domingo, 26 de junho de 2016

Quadrinhos: “Bucky Barnes: O Soldado Invernal - O Homem Na Muralha” e "Fungos"

 

Durante os eventos de “Pecado Original” da Marvel, descobriu-se que Nick Fury na verdade tinha um serviço mais secreto ainda que todos aqueles já apresentados outrora. Ele era uma espécie de defensor da terra contra potenciais ameaças alienígenas que nunca foram apresentadas a ninguém. Depois do que ocorreu nessa boa saga, o encargo de ser essa primeira e solitária linha de defesa caiu nos ombros de Bucky Barnes, o antigo parceiro do Capitão América, mais conhecido ultimamente como Soldado Invernal. Sendo figura importante da editora nos últimos anos não somente nos quadrinhos, mas nos dois primeiros filmes do sentinela da liberdade, o personagem anda em alta o que justifica uma revista solo e sua publicação aqui no Brasil. Com 116 páginas e capa cartonada, a Panini Comics lançou recentemente o encadernado “Bucky Barnes: O Soldado Invernal – O Homem Na Muralha”, onde mostra as cinco primeiras edições dessa nova série publicada nos EUA entre dezembro de 2014 e abril de 2015. Com roteiro de Ales Kot e arte de Marco Rudy apresenta-se uma viagem entre mundos, tempo e espaço, com participações especiais de Daisy Johnson (Tremor), Namor, Lóki e o vilão Ossos Cruzados, além de um Nick Fury do futuro. A trama consiste em Bucky buscando a explicação para um atentado que sofreu e, durante essa busca, acaba descobrindo que o cenário é bem mais amplo do que esperava, acarretando inclusive em danos estruturais gravíssimos em um preocupante futuro. O que de início aparece como uma premissa interessante e com várias potencialidades acaba se perdendo completamente durante as edições em um roteiro confuso e uma arte pretensiosa que não contribui em nada para que a trama avance, deixando o resultado final bem abaixo do esperado.

Nota: 4,0


James Kochalka é um dos quadrinhistas independentes mais admirados e prolíficos dos Estados Unidos. Vencedor de prêmios respeitáveis dentro dos quadrinhos como o Eisner e o Harvey, o autor de “American Elf” e “Dragon Puncher” finalmente tem seu trabalho lançado no país. “Fungos” (Fungus, no original) é uma das suas obras mais recentes e foi publicado lá fora pela conceituada Retrofit Comics, sendo que aqui no Brasil chega por conta da Editora Mino com 144 páginas, formato 15x21cm, tradução de Dandara Palankof e ótimo tratamento editorial. O artista que também é músico e tem uma banda de rock há um bom tempo (a James Kochalka Superstar) concebeu a história ao som de discos de bandas variadas como Girl Talk e Sigue Sputinik como explica no preâmbulo. Feito depois de uma pesquisa pelos ásperos e desabridos pântanos no estado do Maine, vemos dois fungos e outras pequenas criaturinhas conversando e divagando sobre questões que vão do comportamento a religião, da internet aos quadrinhos. Em preto e branco e com quadros tradicionais, o autor apresenta um humor simples, honesto, quase pueril às vezes, mas que dá margem a várias reflexões que variam de pessoa para pessoa de acordo com idade e concepção de vida. As piadas com o Facebook e com os tempos modernos de e-mails e tudo mais são simplesmente geniais. James Kochalka influenciou diversos outros autores de quadrinhos hoje e essa influência se expande até desenhos animados de sucesso como “A Hora da Aventura”, onde o criador Pendleton Ward é seu fã confesso. “Fungos” é uma obra que apesar de aparentar ser simplória nas primeiras páginas, ganha força no decorrer da leitura e melhora muito mais em uma segunda passagem, levando a obra a um grau de qualidade elevado e valioso.

P.S: A Mino disponibilizou um capítulo extra da obra. Leia, aqui.

Nota: 8,0



sábado, 18 de junho de 2016

Quadrinhos: “O Outro Cão que Guarda As Estrelas” e “Constantine: Hellblazer – Fantasmas do Passado”

 

