segunda-feira, 30 de junho de 2008

"Saturday Nights & Sunday Mornings" - Counting Crows - 2008

Ao contrário de muita gente, sempre gostei da banda americana Counting Crows, apesar de achar o vocalista Adam Duritz meio mala. Mesmo mala, Adam tem um vocal forte que cativa pela emoção que quase sempre apresenta. A banda nunca foi de lançar discos muito concisos, mas sempre cunhou boas canções (vai dizer que nunca cantou “Mr. Jones” por aí?) e teve belas influências para originar sua música.
Além da já citada “Mr. Jones”, canções como “A Long December”, “Omaha”, “Colorblind” e “Accidentally In Love” são de qualidade comprovada. Mas faltava um disco todo bom, do inicio ao fim. Em 2008 com “Saturday Nights & Sunday Mornings”, quinto disco de inéditas da carreira, o Counting Crows enfim consegue realizar essa façanha, com um bonito e competente trabalho.
Elaborado de maneira conceitual, o álbum traz duas partes distintas. A primeira revela guitarras e canções mais agitadas para serem escutadas nas noites de sábado, a segunda, mais calma e acústica é pretensa para as manhãs de domingo. As duas convencem bem (apesar de na minha opinião, a primeira prevalecer um pouquinho mais) e trazem novamente Adam Duritz e seus comparsas para o cenário.
A primeira parte tem como destaques a forte “1492”, passando pelas setentistas “Hanging Tree” e “Los Angeles” ou pela bonita “Sundays”, com os versos finais “...I don´t believe in anything...” se sobrepondo e emocionando. Na segunda, temos “Washington Square”, que lembra o Led Zeppelin do disco III, a bela “When I Dream Of Michelangelo”, a intensa “Anyone But You” e o fechamento com “Come Around” que é uma junção dos dois lados e uma das melhores faixas do trabalho.
“Saturday Nights & Sunday Mornings” é o tipo de disco para se escutar sem maiores compromissos e sem esperar nada demais. Apenas deixe tocar e depois coloque na estante entre os discos do Live e do Wallflowers.
Site oficial:
http://www.countingcrows.com

sábado, 28 de junho de 2008

"Justiça" - Alex Ross e Jim Krueger

Mês passado chegou por aqui (sempre com certo atraso) o fim da maxissérie “Justiça” de Jim Kreuger e Alex Ross, lançada originalmente em 2005 e trazida para nós pela Panini a partir do ano passado. Para os fãs de quadrinhos, essa série em 12 edições deve ser guardada com todo o zelo e cuidado, trancada a sete chaves, bem longe dos filhos e sobrinhos.
Alex Ross (responsável por obras como “Marvels” e “Reino do Amanhã”) tem fãs e detratores espalhados no mundo todo e a grande parte das discussões residem no seu trabalho que sempre remete a chamada “Era de Prata”, olhando os heróis de maneira mais clássica e mítica. Para este que aqui escreve, esse diferencial é seu ponto chave. É praticamente impossível ficar imune a beleza do seu traço.
“Justiça” é uma homenagem a clássica série “Superamigos”, aquela que passava nos anos 80 e traz os maiores heróis da terra contra a famigerada Legião do Mal, comandada por Lex Luthor. Por se passar totalmente fora da cronologia da DC, a série traz pontos bacanas como o falecido Barry Allen, ainda empunhando o manto do Flash, entre outros pontos.
Na trama da historia, vemos uma Legião do Mal que de repente passa a fazer o bem para todos e enche de critica os heróis, colocando boa parte da população contra eles, enquanto diferem ataques individualizados contra cada um. A realidade da arte de Ross é impressionante, como por exemplo, nas feridas da Mulher Maravilha que vão se agravando no decorrer das edições.
“Justiça” já nasceu imprescindível. Mais uma belo trabalho de Ross (e também de Krueger) que será relançado de tempos em tempos para novas gerações.
Site Oficial do Ross: http://www.alexrossart.com
Site Oficial do Krueger: http://www.jimkrueger.com

