A violência está cada vez mais espalhada país afora. Em grandes cidades, como o Rio de Janeiro a situação chega a beirar o absurdo. Como tratar disso sem recorrer a maneiras não tão usuais? Como abordar o tema, sem esbarrar na mesma estrutura de sempre? O jornalista Arthur Dapieve tenta um caminho paralelo em seu segundo romance, intitulado “Black Music”(Ed. Objetiva, 112 páginas) e consegue um resultado bastante interessante.
Dapieve usa novamente o Rio de Janeiro, como pano de fundo e personagem coadjuvante da história, assim como fez no seu livro anterior “De Cada Amor Tu Herdarás Só o Cinismo”. Em seu novo livro, o escritor carioca aborda a violência sem se preocupar com questões sócio econômicas ou políticas (apesar de elas estarem presentes) e tenta passar uma história que infelizmente é cotidiana, de maneira casual, usando e abusando do humor negro em vários momentos.
Na trama, somos apresentados a Michael Philips, um adolescente norte americano de 13 anos, que mora no Rio, pois seu pai trabalha na cidade. O garoto é apaixonado por jazz e basquete. Quando está saindo da aula em um dia como qualquer outro, é abordado por três pessoas com máscaras de Osama Bin Laden, que o seqüestram e levam para um morro qualquer, com o intuito de conseguir o resgate para comprar mais armas da polícia por causa da guerra com outro morro.
Ao chegar no barraco e ser devidamente “instalado”, Michael é apresentado para o “dono” do morro e responsável por ele estar ali. O ‘dono” é um garoto magro, com espinhas, meio louro, de 17 anos que é conhecido por “He-Man”. Para cuidar do seqüestrado, He-Man destaca uma de suas namoradas, a gostosona Jô que passa a alimentar e cuidar do garoto. Logo um triângulo se estabelece e abre precedentes para um monte de coisa acontecer.
Após um pequeno prólogo, Dapieve conta sua história do ponto de vista dos três envolvidos, exemplificando bem a diferença entre eles tanto na maneira de se expressar quanto na maneira de enxergar a sua vida e o mundo que os cerca. “Black Music” com sua narrativa ágil, entrecortando mundos, culturas e referências, diverte ao mesmo tempo em que cutuca uma ferida que já se encontra aberta, expondo ela de um ângulo relativamente “novo”.
“Black Music” convence bem e vale a leitura.
Para saber mais sobre o livro anterior do autor, passe aqui.
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