Em 2008 o artista japonês Takashi Murakami lançou o mangá “O Cão Que Guarda Estrelas”, que posteriormente em 2014 ganhou edição nacional. A obra foi um sucesso de crítica e público, chegando até a virar filme, diga-se de passagem, com todo o mérito. Uma história emocionante e repleta de significados. Devido ao sucesso o autor se aventurou se não por uma continuação, mas em uma nova trama correlacionada diretamente a primeira. “O Outro Cão que Guarda As Estrelas” (Zoku Hoshi Namoru Inu, no original) chegou às livrarias japonesas em 2011 e ano passado ganhou edição nacional pela mesma JBC Editora com 176 páginas e tradução de Denis Kei Kimura. O foco agora é o que aconteceu com o outro cachorrinho que foi abandonado junto com o Happy, o protagonista anterior. Ele acaba sendo recolhido por uma reclamona senhora e essa parceria mudará a vida de ambos. Também apresenta outros personagens secundários oriundos de “O Cão Que Guardas Estrelas” e relaciona as duas coisas. Mesmo sendo algo que pode ser lido separadamente, esse novo trabalho de Takashi Murakami só existe em função do primeiro e utiliza das mesmas sensações e toques para criar a atmosfera e ambiente. Sensível e delicado, o livro exibe bons momentos, porém em uma análise fria é apenas mais do mesmo, novas variações sobre o mesmo tema, que buscam esticar uma obra de sucesso retirando ainda mais água de um poço que já parecia ter secado. Se isso é uma decisão válida artisticamente é complicado se afirmar, porém seria interessante ver Takashi Murakami deixando o seu maior sucesso em paz enquanto busca novas histórias com o toque lírico que possui. Lógico e evidente que boa parte dos fãs deve discordar disso e querer sempre mais, contudo isso é uma outra questão.

Nota: 6,0


John Constantine é uma das grandes criações do selo Vertigo da DC Comics. Oriundo da cabeça de Alan Moore na metade dos anos 80 é o exemplo absoluto do anti-herói, repleto de sarcasmo, cinismo e muitas atitudes nada lisonjeiras. De lá para cá, o mago já foi personagem de histórias fantásticas e quase nunca suas tramas são ruins, um fato e tanto devido a longevidade e a passagem por dezenas de autores distintos. “Constantine: Hellblazer – Fantasmas do Passado” que a Panini Comics lança esse ano aqui com 140 páginas em capa cartonada reúne as edições originais da revista de número 1 a 6 publicadas nos EUA entre junho de 2015 e janeiro de 2016 (e mais uma edição especial). Nessa nova roupagem pelas mãos dos roteiristas Ming Doyle e James Tynion IV e dos desenhistas Riley Rossmo e Vanesa Del Rey, Constantine está novamente perambulando pelo mundo sem muito o que fazer e sem local certo para onde ir até que os fantasmas que lhe acompanham representando todos os que morreram por culpa das suas burrices e trapaças começam a morrer novamente. Para que isso pare de ocorrer e ele tenha novamente sossego parte pelos submundos reais e da magia para descobrir quem está causando tanto estardalhaço. O que vemos a partir daí é um mergulho no passado e a reativação de antigos laços, para o bem e para o mal. Nessa nova visão que vem logo após o evento intitulado “Convergência” e inicia a fase do personagem na nova empreitada da editora chamada “DC & Você” (DC You, no original), as feições do mago estão um pouco diferentes e volta à tona com grande força a sua bissexualidade, há tempos renegada. Entre monstros, demônios, piadas e músicas temos uma boa história, com arte escura e repleta de sombras, mostrando um recomeço com vigor para o personagem.

Nota: 7,0

terça-feira, 7 de junho de 2016

Quadrinhos: "Ninguém Me Convidou" e "Entre Umas e Outras"


Allan Sieber nunca foi muito próximo do pai. Não que eles tivessem brigado ou algo do tipo, mas como ele mesmo afirma nunca foi o preferido da casa. Mesmo sem esse vínculo tão grande, foi através do pai que o autor de “Preto no Branco” e “Vida de Estagiário” adquiriu o amor pelos quadrinhos lendo da coleção do velho, coisas como The Spirit e Fantasma. No decorrer da década passada, Allan começou a entrevistar o pai e ouvir suas centenas de histórias e peripécias em Porto Alegre como ilustrador e fotógrafo dos anos 40 até meados dos anos 90. O resultado disso é o álbum “Ninguém Me Convidou”, que já havia sido publicado pela editora Conrad em 2010, mas saiu de circulação por erros de impressão. No ano passado a Mórula Editorial recolocou a obra no mercado com 116 páginas e um trabalho cuidadoso com muitos textos e artes da época que Jouralbo Sieber (sim, esse é o nome dele) batalhava pelas ruas gaúchas. “Ninguém Me Convidou” é uma espécie de biografia de Jouralbo, que conta com a maioria dos desenhos dele e o texto também, sendo que este foi lapidado e convergido para o formato dos quadrinhos pelo filho. Contudo, vai além e pode ser entendido como o retrato de uma época, com tudo o que isso acarreta, de costumes ao trabalho em si, ainda longe da existência de computadores e programas de edição. E a obra acaba vingando mais por aí, com os traços dos desenhos remetendo aqueles anos, focando o realismo, temos uma pequena amostra de como as coisas funcionavam anteriormente. O trabalho conjunto de pai e filho produzido pelos Sieber não é dos mais instigantes, mas tem valor e, acima de tudo, serve como um tratado de reaproximação.

P.S: A parceria deu tão certo que outro álbum está a caminho.

