quarta-feira, 16 de novembro de 2005
U2 - Live in Boston (DVD)
sexta-feira, 11 de novembro de 2005
O Expresso Polar (The Polar Express)
Andei revendo essa semana esse filme do diretor Robert Zemeckis ("Forrest Gump" e a trilogia "De Volta para o Futuro", entre outros) e contando com Tom Hanks (mesmo que de uma forma diferente) no papel principal. A história natalina não tem nada assim de novo ou de especial. Já vimos outras vezes um menino desiludido com o natal que passa a reacreditar depois de alguns acontecimentos. Nesse caso, um garoto pega um trem para o Pólo Norte, na véspera de Natal junto com outras crianças e isso o leva a crer novamente em coisas que pensava que tinha perdido. No entanto, o que chama a atenção no filme e o porquê de ser visto, é que se trata de uma revolução dentro da maneira de fazer cinema. Zemeckis utiliza-se de uma técnica chamada "perfomance capture" para dividir Hanks em diversos papéis. Essa técnica ainda nova e não muito utilizada (por exemplo, foi por essa técnica que Peter Jackson conseguiu levar às telas o personagem Gollum da forma brilhante que fez em "Senhor dos Anéis"), faz a diferença. Além disso, os cenários criados digitalmente são fantásticos, proporcionando imagens que realmente são belas, mesmo não sendo reais. Mas afinal, não é o cinema uma eterna fantasia? Cenas fantásticas como o percurso de ida do trem, a saída do Papai Noel e a recepção dos gnomos ou duendes (??), entre outras, fazem valer cada centavo investido no filme. E depois de tudo isso, não custa nada voltarmos um pouco no tempo e curtir a nostalgia de ser criança de novo. Recuperarmos um pouco daquela inocência perdida, nem que seja por alguns minutos. E como diz o condutor, um dos personagens de Hanks no decorrer do filme: "Sobre os trens, não importa saber o seu destino, importa saber se queremos embarcar..."
Assino embaixo.
terça-feira, 8 de novembro de 2005
"Daydream Nation" - Sonic Youth - 1987
Quando se fala de Sonic Youth, as primeiras palavras que vem a cabeça são microfonia e distorção. Entretanto, essa banda vai muito além do que isso.
O que andou rolando por aqui essa semana, é a obra prima, o verdadeiro clássico do Sonic Youth, falamos de “Daydream Nation” álbum de 1987. Esse disco deu uma nova direção as bandas independentes, em um momento onde o mundo se dividia entre o heavy metal, o hard – rock farofa e a decadência das bandas dos anos 80, mostrando que era possível fazer boa musica sem precisar de instrumentos de ultima geração, estúdios poderosos, grandes gravadoras ou principalmente tocar na rádio.
Mostrou que bastavam boas idéias e uma grande vontade de fazer somente o que se tivesse a fim, unindo guitarras altamente distorcidas escondendo belas melodias, a simbiose perfeita entre noise e harmonia, poesia marginal inspirada principalmente no Velvet Underground e musicas sem formas pré – definidas, com refrões repetidos.
O disco abre com “Teenage Riot”, musica que se tornou hino de uma geração, que falava sobre a apatia da juventude, tem “Candle” e “Total Trash”, verdadeiras preciosidades do rock alternativo, tem a cacetada “Trilogy” que encerra o disco, tem Kim Gordon maravilhosa em “The Sprawl”, entre outras. Não é a toa que Kurt Cobain, Silverchair, Smashing Pumpkis, Pixies, para citar somente alguns, idolatram tanto esse disco.
É certo que o Sonic Youth fez outros belos discos como “Dirty”, “Goo” e “Evol”, mas é em “Daydream Nation” que a banda consegue fazer da sua música algo para mudar uma geração em seu comportamento. Discoteca muito mais do que básica....
sexta-feira, 4 de novembro de 2005
Rolling Stones - Exile on Main Street - 1972
Essa semana rolou por aqui um clássico mais que absoluto. Estamos falando de “Exile on Main Street” do Rolling Stones. Esse disco duplo (que em CD , ficou só um) de 1972 é o redentor da carreira da banda e delineou todo o seu futuro. Apesar de nessa época já serem famosos, de terem feito musicas do quilate de “Simpathy For The Devil” e “Street Fighiting Man”, de já terem gravado um outro discaço , “Beggars Banquet” (O Banquete dos Mendigos) de 1966, os Stones ainda não haviam se livrado da incomoda pressão de serem sempre comparados aos Beatles.