quinta-feira, 26 de junho de 2008

"Here We Stand" - The Fratellis - 2008

Os escoceses do The Fratellis estão de volta. Depois da aclamada estréia com “Costello Music” em 2006 e de grandes músicas como “Wistle For The Choir” e “Chelsea Dagger”, Jon (vocal e guitarra), Barry (baixo) e Mince (bateria) chegam para o segundo disco. “Here We Stand” foi lançado na gringa dia 10 desse mês e mostra uma banda caminhando bem e rumo a maiores vôos.
Quando começou toda a história do hype em cima do primeiro disco deles, confesso que não achei lá muita coisa. Tinha ótimas faixas como as duas já citadas acima, mas parecia que se perdia em vários momentos em que optava passear na mesma seara de outras tantas bandas atuais. Quando “My Friend John”, abre o novo trabalho (com um excelente riff de guitarra, diga-se de passagem), parecia que a história ia se repetir.
Mas a partir da segunda faixa “A Heady Tale”, as coisas começam a mudar de figura. O teclado que introduz a música e a conduz pelos primeiros 30 segundos, remete aos Rolling Stones safra anos 70 e embarca em grande melodia. “Shameless” por sua vez volta seus olhos para o rock de Manchester do final dos 80 e começo dos 90. “Look Out Sunshine!” vem mais suave, com violões e ritmo saído diretamente de algum lugar dos anos 60.
E não para aí. “Stragglers Moon”, “Jesus Stole My Baby”, “Babydool” e “Acid Jazz Singer” saem misturando anos 60, rock inglês do final dos 80 e folk, com algumas leves pitadas de country, acertando a mão em todas elas. Momentos maiores para “Mistress Mabel”, uma das melhores músicas que escutei no ano, um hitzaço para ninguém botar defeito e “Milk And Money” que lembra Elton John e Morrisey durante seu andamento.
Os Fratellis acertam seu rumo, saindo mais da linha de frente de tantas bandas iguais e mesmo sem proporcionar grandes novidades na sua música, lançam um ótimo disco que conta com poucos deslizes e que se não é a última novidade do mundo, traz boas canções resultantes de influências bacanas. Vale bem a pena.
Site Oficial: http://www.thefratellis.com
My Space: http://www.myspace.com/littlebabyfratelli

terça-feira, 24 de junho de 2008

"A Torre Negra Vol. VI - Canção de Susannah" - Stephen King

E a jornada de Roland de Gilead, filho de Steven rumo a Torre Negra vai se encaminhando para o fim. No sexto volume da saga de Stephen King, “A Torre Negra Vol. IV - Canção de Susannah”, o autor se entrega de vez a sua obra, parecendo que nada mais lhe importa na vida. Percebemos neste volume o quanto essa história é importante para quem escreve. Bem legal isso.
Depois de se livrar dos lobos no volume anterior, Roland e seu ka-tet precisam defender a Torre que se encontra em forma de rosa no mundo atual e ir atrás de Susannah, que atravessa uma porta mágica e some controlada por Mia para ter o filho que carrega no ventre e que todos guardam grande receio e desconfiança do que isso poderá acarretar aos fatos.
A turma então se divide, Roland e Eddie caem no Maine atrás de convencer Calvin Tower a lhes vender o terreno baldio onde está a rosa, conforme prometido no volume anterior. Em meio a muita briga e tiros, o autor se insere de vez na própria história, transformando-se em um personagem importante para o desfecho da trama e arregimentando novas reviravoltas no caminho.
O padre Callahan, Jake e Oi desembarcam em Nova York em outro quando, a fim de encontrar Susannah, como também recuperar a bola mágica denominada Treze Preto, que a pistoleira levou consigo. Enquanto Susannah briga com Mia para ganhar tempo, descobre toda a verdade sobre o seu filho, uma verdade que arrebentará com bastante coisa que vem a seguir.
No penúltimo volume da sua epopéia, Stephen King mantêm o nível dos dois anteriores e consegue uma proeza que eu mesmo desconfiava, que é aumentar o grau de tensão e envolvimento do leitor para com essa obra de fantasia espetacular. A saga está chegando ao fim. Que venha o volume final.
Sobre os volumes I, II, III, IV e V, siga os links.
Site Oficial: http://www.torrenegra.com.br