Nota: 6,0


Twitter de Allan Sieber: http://twitter.com/fakeallansieber 



Sair de casa nunca é fácil. Deixar para trás alguns confortos tem seu custo, ainda mais quando se vai para outra cidade e ficam os amigos, os lugares prediletos, a vida. Depois é preciso crescer, encarar a busca por trabalho, ralar para pagar contas, economizar tudo que for possível, sonhar com um lugar legal para morar enquanto se arruma em alguma espelunca, criar novos laços de amizade, até que um dia as coisas começam a dar certo, começam a andar. Histórias desse tipo são comuns tanto nos livros, cinemas ou quadrinhos. Histórias de crescimento, da transição da adolescência para a vida adulta. E para ser bem honesto esse tipo de enredo depois de um tempo começa a ficar repetitivo e chato. Porém, não é isso que ocorre em “Entre Umas e Outras” (Drinking at The Movies, no original), graphic novel de 208 páginas, com tradução de Eduardo Soares e lançamento nacional pela editora Nemo. Indicada para o Eisner Awards (um dos prêmios mais importantes dos quadrinhos), o álbum é escrito e desenhado em preto e branco pela norte-americana Julia Wertz, autora da cultuada série “The Farty Party” (ainda inédita no Brasil). E por quais motivos essa obra não é enfadonha como tantas? Pelo mais simples deles: pela sua autora. Julia que deixou São Francisco rumo a Nova York para começar outra vida é uma pessoa que apesar de todas as agruras e rasteiras que recebeu apresenta isso com extremo bom humor e inteligência. Meio estranha e esquisita, usa traços juvenis carregados de expressão no olhar para narrar todas as desventuras em preto e branco. Com comentários rápidos e fulminantes, síndrome de Peter Pan e uma boa carga de tragicomédia (além de muito álcool), a autora expõe situações que todo mundo se identifica ao menos uma vez. Faz ri e emociona em um dos melhores lançamentos do ano por aqui. Vale muito.

Nota: 9,0

Twitter da autora: http://twitter.com/Julia_Wertz





domingo, 29 de maio de 2016

"Entre o Mundo e Eu" - Ta-Nehisi Coates

Ta-Nehisi Coates nasceu e cresceu em Baltimore nos EUA. Quando criança e adolescente viu a violência e a criminalidade de muito perto, assim como o desrespeito aos negros em diversos setores. Cresceu, entrou em uma faculdade e ralou muito para ser escritor, onde encontrou o seu caminho, a sua vocação. Quando o filho faz 15 anos ele redige uma longa carta para ele, contando um pouco da vida, mas principalmente tentando explicar o que significa ser negro na América e junto com isso apresenta um ensaio sobre a questão da cor e do racismo nos EUA.

“Entre o Mundo e Eu” (Between the World and Me, no original) foi publicado ano passado e no mesmo ano ganhou edição nacional pela editora Objetiva com 152 páginas e tradução de Paulo Geiger. O texto do autor é incisivo, repleto de frases fortes e pensamentos que precisam ser lidos mais de uma vez para serem absorvidos na sua totalidade. Foi muito bem recebido por crítica e público e entrou na lista dos mais vendidos de jornais importantes, além de ter ganho o prestigiado National Book Award na categoria de não-ficção.

Os Estados Unidos são o foco principal dos disparos de Ta Nehisi-Coates, um país que apesar de hoje ter parte do aparato de repressão também nas mãos de negros, não deixa de exercer força contra estes. Um país que segue com uma mídia obediente e mesmo que cheia de teorias sobre tudo, ainda é vazia no seu âmago. “Nunca esqueça de que estivemos escravizados neste país por mais tempo do que temos sido livres”, lembra em certo momento ao filho.

E vai além. Em outra passagem afirma que “a América acredita-se excepcional, a maior e mais nobre nação que jamais existiu, um paladino solitário que se interpõe entre a cidade branca da democracia e os terroristas, os déspotas, os bárbaros e outros inimigos da civilização”. Porém, o pensamento que lhe nutre o coração e a realidade em que viveu o faz alertar ao filho que muitas ações ficam somente em palavras e enfático afirma que “boa Intenção é um salvo-conduto através da história”.

A preocupação maior do autor enquanto passeia pelos fatos da vida e objetiva que o filho visualize o cenário em que está inserido é o direito de assegurar e governar os próprios corpos. Sim, isso mesmo, parece simples, mas não é bem assim em uma “América Branca” que é arranjada de maneira a proteger o poder sobre esses corpos. Para o autor, destruir o corpo negro de maneira direta ou mesmo impondo limites virou uma tradição nefasta, uma herança absurda do país.

“Entre o Mundo e Eu” é um livro para ser lido pelo menos duas vezes. O tom do autor mesclando paixão, resignação, coragem e preocupação com o futuro é arrebatador e escancara que o racismo ainda existe e muito, mesmo que mascarado de outras formas e maneiras. O pior de tudo é negar isso, negar que o racismo é exemplo do que há de pior no ser humano, nos transformando diretamente em seres primitivos e sem razão. E, acima de tudo, é uma estupenda declaração de amor de um pai para o seu filho.

