Veríssimo (foto) e do Iuri Freiberger, eles vieram acompanhados de dois excelentes músicos na guitarra e baixo.
Em alguns momentos como em “A Dúvida”, o Pedro Veríssimo se mostrava meio surpreso com o público cantando junto. Em bate papo depois com o Iuri ele mesmo confirmou essa impressão. Showzaço. Em seguida no palco principal, o “DJ Maluquinho” ídolo do tecno brega local deu as cartas e empolgou geral. O ritmo paraense com a proposta “Mamonas Assassinas” na vestimenta, promoveu inúmeros sorrisos e divertiu o público. Uma aposta arriscada da produção que deu certo.
Em seguida mais um show foda do festival. Os cearenses do “Montage” detonaram tudo. Esqueça a música dos caras (que não é lá muito bacana), ela é apenas um pequeno ponto da apresentação, o que vale mesmo é presença de palco. Muito foda (desculpe mais um palavrão). Daniel Peixoto e Leco Jucá fizeram o inferninho parecer realmente um pequeno pedaço despreendido do reino do anjo caído dos céus.
Em seguida vinha o “Canastra”, uma das bandas mais esperadas do festival. Os cariocas fizeram tudo que se esperava deles e destilaram um repertório com hits underground que muitos cantaram juntos. Só não foi perfeito porque acho que o seu som não funciona em lugares tão abertos quanto o palco principal, ficaria melhor no outro. Depois chegaria outro ótimo show. Lá vinha o "Laurentino Style".
Mestre Laurentino é uma figura ímpar. Acompanhado de músicos como Calibre e Léo Chermont (completamente ensandencidos) promoveu uma jam simplesmente impagável. A fusão de ritmos no rock mais cru, empolgou muito e cravou um lugar nos melhores da edição. Quando a apresentação chegava ao fim, depois de muitas cerpas devidamente consumidas na canequinha charmosa e bacanuda que estava a venda pela Libra Design no local, fui me dirigindo para a aguardada apresentação da já lendária "Plebe Rude".
A Plebe subiu ao palco com o Clemente dos Inocentes em uma guitarra, acompanhando Philippe Seabra, André X e o baterista Txotxa e fizeram emocionar. Apesar de muitos dos presentes não conheçar em grande parte o seu repertório, aqueles que conheciam estavam reconhecidamente satisfeitos enquanto cantavam hinos punks oitentistas como “Brasília”, “Proteção” e “Sexo e Karatê”. Ótimo show.
Enquanto o relógio apontava mais de quatro da manhã e a Plebe começava a encaixar o hino-mor “Até Quando Esperar” para encerrar o seu show, me dirigia cansado, um pouco bebâdo e plenamente satisfeito para casa. Para descansar e esperar o próximo dia, que se for igual ao de hoje valerá tão a pena quanto.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

"Control" - 2007

E eis que depois de um longo e tenebroso inverno (ou verão no nosso caso), o filme “Control” chega para ser exibido na cidade. Ainda que no circuito alternativo, mas tudo bem. O longa versa sobre um dos mitos da história do rock, o inglês Ian Curtis que aos 23 anos se suicidou e encerrou prematuramente a carreira de uma banda relevante até hoje, o Joy Division. A trama é baseada no livro da sua esposa Deborah Curtis e dirigido pelo fotografo Anton Corbijn, que optou por fazer tudo em preto e branco, o que resultou em cenas belíssimas. A fotografia do filme por si só já vale tudo. Daria para extrair postêrs e mais postêrs para colocar em papéis de parede. A trilha sonora é outro grande destaque com músicas de Bowie, Lou Reed e claro do Joy Division. No papel principal o ator Sam Riley convence muito bem como Curtis. Aliás, todo o elenco tem um trabalho consistente com destaques maiores para Craig Parkinson no papel de Tony Wilson e Toby Kebbell como o empresário Rob Gretton. No decorrer da filmagem, acompanhamos Ian Curtis desde meados de 1973, até o seu suicídio em 18 de maio de 1980. As cenas em que a banda se apresenta são primorosas. A maneira como o diretor consegue encaixar as canções nas situações apresentadas no filme, também merece aplausos. O encaixe de canções como “Transmission”, “Isolation” ou o clássico “Love Will Tear Us Apart” fazem perder um pouco o fôlego e emocionam. Com várias pitadas de humor negro registra-se um balanço para as paranóias de Ian. “Control” poderia ser mais filme do que é. Outro enfoque da vida do artista como a sua falta de enquadramento e constantes dúvidas existenciais poderiam tomar mais espaço ao invés das suas relações amorosas. No entanto, isso em nada diminui “Control”, um filme muito bonito e bem feito, que merece ser visto e posteriormente adquirido para deixar na estante da sala.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