domingo, 22 de junho de 2008

"Lay It Down" - Al Green - 2008

Alguns meses atrás coloquei aqui uma resenha sobre “Let´s Stay Together”, disco de 1972 do grande Al Green na seção de discografia básica. E eis que o reverendo lança disco novo esse ano remetendo a essa fase da sua carreira. “Lay It Down” é classe pura, do inicio ao fim esbanja o poder de fazer canções parecerem um pouco mais do que são, de ganharem uma alma que transborda em seus arranjos.
Lançado pela lendária Blue Note, “Lay It Down” tem o baterista do The Roots, Ahmir Thompson como produtor, o que serve para dar alguns leves e pequenos toques de modernidade ao trabalho, engrandecendo-o ainda mais. Ainda tem as participações especiais de John Legend, Corine Bailey Rae e Anthony Hamilton em algumas canções.
O disco é muito, mas muito bom. Um prato cheio para os fãs de Al Green e para os amantes da boa música. Temos a dobradinha “Just For Me” e “You've Got The Love I Need” (um ótimo dueto com Hamilton), mostrando aquele velho suingue tranquilo que faz todo mundo se balançar um pouquinho. “No One Like You” é uma balada linda, com backing vocals de arrepiar e o reverendo mandando ver todo seu amor no seu vocal.
“Take Your Time” traz Corina Bailey Rae em meio a metais e tecladões, cantando de maneira que beira o sublime no seu dueto. Em “Stay With Me (By The Sea) é a vez John Legend abrilhantar a área, uma bonita canção que dificulta tirar o “la-la-la” da cabeça depois. “I´m Wild About You” e “Standing In The Rain” são mais dançantes, com o baixo comando o ritmo da festa, meio funk, com os metais acompanhando.
Depois de tantos e tantos anos de carreira, um músico ainda conseguir lançar algo realmente bom, que não seja escutado só por devoção e sim pela sua qualidade é coisa rara. Com “Lay It Down” além de conseguir isso, Al Green crava um dos melhores trabalhos da sua carreira. Longa vida ao reverendo.
Site oficial: http://www.algreenmusic.com
Sobre o clássico “Let´s Stay Together”, leia mais aqui.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

"I´m Not There" - 2007

Fica difícil colocar em um texto de maneira resumida o que Bob Dylan representa no contexto da música mundial. Uma espécie de anti herói que sempre casou com o sucesso, colhendo dele inúmeros frutos, mas ao mesmo tempo se escondendo atrás do seu próprio mito. Nos últimos anos tivemos mais informações sobre esse mito vivo, com uma biografia, um livro de crônicas e o brilhante documentário “No Direction Home” do Scorsese.
E há também “I´m Not There” (“Não Estou Lá”) do diretor Todd Haynes, o filme que conta a história de Bob Dylan sobre seis ângulos diferentes, interpretado por seis diferentes atores, com versões que ficam pulando entre si, com grandes doses de cores, texturas e lisergia. Já na abertura com “Stuck Inside Of Mobile With the Memphis Blues Again” tocando, a emoção toma a frente.
Emoção essa que vai aumentando em uma escala que fica praticamente impossível de não ser abduzido e levado para dentro da tela. Haynes traça uma biografia não muito convencional, com as fases do artista se sobrepondo e partindo para voltar sem aviso. As seis fases são representadas por Christian Bale, Cate Blanchett (simplesmente magistral, o que já está virando redundância), o falecido Heath Ledger, Marcus Carl Franklin, Ben Whishaw e um surpreendente Richard Gere.
Para quem conhece um pouco a história do músico, a percepção de momentos importantes da sua carreira traz raro prazer. Fatos como a incursão com os Beatles na maconha, o embate do Dylan “cantor de folk e de protesto”, quando resolveu chacoalhar o mundo e eletrificar tudo com a sempre pomposa crítica e seus fãs, os depoimentos de Juliane Moore, sob pseudônimo, mas que na verdade é a cantora Joan Baez.
Quem não tem tanto conhecimento assim sobre esses dados, apesar de ter menos prazer, saboreará ainda assim um excelente prato (e com certeza se obrigará a procurar mais dados). Com uma trilha sonora repleta de grandes canções, “I´m Not There” é daqueles filmes que já nascem com a alcunha de clássico. Um mergulho de cabeça e coração na história de um dos maiores nomes da cultura mundial, fundamental e relevante até hoje.
O diretor Todd Haynes merece os parabéns. Filmaço!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

