quinta-feira, 31 de maio de 2007

"The Mary Onettes" - The Mary Onettes - 2007

Sabe aquela festinha em casa com alguns amigos mais próximos em que o som ambiente são canções dos anos 80? Alguém banca o DJ, perde parte do papo e ainda é creditado como chato, enquanto no fundo está tocando Echo And The Bunnymen, The Cure e The Smiths, depois rola um pouco de Joy Division e New Order, mais adiante para dar uma relaxada Roxy Music, ainda cabendo no final A-Ha e Duran Duran para desenterrar histórias e beber ainda mais um pouco, encerrando com todo mundo dançando ao som do Stone Roses.

Se servir de DJ nessas festas era um problema, estes dias acabaram. E não é um produto das Organizações Tabajara não. Para tanto, é só colocar no player “The Mary Onettes”, disco de estréia da banda sueca do mesmo nome lançado na gringa em maio desse ano e deixar rolar direto. Todas essas bandas citadas acima estão bem representadas nas dez músicas que vão passando em quarenta e poucos minutos. Pode deixar no repeat que não irás te arrepender.

Primeiro, porque a banda admira incondicionalmente uma época que está marcada no inconsciente coletivo de quem tem entre 25 a 38 anos, fazendo uma bela homenagem (ainda que descarada) disso no seu trabalho. Segundo, porque eles vem da Suécia e como já disse algumas vezes a água por estas bandas escandinavas deve conter alguma coisa especial, que faz das canções compostas por lá serem dotadas de uma imensa capacidade de agradar com suas melodias e climas.

Desde o início com a (linda) ode ao Echo and The Bunnymen de “Pleasure Songs” até o final com “Still”, um The Cure muito bem executado, tudo é uma grande nostalgia envolta com prazer. Os responsáveis diretos por essa pequena máquina do tempo são Philip Ekstrom nos vocais e guitarras, Henrik Ekstrom no baixo, Petter Aguren na outra guitarra e teclados e Simon Fransson na bateria.

O som é datado? Claro que é. A banda vai mudar sua vida? Lógico que não. O disco fará frente aos melhores do ano? Difícil, muito difícil. Mas muito provavelmente lhe trará um belo sorriso no rosto, algumas boas lembranças serão retiradas da memória e caberá certinho naquele bate papo de amigos. O correto então meus caros é desencanar, relaxar e gozar o som. É sério, pode ir fundo nessa.

Site Oficial:
http://www.themaryonettes.net/

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Are You Listening? - Dolores O´Riordan - 2007

Durante os anos 90, Dolores O´Riordan liderou uma das grandes bandas do planeta naquela década, o The Cranberries. Arrebatando fãs ao redor do mundo inteiro, com uma sonoridade pop, mas com climas quando assim fosse o caso, letras bem acima da média abordando temas nem sempre fáceis, tudo isso com um envolvimento para com o trabalho que fazia emocionar.

A banda produziu uma boa trinca de primeiros discos, culminando na sua obra-prima “To The Faithful Departed”, lançado em 1996, um dos melhores álbuns que os anos 90 (ou)viram e até hoje não valorizado como deveria. Depois em 1999 veio um disco bem mais ou menos e em 2001 algo totalmente sem inspiração chamado “Wake Up and Smell The Coffee”. Depois de algum tempo a banda deu uma parada com retorno indeterminado e os boatos de término se espalharam e ganharam corpo.

No começo desse mês de maio a vocalista que encantou tantas pessoas há uns dez anos mais ou menos, se lançou no mercado com o seu primeiro trabalho solo, que passa longe de ser uma mera brincadeira. Sem sombra de dúvida é o melhor momento de Dolores desde “To The Faithful Departed” e bem melhor que os últimos lançamentos com sua antiga (ou atual, vai saber) banda.

Em “Are You Listening?” a vocalista parece ter encontrando um caminho diferente, apesar de ainda ter muito a ver com seu antigo projeto, mas encorpa novas sonoridades e algumas outras brincadeiras. Assim como James Dean Bradfield fez ano passado, lançando o melhor disco do ano e revigorando o caminho para o seu Manic Street Preachers aparecer esse ano arrebentando novamente, esse pode ser o caminho (o disco do James Dean é superior a esse, não me entendam mal) objetivado também por Dolores. Quem sabe?