Então em 1972, se trancaram por mais de oito meses (o “Exile” do título), e fizeram um disco calcado no puro rock n’ roll, mas bebendo influências como nunca do Blues e do Soul americano. Contando com a ajuda de um grande naipe de metais e com Mr. Nick Hopkins no piano, dando um vigor a mais a dupla de guitarras de Keith Richards e Mick Taylor, a cozinha sempre competente de Sir Charles Watts e Bill Wyman e a Mick Jagger no auge da forma, eles deram show.
Compuseram rockões como “Rocks Off” que abre o disco, “Happy” e “All Down the Line”, lembraram o Boogie Hoggie dos anos 50 em “Rip This Joint” e “Shake Your Hips”, emocionaram com o Soul de “Shine a Light”, “Soul Survivor” e “Loving Cup”, homenagearam o Missisipi em “Ventilador Blues” e acima de tudo fizeram clássicos como “Tumbling Dice”, “Sweet Virginia”, “Sweet Black Angel” e “Torn and Frayed”.
Discaço (com um trabalho visual impressionante) acima de qualquer suspeita, pra entender o porque dos Stones estarem juntos ate hoje e a sua importância dentro da musica mundial. Se você acha que a banda não passa de Jagger e Richards, em cima de um palco velhões cantando “Satisfaction”, mude urgentemente seus conceitos e perceba que isso que é ROCK N’ ROLL, sincero e belo acima de tudo.
quinta-feira, 3 de novembro de 2005
"Acabou Chorare" - Novos Baianos - 1972
O que dizer de uma banda que foi fundamental tanto para a nova mpb quanto para o rock nacional, que além da musica proporcionou uma lição de saber viver, que na sua comunidade deu significado como nunca a palavra liberdade, que criou um novo jeito de ser. Estamos falando dos Novos Baianos, de Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Paulinho Boca De cantor, Dadi, Jorginho Gomes e o poeta Galvão, entre outros, foram responsáveis pelo maior caso de amor da música com atitude no cenário nacional.
Depois de ter lancado um primeiro disco unindo o rock setentista com influências de mpb, “E Ferro na Boneca” de 1971, a banda lançou a obra prima “Acabou Chorare” em 1972, com influências do samba, sem esquecer o bom e velho rock, que foi apenas atenuado. Abraçaram o samba devido a uma visita de João Gilberto a sua comunidade e fizeram com tamanha maestria que até o próprio João aprovou. Nessa comunidade moravam todos juntos em um sitio, cada um tinha sua própria função, que ia de fazer o almoço a lavar as camisas do time de futebol, ensaiando, gravando, pensando, vivendo em completa harmonia como nos sonhos de um hippie ou beatnik qualquer.
O disco começa com "Brasil Pandeiro', samba antigo de Assis Valente recriado pelos baianos, passa por "Preta Pretinha" e a música titulo na parte Moraes Moreira do disco, avança pela beleza melódica de Baby em "A Menina Dança" (regravada pela Marisa Monte), pela incrível maestria de Paulinho Boca De Cantor em "Mistério do Planeta" e "Swing de Campo Grande", pelo show de Dadi e Jorge Gomes na instrumental "Um Bilhete para Didi", pela sacanagem geral do samba "Besta é Tu" , alem das competentes guitarras de Pepeu Gomes em "Tinindo Trincando".
Depois desse, ainda lançaram outros dois bons discos “Novos Baianos F.C” de 1973 e “Novos Baianos (Alunte)” de 1974, antes de seguirem seus próprios caminhos, deixando pra trás uma imagem de companheirismo e criatividade como nunca se viu por aqui. Como diz Galvão em das músicas da banda “...Era uma vez uma tribo brincando de paz e amor, enquanto o homem mandava à lua o disco voador, nem todos eram baianos, mas todos novos baianos, gerando ser, unindo arte e viver...”
Discaço.
terça-feira, 1 de novembro de 2005
Mandrake - A Biblia e a Bengala - Rubem Fonseca
Falar algo sobre o escritor Rubem Fonseca, autor de livros como “Agosto”, “Lúcia McCartney” e “A Grande Arte” é sempre uma tarefa prazerosa. O mineiro, advogado, nascido em 1925 é um dos poucos grandes nomes da nossa literatura ainda vivos e com certeza um dos maiores contistas de todas as épocas.
Chega as livrarias nesse mês, sua nova incursão “Mandrake – A Bíblia e A Bengala”, lançado pela Companhia das Letras com 196 páginas. O autor lança mais uma aventura do seu histórico personagem, o detetive-advogado criminalista Mandrake (que vai ganhar uma série na HBO, com produção da Conspiração Filmes e tendo Marcos Palmeira no papel principal). O gênero policial que nunca foi de grande sucesso no Brasil, vem sendo explorado pela Companhia das Letras, com a publicação de títulos de novos autores, ajudando assim a esse gênero sair um pouco da marginalidade no nosso país e ganhar os leitores.
