terça-feira, 31 de maio de 2005

"The Minus 5 - Down The Wilco" - The Minus 5 - 2003

Adr111, originally uploaded by Kalnaab.
Já tinha ouvido falar de Minus Five, inclusive muito bem, mas ainda não tinha escutado nada. Sabia que era a banda do Scott McCaughey músico de apoio do R.E.M desde a turnê do "Monster" e que o Peter Buck guitarrista da banda participava dos seus discos nesse projeto paralelo.

Eis que em uma troca de discos com o Elder do Suzana Flag (envolvendo o "In It For Money" do Supergrass) o terceiro disco chamado "Down the Wilco" de 2003 caiu nas minhas mãos, sendo que para minha grata surpresa ainda o disco foi feito junto com o Wilco, uma das minhas bandas americanas preferidas nos últimos 10 anos, além do Ken Stringfellow do The Posies também fazer parte do grupo. E que discaço é esse.

Scott tem uma voz muito particular e aliada aos instrumentos de Jeff Tweddy do Wilco (um mini gênio) e Peter Buck, o resultado do álbum é simplesmente fantástico. Um delicioso pop retrô com influências das bandas dos anos 60, The Beatles, The Byrds e porque não um pouco de R.E.M e Wilco. Fazia muito tempo que não me apaixonava tanto por um disco com essa intensidade, dessa maneira. O som da banda serve para qualquer hora do dia, qualquer momento, melodias saltam aos ouvidos, pianos encenam o palco para os arranjos cativarem os ouvidos mais incautos.

Dividido em três partes ou três "capítulos", as letras contam uma forma de história entre elas, falando de coisas simples, com um humor bem peculiar aliado a uma sensação de nostalgia que embate no ar a todo momento. Impossível ficar indiferente a canções como: "Days of Wine and Boyze" que abre o disco, a beatle "I´m not Bitter", o momento Byrds em "Where Will You Go? (com um arranjo indefectível de Buck), a super e bela pérola pop "Retrieval of You" ou a singela "Daggers Draw".

Não paro de escutar o disco, sei lá, simplesmente não consigo, portanto roubem, enganem, mintam, cometam o crime que for mas não deixem de escutar esse álbum, a beleza das canções e o sorriso no rosto ao ouvi-las vale qualquer esforço. Simplesmente genial. Ou soberbo. Ou qualquer outro adjetivo que não consigo me lembrar agora é que expresse algo fantástico, sublime. É isso.

segunda-feira, 30 de maio de 2005

Edukators

Edukators, originally uploaded by Kalnaab.

Há muito tempo atrás haviam acaloradas discussões sobre os males do capitalismo, sobre a luta de classes, distribuição de renda, o capital como vilão para todos os males da humanidade e coisas do tipo, vindo da doutrina esquerdista, de revoluções marxistas e de movimentos radicais. Ok, não faz tanto tempo assim, e até hoje ainda ouvimos ecos pelos cantos do mundo. Acontece que tanta coisa mudou em tão pouco tempo que parece que isso já tem milhares de anos, anos de guerra fria, de URSS, de socialismo radical, do Muro de Berlim.

Entrando nesse clima, surpreendeu-me muito o filme alemão "The Edukators" do diretor Hans Wein Gartner, pela contexto em que é inserido e da forma que determinados temas são absorvidos e demonstrados. Situado na Berlim atual, dois amigos Jan (Daniel Brul do excelente "Adeus Lênin") e Peter (Stipe Erceg) se auto denominam "Os Educadores", invadindo mansões de milionários, remexendo os móveis, bagunçando os objetos, mas sem roubar nada, apenas deixando mensagens como: "Seus dias de fortuna estão contados", seguindo sua própria revolução e sua concepção de "luta" contra o "sistema capitalista".

Em determinada parte do filme entra em ação Jule (Julia Lentsch) uma garota bonita, singela, namorada de Peter que se junta aos Educadores e desenvolve um triângulo amoroso na trama com Jan, que na verdade é o que menos vale no filme (que acima de tudo pode-se chamar de "romance"). Quando as coisas passam do limite e eles são obrigados a seqüestrar um de seus alvos, as relações descambam, verdades são corrompidas, mentiras se tornam habituais, ideologias são ratificadas e o mundo toma uma proporção infinitamente superior ao que pode ser.

