Depois de perambular pelos
Estados Unidos e aprontar das suas em Nova York, John Constantine está de volta
para casa com os velhos artifícios debaixo da(s) manga(s), mas também uma
saudade danada do lar (ainda que não confirme de jeito algum). É isso que vemos
em “Hellblazer - Volume 1” da Panini
Comics que reúne em um encadernado de 164 páginas as seis primeiras edições da
revista original dentro do “renascimento” da DC lançadas nos EUA entre setembro
de 2016 e março de 2017. O roteiro é de Simon Oliver (da boa “DPF: Departamento
de Polícia da Física) e a arte é de Moritat, Pia Guerra e José Marzán Jr. Ao
voltar para Londres depois de mais uma das suas maracutaias, Constantine
encontra velhos conhecidos como o parceiro de sempre Chas Chandler. Quando
menos espera já está imerso em outra aventura estranha ao lado do Monstro do
Pântano e da psíquica Mercury. As histórias elaboradas por Simon Oliver nessa
nova fase são aceitáveis, com o humor e sarcasmo que se espera do personagem e
uma aventura digna. Aprazível de ler, mas nada que faça frente as melhores
empreitadas da carreira pouco comum de John Constantine.
Nota: 5,0
É muito bom quando somos jovens e
temos ao lado alguém que nos incentive, que nos ensine coisas (mesmo que não
aprendamos bem), que nos dê direcionamento para levar uma vida do lado do bem, que
sirva como uma espécie de mestre, de Yoda. Pode ser um pai, um irmão, um tio ou
um avô, que foi o caso do quadrinista Brão Barbosa (de “Jesus Rocks”). Depois
de 2 anos de produção e agraciado pelo ProacSP ele lança “Reparos” em 2017, uma bonita homenagem para o avô falecido em
2014. Com 84 páginas onde assume tanto arte quanto roteiro, a hq conta a
história de Eunice, uma simpática garotinha que adora consertar, mexer em tudo
e projetar coisas (como um foguete). Eunice ainda busca compreender o mundo a
sua volta e as pessoas enquanto brinca com sua turminha, até que uma figura
inesperada surge para lhe ajudar nessa caminhada. O autor explora bem essa
questão da turminha, da infância, joga umas referências aqui e ali e com ajuda
das ótimas cores de Mariane Gusmão cria uma obra carregada de tons fofos e
bastante emoção. O tom infantil utilizado, na verdade, serve para mascarar
algumas questões maiores. E serve bem.
Nota: 7,0
Site bem legal do autor: http://braobarbosa.com
Biúca é um adolescente que mora
na (fictícia) favela Olimpo no Rio de Janeiro, acostumado desde moleque com o
tráfico e tudo que vem junto. Por conta de ser manco e ter uma perna menor que
a outra desde que nasceu, tendo que andar ajudado por uma bengala, é motivo de
chacota constante. Quando é promovido de embalador a vigia dentro da
organização que comanda o morro, isso lhe traz moral e a chance de vingança. O
carioca André Diniz (Morro da Favela) e o paulista Laudo Ferreira (Yeshuah
Absoluto) se unem em “Olimpo Tropical”
para contar uma história forte e retrato fiel de favelas e periferias
espalhadas pelo país. Com 144 páginas e lançamento pelo selo Jupati Books da
Marsupial Editora, temos um dos grandes trabalhos de 2017. A arte em preto e
branco de Laudo Ferreira usando um estilo cartunesco nos personagens é
excelente, dando as medidas necessárias para o texto de André Diniz, que sem
perdão dispara sobre criminalidade, corrupção policial, possibilidades e
esperanças perdidas. “Olimpo Tropical” é
o que chamamos de “soco no estômago” (ou em partes mais dolorosas) e quando se
termina de ler a pergunta que não para de martelar é: quantos e quantos Biúcas
não existem por aí?
Nota: 9,0
Twitter dos autores:
- http://twitter.com/laudoferreira
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