John Tallow é um detetive que já
está meio cansado de tudo. Não exibe mais o idealismo e nem a audácia de quando
entrou para o Departamento de Polícia de Nova York. Prefere ignorar maiores
complicações nas ruas da cidade e sempre que possível parar um pouco para ler
um livro ou escutar um disco, já que a vida social é praticamente inexistente.
Esse posicionamento, no entanto, muda quando seu parceiro James Rosato recebe
um tiro na cabeça e morre dentro de um prédio antigo.
Nesse chamado que causou o
assassinato, a dupla de policiais se deparou com um dos moradores completamente
nu e transtornado envolvido a um desespero sem sentido aparente, que portando
uma espingarda disparou o tiro fatal, sendo logo após também alvejado pelo
detetive sobrevivente e morrendo. Na sequência, ainda sem saber muito bem o que
aconteceu, John Tallow invade um dos apartamentos e se depara com uma imensidão
de armas espalhadas por todos os cantos.
Esse é o mote inicial de “Máquina de Armas” (“Gun Machine”, no original), primeiro
livro do britânico Warren Ellis a ser publicado no Brasil. O thriller policial
com generosas quantias de suspense tem lançamento pela Editora Novo Século (em
parceria com o site Omelete), 312 páginas e tradução de Cinthia Alencar. O
escritor, um dos grandes nomes dos quadrinhos das últimas duas décadas e responsável
por obras como “Transmetropolitan”, “Planetary” e “Frequência Global”, se
arrisca também em um romance.
Depois dessa parametrização
inicial, o detetive John Tallow percebe que todas as armas dispostas no quarto
são referentes a casos não solucionados no período dos últimos vinte anos. Para
conseguir desvendar esses crimes e com a cabeça a prêmio a todo momento ele
conta com a ajuda de dois peritos forenses meio lunáticos chamados Scarly e
Bat. O trio percorre a cidade e registros históricos atrás de um assassino mortal
que também exibe suas próprias demências se vinculando a antigas histórias de
povos nativos dos Estados Unidos.
Em “Máquina de Armas” percebemos as mesmas qualidades já vistas nos
quadrinhos de Warren Ellis no que tange a frases cortantes, conversas sagazes e
personagens repletos de suas próprias loucuras e excentricidades. Essa
configuração amarrada a cidade de Nova York, mais precisamente a Manhattan,
cria um livro que tem a qualidade de ser consumido rapidamente, sem desejo de se
deixar para outra hora. Além disso, o trio principal de personagens funciona
muito bem e exibe fôlego suficiente até mesmo para uma empreitada futura e isso
representa talvez o maior elogio que pode-se fazer a essa boa trama.
P.S: Entre as boas tiradas do livro está uma simplesmente
impagável com a banda Animal Collective. Vale conferir.
Nota: 7,0
Site oficial: http://www.warrenellis.com
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