P.S: Ta-Nehisi Coates anda escrevendo a revista do “Pantera Negra” para a Marvel. Tudo a ver.


Nota: 9,0

domingo, 22 de maio de 2016

Quadrinhos: “Papa-Capim - Noite Branca” e “Uma Morte Horrível”

 

O selo Graphic MSP continua a todo vapor. Mais um produto da série que visa revitalizar os clássicos personagens de Mauricio de Sousa para os nossos dias chega ao mercado. Agora é a vez do indiozinho Papa-Capim repaginado pela mente de Marcela Godoy (“Fractal”, “A Dama do Martinelli”) e pelo traço e cores do craque Renato Guedes (“Superman”, “Vingadores Secretos”). A graphic novel tem 84 páginas e mais uma vez lançamento pela Panini Comics que dispõe as habituais versões em capa cartonada e capa dura. A trama apresenta o personagem principal, seu melhor amigo Cafuné e a paixonite Jurema mais velhos do que nas revistas, já adolescentes e próximos de encararem papéis mais importantes dentro da aldeia. Tudo corre razoavelmente bem, porém um mal sem nome começa a ameaçar todos. Primeiramente de modo súbito e depois avançando para um terror mais vigoroso, Papa-Capim se vê como potencial salvador da tribo contra essa escuridão secular. Para compor o roteiro do álbum, Marcela Godoy mergulhou nos mitos do folclore indígena tupiniquim, fazendo um trabalho interessante não somente do ponto de vista da composição do roteiro, como para deixar vivos esses mitos e lendas nacionais. Usou ainda como base textos do historiador Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) para criar os vilões da trama, como também embelezou o texto com um poema de Gonçalves Dias (1823-1864). A arte de Renato Guedes apresenta a já conhecida categoria do artista que utiliza habilmente os tons escuros que o trabalho pede e desenha sempre objetivando traços mais próximos do real. “Papa-Capim – Noite Branca” amplia o leque de estilos abrangidos dentro do projeto aproveitando de modo muito sagaz um personagem bem secundário do universo de Mauricio de Sousa.

Nota: 7,5


De um lado uma bonita jovem insatisfeita com a vida, com um trabalho que quase não consegue suportar, expectativas totalmente em baixa e morando com um namorado que além de grosso e estúpido passa o dia em casa sem correr atrás de nada. Do outro lado um charmoso e famoso escritor, recluso em uma casa que ninguém tem acesso e que sofre por não conseguir escrever mais do que duas linhas no papel. São esses dois leves extremos que se cruzam e dão o tom da graphic novel “Uma Morte Horrível” (Cadavre Exquis, no original), lançamento da editora Nemo desse ano, com 128 páginas e tradução de Fernando Scheibe. Publicado na França em 2010 é uma obra da quadrinista parisiense Pénélope Bagieu, hoje com 30 e poucos anos (nasceu em 1982). Com humor e diálogos eficazes e funcionais a autora une os universos de Zoé e Thomas para contar uma história cheia de coisas escondidas no armário e envolvendo insatisfações pessoais, paixão, narcisismo, traição e ganância tendo a literatura como personagem coadjuvante. O texto usa sabiamente toda a aura “mágica” que a literatura tem na França para compor uma história que surpreende o leitor quase que a cada passo, pois quando este pensa que se trata de apenas mais um romance banal, vê no fundo do copo algo mais. O traço de Pénélope Bagieu é simples, sem requintes, mas transpõe as emoções a que se ambiciona e enxerta um toque sempre leve e descompromissado ao álbum, o que acaba sendo de grande valia. “Uma Morte Horrível” é um trabalho que tem a capacidade de satisfazer não somente os leitores de quadrinhos, como também aqueles não acostumados com a nona arte.

Nota: 8,5

Twitter da autora: http://twitter.com/penelopeb



segunda-feira, 16 de maio de 2016

Quadrinhos: "Robô Esmaga" e “Campos de Batalha – Vol. 1”


Desde 2010 o carioca Alexandre S. Lourenço publica de maneira independente na web a tirinha “Robô Esmaga”, sendo premiado nacionalmente por esse trabalho. No ano passado a Editora JBC, mais conhecida pelo foco em mangás, publicou uma compilação dessas tiras em 84 páginas através do selo INK Comics (criado e administrado por ela). Nas tiras de Lourenço são explorados temas do cotidiano como o trabalho, a família, o ofício de quadrinhista, os amores e a nossa própria inadequação para com o mundo, para com aquilo que estamos fazendo no dia a dia. Com traço minimalista, rabiscado e sem se prender a fórmulas de quadros pré-estabelecidas no que tange a orientação e tamanho, apresenta também algumas outras facetas, como na ótima crítica social de “gigante”. Mas é olhando para esse nosso aceite (voluntário ou não) perante a sociedade e aquela vontade ali dentro do peito de dar uma bicuda em tudo que ele se sobressai de verdade. Tiras como “2-15”, “cinco centímetros”, “amarras” e “fabrízio” são especialmente arrebatadoras. Na verdade, ao ler “Robô Esmaga” é difícil para o leitor não se identificar pelo menos parcialmente com alguma das tiras. Mesmo concluindo a leitura em poucos minutos, fica aquela vontade de ler tudo de novo, para pegar algum sentimento que porventura possa ter passado despercebido. O trabalho de Alexandre S. Lourenço destaca-se por isso. Por gerar essa identificação e fazer isso com delicadeza e até arrancando um sorriso do leitor. É torcer que mais volumes com essa qualidade sejam publicados no futuro.


