sábado, 31 de outubro de 2015

Quadrinhos: “Superman: Terra Um – Vol. 2” e "O Muro"

 
No universo dos quadrinhos é normal que de tempos em tempos as grandes editoras busquem reinventar seus maiores personagens, dando a esses ícones uma atualizada a fim de atingir novo público, porém tratando isso na maioria das vezes como um projeto paralelo para que os fãs antigos não chiem muito. O resultado de tal iniciativa oscila bastante entre bom e ruim, o que não impede de se tentar novos projetos. Em 2012 a DC Comics começou uma série intitulada “Terra Um”, onde a cronologia de todas as décadas não era muito levada em conta. O primeiro a ser reformulado foi o Superman (depois já vieram Batman e Titãs) com roteiro de J. Michael Straczynski (da excelente “Rising Stars”) e arte de Shane Davis (Liga da Justiça). A Panini publicou aqui em 2013 o arco inicial dessas histórias e agora em 2015 coloca no mercado “Superman: Terra Um – Vol. 2”, continuação dos fatos desenvolvidos no volume anterior, mas como se trata de tramas fechadas pode ser consumido sem ter conhecimento do que veio antes. Nesse encadernado com 132 páginas encontramos um Superman ainda inseguro com seu lugar no mundo e sem saber exatamente o que fazer com todo o poder e como se posicionar. No meio desse caminho de afirmação aparece o Parasita, um dos vilões mais poderosos que o kryptoniano já enfrentou e dentro dessa ação o roteiro ainda insere uma boa dose política e apresenta um homem de aço não tão escoteiro como se está acostumado. Mesmo com texto do competente Straczynski e arte-final de Sandra Hope com cores de Barbara Ciardo ajudando os limpos desenhos de Shane Davis, parece que os envolvidos ainda não encontraram um tom para que funcione essa repaginada. Apesar de se levar em consideração que esse “Volume II” é superior ao antecessor, ainda assim temos apenas uma mediana aventura, que não acrescenta nada ao personagem e é plenamente esquecível depois de algumas horas.

Nota: 5,0


A adolescência não é tarefa das mais fáceis para qualquer um, por mais que ofereça em contrapartida boa gama de alegrias e lembranças que vão ser levadas durante toda a vida. Imagine então ter 13 anos e morar em uma pequena cidade que não oferece opções de entretenimento quando de repente sua mãe resolve se mandar com outro cara lhe deixando somente com o pai, um pai que praticamente não para em casa e vive viajando a trabalho. É assim que se encontra Rosie, a protagonista da graphic novel belga “O Muro” (Le Muret, no original). Publicada no ano de 2013 lá fora recebe edição nacional esse ano através da editora Nemo com 192 páginas e tradução de Fernando Scheibe. “O Muro” é o primeiro projeto em quadrinhos da escritora infantil belga Céline Fraipont e conta com a arte do argelino Pierre Bailly em preto e branco. Ambientada no final dos anos 80, o roteiro navega por todas as ânsias de uma garota que de repente se vê sozinha no mundo e que entre descobertas e desilusões vai se acertando do jeito que dá. A trama apesar de delicada não é demasiadamente juvenil e explora drogas, álcool e sexo envolvidos no traço bastante peculiar de Pierre Bailly que usa e abusa de sombras e escuridão em quadros dos mais diversos tamanhos, em que consegue repassar ao leitor a sensação de estranhamento e tédio que assola a personagem principal. Ao redor disso Céline Fraipont enxerta muita música e discos, como a coletânea “Ramones Mania” dos Ramones ou “Three Imaginary Boys” o registro de estreia do The Cure, fazendo com que a música sirva como coadjuvante e desafogo da história. “O Muro” trata do crescimento e da formação de uma pessoa perante adversidades, um tema que já foi usado largamente por toda a arte, no entanto, aqui esse tema é tratado com habilidade e o resultado disso é um trabalho com várias qualidades que merece ser conhecido.

Nota: 7,5




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