"Ordinary Day" abre as portas de maneira deliciosa, uma bela canção. Depois temos uma avalanche de boas músicas como “When You Were Young”, “Loser”, “Apple Of My Eye” ou “Accept Things”. Os únicos deslizes ficam por conta da tentativa de soar uma Bjork enfiada na world music de “Human Spirit” e em “Black Widow”, que parece um nu-metal retirado de algum momento das carreiras do (argh!) Korn ou do (argh!) Limp Bizkit, mas nada que consiga tirar o brilho do álbum.

Quem em uma tarde de chuva lá pelos idos dos 90, colocava “Linger” no som e ficava pensando nos seus amores perdidos ou sonhados, vai gostar muito desse “Are You Listening?”. Aliás, quem gostava de The Cranberries dificilmente se decepcionará com ele. Para quem não engolia a banda, é bom passar longe, bem longe desse disco. E infelizmente perder uma das gratas surpresas desse 2007.

Apesar de o disco não soar datado, acho que se nostalgia matasse, eu poderia estar na UTI mais próxima. Como diz um trecho de “When You Were Young”, segunda faixa a cair no player “...as coisas parecem melhores quando somos mais jovens...”.

Site Oficial:
http://www.doloresoriordan.ie/

My Space:
http://www.myspace.com/doloresoriordan

terça-feira, 29 de maio de 2007

"Piratas do Caribe - No Fim do Mundo" - 2007

Quando entrei no cinema para assistir “Piratas do Caribe 3 - No Fim do Mundo”, confesso que tinha grandes expectativas, não de encontrar um grande filme, mas sim um excelente exemplar de entretenimento como foram os dois primeiros longas da trilogia. Triste decepção. Até que o inicio anima com uma caça aos piratas, no estilo das caças as bruxas que não poupavam ninguém. Mas apenas anima.

Depois do estrondoso sucesso promovido pelos trabalhos anteriores, a idéia que parece ter ocorrido ao produtor Jerry Bruckhemier e ao diretor Gore Verbinski é que tudo era possível na conclusão da série. O que temos então é um filme longo demais (165 minutos), arrastado na maioria do tempo, com uma história pra lá de confusa, reviravoltas previsíveis e o bom humor tendo sido deixado de fora na maioria do tempo.

Mas e os efeitos especiais? Esses valem muito a pena, é lógico. Com U$$ 200 milhões de orçamento também não poderia ser diferente. As imagens das lutas entre os navios e a maquiagem dos personagens continua mais do que perfeita, o que no entanto serve somente para aplacar o péssimo roteiro, a direção imprecisa e ritmo lento da montagem do filme.

Na história temos o retorno do Capitão Barbossa (Geofrey Rush) da terra dos mortos chegando a Cingapura junto com Elizabeth Shaw (Keira Knightley) para negociar um encontro de piratas junto a Sao Feng (Chow Yun-Fat, um dos poucos que se salvam), que descobre a presença de Will Turner (Orlando Bloom) como espião. Cada um tem seus próprios objetivos para tanto, que vão sendo mudados no decorrer da exibição.

O grande desafio é buscar Jack Sparrow (Johnny Deep, que dessa vez aparece confuso e sem toda a graça dos primeiros filmes) de onde o pirata está enlouquecendo e ir atrás de Davy Jones (Bill Nighty), que agora trabalha para a Companhia das Índias comandada por Cutler Beckett (Tom Hollander), a fim de que a extinção dos piratas seja freada, além de outras coisinhas mais.

Esse novo Piratas do Caribe é repleto de erros, carrega pretensões demais e boas atuações de menos. O diretor Gore Verbinski se perdeu e junto com ele (e talvez por causa dele) todo o elenco, deixando um trabalho que poderia acabar de maneira brilhante, ser na sua conclusão uma obra plenamente descartável. Uma enorme aula de como acabar com a qualidade de uma trilogia no seu capitulo final.

