segunda-feira, 7 de março de 2011

"Sentimento de Culpa" - 2010

Kate (Catherine Keener) e seu esposo Alex (Oliver Platt) ganham a vida em Nova York revendendo móveis e utensílios antigos que adquirem de famílias cujo algum parente tenha falecido recentemente. Eles adentram os apartamentos e casas dessas pessoas para analisar o que pode ser aproveitado, comprando por uma quantia bem inferior daquela que posteriormente a venda vai gerar. É um negócio lucrativo, mas Kate não está muito bem com isso.
Kate se acha uma aproveitadora e vive recheada de culpa. Para amenizar esse sentimento distribui gorjetas a todos os mendigos que encontra na rua, para desespero de sua filha Abby (Sarah Steele), que aos 15 anos está na fase da preocupação máxima com a aparência e com os novos jeans que pode comprar. O relacionamento com o marido também não é lá essas coisas e acaba se estabelecendo mais como uma sociedade entre amigos, onde o desejo não tem vez.
No caminho de Kate também passa a transitar com maior freqüência a vida da rabugenta Andra (Ann Morgan Guilbert), sua vizinha que está para falecer no auge dos seus 90 e poucos anos. Kate quer o apartamento dela para ampliar o seu e não esconde isso nem mesmo das netas de Andra, Rebecca (Rebecca Hall) e Mary (Amanda Peet), que também de uma maneira ou outra torcem para que a avó passe a habitar outras localidades menos conhecidas.
A diretora Nicole Holofcener (de “Amigas Por Dinheiro”) espalha a culpa por todos os personagens do seu filme em maior ou em menor escala. Todos, sem exceção, carregam com si o sentimento. Ele pode ser visto com maior freqüência em Kate e no seu problema com o dinheiro do trabalho, mas também é visto na traição de Alex, no comportamento da filha Abby, na velhice de Andra, na bondade de Rebecca ou mais ainda na concepção de vida de Mary.
“Sentimento de Culpa” (“Please Give”, no original) está disponível em DVD e trata sobre um assunto que é explorado desde que o mundo é mundo. O filosófo Sêneca lá no Império Romano já afirmava que “a principal punição para quem tem culpa é sentir-se culpado.” Nicole Holofcener explora bem isso e por mais que cometa alguns deslizes na direção (como em passagens sem função alguma), conduz um bom elenco para um filme bastante interessante.

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