Neste novo episódio da vida de Mandrake, o mesmo continua sua boa vida, com mulheres, bebidas, charutos, com o mesmo sócio e ainda perturbando o delegado Raul. Entrelaçam-se duas histórias, na primeira precisa descobrir sobre o roubo de uma bíblia antiga e raríssima, na segunda Mandrake é acusado de assassinar um marido de uma de suas inúmeras amantes com uma bengala. Podemos atestar que Rubem Fonseca se repete a cada hora, uma espécie de Ramones da literatura policial brasileira, mas assim como a banda punk, o autor sempre diverte.
Suas marcas ainda estão lá, referências literárias diversas, os anões, a violência, a seca ironia, as mulheres, os personagens cultos e todas as artimanhas que sempre utilizou, mas ainda assim é bom. Pode soar datado, mofado, mas é bom. Evidente que é uma obra menor, menos cheia de criatividade e ímpeto, no entanto ainda possui charme suficiente para conquistar o leitor. Rubem Fonseca é o tipo de autor que não gosta muito de aparecer, prefere ficar meio que no isolamento do que nos holofotes (o que por si só já ganha pontos) e construiu ao longo da carreira, histórias fantásticas, contos eternos que inundaram a alma de pessoas e mais pessoas, com um universo totalmente surrealista, mas ao mesmo tempo tão cotidiano, influenciando gerações e gerações.
Apesar de ser mais do mesmo sim, um novo livro dele deve ser sempre tratado com festa, sem dúvida alguma.
terça-feira, 30 de agosto de 2005
Metrópolis
"Metrópolis", é uma animação japonesa de 2001, baseada no clássico da vanguarda e do expressionismo alemão de mesmo nome realizada em 1926 por Fritz Lang. Apesar de não ter visto o original pelo que já vi comentarem, a animação não se trata somente de um "remake" e sim de um novo filme. O longa tem a direção de Rintauro ("Galaxy Express"), baseado nos quadrinhos de Osamu Tezuka, criador de "Astro Boy" e que já foi definido como o "Walt Disney dos mangás", além do roteiro mais que competente do lendário Katsuhiro Otomo, que mudou o mundo da animação com seu "Akira", fundamental até hoje.
Ambientado em um futuro distante, onde a sociedade está formada por duas classes básicas: os humanos ricos que vivem em cima da cidade, e os humanos pobres e robôs que moram embaixo desta. Durante as comemorações de mudança de regime político, chegam do Japão, um detetive e seu sobrinho Keinichi a vim de fazer um investigação sobre um cientista procurado por diversos crimes. Com o desenrolar da trama, percebe-se o envolvimento do mesmo com o Duque Red, que pretende criar um humanóide superior capaz de gerir as suas ações de destruição e extermínio dos pobres e robôs. O nome desse ser especial é Tima.
Com um clima intenso envolvendo no mesmo bolo, religião, ciência, violência, social e amor, o filme vai conquistando e encantando a cada minuto de duração. A cena do assassinato do presidente é uma das melhores de todos os tempos, ao lado do apoteótico final ao som de "I can´t stop loving you" de Don Gibson, interpretada por Ray Charles, simplesmente maravilhoso. O jazz permeia quase todas as cenas e se faz fundamental dentro da concepção do filme. O único senão fica por conta que o monte de extras que vem no DVD duplo estejam em inglês. Merece muito ser assistido.
domingo, 28 de agosto de 2005
Mémorias de minhas putas tristes - Gabriel Garcia Marquez
quinta-feira, 18 de agosto de 2005
Héroi
Por incrivel que pareça só ontem fui assistir “Héroi”, filme do premiado diretor Zhang Yimou do belo “O Clã das Adagas Voadoras”. Perdi a chance de ver no cinema mais essa obra prima do cinema chinês, indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. Um épico como deve ser, com grandes batalhas, dramas, amores e um banho de história, ao contrário de produções hollywoodianas recentes como “Tróia” e “Alexandre”. Ambientada na China de 2.000 anos atrás, quando a mesma era dividida em sete estados que brigavam entre si pelo dominio da região, o diretor insere uma estória de um guerreiro “Sem-Nome”(Jet Li) que chega ao rei (Daoming Chen) que buscava com seu exercito a unificação, após derrotar três dos maiores inimigos do reino, “Céu”(Donnie Yen), “Espada Quebrada”(Tony Leung) e “Neve Voadora”(Maggie Cheung). Contando em flash back, o diretor proporciona um banho de beleza fantástica e sublime, cada história é tratada por uma cor diferente, significando: vermelho (paixão), azul (amor), verde (juventude), branco (verdade) e preto (morte). Com várias reviravoltas na trama e as tradicionais e magistrais cenas de combate, é um filme que deve muito ser visto. Até Quentin Tarantino avalizou o longa e aparece nos extras entrevistando o Jet Li. Filmaço sem sombra de dúvida.