"Groovin´" - The Young Rascals - 1967

Não conhecia o The Young Rascals até me deparar com a faixa Groovin´ em uma coletânea de bandas dos anos 60, mais ou menos uns três anos atrás. A faixa me arrebatou de tal maneira que me vi obrigado a ir atrás de mais informações da banda, que ficou como uma pequena jóia rara no meio da minha coleção de arquivos digitais.
Ano passado no livro “1001 discos...”, lá estava o disco que contêm a música citada. Esta pequena jóia poderia ser admirada por outras pessoas e quando vi seu registro no livro, fiquei um bocado alegre. Coisas da música. O disco em questão se chama “Groovin´” e foi lançado em 1967, sendo o ponto alto da carreira de uma banda que primou sempre pela irregularidade na carreira e ótimos singles.
Misturando R&B e soul com o pop e o rock, o quarteto americano cunhou onze faixas de grande beleza. “A Girl Like You”, a responsável por abrir o trabalho poderia ter muito bem ser dos Beach Boys, uma canção que mexe com metais, teclados e aquele sabor pop magistral. “Find Somebody” que vem depois, chega repleta de tons psicodélicos, em uma lisergia a lá Byrds.
“I´m So Happy Now” abre com os metais em primeiro plano, para dar continuidade com violões e uma letra otimista e pra cima. “Sueño” é outra viagem, com abertura flamenca, cheia de palmas, invade com um vocal mais limpo e destacado. “How Can I Be Sure” brinca com o soul em uma linda balada que seria regravada várias e várias vezes nos anos seguintes.
Depois temos a infindável beleza da faixa título. Daria para escrever alguns parágrafos sobre essa canção. Os pássaros cantando na entrada, os backing vocals, o ritmo tranqüilo, o clima de uma manhã de domingo pairando no ar e invadindo a alma. “If You Knew” passeia entre os anos 50 e toques de gospel. “I Don´t Love You Anymore” tem aquele clima de baile, que dá logo para imaginar um casal dançando no meio da pista.
“You Better Run” é um rock mais nervoso, flerta com o blues, consistindo em uma das melhores canções do trabalho, com suas guitarras, teclados e o vocal forte. “A Place In The Sun”, tem quase 5 minutos, a maior faixa do disco, é um soul maravilhoso, uma balada poderosa. “It´s Love” vem namorando com o jazz e vai se transformando em arranjos que vão se alterando e voltando ao ponto inicial.
Eddie Brigati (vocais), Felix Cavaliere (Teclados e vocal), Gene Cornish (Guitarra) e Dino Danelli (Bateria) apesar da já citada irregularidade na sua carreira, criaram em 1967, uma pequena obra prima, que mais de 40 anos depois ainda esbanja vitalidade e transcende beleza por todos os lados.
Para o disco, siga o link.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

