O amor existe. E verdade. Agora, assim como todos os sentimentos do mundo, ele pode ser belo, maravilhoso, mas ao mesmo tempo pode ser sujo, feio, traidor, e nem por isso ser menos sincero. Talvez seja essa a premissa que o diretor baiano Sergio Machado tente passar com seu novo filme. Contar uma historia de amor, sem muitos melodramas, cenas bonitas e sim recheadas de desejo e tesão. Contar uma historia de amor que acontece diariamente nos guetos desse enorme pais e suas metrópoles. “Cidade Baixa”, lançado agora nos cinemas reflete tudo isso. Rodado em Salvador, nas suas favelas e subúrbios sujos, Sergio Machado apresenta como pano de fundo da sua historia o poço sem fundo em que boa parte do povo foi parar, um lugar sem muita chance, repleto de prostituição, roubos, mentiras, drogas e tudo mais. Ao mesmo tempo ele nos faz perceber que na verdade, tudo isso esta em todo lugar, não tão longe assim, só que no caso de seus personagens a glorificação e uma situação que passa a quilômetros de distancia. Contando com a ajuda do cineasta e roteirista Karim Ainouz (“Madame Sata”,) calcado nas atuações do seu trio de protagonistas, Sergio Machado fez de uma historia universal de amor e amizade, um conto de um cotidiano real e visceral. De longe, podemos traçar um paralelo com o clássico “Jules e Jim” do mestre François Truffaut, tendo em vista o seu triangulo amoroso. No filme, Vagner Moura, impecável e versátil como sempre, vive Naldinho, amigo de infância e parceiro de “negócios” de Deco (um soberbo trabalho de Lazaro Ramos) no barco que possuem e onde ganham a vida fazendo fretes. Em uma de suas viagens eles conhecem Karinna (a surpreendente Alice Braga), uma stripper que vai a Salvador a fim de descolar um gringo rico no carnaval. Os dois resolvem leva-la que como pagamento tem que transar com eles. Após isso e de uma quase tragédia a moça se envolve cada vez mais com os dois, não sabendo ao certo de quem gosta mais, mesmo sem abandonar seu ganha pão na casa noturna onde dança e se prostitui. Enquanto isso a relação dos eternos amigos, vai enfraquecendo ate o limite de toda a razão dos dois. Sendo o desejo mais forte que a sua consciência, o diretor Sergio Machado, navega em um clima forte, com cenas de sexo que se não chegam a ser explicitas, mostram de forma seca o relacionamento entre os três, baseados principalmente em: “Desejo, necessidade e vontade...” como cantariam os Titãs, ou seja, sexo. Apesar de toda essa mascara montada e do pano de fundo utilizado, na verdade o que resiste basicamente e a paixão entre uma das mais eternas brigas do ser humano, o limiar entre amor e amizade.
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