segunda-feira, 21 de março de 2011

"Reino Animal" - 2010

Um jovem está sentado no sofá assistindo um programa de auditório qualquer. Sua feição é compenetrada, quase não pisca. Ao seu lado uma senhora está jogada como se tivesse capotado no sono. Pouco tempo depois chegam dois paramédicos e o espectador descobre que na verdade, a senhora não está capotada por conta do sono e sim de uma boa quantidade de heroína correndo no corpo. O jovem alterna sua visão entre ela e o programa de tevê.
Os primeiros minutos de “Reino Animal” são de uma intensidade que impressiona. A frieza do jovem que espera a chegada dos paramédicos enquanto sua mãe definha ao lado no sofá e a maneira como ele conduz seus atos posteriormente, impressiona bastante. O filme australiano do diretor David Michôd (disponível em DVD) deixa em toda sua duração uma sensação de incômodo e de mal estar pela naturalidade e frieza embutida nos seus personagens.
A cidade é Melbourne na Austrália e o jovem em questão se chama Joshua “J” Cody (o estreante James Frecheville). Devido ao rumo dos acontecimentos citados acima ele passa a viver com a avó Janine Cody, em interpretação poderosa de Jacki Weaver que a levou a ser indicada ao Oscar desse ano como Atriz Coadjuvante (e que talvez merecesse mais que Melissa Leo de “O Vencedor”). E nessa nova casa, “J” precisa se ambientar com os demais parentes.
A família tem atividades criminosas como ramo de trabalho e está no foco principal de um grupo da polícia totalmente voltado a exterminar os envolvidos da forma que for necessária. Todos os seus tios são meio psicopatas, principalmente Andrew “Pope” Cody (Ben Mendelsohn de “Presságio) e Craig Cody (Sullivan Stapleton). “J” que não chega a ser nenhum santo é engolido pelas ações dessa família e arremessado em um caminho sem muito retorno.
Em “Reino Animal” David Michôd fez um baita filme, onde roteiro (escrito por ele) e direção convergem para um resultado forte, mostrando atos de uma natureza cruel sendo executados como se abre uma garrafa de refrigerante. Nele não há perdão e o único envolvimento humano positivo é do detetive Nathan Leckie (Guy Pearce) em uma missão suicida para salvar o jovem Cody do futuro que lhe apresenta, mesmo sabendo que só os fortes sobrevivem no fim.
P.S: O filme ganhou o prêmio do júri no Festival de Sundance em 2010.

2 comentários:

Anônimo disse...

Fala...tranquilo????

Cara, acompanho seu blog já faz um tempo. E porra, é bem bacana. Críticas imparciais, e o melhor, de filmes, cds, livros, que muitas vezes não sem encontra em sites parecidos. Parabéns, e continue assim. Sucesso.

Adriano Mello Costa disse...

Valeu. :)