"O Incrível Hulk" - 2008

Fui assistir “O Incrível Hulk”, a nova empreitada do Golias Esmeralda nos cinemas e enquanto estou escrevendo aqui, ainda não sei se gostei ou não. Este novo filme recomeça um monte de coisas que apareceram na direção de Ang Lee em 2003, ao mesmo tempo em que conserva alguns pontos para o diretor de 2008, Louis Leterrier dê sequência.
O filme de Ang Lee era totalmente mais voltado para o lado artístico e psicológico do personagem, de maneira totalmente independente, enquanto Leterrier trata o personagem da forma “Hollywood”. Um dos erros do filme é justamente pegar referencias demais. Temos o filme anterior, os quadrinhos, a linha da Marvel conhecida aqui como “Millenium”, em que os personagens são recriados, além da clássica e famosa série de TV.
Isso acaba por dar uma certa confusão de referências no enredo, deixando o espectador que conhece todas essas histórias, um pouco decepcionado. No novo filme, Bruce Banner (um bom Edward Norton, anos-luz na frente do fraquíssimo Eric Bana do anterior), vive escondido dos militares no Brasil, mais precisamente na favela da Rocinha, enquanto busca de maneira desesperada se livrar do Hulk.
O General Thaddeus Ross (William Hurt) emprega todos os seus recursos para caçar o verdão e contrata um profissional (Tim Roth) para comandar suas fileiras, enquanto Banner segue fugindo. As cenas de ação apesar de poucas para um personagem como o Hulk, são de altíssimo nível, sendo este o ponto maior do longa. A briga contra o Abominável impressiona.
“O Incrível Hulk” de 2008, patina e desliza em alguns momentos, como por exemplo na escolha de Liv Tyler para ser o amor de Banner, a Dra. Ross, que apesar de linda não tem a menor cara para o papel. E ganha em outros como nas cenas de ação, em Edward Norton e nas junções que o filme faz para o tão esperado filme dos Vingadores que vêm ai, com citações ao Capitão América, Nick Fury, Shield e o aparecimento de Tony Stark (Robert Downey Jr.) em pequena ponta.
Outros destaques no campo de citações, são Stan Lee (só para variar), o ator que fazia o grandão verde na série como segurança de universidade e a criação do Líder, o cientista Samuel Sterns, um dos mais famigerados vilões do Verdão. No ano que o Verdão anda esmagando tudo nos quadrinhos na série “Hulk Contra o Mundo”, bem que era merecido um tratamento melhor nos cinemas.
O Hulk de 2008 é um pouco melhor que o de 2003, mais ainda está longe de ser o filme que o personagem merece, distante de outras produções da Marvel no cinema como “Homem-Aranha”, “X-Men” e “Homem de Ferro”. Filme com cara de sessão da tarde. Nota 6,5 para ele.

sábado, 14 de junho de 2008

"La Canción Inesperada" - Wander Wildner Y Sus Comancheros - 2008

O bardo punk gaúcho Wander Wildner está com disco novo na praça. “La Canción Inesperada” é o titulo do trabalho que soa diferente ao mesmo tempo em que é Wander Wildner de sempre. Como assim? O músico dá uma parada no seu punk brega e envereda por um caminho mais folk em diversos momentos, com uma produção caprichada da dupla Berna Ceppas e Kassin, mas sem perder suas características.
Para abrir a história, temos “Um Bom Motivo” canção mais do que foda da banda Stuart, que já era tocada pelo músico, aqui ganha uma roupagem muito bacana e se transforma em algo maior do que era. “La Canción Inesperada” vem depois repleta de violões, toques de música de bordel, Agnaldo Timotéo e aquele portunhol canhestro de Wander.
Depois tem “Os Pistoleiros”, com um arranjo que remete a Josh Rouse, até ter o ritmo acelerado. Alt Country da melhor qualidade. “Porta Retratos” é outra que aposta nos violões, com uma letra confessional enquanto Wander declama as dores de um amor. Em seguida temos a regravação do clássico “Amigo Punk” da Graforréia Xilarmônica. Impossível ficar ruim.
“Bocomocamaleão” que vem em seguida, tem toques de ritmos calientes e faz a cama para o músico soltar a melhor frase do trabalho e se definir: “Eu sou um pouco Wando/Um pouco Wild”. Perfeito. “Wynona” que vem em seguida é nonsense total, não tem como ficar sem soltar boas gargalhadas e manter o riso no rosto. “Without You”, versão da música do Badfinger, vem como se estivesse sendo entonada em algum lugar sujo na beira da estrada para bêbados de plantão. Muito boa.
“Filme Chinês” tem um tecladão que leva o ritmo como uma canção da fase “Psicoacústica” do Ira!. “O Reverendo Rock Gaúcho” é uma das melhores faixas do álbum, uma homenagem a milhares de bandas alternativas, com o toque todo especial de Wander. “Mares de Cerveja” é outro grande momento. Regravação da banda Barata Oriental é para tocar em último volume. “En Su Corazón”, a única mais brega do disco, é a encarregada de encerrar a sacanagem e pedir a conta.
Em meio a regravações (que em nenhum momento soam oportunistas) e novas músicas, Wander consegue botar um ponto final em uma fase do seu trabalho e abrir caminho para outro igualmente interessante. Wander, como o bom camaleão que é, muda a roupa, mas para nossa satisfação a essência é sempre a mesma. Corra atrás e boa diversão.
Site Oficial: http://www.wanderwildner.com.br