Durante o longa são jogadas teorias e ideais pelos quatro cantos, em uma mesma mesa pode-se ter uma discussão de todos os lados dessa moeda, no entanto sem ter verdades absolutas, ou razões confirmadas. Esse é o grande mérito do filme. Apoiado no excelente desempenho do trio de protagonistas com atuações mais do que convincentes, entramos em mundo que parecia meio perdido e até analisamos os nossos ideais de outrora e a forma com que vivemos hoje em dia. Nos identificamos com argumentos de ambos os lados e acabamos por pensar um pouco, só isso já valeria a pena para ver o filme, além do fato de ser excelente.

domingo, 29 de maio de 2005

Whisky

Whisky, originally uploaded by Kalnaab.

Um dos melhores filmes latino americanos do ano passado (vide opinião da crítica), e que só para variar não desembarcou nos cinemas paraenses, saiu em DVD/Vídeo. Estou falando de "Whisky", a premiada produção uruguaia com direção dupla de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll.

O filme é de uma simplicidade arrebatadora, nele não há movimentos de cameras, efeitos especiais ou qualquer outra coisa do tipo. A camera é quase inerte, não se mexe, focando no trio de personagens, que tem a tarefa de carregar o filme. Nos dias atuais é cada vez mais difícil se ver uma produção assim, humana, simples, peculiar.

O enredo passa-se em Montevidéu, onde Jacobo (Andres Pazos), um homem de 60 anos vive sozinho, cuidando da sua minúscula fábrica de meias, onde trabalha Marta (Mirella Pascual) que aos 48 anos supervisiona a pequena fábrica. Quando Jacobo recebe a visita de seu irmão Herman (Jorge Bolani), que mora no Brasil e possui uma fábrica bem melhor do que a do irmão, decide chamar Marta para fazer se passar por sua esposa por um tempo, a fim de não deixar Herman vitorioso. A partir de sua chegada desenrola-se a velha concorrência fraternal que dá sustância ao longa.

"Whisky" é um filme perturbador sim, mas não por mostrar a violência ou pensamentos radicais e sim um grupo de pessoas que perderam a esperança, venderam seus sonhos, sucumbiram junto com uma estatura falida, com um país falido. Pessoas que parecem máquinas, fazendo tudo roboticamente, em uma rotina avassaladora, que não possuem sentimentos, que não tem mais alegrias, verdadeiras ou disfarçadas.

Um filme que deve ser visto com certeza, mas que não é nada fácil, sua aparente forma apática pode incomodar, mas sugere momentos de rara beleza (Quem foi que disse que a tristeza não pode ser bela?) e de questionamentos internos.

segunda-feira, 23 de maio de 2005

Star Wars - Episode III - A Revenge of Sith

11111, originally uploaded by Kalnaab.

Ontem fui assistir Star Wars: Episódio 3 – A Vingança dos Sith, o último filme da série em definitivo (é o que dizem pelo menos) e que encerra a primeira trilogia fazendo o elo com a segunda e Star Wars: Episódio 4 – Uma nova esperança, de maneira competente, não deixando grandes lacunas a serem preenchidas.

Para quem aprendeu a ser fã da série depois de inúmeras sessões, tendo seus personagens como parte integrantes e vivas de sua infância e adolescência, mas que ficou meio decepcionado com "Episódio-II A Ameaça Fantasma" e com aquele gosto de "podia ser melhor" de "Episódio III- Ataque dos Clones", o novo filme é redentor, fechando de forma muito satisfatória a série, apesar de não ter o charme de "Episódio VI – O Retorno do Jedi", vale muito a pena ser visto e saboreado em todos os seus detalhes.

A história basicamente todo mundo já sabe, Anakin Skywalker (Hayden Chistensen), finalmente cede ao lado sombrio da força, devido a sua cobiça e o amor por Padmé (Natalie Portman), uma vez que ele já previu sua morte e convencido pelo Chanceler Palpatine/Darth Sidius (Ian McDiarmind em grande atuação) que sendo um Lorde Sith ele conseguirá reverter essa situação, tornando assim Darth Vader e acabando com o Conselho Jedi.