quinta-feira, 11 de agosto de 2005
"4" - Los Hermanos - Processo de Dissecação
Chama-se “4” o tão aguardado novo disco dos Los Hermanos, ainda sobre a batuta do produtor Kassin e elaborado novamente no sitio, longe de tudo e de todos, tudo mais ou menos como o processo dos últimos discos, mas com uma diferença vital, os caras abandonaram de vez o rock. Calma, isso não é ruim, pelo contrário é bom demais. "Bloco do Eu Sozinho” ainda é a obra prima dos caras, mas o som de “4” é extremamente delicioso de ser ouvido, disco para deixar tocando horas e horas no cd player, simplesmente fascinante. “4” é um passo a frente na trajetória musical da banda, novos horizontes se encontram com antigas idéias, produzindo um resultado ímpar. “Dois Barcos” abre o disco com uma melodia cativante, harmonia arrebatadora, lembrando Lô Borges e Milton Nascimento, com uma letra que vai ecoando dizendo “Só eu sei nos mares por onde andei...”, sendo impossível não se emocionar. Depois vem “O Primeiro Andar”, uma baladinha suave que podia estar plenamente em “Ventura”, com aquele andamento que só os Hermanos sabem dar, com uma letrinha esperançosa e ao mesmo tempo nostálgica. “Fez-se mar” chega de mansinho, com sua melodia singela e os vocais erguindo uma montanha de emoções, ecoando vagas lembranças de bossa nova e das canções do inicio dos anos 50...Ah...o amor...e lá vai “Parece que o amor chegou ai...”, fazendo os mais duros corações lembrarem de algo no passado. Chega um quase ritmo latino em “Paquetá”, sem paródias fracas, da vontade de estar tomando uma boa cerveja, vendo um belo por do sol, e exorcizando alguns demônios internos, afinal “Eu zanguei numa cisma eu sei...”. O disco começa a tomar aquela idéia de “cara, isso ta muito bom...”, quando a formatação quebrada de “Os Pássaros” vem dar uma nova cara, com um pouco de “cool jazz” e o tradicional desleixo vem com uma letra que chamar de melancólica é pouca, a cabeça começa a girar mesmo. “Morena” chega com um ritmo um pouco mais animado (mas nem tanto), lembrando Gonzaguinha e jogando a conquista e declarações no ar: “Prefiro assim com você, juntinho sem caber de imaginar...”, podendo até parecer brega, mas em uma canção dos caras, dificilmente algo fica assim. “O Vento” transforma lirismo em nostalgia, melodia em melancolia e vem arrebatadora, reinventando seu estilo dentro da sua própria ousadia, incrível como as passagens vão se alternando devagar, sem pressa, sossegadas, construindo o cenário deprê perfeito. Já sentindo faltas das guitarras chega “Horizonte Distante”, um rock pequeno (sim, eles ainda existem!!) em andamento menor, com direito a até um solo de guitarra.
Chega a vez de talvez a grande canção desse disco, "Condicional” com uma letra que chega a dar vontade de sair vomitando impropérios ao mundo, única canção do disco capaz de levantar uma provável alegria (no ritmo, não me entendam mal), com um arranjo canalha aparecendo pelo meio da melodia. E pode deixar que lá vem: “Quis nunca te perder....”, haja coração, haja coração. “Sapato novo” entra diminuindo o clima totalmente, com efeitos de teclado e acordes de violão, letra emocionante, uma das melhores do disco pela simplicidade e delicadeza. “Eu só levo a saudade....”, pode deixar comigo, digo eu. O final do disco vem chegando assim com “Pois é” do Marcelo Camelo, também em andamento menor, com guitarras ecoando vez ou outra, dando uma dramaticidade cinematográfica para a letra. Canção que ficaria muito bem num filme, em uma cena com um cara seguindo sozinho em uma estrada deixando o passado e seus amores para trás. A última música “É de lágrima” chega tranqüila, finalizando o clima do disco, até cair em distorções no final para voltar ao seu andamento e sair de cena, mansinha, mansinha. Os Hermanos produziram um grande álbum sem duvida, se reinventado o que é primordial e compondo canções com uma absurda carga de emoção. “4” não tem uma canção acima das demais e nem no nível de “Retrato pra Ia Ia”, “Sentimental”, ou “Vencedor”, mas na boa, acho que essa era exatamente a idéia dos caras. Disco extremante indicado para quem acredita no amor, para quem não acredita, para quem já amou alguém, para quem não amou ninguém, ou para simplesmente quem gosta de boa música, feita com criatividade e qualidade. É deixar rolar as canções, pegar uma boa bebida e começar a pensar na vida...