domingo, 5 de julho de 2009

"Copacabana" - Lobo e Odyr

O bairro de Copacabana no Rio de Janeiro já ganhou inúmeras homenagens, passando por músicas, filmes, peças de teatro, shows e novelas da Globo. O seu nome é capaz de atrair milhares de turistas, mesmo em dias que o seu glamour ficou um pouco para trás. Ao chegar à cidade maravilhosa é impossível não ficar deslumbrado com a beleza da orla e não se render a um chope bem gelado nos quiosques ou bares da beira mar.
Mas a mesma Copacabana que fascina também carrega suas mazelas e seus vícios. Ao passar a noite por suas ruas, um olhar mais atento nos leva a toda uma rede preparada para atender ao turista, explorando a indústria do sexo e outras que caminham junto desta. É em cima desta característica menos bonita, que o roteirista Sandro Lobo e o desenhista Odyr Bernardi, lançam seus olhares no livro em quadrinhos que carrega o nome do bairro.
“Copacabana” saiu este ano pela Editora Desiderata e em suas pouco mais de 200 páginas, destila fartas doses do submundo que permeia a vida noturna carioca na região. Lobo e Odyr mostram um universo com prostitutas, travestis, cafetões, drogas, malandros e turistas que transitam entre o prazer e a enganação. O clima do álbum é um flerte com o noir, onde a arte rabiscada de Odyr faz a cama perfeita para a trama criminosa de Lobo.
A personagem principal é daquelas que apesar de todas as falhas de caráter, acaba por receber uma certa torcida do leitor. Diana é uma mulata com curvas maravilhosas que busca seu espaço nas boates e ruas do bairro, entre tantas outras. Ao mesmo tempo em que precisa sobreviver, tem que mandar dinheiro constantemente para sua mãe, extraído tanto de programas regulares quanto de proveitos extras junto aos seus clientes.
Mesmo precisando da “malandragem” para sobreviver, Diana não se mete em grandes esquemas, mas quando a coisa aperta muito, ela se vê no meio do assassinato de um gringo e de uma companheira de trabalho, com uma grande quantia de dinheiro sumindo no caso. Aí como ela mesmo não cansa de dizer “Fudeu o Cú da Creuza!!”, sendo o seu rebolado mais precioso do que nunca para lhe tirar do caso.
O olhar que o paulista Lobo e o gaúcho Odyr lançam sobre Copacabana é repleto de veracidade e bem contundente. É um olhar que traz personagens que se misturam as belezas naturais e não aparecem nos noticiários (a não ser que aconteça algo grande). Quem que como turista (homem) ao passar pelo bairro não deu uma olhadinha para as meninas da esquina ou passou pela frente da discoteca “Help”, que atire a primeira pedra...

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