Evidente que o filme vai faturar milhões, será um enorme sucesso de público e fechará monetariamente com chave de ouro todo o processo. No entanto a sensação que fica quando saímos do cinema é de decepção. Para dizer que não falei de flores a participação (ainda que mínima) de Keith Richards como pai de Jack Sparrow e guardião do código pirata é bem bacana. No mais, nada mais.

domingo, 27 de maio de 2007

"Voxtrot" - Voxtrot - 2007

Que esse negócio chamado internet mudou por completo aquele outro negócio chamado música pop, já estamos cansados de saber, no entanto, vez ou outra ainda continuo me assustando com determinadas dimensões que as coisas tomam. Um bom exemplo disso é o quinteto americano do Texas, Voxtrot, que lançou no dia 22 de maio o seu primeiro disco lá fora.

E o que me assusta nisso basicamente? Antes de colocar no mercado o seu primeiro disco, a banda já vinha sido alvo de culto entre muitos, através dos EP´s que precederam esse debut e eram disponiblizados na grande rede. Cheguei até a ler frases como “a melhor banda americana da década”. E os caras não tinham nem disco ainda, somente EP´s, a pressão que geralmente vem mais na frente já estava lá desde o inicio.

E quando o álbum sai? Os mesmos que endeusaram dizem que a banda mudou seu som? Pura balela. A banda encontrou o seu som, a música que tentavam construir nas suas primeiras gravações com fortes influências de The Smiths, grandes toques de Belle and Sebastian e boas pitadas de outras bandas dos anos 80, como é normal nas bandas atuais.

“Voxtrot”, o álbum homônimo desse grupo texano formado por Jason Chronis, Mitch Calvert, Matt Simon, Jared Van Fleet e Ramesh Srivastava, teve sua produção assinada por Victor Van Vugt (que já trabalhou com Nick Cave), que na minha ótica deu um rumo mais coeso a banda, alargando inclusive um pouco seus horizontes, gravando algo muito bom de ser escutado.

Pela entrada de “Introduction”, pela leveza pop de “Kid Gloves”, pelo rock indie de “Firecraker”, pelos teclados de “Stephen”, pelo single “Blood Red Blood”, ou pela bela semi balada de “Every Day”, esse disquinho é muito bom, sem dúvida vai fazer bonito em algumas listinhas no final de ano, enquanto os chatos de plantão botam suas galochas de molho e se sentem traídos por uma banda que nem chegaram a conhecer direito ainda.

Site Oficial:
http://www.voxtrot.net/

My Space:
http://www.myspace.com/voxtrot

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Teatro - "O Autofalante" - Pedro Cardoso - 19.05.2007

O desemprego deixa as pessoas meio acabadas, tanto pelo fato da área financeira envolvida, mas principalmente pelas conseqüências que isso leva para a vida familiar e pessoal do individuo. Não é uma situação fácil sem dúvida, constituindo um lugar onde cada vez mais brasileiros vem morar e não conseguem sair.

Esse universo de um trágico cotidiano existente no nosso país é o que o ator Pedro Cardoso explora no seu espetáculo “O Autofalante” em cartaz até o final desse mês no Teatro das Artes no Shopping da Gávea no Rio de Janeiro. O ator transforma toda essa tragédia em uma comédia excelente, recheada de situações e frases politicamente incorretas.

A peça que foi encenada pela primeira vez em 1994, é um monólogo onde um cidadão perde seu emprego e também toda sua capacidade de comunicação com o mundo exterior, criando várias personalidades distintas, que passam a conversar entre si, discutindo e brigando, parando de falar com ele mesmo em determinado momento. Pode até parecer complicado olhando assim, no entanto a maneira com que o ator leva o trabalho transforma tudo em uma quase simplicidade.

Sendo totalmente revisada para os dias atuais, “O Autofalante” é uma peça com pouquíssimos recursos de cenários que no entanto são bem utilizados pelo diretor Amir Haddad e satisfazem bem. Pedro Cardoso está em grande forma e demonstra isso tanto nas suas expressões faciais e corporais, quanto na capacidade de transmitir seu texto recheado de momentos hilariantes.

O ator coloca a platéia em estado absoluto de graça, explorando alguns temas como a violência no Rio de Janeiro, repleto de humor negro misturado a emergente loucura do personagem. Tirando o fato do teatro ser bastante apertado apesar dos seus 430 lugares (fato que o ator brinca antes do espetáculo, dizendo ser ganância isso) e o texto se perder durante uns 5, 6 minutos, o espetáculo é excelente e merece muito ser visto.

