quarta-feira, 4 de março de 2015

Quadrinhos: "Astronauta: Singularidade" e "Casanova: Gula"

O projeto Graphic MSP onde os personagens de Mauricio de Sousa são revisitados por novos autores em histórias mais longas e adultas já rendeu ótimos momentos. “Astronauta - Magnetar” lançado em 2012 foi o primeiro filho desse projeto e merecidamente ganhou uma continuação no ano passado pelo mesmo Danilo Beyruth que fez a arte e o roteiro e contou novamente com o talento de Cris Peter na colorização. “Astronauta – Singularidade” tem 84 páginas, dois tratamentos distintos de publicação (em brochura e capa dura) e lançamento pela Panini Comics. Nessa nova jornada o personagem está passando por uma avaliação psicológica para saber a extensão dos danos causados na aventura anterior (e não está aceitando isso muito bem) quando aparece outra missão na qual terá que dividir a nave com dois passageiros, com objetivos um pouco diferentes do seu. Danilo Beyruth vem construindo um personagem complexo até agora, expondo medos, dúvidas e solidão ao lado da perseverança, empenho e idealismo que lhe é inerente. O argumento de “Astronauta – Singularidade” é meio óbvio e está abaixo do álbum que o precedeu, mas ainda assim vale para aumentar a complexidade dessa versão do Astronauta, que aliada ao trabalho visual magnífico tanto na arte quanto na colocação das cores se configura em credencial suficiente para mais um volume no futuro.

Nota: 7,0

Texto relacionado no blog:
- Quadrinhos: “Astronauta Magnetar” – Danilo Beyruth 

“Casanova: Gula” foi publicada aqui no Brasil no início de 2014 pela Panini Books com 164 páginas e capa dura e traz os desdobramentos do que foi visto em “Casanova: Luxúria”, juntando as edições originais de 8 a 14. Matt Fraction continua no comando do roteiro e as cores são novamente de responsabilidade da talentosa Cris Peter, mas a arte desse arco de histórias passa do Gabriel Bá para seu irmão gêmeo Fábio Moon, que opta em manter o mesmo estilo basicamente, o que significa um alto nível de qualidade. Dessa vez a mistura de espião com um bocado de outras coisas chamado Casanova Quinn está perdido, mas não em um lugar e sim em um tempo, o que resulta na pergunta “Quando ele estará?”. Essa é a deixa para Matt Fraction deslanchar a narrativa amalucada e anárquica com ciência, sexo, ação, humor corrosivo e muitas referências. Na leitura vemos uma referência ao Strokes aqui, outra a Francis Ford Coppola acolá, passando por Thomas Pynchon, Apples In Stereo e Beatles. O Casanova em si praticamente quase não aparece, seu pai e irmã comandam essa edição ao lado dos vilões e de novos personagens tão estranhos e surreais como os já conhecidos. “Casanova: Gula” mantém o padrão da série e é uma leitura divertidíssima, onde a estética continua sendo superior aos argumentos, mas, na boa, quem se importa?

Nota: 7,5

Texto relacionado no blog:
- Quadrinhos: “Casanova: Luxúria” – Matt Fraction e Fábio Moon




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