quinta-feira, 10 de novembro de 2011

"27" - Kim Frank


Dentro do universo de histórias que o rock produziu desde que deu os primeiros passos, uma das mais intrigantes são os músicos que faleceram aos 27 anos. A lista é extensa e conta com nomes representativos como Jim Morrison, Jimi Hendrix, Brian Jones, Janis Joplin e Kurt Cobain. Essa estranha marca sempre gerou especulações e teorias da conspiração. Foi partindo disso que o alemão Kim Frank saiu para escrever seu primeiro romance em 2009.

Esse primeiro livro não gratuitamente se chama “27” e ganhou lançamento esse ano no seu país de origem, sendo amparado em solo nacional pelo selo Tordesilhas da Alaúde Editorial Ltda. Com 216 páginas e tradução de Eduardo Simões, trata de um jovem chamado Mika que tem o número chave da trama sempre lhe perseguindo, o que o leva a crer que irá falecer com esse número de primaveras vistas. Quando tem contato com o rock, isso se agrava mais.

“27” é um livro que pode até ter sido forjado de boa vontade e real crença na história, afinal de contas, Kim Frank foi vocalista e líder de uma banda de rock com relativo sucesso local na Alemanha (Echt) e se mostra um fã do estilo. No entanto, soa quase que exclusivamente como oportunismo barato, o que não seria um problema se a história fosse boa e bem escrita, mas isso não chega perto de acontecer. “27” é um imenso desperdício de tempo em meio a variados clichês.

O garoto que gosta de poesia e de repente se vê a frente de um grupo de sucesso na Europa (o que, diga-se de passagem, não aconteceu com o Echt), passando por todo o processo tradicional de deslumbre, álcool, mulheres, drogas, arrependimento e queda, não empolga e já foi melhor retratado antes pelo menos uma centena de vezes. O cuidado com a revisão é fraco e as referências que o autor usa não podem ser mais claras e amplamente conhecidas.

A única maneira que dá para imaginar “27” funcionando é em algum jovem (bem jovem mesmo) alheio ao mundo do rock e que veja nisso um motivo para ouvir essas música. No mais, o livro é insosso, lento, mal construído e sem charme algum. Mesmo com um elemento poderoso como condutor (o medo), Kim Frank não consegue fazer sua prosa soar coesa e agradável, o que nos leva a crer que a carreira de escritor vai tomar o mesmo caminho da sua antiga banda.

Site oficial: http://27-kimfrank.de

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