quarta-feira, 21 de outubro de 2015

"Rosa Candida" - Audur Ava Ólafsdóttir

A Islândia é um pequeno país europeu, com fundições nórdicas, que tem paisagens belíssimas e distintas entre si. Conhecida por artistas musicais como Björk, Sigur Rós e Of Monsters And Men, o país também tem uma tradição literária forte, tendo ganho até um prêmio Nobel de literatura em 1955 com o escritor Halldór Laxness. O selo Alfaguara, da editora Objetiva, que vem prestando um ótimo serviço desde que surgiu, lança em 2015 aqui no Brasil um livro oriundo dessa literatura.

“Rosa Candida” (Afleggjarinn, no original) é o terceiro livro da professora, poeta e escritora Audur Ava Ólafsdóttir e foi publicado originalmente na Islândia em 2007. Nesta edição a obra chega com tradução de André Telles e 304 páginas. O protagonista é Arnljótur Thórir, um jovem de 22 anos retraído e com uma imensidão de receios dentro de si. Após a morte da mãe em um acidente de carro, vive com o pai e cuida da área de cultivo de plantas que era a paixão da mãe, em uma localidade onde isso é bastante complicado por conta das condições do terreno.

Lobbi, como também é chamado o jovem, teve outra surpresa recente e se descobriu pai de uma hora para outra, fruto de uma noite rápida depois de uma festa. A mãe da criança, não lhe força a quase nada, mas isso serve ainda mais para aumentar o sentimento de inconformidade pessoal com a vida. É quando resolve partir em uma jornada de descoberta para outro país. A viagem tem como final um mosteiro conhecido por ter um dos mais belos jardins do mundo com destaque para um roseiral com inúmeras espécies, mas que se encontra abandonado.

A finalidade (ou a desculpa) de Lobbi para sair de casa então é essa, consertar e edificar esse jardim igual aos dias de ouro. De posse de uma nova espécie de rosa que acredita ser a única no mundo todo inicia uma trajetória longa até esse mosteiro, incrustado em uma pequena vila sem maiores atrativos sociais. E é nesse local longe de computadores, celulares, televisão e afins, que finalmente começa a dissipar seus medos e questionamentos sobre questões como sexo, vida e morte.

O que até então se assemelhava a um misto de jornada do herói com um romance de formação, é alterado pela escritora com a inclusão do Frei Tomás e suas soluções e respostas sempre baseadas em algum filme antigo, com tiradas como: “Antonioni lhe ensinará tudo que você precisa saber sobre o amor”, como também o reaparecimento da filha e da mãe dela (com a qual ele não nutre nenhuma intimidade).

Em “Rosa Cândida”, temos uma história delicada e terna, que comove em alguns pontos, porém em nenhum momento desanda para o sentimentalismo choroso e banal. No meio do texto a autora insere um humor de constrangimento e inadequação e aproveita para lançar mão de questões com alicerces no esoterismo e religião, sem explicar muito bem os motivos dessas inserções e deixa ao leitor a tarefa de buscar o entendimento por si só, o que é sempre válido.  

Nota: 7,0

A editora disponibiliza um trecho gratuito para leitura, aqui.

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