Se passar por você qualquer hora dessas, não deixe de assistir.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Show - Teresa Cristina e Grupo Semente - Carioca da Gema (RJ) - 18.05.2007

Conheci o trabalho da carioca Teresa Cristina por volta de 2004 por indicação de uma grande amiga, sendo que desde então o seu trabalho volta e meia retorna para tocar e deixar a vida um pouco menos ordinária, com a coleção de sambas que destila, principalmente nos dois discos lançados em homenagem ao Paulinho da Viola em 2002.

Neste final de semana último, presenciei o show da cantora e do grupo Semente que a acompanha desde sempre no Bar Carioca da Gema, inserido na Lapa na cidade do Rio de Janeiro. Um lugar plenamente aprazível e gostoso de se estar, evocando um clima de samba por todos os seus lados e ambientes.

A música que Teresa Cristina revive nos seus discos ganham mais beleza ainda ao vivo, com o implemento de outros clássicos da nossa história aliado a sambas antigos não conhecidos do grande público. O trabalho de resgate de todo esse verdadeiro arsenal de emoção e beleza, funciona muito bem no Carioca da Gema, com o público dançando e cantando bem próximo da cantora.

O grupo semente que acompanha a cantora desde o inicio com algumas pequenas mudanças é outro ponto alto. As cordas de João Calado no cavaquinho (muito bom!) e Bernado Dantas promovem os arranjos que Mestre Trambique (Percussão) e Pedro Miranda (Pandeiro) se incubem de ritmar. Por falar em Mestre Trambique, neste dia era aniversário dessa figuraça, que ganhou parabéns de todo o público e um bolo.

Sai da lapa com um sorriso no rosto e a certeza de voltar brevemente em algum show da cantora, um misto de harmonia, simplicidade e beleza. Que Teresa Cristina e o Grupo Semente continuem com sua marcha firme e adiante. O Brasil agradece.

Site da cantora:
http://www.teresacristinaesemente.com.br

Site do Carioca da Gema:
http://www.barcariocadagema.com.br

segunda-feira, 14 de maio de 2007

"Our Earthly Pleasures" - Maxïmo Park - 2007

Quando “A Certain Trigger”, dos ingleses do Maxïmo Park desembarcou nos meus ouvidos em meados de 2005, não me empolguei muito devo confessar, entre tantas novas salvações do rock que estavam aparecendo o som até que tinha bons momentos mas oscilava muito em outros. Lembro só de ter comentado que o vocalista era bom.

Corte para 2007. Vejo alguns amigos ansiosos pela chegada do novo disco da banda formado pelo vocalista Paul Smtih, Duncan Lloyd nas guitarras, Archie Tiku no baixo, Lukas Wooller nos teclados e Tom English na bateria e simplesmente não entendia o porquê. Até escutei novamente o disco de 2005 para achar mais razões.

Quando escuto o disco percebo que apesar de não ser motivo para tanto estardalhaço, “Our Earthly Pleasures”, do Maxïmo Park é digno de nota. Porquê? Principalmente porque eles souberam fazer um trabalho homogêneo, sem nenhuma canção destoante, conseguindo equilibrar sua mistura de The Jam com The Smiths e outras bandas dos anos 80 com uma veia pop fortíssima e explorando mais os teclados e efeitos.

“Our Earthly Pleasures” entra naquela graciosa categoria de discos que não tem nada demais, mas que descem direitinho e sempre surpreendem pela vontade de voltarem ao player. Essa consolidação da sonoridade pode-se creditar em grande parte ao produtor Gil Norton, que foi responsável por alguns discos bem fracos na sua carreira, tais como “Doolittle” e “Bossanova” de uma banda chamada Pixies. Conhece?

Parece até que a banda amaciou em músicas mais lentas como “Your Urge”, mas na verdade ganhou um acento pop mais forte, produzindo aqueles bons momentos de cantar junto. E pode passar por “Girls Who Play Guitars”, “Our Velocity”, “Russian Literature” ou “Nosebleed” com um bom sorriso no rosto.

Se você procura a salvação do rock não irá achar nesse disco, muito menos vai encontrar tua banda preferida ou músicas para salvar o mundo. Temos aqui apenas um bom album daqueles que você devia levar no carro ou deixar no case de cds para tocar de vez em quando e dar uma alegrada no ambiente. E isso já vale muito. Muito mesmo.