Muito já se falou, e antes de ser lugar comum, repetirei: É o filme mais violento da série sim. Com mortes para todos os lados (como as das crianças no templo Jedi e o do Conde Dookan/Darth Tyranus), o diretor George Lucas constrói o panorama sombrio e assustador que se propaga na galáxia. As cenas de ação são muito mais constantes e os duelos muito mais interessantes nesse novo filme. É impossível ficar alheio as lutas do filme, como a de Yoda (Frank Oz) Vs. Darth Sidius (a melhor), Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor) Vs. Anakin Skywalker, Mace Windu (Samuel L. Jackson) Vs. Darth Sidius, entre outras.

Neste filme há o retorno de Chewbacca (Peter Maythen) á série (único elo que achei que não foi bem feito com o restante da série), o "nascimento" de Darth Vader (como tudo aconteceu), o fim dos Jedi e o exílio de Obi-Wan e Yoda, o nascimento dos filhos de Anakin e Padmé, Luke e Leia Skywalker e a maneira com que foram separados, os costumeiros droides C3PO e R2-D2, e todas as outras maravilhas, mundos e efeitos especiais que George Lucas sabe fazer também. Mais do que aprovado, vou assistir de novo ainda essa semana.

quarta-feira, 18 de maio de 2005

De cada amor tu herdarás só o cinismo

O novo livro do jornalista Arthur Dapieve (BRock - O rock brasileiro dos anos 80), "De cada amor tú herdarás só o cinismo" é daquelas leituras envolventes, cheias de referências pop, musicais e de outras situações cotidianas. Ambientando no Rio de Janeiro, o autor se mostra a vontade para descrever a cidade maravilhosa nos minimos detalhes, levando o leitor para dentro de suas ruas, restaurantes e bares.

Com o título herdado de uma linda canção do sambista carioca Cartola, "O Mundo é o Moinho" (só para exercitar no filme "Cazuza", o personagem principal sai cantorolando a música pela casa), o autor coloca outras diversas referências musicais na trama. Primeiro de tudo, o romance começa no show da banda americana R.E.M no Rock in Rio 3 em 2001, enquanto Michael Stipe soltava os últimos versos de "It´s The End of the World, As we Know It", Bernadido Oliveira, um gênio da publicidade, mas em grave declinio, no alto de seus 40 e poucos anos decide de uma hora para outra como em um acaso do destino se apaixonar pela sua estagiária de 19 anos, Adelaide.

A partir disso desenrolam-se quinze semanas (os capítulos do livro), onde tudo que pode acontecer em uma situação dessa se faz presente. Preenchendo o livro com músicas de Neil Young, Sinatra, entre outros, pintores como Miró e Rembrandt, blocos do carnaval carioca, livros das mais diversas safras, Arthur Dapieve elaborou um livro muito saboroso de ser lido e que em algumas passagens merece ser levemente degustado. Nada que vá mudar o mundo, e nem a ideia é essa, mas que cabe muito bem como leitura de fim de tarde, olhando para o mar e tomando um choppe bem gelado.

segunda-feira, 16 de maio de 2005

Kingdom Of Heaven - Cruzada

poster-kingdom-big, originally uploaded by Kalnaab.

"Kingdom of Heaven" que aqui chegou com o nome de "Cruzada" é o novo filme do diretor inglês Ridley Scott ("Gladiador" e "Blade Runner", entre outros). Nesta sua mais nova empreitada o diretor abrange um período conturbado da história, que foram as cruzadas religiosas dirigidas pelo Vaticano rumo a Jerusálem, a Terra Santa, a fim de recuperar a cidade/e ou mantê-la, em um período em que a Europa sofria uma grande crise e o cristianismo perdia cada vez mais espaço.

Por ser um período muito grande, Scott escolheu os anos de 1184 a 1187, que apesar de ser relativamente curto é bastante rico em reviravoltas, heroísmos, traições e outras facetas inerentes ao ser humano. Com um elenco bem acima da média, com atores do porte de Liam Neeson, Jeromy Irons e Edward Norton, apoiando os personagens centrais interpretados por Orlando Bloom (em seu primeiro papel de protagonista), Eva Green e Ghassan Massoud, o diretor construi mais um épico (estilo que ele próprio levantou e consolidou com "Gladiador") consistente.

Em meio as cruzadas religiosas para a Terra Santa, em busca de salvação e fortuna, o jovem ferreiro francês Balian (Bloom), após perder esposa e filho decide seguir seu pai (Neeson) que aparece por lá, assumindo suas posses e terras após sua morte em plena Jerusálem e se tornando forte presença em busca da paz e da convivência se contrapondo a outros barões que menosprezam os muçulmanos e querem entrar em guerra, que ainda só não foi declarada devido aos esforços do Rei de Jerusálem Baldwin (Norton, atrás de uma mascara de ferro) e Tiberias (Irons). Nesse processo Balian ainda se envolve com a irmã do Rei Baldwin, a Princesa Sybilla(a bela Eva Green) esposa de um de seus maiores inimigos.

Após a morte do Rei, Sybilla em um acesso de fúria transforma seu esposo Guy de Lusignan (Marton Csokas) em novo Rei, que não demora a provocar guerra contra os muçulmanos liderados por Saladino (Massoud), um líder até hoje endeusado pela sua razão e discernimento, que possui mais de 200.000 homens ao seu lado. Diante disso cabe a Balian cuidar das pessoas que ficaram em Jerusalém, velhos, crianças, mulheres, sendo essa a principal motivação que o leva a resistir.

Impossível não fazer um paralelo com os tempos atuais, seja da invasão norte americana no Iraque, ou a briga eterna por Jerusalém, mesmo após 800 anos. A grande vantagem de Scott no seu filme é ser 90% fiel a história que conta (não caindo em despreparos como "Tróia" e "Rei Arthur"), reproduzindo fielmente uma época dura e com brigas que duram até hoje. Com a habitual competência para dirigir batalhas e criar tramas bem resolvidas, o diretor apresenta um bom filme, que apesar de não ser melhor que "Gladiador", vale muito a pena ser visto e porque não discutido, uma vez que a paz que as vezes parece tão longe foi conseguida durante um breve período de tempo que seja no passado, coisa que nos últimos 100 nos parece impossível de fazer.

domingo, 15 de maio de 2005

Suzana Flag na Casa de Cultura

Suzana Flag na Casa de Cultura, originally uploaded by Kalnaab.

Ontem rolou o show do Suzana Flag na Casa de Cultura em Castanhal. Noite bacana com pessoas legais, conversa interessante, entre outras coisas em um auditório com espaço para cerca de 140 pessoas. Rolou um trailler do documentário da banda, produzido pela Gambiarra Filmes e o clipe de Perdas e Danos antes do show.

Fazia mais de um ano que a banda não se apresentava na sua cidade natal e não decepcionou, apesar do nervosismo (principalmente do Elder e da Susane) por estarem se apresentando na frente de tantos amigos pessoais e pela primeira vez na frente de boa parte da sua familia, a noite valeu.

Com um som bacana, boa iluminação, a banda pode destilar seu repertório de forma competente, seja em hits como Contraposto e Recreio, como em músicas novas como Mulher Vulgar e Quatro Versos, deixando um sorriso estampado no rosto das pessoas que compareceram ao espetáculo.

Cada vez mais acredito no Suzana Flag, os voos que a banda vem alçando não são por acaso, ainda há algo para ser melhorado, mas nada é perfeito e nem será. Que eles continuem com uma longa vida na música, nos dando o prazer de sair assobiando suas canções aos quatro cantos da cidade.

terça-feira, 10 de maio de 2005

On the road - Jack Kerouac

On the road - Jack Kerouac, originally uploaded by Kalnaab.

Não sei quem disse certa vez, que sempre que lemos novamente um livro, temos um novo livro, uma nova história. Além de concordar plenamente com tal assertiva, sempre que posso faço isso, o mais recente caso foi com "On The Road (Pé na Estrada)" do Jack Kerouac. Li esse livro pela primeira vez quando tinha 11,12 anos, relendo aos 15 anos mais ou menos. Nessa época era a minha espécie de livro predileto, compondo a minha tríade sagrada e pessoal ao lado de "Outsiders - Vidas sem rumo" de S.E. Hilton e de "A Clocwork Orange (Laranja Mecânica)" de Anthony Burgess.

Com o tempo fui relendo essas obras, mas nada de encontrar o livro de Kerouac para comprar, li outros livros seus, peguei trechos pela internet, conheci outros autores da sua geração, mas nunca achei novamente o tal livro. Eis que mês passado, encontro em uma vitrine qualquer com a tradução competente de Eduardo Bueno, o "Peninha" e lá fui novamente cair aos delírios de Neil Cassady/Dean Moriatty, anos depois, com outra visão de vida aos 26 anos, bem mais cético e com menos sonhos e mais frustrações na bagagem. E Sal Paradise entrava novamente na minha vida, pela janela feito no livro, que para quem não conhece, como dizem "a bíblia do movimento beat", é questão de ordem conhecer.

Lançado em 1957 nos USA (o livro se passa na segunda metade dos anos 40), após a geração perdida como foi chamado aqueles jovens, em meio a guerra fria e toda a hipocrisia de uma sociedade que deslumbrava seu modelo de vida ao mundo, o livro foi um tremendo sucesso, justamente por ir contra tudo isso, contra os moldes, costumes e outros tipos de literatura como a de Ernest Hemingway. No universo de Kerouac não havia espaço para heróis, mocinhas, ou algo do tipo, seus personagens eram reais, eram vagabundos, prostitutas, desenganados, desempregados, delinqüentes juvenis, escritores fracassados (como ele próprio), loucos e alucinados de todo tipo que viviam espalhados pela "Bela América", em seus guetos, submundos, em seus bares imundos, praças e rodoviárias sem graça.

No livro, Sal Paradise narra suas aventuras e desventuras pela América ao lado de seu amigo Dean Moriatty, cinco anos mais jovem que ele e completamente louco, demonstrando suas teorias pelos quatro cantos, suas teses de vida e suas satisfações. Com amigos espalhados em toda a América, Sal e Dean partem em busca de algo que nem mesmo eles sabem o que é, em meio a efervescência do jazz, descoberta e consumo de drogas, caronas de beira de estrada e mulheres, fazendo assim um retrato de toda uma geração americana que não era demonstrada, ficando no gueto, multifacetados na sua própria essência.

Lendo agora, apesar de não ter a mesma idade de outrora e não possuir os mesmos sonhos, consolido em minha mente, "On The Road" como um livro básico, um retrato de uma geração. Contra-literatura, literatura marginal, ou como todos chamam a "beat generation" foi fundamental para o mundo das artes contemporâneas, impossível imaginar a obra sem ela e com a mesma desenvoltura de Bob Dylan, Jim Morrison, Lou Reed, Andy Warhol, entre outros tantos. Simplesmente fundamental. Guardarei o livro para posteriores leituras no decorrer da vida e algumas outras singularidades a serem descobertas através de Sal Paradise e Dean Moriatty.

segunda-feira, 9 de maio de 2005

Brincando de ser punk...

Brincando de ser punk..., originally uploaded by Kalnaab.
Ainda remoendo os saldos positivos do Abril pro Rock 2005, hoje falo sobre uma banda de Recife chamada The Playboys, que foi uma das gratas surpresas do evento. No primeiro dia eles estavam tocando no fundão do Centro de Convenções, fazendo um punk rock escrachado misturado a um mezzo rockabilly, divertindo, sacaneando milhares de coisas de forma inteligente, com instrumentos de brinquedo, entre outras coisas.
Os caras estão na briga desde 1996, tem três discos lançados, sendo que o último "Brincando de ser punk" foi adquirido na viagem, depois de encontrar o vocalista João Neto no estande da Monstro Discos, bater um papo bem bacana, trocar umas ideias e ainda sair com o cd autografado (vai que eles fazem sucesso?). De acordo com o site da banda: http://www.theplayboys.cjb.net/ a formação é João Neto (vocalista e melhor trumpetista de brinquedo do mundo), Filipe (guitarrista e o backing vocal mais sensual da América Latina), Ebis Filho (baixo e poser da banda), Lucas (baterista e atual campeão mundial de golf), Z.G.R (tecladinho e hacker do bem) e Thiago (guitarrinha de brinquedo e guitarra).
Com a proposta de demonstrar que não há mais ideologias nesse mundo em que tudo é pré - fabricado, além da falta de criatividade na música atual, os Playboys fazem um humor inteligente, sarcástico e até mesmo cruel no vinculo de sua música, além de divertirem muito no palco. Impossivel não gostar de canções como "Brincando de Punk" e "I Don´t Speak Inglês" para citar alguns exemplos. Além disso os caras tem alguns projetos como o "Rock na Tamarineira" em que tocam dentro de hospitais psiquiátricos, entre outros.
Vale a pena conferir o trabalho da banda, e soltar algumas boas gargalhadas com a música dos caras e sua critica e sátira dos dias atuais.