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Lançamento do III Festival Se Rasgum - Dia 14/06 no Açai Biruta/PA

Salve, salve...
No próximo sábado a Se Rasgum lança seu III Festival. Se liga no release:
À brasileira, a Dançum Se Rasgum Produciones faz o lançamento oficial do festival com a banda Eddie (PE) e os projetos Charque Side Of The Moon (PA) e Farra na Casa Alheia (CE)Na contagem regressiva para um dos grandes festivais de música independente do Brasil, a Dançum Se Rasgum Produciones realiza, no sábado 14, o lançamento oficial do Festival Se Rasgum 2008, que acontece em setembro na capital paraense.
A festa, que inaugura um calendário de eventos e seletivas com as bandas paraenses, traz direto de Olinda (PE) a banda Eddie, cria do movimento mangue beat sintetizada nos versos de "Quando a maré encher". Uma noite que apresenta ao público, pela primeira vez,"Charque Side Of The Moon", projeto de Félix e Fabrício, do La Pupuña, para o clássico "The Dark Side Of The Moon". Na essência, Pink Floyd em ritmos paraenses. Os DJs do projeto Farra na Casa Alheia, de Fortaleza, completam e embaralham ainda mais o caldeirão cultural da festa, que acontece no Açaí Biruta.
A partir do lançamento, a Dançum Se Rasgum dá início aos eventos relacionados ao festival, que em seu terceiro ano trabalha com dois diferenciais. De cara, deixa de ser Se Rasgum "no Rock", ampliando o espaço para bandas da cena independente em geral, cujas referências passem também por outros gêneros. Gênero libertário e permeável por excelência, o rock, é claro, se mantém vivo na essência do festival.
E, numa proposta inovadora no cenário dos festivais independentes brasileiros, traz à tona o tema da Pirataria, contextualizando-o através de mesas de debates e palestras. Um espaço para geração de novos pensamentos em direito autoral, com vozes locais e nacionais, na busca de uma reflexão sobre as implicações culturais, econômicas e sociais das diferentes formas de pirataria, sem levantar bandeira.
Serviço: Lançamento do Festival Se Rasgum 2008. Dia 14 de junho, sábado, a partir das 22 horas, no Açaí Biruta. Ingressos antecipados: Ná Figueredo e Sandpiper (Iguatemi) a R$10,00.
Shows de Eddie (PE), Charque Side Of The Moon (PA) e DJs do projeto Farra na Casa Alheia (CE). Realização: Dançum Se Rasgum Produciones.
Não dá para perder meus caros... :))