Site Oficial:
http://www.maximopark.com

My Space:
http://www.myspace.com/maximopark

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Homem Aranha 3 - 2007

O mundo não é um lugar fácil para se viver, principalmente para Peter Parker, mais conhecido como Homem Aranha, o amigão da vizinhança. Depois de ralar para aprender a usar seus poderes e superar perdas pessoais no primeiro filme da série e de andar com o peso do mundo nas costas no segundo filme, em “Homem Aranha 3”, que estreou semana passada nos cinemas do mundo, o herói tem que aprender a viver com seu próprio ego.

As adaptações para as telonas do personagem mais carismático dos quadrinhos até hoje se configuram no maior sucesso desse tipo de empreitada, seguido de perto pelos X-Men. Com o terceiro filme o diretor Sam Raimi vem para atestar isso de maneira veemente. A produção do longa custou milhões e milhões de dólares que são traduzidos em efeitos especiais extraordinários e dotados de uma realidade assustadora.

Em “Homem Aranha 3”, Peter Parker (Tobey Maguire) está de bem com a vida ao lado do seu grande amor Mary Jane Watson (Kirsten Dunst), pensando seriamente em casar, enquanto o Aranha surge como grande ídolo da cidade de Nova York recebendo um apoio quase incondicional da população em geral. Isto afeta o ego de Peter que passa a se distanciar daqueles que ama por essa digamos assim, súbita prepotência.

Quando tudo parece correr a mil maravilhas aparece em cena Gwen Stacy (nos quadrinhos uma das primeiras namoradas de Peter), interpretada por Bryce Dallas Howard (“Manderlay”), causando ciúmes em Mary Jane e meio que acabando com o romance entre os dois, contando nesse processo com o dedo do Novo Duende, Harry Osborn (mais uma vez o competente James Franco) que busca vingança pela morte do seu pai.

Some-se a isso o aparecimento do verdadeiro culpado pela morte de seu tio Ben Parker, o excelente Thomas Hadden Church (“Sideways”) na pele de Flint Marko e posteriormente o fascinante Homem Areia. Bote no bolo também a chegada na terra do simbionte alienígena (versão diferente dos quadrinhos) que dará origem ao uniforme negro e posteriormente ao vilão Venom. Como comecei lá em cima, nada é fácil para Peter Parker que agora precisa se superar primeiro do que aos inimigos para poder consertar novamente sua vida.

“Homem Aranha 3” merece muito ser visto, tanto pelos fãs do personagem quanto para aqueles que gostam de um bom cinema. Sam Raimi promove um longa envolto a aventura (com batalhas de tirar o fôlego), efeitos especiais (a criação do Homem Areia é fantástica), drama e boas pitadas de comédia (a cena em que Peter sai dançando nas ruas de NY é hilária).

O único pecado é a grande quantidade de personagens coadjuvantes e a necessidade em acompanhar todos eles com muitos detalhes, deixando assim ainda o roteiro do primeiro filme como o melhor dos três. No entanto, isso não tira o brilho daquele que em um conjunto de fatores se consolida como a maior produção da série e que agradará tanto aos antigos fãs que verão o Homem Areia, como os mais recentes que terão Venom.

Está esperando o quê? Corra para o cinema, caro leitor. Agora!

quinta-feira, 10 de maio de 2007

"Live At Amoeba Music" - Tv On The Radio - 2007 (EP)

O Tv On The Radio lançou um dos melhores discos do ano passado, o “Return To Cookie Mountain”, um disco daqueles que provavelmente vai ser falado por anos e anos, por sua mistura de psicodelia, soul, rock e diversas texturas sonoras se sobrepondo constantemente.

A banda formada Kyp Malone (guitarras e vocais), Tunde Adebimpe (vocais), Jaleel Bunton (bateria e percussão), Gerard Smith (baixo) e David Sitek (guitarras, pianos, programações e produção) tende a crescer mais ainda ao vivo, onde seu som dá uma mudada e ganha uma cara mais rock, mais rápida.

