domingo, 11 de outubro de 2009

À Mesa Com o Chapeleiro Maluco" - Alberto Manguel

Para o escritor Salman Rushdie: “A literatura é um lugar em qualquer sociedade onde, dentro da privacidade de nossas próprias cabeças, conseguimos ouvir vozes falando sobre tudo de todo modo possível”. A literatura sempre carregará esse ar de fantasia, de propor ao leitor que imagine sua própria história mesmo quando esta é forjada na realidade ou quando se torna cemitério para o enterro de diversas e variadas loucuras.
Em “À Mesa Com o Chapeleiro Maluco: Ensaios Sobre Corvos e Escrivaninhas”, o escritor Alberto Manguel, argentino de nascimento e cidadão canadense por opção, traz à tona pequenos ensaios sobre obras famosas e seus escritores, correlacionando-os com seu tempo, validando sua relevância e em várias passagens entrelaçando estes com trechos de “Alice no País das Maravilhas” de Lewis Carrol, um clássico retrato de fantasia e surrealismo com doses reais de aplicação.
O livro saiu esse ano pela Companhia das Letras com 246 páginas e mostra um autor com idéias claras, intrigantes e bem explanadas. Alberto Manguel que fez carreira como editor e ensaísta, mesmo que também tenha se aventurado pelo campo da ficção, traz nessa nova coleção linhas de raciocínio que na sua grande maioria mostram uma forte lucidez sobre o tema abordado, passos calculados sobre um caminho bem conhecido.
“À Mesa Com o Chapeleiro Maluco” é acima de tudo um livro sobre a paixão pela leitura e como esta indica caminhos na vida. O passeio narrativo passa por Pinóquio (em um ensaio deslumbrante), Júlio Verne, Conan Doyle, Robert Burton e H.G. Wells, entre tantos outros, e avança no final por outras áreas como a pintura e a arquitetura vide Van Gogh e Gaudí. No texto sobre “O Vento nos Salgueiros” de Kenneth Grahame, o autor consegue emocionar.
Além de tudo que já foi dito, o novo livro de Alberto Manguel é uma pintura bonita sobre a literatura de modo geral, como também uma viagem ao mundo meio “louco” de algumas das figuras abordadas. “À Mesa Com o Chapeleiro Maluco” é para ser degustado calmamente como um bom conhaque ou vinho, apreciado aos poucos, sem pressa, sem correria, para que suas palavras possam transbordar o sentimento que tentam transpor.
Site oficial do autor: http://www.alberto.manguel.com

Nenhum comentário: