quarta-feira, 22 de abril de 2009

"Noel - Poeta da Vila" - 2006

Lá pelo meio dos anos 90, a Editora Globo em parceira com algumas gravadoras lançou uma série muito interessante, intitulada “MPB Compositores”. A série trazia um cd com músicas do artista em questão e um fascículo com um resumo da obra e vida do homenageado. O projeto de resgatar e/ou apresentar antigos nomes para o novo público era de se vangloriar. Tinha nomes como Assis Valente, Adoniran Barbosa, Zé Keti e Noel Rosa.
Foi a primeira vez que me deparei com a obra do compositor carioca dos anos 20/30 e ao acabar de ler a sua vida, era impossível passar despercebido por ela. Noel nasceu em 1910, branco e com um problema no queixo. Entrou para a faculdade de medicina, todavia o que gostava mesmo era de escrever versos e estar na companhia de negros, músicos, prostitutas e marginalizados em geral. Era ali que realmente se sentia bem.
Ricardo Van Steen, um renomado publicitário paulista, leva para a grande tela a vida do compositor em “Noel - Poeta da Vila” e consegue um ótimo resultado. Van Steen se baseou no livro “Noel Rosa: Uma Biografia” de João Máximo e Carlos Didier, para compor seu primeiro longa e narra com simplicidade a vida do sambista. O ator Rafael Raposo é talvez o maior destaque ao fazer o papel do personagem principal.
No filme, momentos importantes da vida do sambista de Vila Isabel são apresentados, como a amizade com Ismael Silva (Flávio Bauraqui), o casamento com Lindaura (Lidiane Borges), sua paixão pela dançarina de cabaré Ceci (uma surpreendente Camila Pitanga), o duelo com Wilson Baptista, o envolvimento com outros artistas da época, a briga contra a tuberculose, além do nascimento de músicas imortais como “Com que Roupa?”, “Pra Que Mentir?” e “Palpite Infeliz”.
Noel teve uma vida extremada, dos 19 aos 26 anos, quando faleceu devido a tuberculose, produziu uma obra vasta, com mais de 200 composições, sempre com alta qualidade. Ao não abdicar da boemia carioca, assinou o seu atestado de morte, mas viveu imensamente naquilo que realmente gostava. Sua vida já foi revisitada em outras obras, como no documentário de Rogério Sganzerla, “Isto é Noel Rosa” de 1991, mas é no longa de Van Steen que ganha sua versão definitiva.
P.S: Para conhecer o trabalho do compositor, uma ótima pedida é o “Songbook Noel Rosa 1, 2 e 3”, feito pelo Almir Chediak
Site do filme: http://noelpoetadavila.uol.com.br

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