quinta-feira, 28 de abril de 2011

"Três Sombras" - Cyril Pedrosa


O amor de um pai para com o filho é capaz de superar as mais diversas barreiras e problemas. A arte de uma maneira geral sempre retratou esse amor em suas obras. Mais recentemente podemos citar exemplos dessa devoção em livros como “A Estrada” de Cormac McCarthy (que ganhou um competente filme) e em histórias em quadrinhos como “The Walking Dead” de Robert Kirkman que traz o policial Rick Grimes fazendo de tudo para salvar o filho Carl.


Em “Três Sombras”, álbum em quadrinhos do francês Cyril Pedrosa que a Companhia das Letras lança esse ano dentro do selo Quadrinhos na Cia., com 268 páginas e tradução de Carol Bensimon, esse amor de pai e filho é mais uma vez retratado. Seu autor acostumado com trabalhos de cunho fantástico, visto que trabalhou na Disney em filmes como “Hércules” e “O Corcunda de Notre-Dame” usa desse expediente para criar uma história de amor e salvação.

Na época medieval uma família constituída de pai, mãe e filho vive feliz em um pequeno sítio bem longe do vilarejo mais próximo. A vida parece perfeita até que três sombras começam a aparecer com frequencia nas proximidades da residência, o que acaba levantando a suspeita e posteriormente o medo entre eles. Como as atenções parecem voltadas para o pequeno Joachim, o pai se enche de coragem e mesmo sem conhecer o mundo passa a percorrê-lo.

Desenhada em traços rústicos e usando o preto e branco (o que parece ter virado moda nos últimos anos) a história funciona bem na sua primeira metade, onde as adversidades são arremessadas no meio de uma vida pacata e cotidiana. O roteiro força muito esse lado tranquilo e feliz da família, mas mesmo incomodando vez ou outra, não chega a ser um problema. Mas na segunda metade a trama se perde e parte para o apelo ao fantástico sem muita direção ou rumo.

Ao final de “Três Sombras” pode-se analisar a história de amor universal que ele retrata olhando tanto para o lado de seus méritos quanto dos seus defeitos (o que acaba sugerindo um empate técnico), no entanto, o que mais deve ser levado em consideração é a relevância do lançamento em território nacional, o que sem dúvida vai atestar por fim o bom trabalho que o selo Quadrinhos na Cia. vem realizando com a publicação de obras diversas do mundo da nona arte.

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