Para provar isso foi lançado em março, um EP com quatro faixas ao vivo, chamado “Live At Amoeba Music”. O Amoeba Music (
http://www.amoeba.com ) acontece tanto em Hollywood, Los Angeles, como em San Francisco e a apresentação da banda nele foi realizada em setembro de 2006.

O EP tem quatro faixas do “Return...”, sendo “Blues From Down Here”, Wolf Like Me”, “Province” e “Wash The Day”, sendo que a segunda e terceira faixa mostram toda a força da banda, uma das mais significativas no atual cenário da música pop mundial, apesar de não ter alçado grandes vôos ainda.

Baixe o EP
aqui.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Show - "Revirando o Sotão" - A Euterpia (08.05.2007)

“Ah...se tivéssemos um gravador, se tivéssemos papel e caneta...”, os versos da canção “Cinemática” me vieram diretamente na cabeça depois de ver A Euterpia apresentar pela primeira vez ontem no teatro Margarida Schiwazappa o show completo do seu primeiro disco intitulado “Revirando o Sótão”. Não tinha gravador, nem papel e caneta para registrar minhas emoções na hora, por isso deixo estas aqui um dia depois.

O belíssimo trabalho desenvolvido em estúdio e estendido na concepção visual da estréia se estende um pouco mais para a apresentação da banda ao vivo. Quem acompanha a banda já há algum tempo deve ficar até certo ponto surpreso com a sua evolução em termos musicais, o show que sempre fora muito bom, agora avança para um status de um mínimo êxtase dividido e compartilhado entre platéia e banda.

Márcio “Pato” Melo esbanja segurança, quase como um fidalgo empunhando seu baixo e dando o devido respaldo para que a banda desenvolva seu trabalho. Carlos “Canhão” é a personificação da palavra excelência, passeando tranquilamente entre os diversos estilos que a banda explora com a habitual competência, do rock a mpb, do frevo ao funk, sem alardes.

Enquanto isso acontece, Tom Salazar Cano inventa sua guitarra com efeitos, distorções e ritmos, uma espécie de anti guitar hero, oriundo de tempos mais nobres que guia ao mesmo tempo que enlouquece. Antonio Novaes com seu violão ou com qualquer outro instrumento que empunhe é descedente legitimo da mesma linhagem de Galvão, Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Lula Cortês e Tom Zé, convertendo poesia em melodia, melodias em algo maior.

Mas tudo isso não faria o mesmo sentido se não fosse Marisa Brito. Marisa se difunde em várias versões dela mesmo. É digna de realeza enquanto entoa as músicas mais lentas da banda como “O Purgo”, ou “Luscofusco”. Vira uma dama fatal e sexy enquanto mostra sua dança ao som das músicas da primeira metade do show. E acaba tudo em uma Marisa moleca, uma menina despreendida de convenções e regras, pulando e dançando de saia, camiseta e descalça pelos quatro cantos do palco, com uma alegria quase juvenil.

Some-se tudo isso a riqueza de arranjos sonoros provenientes de Marcos Puff e Arthur Alves, além da concepção visual do show com baús e tapetes espalhados no chão, como também várias peças antigas penduradas pelo palco e temos um show de imensa beleza. Ao sair do teatro tive a certeza que daqui a alguns anos, enquanto estiver batendo papo em um bar qualquer falarei com orgulho na mesa a frase “E o show de lançamento do primeiro disco do Euterpia? Vocês foram?”.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

"Los Porongas" - Los Porongas - 2007

Impossível não pensar na frase de Renato Russo em “Conexão Amazônica” dizendo “...os tambores da selva já começaram a rufar...” quando se escuta o disco de estréia da banda acreana Los Porongas. Primeiro, porque o norte do país mostra força nos últimos anos com um qualidade digna de se bater palmas, segundo porque o ex-vocalista da Legião Urbana é uma das bandas mais utilizadas no caldeirão sonoro acreano.

Em maio de 2003 o vocalista Diogo Soares e o guitarrista João Eduardo juntaram forças com o baixista Márcio Magrão e o baterista Jorge Anzol para montar a banda cujo nome "Poronga" significa uma luminária artesanal produzida a partir de alumínio que funciona a base de querosene e é muito utilizada por seringueiros na região.

