segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Literatura: "O Triturador" e "Belas Maldições"


Finn Maguire tem 17 anos. É disléxico, tomou algumas decisões equivocadas na vida e trabalha em uma unidade dessas de fast-food como atendente. Não há muita esperança de melhora pela frente, a verdade é essa. Mora com o pai, um ator aposentado e pretenso roteirista que não consegue finalizar nada, com quem tem um relacionamento bom e amoroso. Ao chegar em casa em um dia aparentemente como qualquer outro encontra o pai na sala em meio a uma poça de sangue. E então tudo muda. Com essas diretrizes iniciais é que se edifica “O Triturador” (Crusher, no original), livro publicado esse ano no Brasil pela editora Bertrand Brasil, com 320 páginas e tradução de Ronaldo Passarinho. Lançado lá fora em 2012 é o primeiro trabalho do norte-irlandês Niall Leonard a chegar aqui. Roteirista de televisão e cinema usa dessa experiência para deixar a obra com ritmo em capítulos curtos que tem como principal objetivo não deixar o leitor se cansar ou se aventurar em discussões mais elaboradas. A partir do assassinato do pai, Finn Maguire se mostra disposto a achar as razões e os responsáveis. Inteligente e longe de ser um santinho, se aventura por uma Londres menos efervescente e conta com um golpe de sorte para cair exatamente onde pretendia estar. Entra então em uma gangorra de emoções que lhe afetarão de maneira bem delicada com o retorno de familiares sumidos e um romance cheio de questões obscuras batendo na porta. “O Triturador” tem como grande vantagem ser lido rapidamente, com trama ágil e eficaz no suspense simples que expõe. No entanto, não difere em nada de centenas de outras publicações do mesmo estilo, não apresenta nada que o torne especial se consolidando na típica história que depois de uns dias será esquecida completamente por quem leu.

P.S:  Como curiosidade o autor é esposo da escritora E. L. James de “Cinquenta Tons de Cinza”.

Nota: 5,0

Leia um trecho no site da editora, aqui


Um dos livros mais bacanas do Neil Gaiman ganhou reedição revisada nacional esse ano. “Belas Maldições” (Good Omens, no original) foi escrito em parceria com o já falecido Terry Pratchett e exibe 350 páginas nesta nova edição da editora Bertrand Brasil com tradução de Fábio Fernandes. A obra virará série de tevê em 2018 e contará com David Tennant e Michael Sheen no elenco vivendo os protagonistas: o demônio Crowley e o anjo Aziraphale. Na trama, o fim do mundo está próximo, o apocalipse final já é daqui a alguns dias. Tanto o anjo quanto o demônio sabiam que um dia isso acontecer, que a contenda final entre bem e mal chegaria, mas eles não querem nada disso pois se habituaram a vida que levam e aos prazeres que tem na vida terrena. Por estarem a tanto tempo em solo defendendo os interesses de cada lado os dois acabaram por estabelecer uma relação de respeito, consideração e até mesmo amizade. Por isso se unem para impedir o anticristo de provocar o derradeiro ato. Um detalhe: o anticristo tem somente 11 anos, não sabe disso e foi criado na família errada. Nessa aventura contra o tempo recheada com muito bom humor, acidez, sátiras e críticas a tudo que é coisa, os autores inserem personagens coadjuvantes tão interessantes quanto os principais como o caçador de bruxas Newton Pulsifer, o sargento Shadwell e a jovem Anathema Device, descendente de uma antiga profeta da qual vive recitando passagens oriundas de um velho livro. Destaque também para os quatro cavaleiros do apocalipse e suas representações. A parceria de Gaiman e Pratchett em “Belas Maldições” publicada pela primeira vez em 1990 na Inglaterra ainda diverte bastante, contudo, algumas das piadas perderam o sentido com o decorrer do tempo e não funcionam mais tão bem. Mesmo assim é leitura bem recomendável.

Nota: 7,5

Leia um trecho no site da editora, aqui


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