segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

"Star Wars: O Despertar da Força" - 2015


Em 17 de dezembro de 2015 às 13:00hs adentrei a sala de cinema em um shopping de Belém para assistir “Star Wars: O Despertar da Força”, com ingresso comprado em 20 de outubro, quase dois meses antes, naquilo que seria a estreia na cidade. Não foi bem a estreia (tiveram duas sessões antes, uma no dia anterior inclusive, à meia noite), mas serviu como tal. Ao contrário de “Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma” de 1999 dessa vez eu não ia sozinho para a sala e levava comigo meu sobrinho de 14 anos, com a intenção de que o filme fosse bom e pudesse passar um pouco da magia para ele, acostumado aos demais longas da franquia por minha influência.

A relação que temos com nossas obras culturais mais queridas é delicada, bem delicada. Ao mesmo tempo que internamente queremos mais coisas, temos grande receio que façam “besteira” com os personagens e a história que faz parte da vida. Foi assim com o filme de 1999 que iniciava a segunda trilogia, muito se falou, muito se esperneou, e por mais que muitos considerem o pior filme da franquia pelo tom infantilizado e por criações meio insossas, ainda assim o longa apresentou méritos e deu o ponto de partida para dois filmes melhores. Hoje, “Star Wars” (ou “Guerra nas Estrelas”, como conhecemos antes aqui) tem como centro os seis filmes já lançados. E pronto.

Dito isso, quando a Disney anunciou que ia fazer uma nova trilogia dessa vez com eventos situados após “O Retorno do Jedi” de 1983, esse receio veio logo à tona. Aos poucos, no entanto, as preocupações foram rareando, mesmo quando o criador George Lucas foi deixado de lado da criação. O comando da nova empreitada ficou com J.J. Abrams, de currículo vasto, inclusive já tendo reiniciado a franquia “Star Trek” em 2009, mostrando-se apto para a missão. De competência comprovada, o diretor mesmo se equivocando em uma ou outra produção, acerta com frequência, como vimos, por exemplo, em “Super 8”, filme de 2011 que recriava a atmosfera de trabalhos oitentistas para o público juvenil.

J. J. Abrams, que de besta não tem nada, se cercou de Lawrence Kasdan para construir o roteiro, escritor que participou da elaboração de dois filmes da trilogia original e conhecia muito bem os personagens e o cenário da franquia. Muitos caminhos devem ter sido imaginados para a construção da história, contudo, todos sabiam que tinham uma bomba na mão, pois além de fazer um produto palatável para um novo público a fim de cimentar o caminho dos filmes posteriores, e assim gerar o lucro que a Disney espera, não poderiam esquecer em momento algum do público antigo e até mesmo respeitar os fãs mais devotos, que foram responsáveis, em considerável parcela, por deixar “Star Wars” dentro do patamar que chegou.

E em 2 horas e 15 minutos de filme isso foi alcançado de maneira exemplar. Na trama, depois de três décadas da morte de Darth Vader, surge uma instituição dessas cinzas que aterroriza a galáxia. Comandada pelo obscuro e enigmático Snoke (Andy Serkis de “O Senhor dos Anéis”), tem Kylo Ren (Adam Driver de “Frances Ha”) como principal homem, poderoso com a força e no uso dos sabres de luz. Devoto de Vader, Kylo Ren é um personagem angustiado e com inúmeros conflitos pipocando dentro de si no que tange a família, a seu lugar no mundo e a seus deveres. Do outro lado, o exército rebelde tenta a todo custo derrubar esse novo império do mal e apresenta nesse momento da história a princesa Leia (Carrie Fisher) como general.

No meio dessa briga é que entram os novos protagonistas. Finn (John Boyega) é um soldado, um stormtropper da Primeira Ordem que não concorda com os atos sanguinários a que está sujeito e na primeira chance foge disso (mais por medo do que por coragem, é verdade) com o piloto rebelde Poe Domeron (Oscar Isaac). Após a fuga ele se depara com Rey (Daisy Ridler, já ganhando os corações), que acaba meio sem querer entrando no meio da confusão. Após essa parte inicial, “Star Wars: O Despertar da Força” vai engatando novos personagens como o robozinho Bb8 e antigos ídolos como Han Solo (Harrison Ford), enquanto homenageia o passado e recebe palmas e uivos da plateia no cinema e espalha perguntas e novos conceitos para o restante dessa trilogia.

O ator francês Jean Reno, disse certa vez, que “o cinema é antes de tudo, um transmissor de divisão: ele só pode ser feito por alguns conhecedores”. Com “Star Wars: O Despertar da Força”, J. J. Abrams prova que é um desses conhecedores e entrega ao público um trabalho com a universal briga do bem contra o mal, e como sempre na franquia, um pequeno ato de liberdade contra a opressão e violência dos poderosos. A empolgação do meu sobrinho ao sair do cinema, extasiado com tudo que viu, assim como da dupla de pai e filho que estavam na sessão com seus sabres na mão, é a prova que sim, mesmo em 2015, com tudo que nos ronda e cerca, o cinema ainda pode ser mágico e encantador.

Nota: 9,5

Assista a um trailer legendado:



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