sábado, 16 de julho de 2016

Literatura: "Selva de Gafanhotos" e "Autoridade"


Uma pequena cidade do estado de Iowa nos Estados Unidos pode ser a responsável por desencadear o final do mundo como conhecemos. Aliás, pequena não, seria elogio chamar Ealing de pequena. É uma cidade que desde que uma antiga empresa cessou as atividades está só sumindo cada vez mais. É lá que mora o jovem Austin Szerba, descendente de poloneses, que tenta suportar a vida andando de skate e com a companhia do melhor amigo Robby Brees e da namorada Shannon Collins. Porém, tudo ganha outros contornos quando os dois amigos se deparam com vários objetos esquisitos dentro da sala de uma loja de antiguidades. Junte-se isso a uma desavença com outros garotos, um bom tanto de estupidez e algum azar, que o fim do mundo tem seu início. Esse é o argumento geral de “Selva de Gafanhotos” (Grassopper Jungle, no original), livro de Andrew Smith que a editora Intrínseca colocou no mercado nacional no ano passado com 352 páginas e tradução de Edmundo Barreiros. O autor tem vários romances juvenis como “A Cura Invisível” e “A Lente de Marbury” e navega tranquilamente por esses mares. O incidente resulta na liberação de uma cepa que transforma seres humanos em insetos parecidos com Louva-a-deus, mas de 1,80m cada. O que se desenrola a partir daí é a luta pela sobrevivência e o caminhar de ações cada vez mais surreais, enquanto Austin e Robby vão descobrindo pouco a pouco mais sobre os fatos que envolvem cientistas malucos, experimentos para o governo e muito narcisismo. No pano de fundo estão todas as dúvidas adolescentes em relação a amor e sexo, embalados com bom humor e Rolling Stones. “Selva de Gafanhotos” apresenta um autor que sabe muito bem onde pisa e utiliza todas as ferramentas a disposição para agradar ao público que se direciona. Contudo, não consegue ir além do razoável e não acrescenta nada de novo a essa categoria de literatura.

Nota: 5,5

Site do livro com capítulo para leitura:


Quando se termina a leitura de “Aniquilação”, o primeiro livro da trilogia “Comando Sul” do escritor Jeff Vandermeer, a expectativa para a continuação é bem boa. “Autoridade” (Authority, no original) é essa sequência. Originalmente publicado em 2014, ganhou edição tupiniquim no ano passado pela editora Intrínseca com 384 páginas e tradução de Braulio Tavares. Os fatos narrados no livro são diretamente posteriores ao fracasso da expedição de número 12 contado antes. O desastre com que resulta mais essa missão dentro da área explorada pelo governo com o intuito de descobrir razões e porquês é o suficiente para que um novo diretor seja indicado para a instalação. John Rodriguez (mais conhecido como “Controle”) é esse agente. Com uma missão no mínimo indigesta, sem contar com a colaboração dos seus subordinados e um passado pesado dentro da mochila que carrega nos ombros, as chances de sucesso não são nada animadoras. Se em “Aniquilação” a aventura guiava a trama dentro dos aspectos da ficção científica, em “Autoridade” o drama e o terror psicológico é que tomam a frente. Jeff Vandermeer vai aos poucos soltando novas revelações sobre o que realmente representa a Área X ao mesmo tempo que insere novos questionamentos e receios dentro do jogo. O autor cria uma atmosfera psicológica tão pesada que o medo e o terror daquilo não anunciado servem como combustível suficiente para tocar a trama, apesar de isso acontecer em um ritmo menor e mais cadenciado. Nesse novo volume da trilogia temos uma guinada importante não somente de caminhos propostos pelo roteiro como também de estilo, sem deixar que o leitor perca o interesse. Porém, a qualidade total da série fica condicionada ao seu término com “Aceitação” (já lançado por aqui), já que esta não consegue funcionar bem individualmente como percebe-se agora em “Autoridade”. A conferir.

Nota: 7,0

Site do livro com capítulo para leitura:
http://www.intrinseca.com.br/comandosul/autoridade 


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