terça-feira, 10 de junho de 2008

"Dig, Lazarus, Dig!!!" - Nick Cave & The Bad Seeds - 2008

Antes de escutar o novo disco de Nick Cave, estava meio que engasgado com o projeto que o músico tocou no ano anterior, o Grinderman, que apesar das criticas favoráveis de grande parte da crítica, foi um projeto que não conseguiu descer por aqui. A pergunta era: Será que o artista manterá a postura sonora para seu novo trabalho? Ou não?
Quando “Dig, Lazarus, Dig!!!” abre o disco de mesmo nome, todas essas reticências ficam para trás. O riff forte que se repete no decorrer da canção, parando e continuando, enquanto mais guitarras enfezam a performance do músico que alia Lázaro, o personagem bíblico à Nova York dos tempos atuais, percebe-se estar diante de uma das grandes canções de 2008.
No seu 14º disco, o australiano que produziu obras primas como “Henry´s Dream” de 1992, “Murder Ballads” de 1996 e “No More Shall We Part” de 2001, coloca mais uma para brigar lá em cima do pódio. “Dig, Lazarus, Dig!!!” converte em onze canções várias facetas do músico, o lado sombrio junto com o trovador e o contador de história em uma combinação de pop com o mais cru rock n´r roll, poucas vezes visto antes na sua carreira.
São momentos inspiradíssimos como “Today,s Lesson”, “Albert Goes West”, “Jesus Of The Moon”, “Hold On To Yourself” (que remete diretamente para uma canção de 2001 chamada “As I Sat Sadly By Her Side”) e "Midnight Man". A cereja do bolo fica por conta dos mais de sete minutos de “More News From Nowhere”, que fecha o trabalho em grande estilo, com um ótimo backing vocal em resposta no refrão.
O cinqüentão Nick Cave serve mais uma generosa dose do seu talento, sempre ao lado dos competentíssimos comparsas dos “Bad Seeds”. Para usar um clichê, esse australiano parece vinho, quanto mais velho, melhor. Sirva-se a vontade.
Site Oficial: http://www.nickcaveandthebadseeds.com

domingo, 8 de junho de 2008

"À Espera Das Nuvens Carregadas" - Bazar Pamplona - 2008

Era 2006 e um bom amigo que mora no Rio de Janeiro perguntou se eu conhecia o Bazar Pamplona. Quando disse que não, ele mandou escutar logo, pois tinha certeza que eu gostaria. Era o ano do primeiro Ep da banda e realmente era muito bom. No mesmo ano, a banda passou por Belém no I Festival Se Rasgum e fez uma apresentação para lá de divertida e empolgante.
O Ep ficou no “Top Top” do Coisapop naquele ano. Em 2008 chega nas lojas o primeiro disco de Estevão, João, Caldas e Capanema. “À Espera Das Nuvens Carregadas”, traz em grau maior e melhor trabalhado tudo que o registro anterior já demonstrara. Doses e mais doses de pop, diluídas com psicodelia, bom humor, melodias, nonsense, sarcasmo, folk e o bom e velho rock n´roll.
Trazendo regravações de ótimas faixas como “Só Pra Te Ver Um Pouco”, “Céu de Cinema Americano” e “O Rei Não Sabe Brincar”, além de duas pérolas “A Música Que Ninguém Escutou” e “Agora Eu Sou o Vilão” que agora aparecem buriladas e lapidadas. O Bazar ainda adiciona muita coisa nova na mistura. Ao todo, o álbum tem 18 faixas que quase nunca ultrapassam dois ou três minutos de duração.
De faixas novas (e algumas nem tão novas assim), destacam-se a baladinha “Era Dela”, a excelente “Eu Tomo Uma Pepsi e Ela Pensa em Divórcio”, com uma letra impagável, além de “O Idiota” e “Num Dia Cor de Laranja”. Em “À Espera das Nuvens Carregadas”, o Bazar estréia com o pé direito, em um disco que remete a milhões de influências, que continuam se multiplicando cada vez que se ouve mais, formando um caleidoscópio alegre e divertido.
Site Oficial: http://www.bazarpamplona.com.br
My Space:
http://www.myspace.com/bazarpamplona
Trama Virtual:
http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=11330

