sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Séries: "Inacreditável", "Carnival Row" e "The Mandalorian"


2008. Aos 18 anos, Marie Adler (Kaytlin Dever) é amarrada e estuprada dentro da própria casa. Quando a polícia entra em ação ela se vê obrigada a recontar o acontecido várias e várias vezes, até que ao ser interrogada por dois policiais bem mais velhos que esbanjam ceticismo e descrença, ela acaba saindo desnorteada botando em dúvida o que lhe aconteceu. Logo depois, cancela a versão, diz que mentiu e é processada pela prefeitura por falso testemunho, o que lhe causa problemas em todas as esferas. Pulamos para 2011. Em outra cidade a detetive Karen Duvall (Merritt Wever) se depara com um caso de estupro e junta forças com a experiente Grace Rasmussen (Toni Collette). Juntas começam a ligar peças e descobrem a existência de um estuprador em série atuando há tempos na região. Esses são os pontos de partida de “Inacreditável” (Unbelievable, no original), série do Netflix de 8 episódios que estreou em setembro de 2019 na plataforma. Baseada em uma história real que aconteceu nos EUA e rendeu livro e um artigo vencedor do Pulitzer, a trama é cheia de reviravoltas e tensão e coloca no telespectador aquela sensação de revolta que a cada capítulo aumenta mais e mais. Além de ser realmente bem intensa, é sustentada pelo trio de atrizes já citadas que fazem um trabalho exuberante dosando dor, força e confiança da maneira ideal para cada personagem. “Inacreditável” é mais um retrato de um sistema totalmente despreparado para lidar com a violência as mulheres e que muitas vezes está pouco se lixando, essa é a verdade. Por isso é tão necessária.

Nota: 8,0

Depois de assistir a todos os episódios, leia o artigo vencedor do Pulitzer que deu origem a série: https://www.propublica.org/article/false-rape-accusations-an-unbelievable-story 


“Carnival Row” é uma série de fantasia em 8 episódios lançada no segundo semestre do ano passado. Com produção da Amazon Prime Video e disponibilizada integralmente na plataforma foi criada pelo René Echeverria (da saudosa “The 4400”) em conjunto com Travis Beacham (roteirista de “Círculo de Fogo”). Nela, homens e fadas lutaram lado a lado há poucos anos. No entanto, perderam a guerra e por conta disso as terras das fadas e de outras criaturas fantásticas ficaram nas mãos do Pacto, que continua espalhando terror, extraindo riquezas e escravizando seres, mesmo depois de findadas as batalhas. A cidade do Burgo - considerada a maior desse lado da terra - abriga não somente os humanos perdedores, como também milhares de refugiados de todos os lugares e raças. No meio disso um romance construído na guerra composto pelo inspetor de polícia Rycroft Philostrate (Orlando Bloom) e a fada refugiada Vignette Stonemoss (Cara Delenvigne) tenta sobreviver. Espalhada em tramas paralelas bem interessantes, “Carnival Row” se destaca com muito mais impetuosidade longe do foco principal. Além de efeitos visuais consistentes e uma vistosa fotografia é quando faz vínculos diretos a realidade dos nossos dias que acerta o alvo. O preconceito desmesurado e irracional, a violência e crueldade com os refugiados, uma polícia que escolhe quem vai defender e uma sociedade hipócrita que prega uma coisa e faz outra engatam essas subtramas em atuações quase perfeitas de outros nomes do elenco como Tamzin Merchant, Simon McBurney e Karla Crome. O avassalador episódio final deixa ainda um gancho imenso a ser explorado na segunda temporada, além daquele desejo de quero mais.

Nota: 8,5



Em “O Despertar da Força” de 2015 deixaram a gente sonhar com um belo filme. Em 2017 com “Os Últimos Jedi” serviram um prato comestível, mas com pouco sabor. E em 2019 com “A Ascensão Skywalker” jogaram praticamente tudo no lixo em uma produção fraca e sem emoção alguma. Dito isso, nesse final de década não é esforço afirmar que a melhor coisa que Star Wars entregou nesse período é disparada a série “The Mandalorian”. Entre novembro e dezembro de 2019 foi exibida pelo canal Disney Plus (e está inédita no Brasil), sendo produzida pela Lucasfilm Ltd. sob a batuta e orientação do cada vez mais extraordinário Jon Favreau. Do time de diretores escolhidos (Deborah Chow, Rick Famuyiwa, Dave Filoni, Bryce Dallas Howard e Taika Waititi) até os pequenos detalhes que fazem relação com a história da franquia, tudo é um grande regalo. Ambientada entre os filmes “O Retorno do Jedi” e “O Despertar da Força”, ou seja, após a queda do Império e antes do surgimento da Primeira Ordem, temos o protagonista (interpretado por Pedro Pascal), um esquivo caçador de recompensas, cortando o espaço atrás de dinheiro até que uma pequena criança entra no seu caminho. Essa criança (que já virou febre e foi apelidada de Baby Yoda pelos fãs) é a razão da série existir. Em sua caça está um ex-governador do antigo regime e o mandaloriano precisar ser menos solitário e fazer alguns amigos. Concebida com excelência técnica, ritmo, magia, aventura, personagens novos realmente legais, respeito ao passado e bom humor, “The Mandalorian” é um acerto memorável da Disney. Até que enfim.

Nota: 9,0

Assista aos trailers:





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