"Chapter 9" - Ed Motta - 2008

O carioca Ed Motta já fez de tudo nos seus discos. São 20 anos de carreira embalados pelas mais diversas faces. Passou com extrema habilidade pelo soul e funk, experimentou muito com o jazz e suas facetas, foi pop e fez dançar com seus manuais práticos que continham hits de mão cheia, além de flertar com diversos outros estilos. Em 2008, Ed chega ao seu nono trabalho de inéditas e consuma um namoro que já vinha se espalhando por toda sua carreira.
“Chapter 9” sai pela gravadora Trama com download gratuito para todas as faixas. E nesse novo disco o artista finalmente canta somente em inglês, namoro antigo e sempre presente na sua carreira, vista sua imensa gama de influências. Mais uma vez o cara toca tudo extremamente bem e ainda manda na produção e nos arranjos. As letras em sua maioria são do inglês Rob Gallagher e a primeira faixa é em parceria com Cláudio Botelho.
“Chapter 9” contêm dez canções que rondam vários estilos, alguns não tão explorados anteriormente como o rock e outros já habituais como o soul, sempre com a inegável maestria. Sem dúvida um dos grandes trabalhos do ano e um dos melhores da carreira do músico. Simplesmente não dá para deixar de voltar para tocar novamente. Apesar das facetas já conhecidas, “Chapter 9” acrescenta muita coisa “nova” na concepção musical de Ed Motta.
“The Man from the Oldest Building” abre com extrema dose de psicodelia e lisergia, “You Supposed To Be” é totalmente oitentista, carregada de teclados, “Twisted Blue” é um soul um pouco mais habitual, “The Runaways” soa vigorasamente pop, daquelas para sair cantando e “Saint Christopher´s Last Sand” é um flerte aberto com os anos 60, com bons toques ao começo dos 80.
“Tommy Boy´s Big Mistake” é a melhor faixa do album, um rock n´ roll setentista que poderia ter saído de qualquer disco do Led Zeppelin, dando a curiosidade de um disco do artista só com rock. Muito boa. Para completar, ainda temos o reggae psicodélico de “The Sky Is Falling”, o soul encontrando o jazz em “The Carataker” e a dobradinha “Georgie And The Dragons”/ “Ikarus On The Stairs” para encerrar.
Em “Chapter 9”, Ed Motta continua cantando de maneira extraordinária, usando e abusando de um repertório estiloso e inspirado. Um disco para escutar constantemente e aumentar o som no último volume quando “Tommy Boy´s Big Mistake” invadir o som com suas guitarras e gritos.
Baixe o disco em: http://albumvirtual.trama.uol.com.br

