quarta-feira, 8 de setembro de 2010

"Conjunto de Rock" - Stereoscope - 2010

“O que você faz? Qual é a sua ocupação, a sua profissão? O que você faz? Ofício e ganha pão?” Assim abre o terceiro disco dos paraenses do Stereoscope. Lançado novamente pelo Senhor F e produzido por Philippe Seabra da Plebe Rude, “Conjunto de Rock” apresenta a habitual maestria melódica do grupo em uma roupagem mais crua e paradoxalmente melhor produzida. O álbum mesmo sem ostentar ser temático versa sobre um conjunto de rock e suas pretensões.
Os versos acima extraídos do começo de “Clark Kent” mostram o cotidiano da maioria dos integrantes das bandas do rock nacional, que precisam ter outro emprego para sobreviver enquanto tocam a música como sonho. “A Doce Vida” que chega na seqüência mantém o mesmo tom e ainda critica o mundo das celebridades: “Todo mundo quer ser um alguém especial, igual se vê na tv e que não se crê. Hoje ninguém quer ser uma pessoa normal feito eu e você.”
E em 12 canções mais um pequeno interlúdio (“Prólogo: Fim da Linha”), Jack Nilson (guitarra e vocal), Marcelo Nazareth (guitarra e vocal), Ricardo Maradei (baixo e vocal) e o estreante nos discos da banda Daniel Pinheiro (bateria), chegam novamente para conquistar o ouvinte com suas melodias deliciosas e ritmo elegante. O alicerce em que as canções são fundamentadas continua sendo o rock dos anos 60, no entanto, como no disco anterior ganha outras companhias.
E “Conjunto de Rock” vai se constituindo faixa a faixa de novas pequenas pérolas como “Pobre Menino Rico”, uma tradicional história de amor juvenil e “O Rei Sozinho”, um pop de encher a alma e sair cantando junto. Uma das melhores faixas do ano até agora. O álbum segue pela desesperança de “Canção Que Não Toca no Rádio”, pelos ensinamentos bem humorados da faixa título, para desaguar no cotidiano fantástico de “O Louco” e na lírica “36 Anos”.
“Serenata Pequeno-Burguesa” é uma balada que abre caminho para as guitarras à La Guided By Voices de “De Volta à Central do Brasil” e para as duas faixas que fecham o registro: “Gran Festival II” e “Epílogo: Outro dia”. O recente trabalho está um pequeno nível abaixo dos seus antecessores, mas a qualidade é tão alta que isso nem faz diferença. “Conjunto de Rock” é um retrato singelo e bem idealizado do rock independente nacional, mesmo sem pretender isso.
Todos os discos da banda estão disponiveis na Trama Virtual, inclusive "Conjunto de Rock". Passe aqui.
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