domingo, 12 de junho de 2011

"O Segundo Depois do Silêncio" - Los Porongas - 2011


Identidade é algo bem complicado para se construir nos dias atuais. Na música então isso é mais difícil ainda. A revisitação oportunista de sonoridades de outras épocas e a exploração dos meios de comunicação em um mundo em transformação no que tange a venda da música aumenta mais a busca por esse fator. Ter uma cara própria mesmo deixando bem claro de onde vêm as suas influências e realizar um trabalho consistente é tarefa para poucos.

Com “O Segundo Depois do Silêncio” o Los Porongas parece ter cumprido essa tarefa. Depois de quatro anos do lançamento do primeiro álbum homônimo, os acrianos agora radicados em São Paulo, chegam ao segundo rebento afirmando em letras garrafais a sua identidade. O que já era bem interessante em 2007 ganha agora coesão maior e uma execução instrumental que casa perfeitamente com os vocais e linhas melódicas propostas.

Diogo Soares (vocal), João Eduardo (guitarra, violão, viola, teclados e piano), Márcio Magrão (baixo) e Jorge Anzol (bateria e percussão) ainda mantêm os pés no rock oitentista, mas fazem isso sem parecer uma cópia barata e adicionando novas roupagens que a vida da estrada acabou por lhes adicionar. Prova maior dessa herança está nas faixas “Bem Longe” que lembra bastante o Picassos Falsos e em “Sangue Novo” com produção do Dado Villa-Lobos.

Se na estreia o baterista Jorge Anzol se destacava um pouquinho mais que os demais, agora a guitarra de João Eduardo ganha essa disputa. Com o baixo de Márcio Magrão aparecendo muito mais, as guitarras conseguem um trabalho impressionante em todas as faixas do registro. Diogo Soares é outro que cresce no vocal. As letras que sempre tentam trazer vestimentas poéticas estão melhor resolvidas, como podemos ver na bonita “Desordem (Time Out)”.

Essa preocupação com as letras rende momentos realmente bons como na poderosa “Fortaleza” (“se a raiva nasce por amor é uma fortaleza”), mas também exibe algumas passagens menos inspiradas como em “Cada Segundo” (“o mar do medo é uma gota pra se navegar”). Todas as faixas são de autoria da banda, com exceção da ótima e amorosa “A Dois” feita em parceria com Daniel Soares (irmão do vocalista Diogo) da banda Sincera do Pará.

O disco ainda traz faixas poderosas como a exuberante “Dois Lados”, o rock torto de “A Verdade” e a desesperança de “Mais Difícil”, com a participação especial de Hélio Flanders do Vanguart. No novo trabalho o Los Porongas consegue trazer boa parte da energia que exibe ao vivo para o registro e dá passos largos na consolidação da própria música, mesmo olhando para trás. Como Diogo Soares canta em “O Lago”: “do velho eu faço o novo”. É por aí.

Baixe o álbum gratuitamente: http://losporongas.baritonerecords.com.br

Sobre o disco de estreia falamos bem aqui.

Twitter da banda: http://twitter.com/losporongas

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