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

"Show de Bola" - 2008

Andando pelo shopping essa semana, entrei no cinema para encarar o filme “Show de Bola” no comecinho da noite. Entrei na sala não esperando muita coisa, sabe como é né? Tema batido, direção de um estrangeiro dando seu famoso “ponto de vista” sobre as coisas, etc e tal. Mas como as outras opções não eram tão atrativas, encarei essa uma hora e quarenta minutos que a produção passa pela tela.
A verdade é que as suspeitas iniciais se confirmaram. Tirando um ou outro bom momento “Show de Bola” passa longe de valer a gíria que sustenta seu nome. O diretor alemão Alexander Pickl carrega nos estereótipos e apresenta alguns problemas técnicos de execução. O elenco em sua grande parte, além de ser mal dirigido não tem uma trama assim tão exemplar para se apoiar.
Nessa trama, estamos no Rio de Janeiro e somos apresentados a Tiago (o ator Thiago Martins em bom trabalho), um moleque da favela que vê seu pai ser morto e enquanto cresce, alimenta o sonho de ser jogador de futebol e brilhar no seu time de coração, o Fluminense. Tiago é bom de bola e vê nela como tantos outros, a chance para escapar da miséria e de um meio que leva seus amigos para o tráfico sem ter mais volta.
Mas o processo para brilhar nos campos não é nada simples ou fácil. Enquanto batalha para isso é preciso cuidar da sua mãe doente, lidar com seu irmão Marcos (o ótimo Gabriel Mattar) que faz as vezes de pai, lhe cobrando o desempenho escolar, por exemplo, como também ver seu melhor amigo Sabiá (Luís Otávio Fernandes) ir literalmente ladeira abaixo.
Para conseguir seu sonho, Tiago conta com a ajuda do traficante da favela, Tubarão (um Lui Mendes em desempenho abaixo do que é capaz) que ao mesmo tempo que parece ser sua redenção, acaba por deixar sua vida ainda mais dificil. A encruzilhada se apresenta e Tiago precisa saber o que fazer. “Show de Bola” não convence em momento algum. Nem na trilha sonora. Tudo parece copiado demais, forçado demais e com bons ingredientes de menos.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

III Festival Se Rasgum - 18,19 e 20 de Setembro

"Salve, salve minha gente amiga..."

No próximo final de semana de setembro (18,19 e 20) acontece em Belém/PA, o III Festival Se Rasgum. Apostando em novas ideias e um formato mais amplo, além de contar com o sucesso das duas primeiras edições, o evento de 2008 tem tudo para ser inesquecivel.
Se liga na programação:
Dia 19 - Sexta
Plebe Rude (DF)
Laurentino Style (PA)
Montage (CE)
SequestrodamentE (PA)
O Garfo (CE)
Dia 20 - Sábado
Autoramas (RJ)
Metaleiras da Amazônia (PA)
Curumin (SP)
Wado (AL)
Manacá (RJ)
Do Amor (RJ)
Dia 20 - Domingo
Soatá (DF)
Telaviv (PA)
Paulo Luamin (PA)
Pianuts (PA)
Mais Informações em:
http://www.serasgum.com.br
Se liga, não dá para perder.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

"Famíla Soprano" - Sexta Temporada

Há todo um mercado envolvendo as séries televisivas nos últimos anos. Dentre todas poucas são realmente exepcionais, apesar de existirem muitas séries boas. No rol dessas exepcionais, “Familia Soprano” merece um lugar de destaque. Elaborada pelo HBO em 1999, percorreu seis temporadas que cativaram fãs e mais fãs, chegando ao fim no ano passado. Todas as temporadas estão disponiveis no Brasil.
Durante o decorrer dos anos, “Familia Soprano” abocanhou vários prêmios Emmy como o de melhor série dramátiva, melhor ator (James Gandolfini), melhor atriz (Edie Falco) e melhor ator coadjuvante (Michael Imperioli). Na sexta e última temporada da série, todos os temas explorados se encontram em um ápice marcado por episódios como “Members Only”, “Soprano Home Movies”, “The Blue Comet” e “Made In America” que encerra tudo.
Um dos maiores méritos da trama sempre foi não se apoiar somente nas influências de “O Poderoso Chefão” vinculados diretamente ao universo da máfia italiana explorada na tela, como também escavar os relacionamentos amorosos, familiares além das dores, perdas e alegrias dos personagens envolvidos dentro do processo. Na sexta temporada, a tão anunciada guerra entre Anthony Soprano (Gandolfini) e Nova York finalmente eclode com efeitos até certo ponto surpreendentes.
Enquanto a guerra explode, as tramas paralelas dos demais personagens continuam na sua ciranda entre salvação e pecado, adequação e intranquilidade. No capitulo final, quando a música “Don´t Stop” da banda Journey invade o som, o produtor David Chase brinca um pouco com o fato da série parar e deixa ao telespectador uma sensação que já se embarga de saudade.
“Familia Soprano” é daquelas séries para se ter completa na estante da casa.
Site Oficial:
http://www.hbo.com/sopranos

