sábado, 8 de agosto de 2009

"O Chinês Americano" - Gene Luen Yang

No decorrer da leitura de “O Chinês Americano” de Gene Luen Yang, recentemente lançado pela Companhia das Letras através do projeto “Quadrinhos na Cia”, a atenção dedicada a história era meio superficial, pois à primeira vista tudo indicava apenas mais uma trama adolescente como tantas outras disponíveis por aí. No entanto quando a última parte começa a se desenrolar, a coisa surpreendeu e foi preciso voltar para ler de novo.
“O Chinês Americano” foi o primeiro álbum de quadrinhos a ser indicado ao respeitado Nacional Book Award, o que já o credenciava de antemão. O autor narra uma história partindo de três pontos distintos. Primeiro uma antiga lenda chinesa que ganha uma nova roupagem. Depois a de um imigrante chinês que tenta se adaptar a uma nova escola. E para finalizar a de um estudante americano que todo ano é constrangido pela visita de um primo chinês.
Ao desenvolver as histórias com bom humor e um traço leve com o uso de muitas cores, lembrando desenhos animados, Gene Luen Yang vai criando um funil para onde os pequenos detalhes irão migrar e revelar as reais intenções da obra. A lenda do Rei Macaco incluída aqui serve como o alicerce, pois diz a lenda que ao ser renegado pelos deuses chineses, o Rei Macaco resolve trair suas raízes se transformando em um homem e acaba pagando por isso.
O jovem chinês que chega a uma nova escola e nela encontra todas as dificuldades de adaptação no que concerne a essas mudanças, tem tudo para também renegar sua própria personalidade e se adequar aos demais. E na última ponta que precisa ser amarrada, Danny, um respeitado aluno da sua escola, se constrange e vê seu mundo virar quando um primo distante chega e bagunça toda sua estrutura, causando vergonha perante os seus amigos.
“O Chinês Americano” surpreende, pois na primeira leitura não passa de uma história comum, mas ao amarrar todas as pontas jogadas nas 240 páginas do livro, o autor realiza um bonito trabalho. Com sutileza consegue falar sobre preconceito, amizade, bondade e pela busca de se encontrar, de forjar a própria identidade, de ser fiel ao que se é, o que convenhamos para os jovens de hoje em dia não é nada fácil. Como cantaria Herbert Vianna: “seja você, seja só você.” É o que vale.

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