Nota: 7.5


“Battlefields” é uma grande série desenvolvida pelo quadrinhista Garth Ennis na Dynamite Entertainment. Publicada nos EUA desde o final de 2009, ela é dividida em pequenas minisséries de três capítulos todas vinculadas a segunda guerra mundial. Agora em 2016 a Mythos Editora publica as duas primeiras histórias em um encadernado de capa dura com extras em 164 páginas e com classificação adulta. “Campos de Batalha – Vol. 1” apresenta duas tramas desenvolvidas pelo irlandês criador de hq’s como “Crossed”, “The Boys” e “Preacher”, mostrando aspectos um pouco diferentes dessas obras, mas ainda com a violência como condutor (afinal, estamos falando em guerra), porém apresentada sobre outro viés. A primeira delas é “As Bruxas da Noite” com ilustrações de Russ Braun e cores de Tony Aviña. Uma história forte, vigorosa, com algum humor mais ácido, que trata da invasão do exército alemão nazista na extinta União Soviética, apresentando um esquadrão de aviação composto só por mulheres russas, que aterrorizam os soldados alemães enquanto estes avançam. Coesa e com um final repleto de clímax é o ponto alto da edição. A segunda história tem arte de Peter Snejbjerg e cores de Bob Steen e se chama “Querido Billy” e leva o cenário da segunda para a invasão japonesa à China e o envolvimento de britânicos e americanos em relação a isso, apresentando como personagem principal uma enfermeira repleta de ódio e com desejos de vingança aos japoneses por conta do que lhe aconteceu. Também com final em ponto elevado, fica um pouco abaixo da primeira pelo andamento como um todo, mas ainda sim se configura em uma boa história. Com capas do grande John Cassaday (Planetary), “Campos de Batalha – Vol. 1” apresenta um Garth Ennis com outra levada no âmbito geral, mas ainda assim esbanjando maestria pelas páginas.

Nota: 8.5


quarta-feira, 11 de maio de 2016

Quadrinhos - "Quiral" e “Thor: O Deus do Trovão - Bomba Divina”


“Quiral” é um quadrinho nacional que utiliza como personagens principais um capitão e uma garota separados entre si por muitos e muitos anos, mas que no fundo, não estão tão separados assim como essa premissa nos leva a crer de início. Criação da dupla Eduardo Damasceno e Luiz Felipe Garrocho que dividem o texto e a arte, tem 44 páginas e foi lançada no decorrer do ano passado pela Editora Mino, mais uma empresa apostando no mercado de quadrinhos e fazendo isso com qualidade, o que é melhor ainda. Na trama uma jovem que gosta de aventuras marítimas e trabalha diretamente com o mar fazendo redes de pesca, lê em casa um velho diário de um capitão que mantinha a tripulação focada para caçar monstros marinhos em prol da comunidade. Com um leve toque de fantasia no meio, a dupla insere com sensibilidade e destreza questões como coragem e dever, sublinhadas pela amargura e pelo medo reunidos de algumas decisões. Para separar o passado e o presente, utilizam tons diferentes de cor para cada época que entrecortam nas páginas, uma saída que além de funcionar para um entendimento mais rápido, ajuda e muito no visual da obra, que fica mais bonito. O trabalho da dupla Damasceno e Garrocho já teve seu talento anterior demonstrado em obras como “Achados e Perdidos”, “Cosmonauta Cosmo” e na releitura feita para o Bidu em “Caminhos”, projeto da série Graphic MSP que recria os personagens de Mauricio de Sousa. Aqui em “Quiral” isso não é diferente, que além de ser uma ótima leitura e envolver quem a lê, serve para ratificar ainda mais o talento já citado da dupla.

