segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Paul McCartney - Estádio do Morumbi (SP) - 21.11.2010

Um casal de gaúchos se abraça fortemente. Ele está vestido com a camisa do Internacional e ela com a do Grêmio, mas isso não faz a menor diferença nesse momento. Um pouco acima deles, três amigos que vieram de Belém cantam juntos a música que ecoa no ar, enquanto um filho segura o pai que há pouco tempo teve que ir ao banheiro para lavar o rosto e tomar um fôlego. Do lado, algumas garotas de 20 e poucos anos e um menino com não mais do que nove de idade, também fazem questão de cantar junto com o coro geral.
A eles juntam-se o divertido vendedor de amendoins que veio tentar a vida em São Paulo direto de Maceió, os garotos vestidos de Beatles da fase Sgt. Pepper’s que aparecem no telão e um grupo de quase dez amigos que se entrelaçam e levam os braços para cima. Não importa de onde essas pessoas vieram ou que vida levam, todas agora fazem parte de um pequeno universo que comporta sessenta e poucas mil pessoas e que tem na regência e comando um senhor de 68 anos que canta uma velha e bonita canção chamada “Hey Jude”.
O relógio indicava quase meia noite de domingo e Paul McCartney chegava perto de duas horas e meia de apresentação com um vigor que parecia inesgotável. Depois da música que encerrou a primeira parte, ainda viriam mais dois bis e outras seis canções. Aquele que para milhares é o maior artista vivo da música fazia no estádio do Morumbi uma apresentação encantadora e memorável. Com muito bom humor e um grupo de apoio que transbordava competência (principalmente o baterista Abe Laboriel Jr.), Macca fez todos cantarem.
E que canções foram entoadas. De todas as fases, indo dos Beatles, passando pelo Wings e desembarcando na carreira solo. Momentos emocionantes como “The Long and Winding Road”, “My Love”, “Eleanor Rigby”, “Something” (oferecida com justiça a George Harrison) e a mágica “Band Of The Run” se aliavam a outros extremamente pop e para cima como “Jet”, “All My Loving”, “Drive My Car”, “Mrs. Vandelbilt” e “Ob-La-Di Ob-La-Da”. Em “Let It Be”, um homem barbudo na faixa dos 40 anos tinha lágrimas caindo do rosto.
John Lennon também ganhou justa homenagem em “Here Today” e no momento mais fantástico da apresentação na dobradinha de “A Day in the Life/Give Peace a Chance”. Boa parte do público encheu balões brancos e levantou para depois soltar quando o hino pela paz iniciou seus versos. Era impossível ficar imune e a emoção transbordava no Morumbi. “Live And Let Die” ganhou fogos de artifício e explosões pelo palco e no telão, enquanto o piano de Paul cadenciava o ritmo naquela que é uma das suas melhores músicas.
E veio o primeiro bis com “Daytripper”, “Lady Madonna” e uma “Get Back” magistral invadindo a segunda feira, que presenciou logo nos seus primeiros minutos um segundo bis com a qualidade de “Yesterday”, “Helter Skelter” e “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”. Quando tudo realmente acabou depois de quase três horas, virei para um amigo ao lado e perguntei: “Como definir esse show?”, no que ele respondeu: “Simples. Não tem definição. Elas são pequenas demais para referenciar algo do tamanho que vimos hoje.” Verdade.
Paul McCartney justificou com força, simpatia e extrema categoria a aura de divindade que paira sobre si. É incrível a destreza com que toca todos os vários instrumentos em que se aventura. É certo que a voz falha algumas poucas vezes, mas isso realmente nada importa. Sem tomar um único copo de água que fosse, demonstrou para centenas de outros artistas como se faz um grande show, sem estrelismos ou pretensão. Na saída do estádio, as milhares de pessoas tinham em comum um sorriso estampado no rosto, digno de quem acabou de ver o show da sua vida.
Foto:
http://ultimosegundo.ig.com.br

3 comentários:

Bete Novaes disse...

Poxa Marcelo estou aqui do outro lado do PC pensando: "Porque não me esforcei mais pra tentar ir??..."
Agora já foi, quem sabe numa próxima... mas obrigada pelo relato, mesmo agora tendo certeza do que perdi...
Adoro seu blog e sempre passo por aqui pra ver as novidades do mundo pop!
Abraços!

Bete Novaes disse...

Desculpa Adriano... não sei de onde tirei o Marcelo... desculpa mesmo... mas os elogios ainda valem...hehe =)

Adriano Mello Costa disse...

Bete, obrigado pelos elogios e pelas visitas. Quanto ao nome, sem bronca :)) Abs.