sábado, 5 de março de 2011

"Bando de Dois" - Danilo Beyruth

Inicialmente a idéia de “Bando de Dois” é bem interessante: Fazer uma história nacional em quadrinhos tendendo para o lado da aventura, sem necessariamente revisitar ou criar temas de super heróis. Para tanto, a ambientação se dá no sertão nordestino em plena época do Cangaço e traz vingança, honra, violência e ganhos pessoais misturados para servirem de prato principal na pequena refeição que se apresenta.
O Cangaço ocorreu entre o final do século XIX e começo do século XX no nordeste brasileiro e notabilizou como personagens principais Lampião e Maria Bonita. Sua história é bastante fértil para desenvolver obras de ficção que se utilize de seus preceitos e foi sobre isso que Danilo Beyruth se guiou para criar “Bando de Dois” que a Zarabatana Books lançou no ano passado com 96 páginas e bonito acabamento.
Abonado pelo ProAC (um programa de ação cultural do governo estadual de São Paulo), a obra de Danilo Beyruth parte dessa premissa do cangaço para mostrar dois integrantes de um bando que foi dizimado pela polícia (os “macacos’) e parte em busca de recuperar as cabeças de seus amigos e outros motivos que envolvem tanto sobrenatural quanto ganhos pessoais. Por essa jornada existem explosões, tiroteios e perseguições.
Danilo Beyruth expande sua história para uma gama de outras vertentes, principalmente dos filmes antigos de faroeste e é nessa junção que residem os maiores problemas de “Bando de Dois”. A obra acaba se preocupando demasiadamente com o estilo e vê seus objetivos caminharem sem chegar a lugar algum. Os traços dos personagens não fazem jus às feições nordestinas e o vocabulário se alterna entre erros e acertos.
“Bando de Dois” traz bons momentos como na ação que se apresenta no fim, mas fica aquém de onde poderia chegar, caso se preocupasse menos com o estilo e mais com a trama e os personagens. A obra ganhou alguns prêmios de melhor HQ nacional em 2010, no entanto, é menor que outras como “Cachalote” (Daniel Galera e Rafael Coutinho) e “Memória de Elefante” (Caeto). Para ler e tirar as próprias conclusões.
Site do autor: http://evilking.net

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