domingo, 20 de junho de 2010

“Bang Goes The Knighthood” - The Divine Comedy - 2010

“Bang Goes The Knighthood” é o nome do novo disco do The Divine Comedy, banda - projeto do irlandês Neil Hannon. O décimo trabalho da carreira chega pela DC Records, depois que o contrato com a Parlaphone acabou em “Victory For The Comic Muse” de 2006. Após algumas aventuras com outros projetos, Neil Hannon retorna mostrando a habitual classe do seu pop repleto de melodias elaboradas e letras como se fossem pequenos contos.
“Down In The Street Below” abre o trabalho com mais de cinco minutos, solitária no piano para o vocal sempre bonito de Neil Hannon aparecer. Depois de um tempo, sinuosas orquestrações engrossam o instrumental de uma canção que fala sobre o cotidiano, sobre homens e mulheres que saem para seus trabalhos pensando em arrumar as coisas para o natal, mas também preocupados em não pisar em pombos ou esquecer de rezar para seus deuses.
As letras trazem aquele sarcasmo e ironia embutidos, com pequenas flechadas aqui e ali. “The Complete Banker”, por exemplo, satiriza os banqueiros que após a crise mundial deixaram seus Armanis e Bentleys para trás e pedem sem pudor: “Alguém pode me emprestar dez milhões de libras?” “Neapolitan Girl” e a faixa título são rapidinhas, com menos de três minutos, exemplos bem característicos das nuances que o Divine Comedy é capaz de prover.
“At The Indie Disco”, o primeiro single do disco é pop até a alma, lembrando um pouco “Something For The Weekend” do “Casanova” de 1996, o melhor álbum da carreira do The Divine Comedy. “At The Indie Disco” tem letra bem humorada sobre paixão e a música alternativa como pano de fundo, enumerando Morrisey, Blur e Pixies no meio da canção, dizendo que “ela faz meu coração bater da mesma maneira que no início de “Blue Monday”.
“Have You Ever Been In Love” é uma apaixonadíssima canção de amor. Neil Hannon pergunta: “Alguma vez já começaram a dançar no meio de um shopping? Alguma vez você já deu uma gargalhada por nenhuma razão? (...) Alguma vez você já se apaixonou?”. E aí? Já?. “Assume The Perpendicular” traz palmas e o piano em cima de uma harmonia exuberante. “The Lost Art Of Conversation” critica singularmente a falta de conversa no mundo atual.
A dobradinha de “Island Life” e “When A Man Cries” dá uma pequena e sutil queda na qualidade do disco, que sobe novamente com o ritmo de cabaré de “Can You Stand Upon One Leg”, que alfineta: “Você pode escrever uma canção idiota? É mais difícil do que você pensa.” Flashes de filmes antigos invadem a mente. Para fechar, temos a alegrinha “I Like” que poderia muito bem estar em qualquer disco de uma banda nova do indie pop atual.
“Bang Goes The Knighthood” não é espetacular, mas exibe qualidade suficiente para cravar um honroso quarto ou quinto lugar na discografia do The Divine Comedy, o que convenhamos não é tarefa simples. Neil Hannon continua mantendo a mesma sonoridade que envolve música clássica, pop dos anos 60, jazz, folk e música barroca em melodias magníficas exprimidas por variados instrumentos e barulhos peculiares. Que continue assim.
Site Oficial: http://www.thedivinecomedy.com My Space: http://www.myspace.com/thedivinecomedy

Um comentário:

Ariel Rodrigo disse...

Opiniões, opiniões...

Gostei de sua escrita, mas dizer que há uma queda de qualidade na belíssima "When a Man Cries"... Acho que faltou sensibilidade ai...

Abs