Nota: 8.0


“Será um mundo melhor sem deuses. Nada de medo de danação eterna ou de anseio por recompensa futura. Nada de ódio entre crentes de fés rivais. Sem a mentira da eternidade para servir de muleta, não teremos escolha senão finalmente prezar o pouco e precioso tempo que temos. E dedicar a fé a nós mesmos”. Esse trecho está dentro do encadernado de capa dura “Thor: O Deus do Trovão – Bomba Divina” com 140 páginas lançado pela Panini Comics esse ano. Continuando o arco “Carniceiro dos Deuses” traz o final dessa jornada reunindo as edições originais publicadas lá fora entre maio e dezembro de 2013. Com direito a alguns extras esse conjunto de histórias contados por Jason Aaron no roteiro e com a arte de Esad Ribic e Butch Guice tem o poder de entrar para o rol das grandes histórias do personagem. Isso porque reúne de uma história característica do Thor, como também insere divagações mil sobre a relação das pessoas comuns com seus deuses, independente de que planeta (ou país estejam). Na busca de cancelar o plano de Gorr, uma entidade que trabalha movida a vingança e a dor, são reunidos Thor’s de diferentes pontos do tempo, o que acrescenta mais ainda já que visualiza inquietações díspares e apresenta reflexões sobre o passar do tempo. Jason Aaaron (Wolverine) costura esses pontos de maneira concisa e faz com que todas as reflexões que apresenta planem no ar e faça o leitor vez ou outra parar um pouco no meio das páginas. A arte acompanha o ritmo (as capas são fantásticas) com quadros bem estilizados e as cores variando entre a claridão e o sombrio, de acordo com o que pede a trama. Da série chamada “Nova Marvel”, Thor talvez tenha sido o melhor acerto da editora.

Nota: 9.0

sábado, 7 de maio de 2016

Quadrinhos: “Excalibur” e “Víuva Negra - A Mais Delicada Trama”


O trabalho do artista e roteirista Chris Claremont com os X-Men, redefiniu o grupo, alongou seus tentáculos e transformou a série em um sucesso estrondoso para a Marvel. Esse ícone da nona arte tentou outra ousada ideia com a habitual mão centralizadora por qual é conhecido criar outro desses braços dos X-Men em 1987. Junto com o artista Alan Davis responsável por uma fase esplendorosa do Capitão Britânia ao lado do gênio Alan Moore, Claremont criou uma nova equipe em um mundo que pensava que os mutantes do Professor Xavier estavam mortos. A equipe reunia além do já citado Capitão, a namorada transmorfa Meggan, Rachel Summers e os sobreviventes Noturno e Kitty Pride. Esse início foi publicado no Brasil em meados do ano passado pela Panini Comics em um encadernado com capa cartonada de 180 páginas reunindo as edições originais “Excalibur” de 1 a 5, além de “Excalibur Special Edition: The Sword is Drawn” lançadas entre março de 1987 e fevereiro de 1989. A trama começa com as óbvias diferenças e ajustes de um grupo que está se formando, com brigas, desavenças e até mesmo um triângulo amoroso. No entanto, a partir do momento em que percebem sua importância as coisas começam a fluir no combate a situações rotineiras e vilões malucos. Uma das grandes sacadas do autor na época foi usar todo o arcabouço de ideias produzidas antes por Alan Moore em Capitão Britânia. O tom amalucado, com algum humor e situações bem surreais dão o tom, apoiadas na sobriedade dos desenhos de Davis. Contudo, mesmo se reconhecendo alguns méritos e com a nostalgia envolvida, “Excalibur” é uma história que envelheceu mal e hoje cansa mais do que diverte, tanto pelas assertivas que expõe quanto pelos caminhos que explora. Vale para conhecer o trabalho, porém hoje, não vai muito além do que isso.

Nota: 5.0


Natasha Romanova sempre deixou o passado coberto com os véus mais pesados. Sua primeira aparição nos quadrinhos foi em 1964. Espiã russa, craque em dissimulação, armamentos e combate corpo-a-corpo, utilizava também da beleza também para conseguir objetivos. Começando como vilã, acabou por se tornar heroína (com vários senões, é verdade) e entrou para Os Vingadores. No cinema representada pela bela Scarlett Johansson, essa aura de mistério e as características citadas acima permaneceram e forjaram a personagem a um sucesso maior, levando a Marvel (em mais uma das suas repaginadas) dar nova atenção para a perigosa ruiva. O início disso a Panini Comics lançou por aqui no começo do ano no encadernado “Víuva Negra – A Mais Delicada Trama”, reunindo as edições “Black Widow” de 1 a 6 e o especial “All New Marvel Now! Point One 1”, publicados entre março e junho de 2014 nos EUA. Com roteiro de Nathan Edmondson (The Activity) as 148 páginas apresentam uma protagonista em busca de alguma redenção, por mais complicado que isso seja. Se redimir dos pecados do passado nem sempre é tarefa fácil e a Víuva Negra aprende isso. Em conjunto se vê também no meio de uma complexa trama trabalhando com a S.H.I.E.L.D, na qual suas habilidades, mesmo bem interessantes, podem não ser suficientes. Os desenhos de Phil Noto (Star Wars) são funcionais e o uso que ele dá as linhas rabiscadas e ao uso das cores, faz com que essa nova fase também tenha méritos visuais. Ao colocar a Víuva Negra fazendo o trabalho de espionagem que está acostumada a fazer, sem esquecer de explorar um pouco a sensualidade e, principalmente, não inventando fatos absurdos para o passado dela, deixando o mesmo ainda repleto de questões a serem levantadas, Nathan Edmondson acerta a mão e apresenta uma boa fase para a antiga espiã russa.