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

"Os Leões de Bagdá" - Brian K. Vaughan & Niko Henrichon

Em abril de 2003, os USA bombardeavam ferozmente a cidade de Bagdá, capital do Iraque. A guerra entre os dois países que nunca foi devidamente justificada pelos americanos, arrasou a cidade iraquiana promovendo inúmeras mortes e causando muita destruição. Naquele abril, o zoológico da cidade também foi atacado e centenas de animais saíram no meio do caos, entre eles estavam quatro leões.
É a partir dessa história verídica que Brian K. Vaughan (do excelente “Ex-Machina”) e Niko Henrichon criaram a graphic novel “Os Leões de Bagdá”, que originalmente foi lançada em 2006 com o título “Pride Of Baghdad”. Vaughan premiado por suas obras anteriores sempre gostou de adicionar cunhos politicos aos enredos e não é diferente neste trabalho. Sua narrativa aliada a arte magnifica de Henrichon, produzem uma obra de alto valor.
Na sua trama, Vaughan cria uma identidade para cada um dos qautro leões, que ao falarem e interagirem entre si e com os outros animais, determinam uma parábola que choca e emociona ao mesmo tempo, repleta de momentos trágicos e de uma realidade que destroçou tantas vidas e familias. Na sua narrativa o conceito de liberdade é mostrado tanto pelo lado de quem acha que a está dando, como pelo lado de quem a está recebendo.
A arte de Henrichon é outro ponto para se destacar, limpa e utilizando muito bem as cores, retrata de maneira bastante real o cenário e Bagdá nesses dias e o céu que a cobria. “Os Leões de Bagdá” é uma graphic novel que já nasce clássica, funcionando como um prisma inusitado de uma guerra brutal, sem muita lógica, promovida por toques de caixa e interesse pessoal dos senhores do Tio Sam. Totalmente recomendável.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

“Hellboy II – O Exército Dourado” - 2008

Quando há alguns anos Guillermo Del Toro levava a história de Hellboy, a criação exepcional que Mike Mignola tinha concebido nos quadrinhos para a grande tela, fiquei um pouco com o pé atrás. No entanto o diretor fez um bom primeiro filme, que abriu o caminho para a continuação “Hellboy II – O Exército Dourado”, que mantêm o bom nivel, apesar de alguns pequenos deslizes.
No novo trabalho, o diretor continua contando com o apoio de seu criador Mike Mignola, levando o filho do inferno a aventuras muito mais repletas de seres mágicos e lendas muito antigas. O elenco principal se manteve, Ron Perlman continua mandando muito bem na pele do vermelhão, Selma Blair continua sendo Liz, dessa vez com muito mais brilho e Doug Jones interpreta novamente o aquático Abe Sapien. A manutenção do elenco é um dos pontos fortes do filme.
Na trama, o anti héroi se vê em algumas encruzilhadas entre uma cerveja e outra. Primeiro precisa lidar com seus aparecimentos mais frequentes aos olhos do público e sua posterior reação a isso, também precisa se preoucupar com sua vida a dois com Liz, além de ser arremessado no meio de uma guerra secular que pode levar a raça humana a destruição, precisando escolher o lado em que realmente está.
Hellboy é um personagem cheio de dualidades e esse novo filme retrata bem isso. Enquanto um principe antigo vem acabar com um trato antiquissimo entre os seres mágicos e a humanidade, correndo atrás da coroa que reativará o indestrutível exercito dourado, o garoto vermelho se vê como um monstro (que o é) e precisa pensar seriamente se vai seguir o seu anunciado destino ou escolher algo mais nobre.
Carregado de ótimos efeitos especiais e com momentos memoráveis, como Hellboy e Abe entoando “Can´t Smile With You”, baladaça de Barry Manilow, enquanto entornam cervejas e mais cervejas buscando a solução para os seus problemas amorosos. Simplesmente fantástico. Guillermo Del Toro consegue de novo, deixando os fãs contentes (pelo menos a maioria) e continuando a saga do vermelhão na grande tela. Diversão mais que garantida.