sexta-feira, 18 de setembro de 2009

"Black Hole" - Charles Burns

Dentro do mundo dos quadrinhos as mutações genéticas são uma coisa normal, criando heróis e vilões em grande escala. Poucas vezes essas mutações genéticas são olhadas pelo prisma daqueles que a conseguem, mas não herdam nada de extraordinário junto com as mudanças sofridas pelo corpo. É olhando para essa minoria que o norte americano Charles Burns construiu sua obra mais importante e visceral.
“Black Hole” foi lançada originalmente em 12 edições nos Estados Unidos e ganhou uma versão encadernada pelas mãos da Editora Conrad aqui no Brasil, dividida em dois volumes e lançada nos anos de 2007 e 2008. A obra ganhou diversos prêmios importantes, entre eles oito Harvey e o desejado Eisner Awards de melhor graphic novel. A obra também está sendo adaptada para o cinema e deve ganhar a grande tela em breve.
Em “Black Hole”, Charles Burns ambienta sua história na Seattle dos anos 70, anos onde a libertação da juventude através de drogas, sexo e álcool alcançava talvez seu maior ponto. Enquanto os jovens adentravam a esse mundo de descobertas, uma “doença” se espalhava pelos arredores transmitida através da relação sexual. Essa “doença” promovia mutações pelo corpo que variavam entre simples manchas e alterações grotescas.
Nesse meio, o autor cria alguns personagens que na seqüência do relacionamento normal da sua idade, na descoberta das paixões e tudo mais que a idade apresenta, são obrigados a abdicar de tudo e se esconder do mundo, que não os aceita e lhes tranca a porta. Com uma arte toda em preto e branco, com traços fortes e pesados, Charles Burns cria um clima tenso, sem muitas alegrias e na maioria das vezes mórbido e sem esperança.
“Black Hole” foge do lugar comum e ao fazer isso cria um universo que traz desconforto a quem está lendo ao se imaginar na pele dos personagens. Nela, Charles Burns lida com temas como preconceito, morte, escolhas e descobertas sexuais de uma maneira que vai conduzindo para um final anunciado, mas que mesmo assim provoca um grande clima de tensão e até mesmo de indignação, não mostrando salvação alguma no decorrer do caminho.

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