Nota: 7.0


domingo, 1 de maio de 2016

Quadrinhos: “Deadpool – Meus Queridos Presidentes” e de “Homem-Aranha – Negócios de Família”


Tudo pode acontecer com o Deadpool né? Já deu para perceber isso no decorrer dos anos, então nada mais normal (para ele) do que ter que enfrentar uma horda de zumbis poderosos composta por todos os ex-presidentes dos EUA já falecidos. “Deadpool – Meus Queridos Presidentes” é uma publicação nacional do início do ano em capa dura da Panini Comics com 140 páginas e faz um compêndio das edições do mascarado maluco de 1 a 6 lançadas nos EUA entre janeiro e maio de 2013. Com roteiro de Gerry Duggan e Brian Posehn, tem ilustrações de Tony Moore e cores de Val Staples. No divertido absurdo da história, os ex-presidentes são convocados do além por um maluco ex-agente da S.H.I.E.L.D que mexe com magia, para que estes salvem a América, que anda uma desgraça só. Bom, as coisas não saem bem como o planejado e a agência com vergonha (entre outras coisas) do ocorrido acaba convocando o Deadpool para salvar o dia. Claro que também que as coisas não fluem da maneira que todos pensavam e o mercenário tagarela vai arremessando corpos na mesma proporção que distribui suas piadas ácidas e comentários cruéis. Esse primeiro arco de histórias apresentou a nova fase do personagem que continua em alta voltagem até hoje. “Deadpool – Meus Queridos Presidentes” é diversão do início ao fim, com uma ou outra crítica espalhada ali pelo meio do caminho, e uma “repaginada” peculiar de personagens históricos e tão importantes. Inclusive, pode tranquilamente a alguns anos figurar entre as histórias clássicas do protagonista, mesmo que seja um mais do mesmo do que já se viu antes. Sem se atentar a isso, no entanto, cumpre o seu papel que é divertir o leitor. E cumpre muito bem.

Nota: 8,0


Um dos pontos fracos mais latentes do Homem-Aranha sempre foi a família. Desde o início lá atrás quando o tio é assassinado, o herói ficou obcecado pela segurança de todos aqueles ao seu lado. Usando essa “fraqueza”, os escritores Mark Waid (Demolidor) e James Robinson (Batman) criaram uma graphic novel com trama fechada que apresenta o aracnídeo tendo que lidar de maneira bem interessante com isso. Publicada originalmente nos EUA em 2014, a história ganha edição nacional nesse ano pela Panini Books com capa dura, tratamento cuidadoso e 116 páginas. A arte da hq é um caso à parte. Com desenhos de Werther Dell’Edera e arte pintada do magistral italiano Gabrielle Dell’Otto (de “Guerra Secreta”), a trama que já é boa, se amplifica ainda mais. Falando em trama, tudo começa com Peter Parker sendo salvo por uma misteriosa mulher, que mais a frente se verá ter relações familiares diretas com ele. Por trás de tudo está um zeloso plano do Rei do Crime (como a capa já denuncia o envolvimento dele), que ambiciona voltar para o reinado que deixou para trás. É bacana se deparar com uma boa história do Aranha, tão maltratado ultimamente nos quadrinhos, com um roteiro que se sustenta e traz o leitor para o jogo. Com direito a vários extras, a edição brazuca de “Homem-Aranha – Negócios de Família” é daquelas para se guardar na estante, ainda mais pelo deslumbrante trabalho visual apresentado. Se ainda hoje o escalador de paredes é um dos maiores nomes da Marvel, causando rebuliço até em outras mídias, dá para imaginar o quão grande ele seria se recebesse sempre o mesmo tratamento aqui dispensado pela dupla Mark Waid e James Robinson.

Nota: 9,0


quinta-feira, 14 de abril de 2016

Manifesto - Blogs, Selos e Artistas contra o Golpe


Todos os blogs de cultura, selos musicais e artistas que assinam esse manifesto publicaram o texto abaixo em seus perfis de Facebook e dentro de seus espaços virtuais.