quinta-feira, 5 de maio de 2005

Um compêndio lírico de escárnio e dor

Reu e Condenado, originally uploaded by Kalnaab.
O rock ou o pop, sempre viveram vez ou outra do humor. Essa é uma linha que muitos se aventuram e poucos com sucesso. E no ano passado, lançado pela revista OutraCoisa do Lobão, eis que surge de Goiânia, o "Reú e Condenado", uma dupla (não sertaneja, fiquem calmos) composta por Daniel Drehmer e Francis Leech.
Tirando um barato já desde a capa e o cd que remetem ao "Mellon Collie and the Infinite Sadness", do Smashing Pumpkis e que é definido no encarte como "disco preferido" da banda, passando pelas músicas, até os agradecimentos e textos do encarte final, os caras fizeram um disco divertido, inteligente (porque não pode haver inteligência no humor?), com rockinhos assobiáveis, que você vai ficar cantando pelos quatro cantos.
Ok, não é nada que vai mudar sua vida ou o mundo, mas é um disquinho para colocar no player e se divertir cantando e rindo por algum tempo. Daqui a uns dois, três meses, quando a piada perder a graça e você parar de sair mostrando aos amigos, o cd vai ficar esquecido com certeza. Mas de que isso importa? O pop não é descartável por si mesmo? Então relaxe, escute e se divirta. Não tem nada a ver com Mamonas Assassinas, fique tranqüilo, o humor negro e sarcástico do RC é muito mais inteligente que isso.
Tirando sarro de tudo e de todos, passando por Legião Urbana e Pet Shop Boys, pegue o barco, através de "Eu sou tão mal", "O Hino da nossa geração", "Não consigo conter tanta alegria no meu coração", "Rio de Lagrimas" e "União Soviética". No entanto, um dos melhores momentos do disco é a faixa "Bob Paraguaçu" com o apoio do meio que padrinho Wander Wildner nos vocais, séria candidata a hino, podem apostar suas fichas. Simplesmente impagavel.

terça-feira, 3 de maio de 2005

Historias sem meio, começo e fim...

Em meio a essa grande avalanche de boas bandas que vem surgindo de forma independente no rock brazuca, há de se destacar os baianos da banda Brinde e seu disco de estreia "Histórias sem meio, começo e fim". Lançado em 2004, pela Monstro Discos de Goiânia (sempre ela), esse álbum é uma das melhores estreias que ouvi nos últimos anos.

Calcados no Power Pop e no Brit Pop, com influências visíveis do rock inglês, vide Beatles, Oasis, da escocesa Teenage Fanclub, entre outras, Henrique Neves (vocal e guitarra), Leno Blumetti (baixo) e Voltz (bateria) fizeram um disco forte, emocionante, belo, com melodias para grudar no ouvido e fazer qualquer marmanjo ficar a pensar.

Cantando em português e falando de relacionamentos, amores perdidos e histórias mal acabadas, o Brinde proporciona momentos de raro prazer. Seja pelas belas "Se me Distraio", "Voltar Atrás", "Inverno" ou pelos rocks mais certeiros de "Mesmo Assim", "Nunca fiz por Merecer" e "Intuição", a banda agrada deixando um sorriso nos lábios que há tempo não aparecia.

O brinde merece ser escutado de qualquer jeito (www.monstrodiscos.com.br e www.tratore.com.br), pois é impossível ficar indiferente a sua música. Vida longa a melodia!. O resto é conversa.