sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Quadrinhos: “Hellblazer - Volume 1”, "Reparos" e "Olimpo Tropical"

 

Depois de perambular pelos Estados Unidos e aprontar das suas em Nova York, John Constantine está de volta para casa com os velhos artifícios debaixo da(s) manga(s), mas também uma saudade danada do lar (ainda que não confirme de jeito algum). É isso que vemos em “Hellblazer - Volume 1” da Panini Comics que reúne em um encadernado de 164 páginas as seis primeiras edições da revista original dentro do “renascimento” da DC lançadas nos EUA entre setembro de 2016 e março de 2017. O roteiro é de Simon Oliver (da boa “DPF: Departamento de Polícia da Física) e a arte é de Moritat, Pia Guerra e José Marzán Jr. Ao voltar para Londres depois de mais uma das suas maracutaias, Constantine encontra velhos conhecidos como o parceiro de sempre Chas Chandler. Quando menos espera já está imerso em outra aventura estranha ao lado do Monstro do Pântano e da psíquica Mercury. As histórias elaboradas por Simon Oliver nessa nova fase são aceitáveis, com o humor e sarcasmo que se espera do personagem e uma aventura digna. Aprazível de ler, mas nada que faça frente as melhores empreitadas da carreira pouco comum de John Constantine.

Nota: 5,0


É muito bom quando somos jovens e temos ao lado alguém que nos incentive, que nos ensine coisas (mesmo que não aprendamos bem), que nos dê direcionamento para levar uma vida do lado do bem, que sirva como uma espécie de mestre, de Yoda. Pode ser um pai, um irmão, um tio ou um avô, que foi o caso do quadrinista Brão Barbosa (de “Jesus Rocks”). Depois de 2 anos de produção e agraciado pelo ProacSP ele lança “Reparos” em 2017, uma bonita homenagem para o avô falecido em 2014. Com 84 páginas onde assume tanto arte quanto roteiro, a hq conta a história de Eunice, uma simpática garotinha que adora consertar, mexer em tudo e projetar coisas (como um foguete). Eunice ainda busca compreender o mundo a sua volta e as pessoas enquanto brinca com sua turminha, até que uma figura inesperada surge para lhe ajudar nessa caminhada. O autor explora bem essa questão da turminha, da infância, joga umas referências aqui e ali e com ajuda das ótimas cores de Mariane Gusmão cria uma obra carregada de tons fofos e bastante emoção. O tom infantil utilizado, na verdade, serve para mascarar algumas questões maiores. E serve bem.

Nota: 7,0

Site bem legal do autor: http://braobarbosa.com


Biúca é um adolescente que mora na (fictícia) favela Olimpo no Rio de Janeiro, acostumado desde moleque com o tráfico e tudo que vem junto. Por conta de ser manco e ter uma perna menor que a outra desde que nasceu, tendo que andar ajudado por uma bengala, é motivo de chacota constante. Quando é promovido de embalador a vigia dentro da organização que comanda o morro, isso lhe traz moral e a chance de vingança. O carioca André Diniz (Morro da Favela) e o paulista Laudo Ferreira (Yeshuah Absoluto) se unem em “Olimpo Tropical” para contar uma história forte e retrato fiel de favelas e periferias espalhadas pelo país. Com 144 páginas e lançamento pelo selo Jupati Books da Marsupial Editora, temos um dos grandes trabalhos de 2017. A arte em preto e branco de Laudo Ferreira usando um estilo cartunesco nos personagens é excelente, dando as medidas necessárias para o texto de André Diniz, que sem perdão dispara sobre criminalidade, corrupção policial, possibilidades e esperanças perdidas. “Olimpo Tropical” é o que chamamos de “soco no estômago” (ou em partes mais dolorosas) e quando se termina de ler a pergunta que não para de martelar é: quantos e quantos Biúcas não existem por aí?

Nota: 9,0

Twitter dos autores:
- http://twitter.com/laudoferreira 








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