Em 2005 lançaram o cd demo intitulado “Enquanto Uns Dormem” com oito canções e começaram a chamar a atenção pela sua mistura de Legião Urbana, anos 80, Chico Science e Nação Zumbi, Mpb e o rock básico de guitarra, baixo e bateria. Junte-se a isso um vocalista que rende honras pelo seu jeito e forma de cantar, além de letras de cunho mais ambientado com a mpb vanguardista paulistana dos 80 ou a nordestina dos anos 70.

Mas nada disso daria certo se alguns fatores não contribuíssem, tais como a excelência dos músicos, onde destacam-se os riffs curtos e certeiros de João Eduardo e a bateria maravilhosamente bem tocada por Jorge Anzol, passeando entre o rock, o regional e a mpb sem qualquer problema. Considere também em cima disso a maior característica e virtude dos caras, que é a percepção para criar melodias ao mesmo tempo palatáveis e poéticas.

Em 2007 chega ao mercado nacional pelo selo Senhor F e produzido por Philippe Seabra (Plebe Rude) o primeiro disco para valer da banda, intitulado homonimamente “Los Porongas”. “Espelho de Narciso” e “Lego de Palavras” que abrem o disco funcionam muito bem como cartão de visita do som que passamos a conhecer nos próximos minutos. Rock entrecortado por melodias cantáveis, baseados em anti fórmulas pop que são embrulhadas em diversos tons que andam pelo regional ao rock inglês e tendo como recheio letras que buscam a poesia em questão.

“Enquanto uns dormem” traz belamente as frases “Vou por atalhos, se faço curva faço nó, eu não tenho timão nem direção maior (...) Quero um balão para poder subir, e avise que vou voltar se não cair (...) E assim me valho de verbo ou de coisa melhor...”. Outros destaques são “Suspeito de Si”, “O Escudo”, “Como o Sol” e “Ao Cruzeiro”, as quatro faixas encarregadas de fechar o álbum.

O Los Porongas carrega nesse primeiro disco o poder de ser descoberto pelo Brasil, a força de canções que merecem ser cantadas e escutadas nos quatro cantos do país, no entanto, como a superficialidade toma conta da nossa música hoje em dia, deixando em guetos bandas e mais bandas com qualidade acima da média que não conseguem chegar ao grande público, não será espanto nenhum se isso não ocorrer. Azar do Brasil.

Site da banda, onde pode-se baixar o cd demo de 2005:
http://www.losporongas.com.br.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

"A Lesson In Crime" - Tokyo Police Club - 2006 (EP)

Uma banda com o nome de “Tokyo Police Club” não pode ser ruim, não tem esse direito com um nome tão bacana quanto esse. A partir disso e desse fácil processo de convencimento é com extrema facilidade que “A Lesson In Crime”, EP de estréia da banda vai passando pelo cd player e fazendo voltar algumas vezes seus 16 minutos e sete canções.

Bebendo na fonte do saturado pós punk inglês, consegue se sobressair devido aos ótimos riffs rápidos, eficientes linhas de baixo deixando as canções extremamente dançantes e melodias grudentas. Nada de novo no mundo do rock sem dúvida alguma, mas te pergunto, e aí? Música bem feita e com energia suficiente para te fazer ficar batendo o pé no chão ou balançando a cabeça são sempre bem vindas.

A molecada oriunda de Ontario no Canadá, mostra que o país também traz no seu cardápio fórmulas simples de rock básico. Formada pelo baixista e vocalista Dave Monks e por Josh Hook nas guitarras, Graham Wright nos teclados e Greg Alsop na bateria o som que aparece nas caixas soa datado sim, mas com grande eficiência.

As sete músicas contidas nesse EP valem a pena, mas pode-se destacar a entrada acelerada e com vocal gritado de “Cheer It On”, o baixo de “Nature Of The Experiment”, ou as melodias de “Citizens Of Tomorrow" e "La Ferrassie” que fecha a conta.

Se você não é aqueles caras chatos que ficam reclamando a toda hora dizendo que “não tem nada de novo, tudo copiado de outras bandas” esse EP é um bom prato a ser saboreado, e se você é um desses caras, é melhor procurar outra coisa para escutar, uma dessas bandas cabeças e experimentais que acham a todo momento que reinventaram a roda.

My Space:
http://www.myspace.com/tokyopoliceclub

Site Oficial:
http://www.tokyopoliceclub.net/