Em 1992, quando fomos às ruas pra apear Collor do poder, fomos, como hoje, movimentados pela mesma revista Veja e pela mesma Rede Globo. A favor da nossa consciência, Collor cometeu o equívoco de ele mesmo se beneficiar do esquema de corrupção desenhado pelo seu tesoureiro Paulo César Farias. PC pagava contas pessoais do presidente e da primeira-dama com grana de propina. Uma CPI foi instaurada na Câmara e os deputados saíram com provas de que Collor, já na presidência, utilizava-se desse dinheiro para benefício próprio. Era o tal crime de responsabilidade que justificou seu impeachment: o presidente dolosamente e diretamente utilizava do seu cargo pra conseguir benefícios indevidos.
Piorou quando PC Farias e Collor forjaram documentos pra tentar provar que a grana usada pras despesas do casal mandatário vinha de um empréstimo do Uruguai. Virou falsificador.
Tirar Collor do poder foi pouco traumático pra democracia brasileira, ainda cheirando a talco de neném, na sua primeira eleição direta à presidência depois da acintosa ditadura militar que durou mais de vinte anos. Itamar Franco assumiu, arrumou um plano econômico que ajustou a moeda nacional e fez seu sucessor. Que se reelegeu. Então um novo partido venceu as eleições e elegeu um novo presidente, que fez sua sucessora. Que dois anos atrás também se reelegeu.
Para então estarmos diante novamente de um processo de impeachment. Diferentemente de Collor, Dilma não tem nada contra. Nesse meio tempo, entre sucessores e reeleições, muitos escândalos de corrupção apareceram. Teve o da reeleição, Banestado/Lava Jato, privataria tucana, mensalão petista e mensalão tucano, petrolão/Lava Jato, HSBC, CARF, Panama Papers e nada, em nenhum deles, o nome de Dilma aparece.
A sua chapa está enrolada em tramoias envolvendo obras públicas e a Petrobras. Seu nome não aparece como beneficiária direta de um centavo sequer. Ao contrário, seus delatores, seus acusadores e seus opositores, grande parte deles, em especial os protagonistas (Eduardo Cunha, presidente da Câmara; Renan Calheiros, do Senado; Michel Temer, vice-presidente da República; Aécio Neves, líder da oposição etc.), estão todos enrolados, indiciados ou acusados. Pois é, “a gente somos corruptos”.
Na falta de um crime tão compreensível pra população como o de Collor, arrumaram um “crime fiscal” pra justificar o injustificável, o golpe, a destituição de uma presidente eleita pelo povo, democraticamente, legitimamente: as “pedaladas fiscais”, que a grande maioria talvez nem entenda ou queira entender.
Dificultando a compreensão do “crime”, entra a mídia pra inflar a ira da turba, pregando no partido da presidente a pecha de bandido, o que para a grande massa acaba sendo a mesma coisa. Ela não fez nada, mas as informações e a narrativa são para misturar tudo num balaio só. Ela virou uma bandida sem crime. Já está condenada antes mesmo de qualquer julgamento.
A chamam de ladra, de louca, de anta, de nomes impronunciáveis. Uma covardia. Enquanto não se provar nada contra ela, enquanto não tiver uma mísera prova de que ela é corrupta, o máximo que se pode dizer dela é que Dilma é incompetente, mas isso vai da visão de cada um. Um governo incompetente ou impopular se tira no voto, não por impeachment. Acontece que os derrotados de 2014 não souberam esperar e inventaram uma série de artimanhas para tirá-la do poder.
Primeiro, recontagem de votos. Deu em nada. Depois, os crimes vinculados à Lava-Jato. Até agora, nada do nome dela aparecer. Ainda existe a saída pelo Tribunal Superior Eleitoral, já que delação premiada de um empreiteiro acusa sua chapa de usar dinheiro de propina na eleição. Uma delação, nenhuma prova, por enquanto. É esperar.
Enquanto isso, arrumaram esse “crime fiscal” que ninguém entende e forçam a barra para que achem que é roubo. Não é. Nem crime é.
Não podemos ser a favor disso. O que vale em resumo desse texto é: impeachment com crime não é golpe; sem crime, é. O dela é golpe. Não há crime.
E há promessa de coisa pior: dessa turma de golpistas, grande parte investigada e suspeitada pela Lava-Jato, espera-se que as investigações sejam estancadas. Tirado o PT do poder, encerra-se tudo, não investiga-se mais ninguém, já era, todo mundo se salva, e ainda expulsa-se quem a mídia queria expulsar. Não é um processo contra corrupção, portanto. Se fosse, Dilma não estaria nessa situação, já que ela não é nem mesmo citada num escândalo em investigação.
Por incrível que pareça, doze anos depois, por falta de provas, Collor foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal dos crimes de peculato, falsidade ideológica e corrupção passiva. Um inocente diante da Justiça. Ou um sortudo diante de uma polícia incompetente.
Não se pode dizer o mesmo agora. A Polícia Federal tem autonomia, investiga, prende gente graúda (senadores, empreiteiros), gente de grana. Mesmo assim, não chegou em nada que comprometesse Dilma.
A sanha de poder dos golpistas não pode encontrar eco em quem tem um pingo de bom senso. Músicos, jornalistas, políticos, empresários, centrais sindicais, estudantes, juristas, cineastas, atores, atrizes, escritores, rappers, tem muita gente contra esse processo. Nós aqui, entre blogues, sites e selos musicais e arrobas do Twitter também nos manifestamos contra o golpe.
Texto de Fernando Augusto Lopes

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