quinta-feira, 5 de junho de 2008

"Home Before Dark" - Neil Diamond - 2008

No mundo da música, no final de tudo o que vale na verdade são as canções. Elas que ficam. Muita gente já disse isso. De Renato Russo a Robert Plant. De forma humilde, também encaro desse jeito. Embaixo de todas as masterizações, efeitos e guitarras, reside a canção, apenas ela, ancorada a um violão somente e alguém que esteja disposta a cantá-la por algum lugar dessa vida.
“Home Before Dark”, o novo disco do quase setentão Neil Diamond é um exemplo bonito e poderoso disso. O artista que desde os anos 60 emplaca hits, chega ao seu novo trabalho (a exemplo do anterior “12 Songs”) de posse de lindas melodias, letras interessantes, sua voz marcante e alguns violões. Nada mais simples e nem nada mais forte do que isso.
Diamond não precisa de modismos, ele apenas toca suas canções. E que canções meu caro amigo. “If Don´t See You Again”, mesmo com mais de 7 minutos, insiste em ficar voltando no player. “Pretty Amazing Grace” é forte, poderosa. “Another Day (That Time Forgot) é um lindo dueto com a desconhecida Natalie Maines, do grupo Dixie Chicks. “Forgotten” esbanja classe na sua melodia.
E ainda tem muito mais. “Whose hands Are These”, “The Power Of Two” e a faixa que dá nome ao álbum são mais algumas pequenas jóias. Com “Home Before Dark”, Neil Diamond chega pela primeira vez no topo das paradas em mais de 40 anos de carreira. Mais do que justo. Sucesso que merece ser compartilhado com o produtor Rick Rubin e com Mick Campbell e Benmont Tench da banda de Tom Petty, que tocam no disco todo, engrandecendo-o.
“Home Before Dark” é daqueles discos que convencem sem alarde, pois não precisam disso. Convencem pela sua beleza, por suas canções. Um disco para ser apreciado sem pressa e de maneira contínua, para colocar um pouco da sua essência na tua vida. Para perceber-se que no final de tudo, o que vale mesmo são as coisas pequenas, aquelas que passamos a maior parte do tempo sem dar o merecido valor.
Site Oficial: http://www.neildiamond.com

terça-feira, 3 de junho de 2008

"Hey Ma" - James - 2008

Existe um estudo científico que versa sobre a reação do nosso cérebro quando ouvimos determinada música ou artista, que nos remete a algum tempo perdido, nos traz uma sensação de nostalgia. Me vi parte desse estudo quando a voz de Tim Booth começou a invadir o som, guiando a canção “Bubbles” que começa “Hey Ma”, primeiro disco de inéditas dos ingleses do James nos últimos sete anos.
O James foi uma banda que fez parte da minha adolescência com imensa força. Obras primas como “Seven” de 1992 e “Laid” de 1993, tocaram imensamente durante alguns bons anos, servindo de trilha sonora para muitos momentos, que ainda bem na sua grande maioria foram felizes. Retrato musical de uma época realmente maravilhosa. Faixas como “Born Of Frustation”, “Sit Down”, “Say Something”, “Sometimes” ou “Laid” são clássicos pessoais de muita gente da minha geração.
É muito bom ver a banda de volta. Depois de terminar algumas vezes e retornar em outras, “Hey Ma” (sério candidato a melhor capa do ano) é um disco de inéditas que não existia há um bom tempo. E o que é melhor de tudo, a banda está novamente com a formação que gravou os seus melhores discos, com o retorno de Larry Gott na guitarra e Andy Diagram no trompete, além de Booth, Jim Glennie, Soul Davies, Mark Hunter e Dave Bayton-Power.
“Hey Ma” remete diretamente ao bom e velho James do período “90-93”, a começar pela já citada faixa de abertura “Bubbles”, épica ao mesmo tempo em que toca a simplicidade, com Tim Booth parecendo cantar novamente com prazer no rosto. A faixa-título é um petardo político, que detona a guerra do Iraque, versando assim: “hey mãe, os garotos estão voltando para casa em pedaços”.
E dá-lhe ótimas faixas, desde a oitentista “Waterfall”, passando por “Oh My Heart”, “Upside”, o single “Whiteboy” e fechando com a linda balada “I Wanna Go Home”, que discursa sobre estar cansado e querer voltar para casa. Voltar para casa aliás, é o que James faz nesse seu novo trabalho, soando como nos seus melhores momentos e entrando assim tranquilamente no rol dos melhores do ano até agora.
Só nos resta dizer: “Sejam muito bem vindos de volta!”
Site Oficial: http://www.wearejames.com
My Space: http://www.myspace.com/jamesisnotaperson