terça-feira, 5 de agosto de 2014

"Guardiões da Galáxia" - 2014

Quando a Panini começou a publicar por aqui na segunda metade da década de 2000, as partes iniciais e preparatórias para a saga “Aniquilação”, já se percebia que a Marvel estava fazendo ali algo de interessante. Depois que a saga avançou e se alastrou por outros títulos da editora, o intuito de retomar as aventuras cósmicas parecia ter sido alcançado e deixou não somente uma boa história que continua tendo suas ramificações presentes nos dias atuais, assim como fez ressurgir nomes esquecidos e acrescentou mais alguns no rol de personagens utilizados frequentemente. Foi o que aconteceu com os Guardiões da Galáxia.

Peça fundamental dessa narrativa o grupo criado no final dos anos 60 por Arnold Drake e Gene Colan, recebeu uma nova roupagem pelas mãos de Dan Abnett e Andy Lanning, sendo essa versão que o diretor James Gunn utilizou juntamente com Nicole Perlman no roteiro para criar o filme amparado no time. “Guardiões da Galáxia” é mais um produto da Marvel no cinema e representava uma aposta maior do que as outras produções, já que os personagens só eram conhecidos por leitores mais assíduos de histórias em quadrinhos e não tinham o apelo lógico de nomes como Capitão América e Vingadores, para citar alguns exemplos.

Na trama, uma criança se vê abduzida por uma nave alienígena logo após o falecimento da mãe. Peter Quill (Chris Pratt de “Ela”), que mais tarde será conhecido como Senhor das Estrelas, era essa criança e ressurge na tela já como adulto e como um caçador de tesouros intergaláctico, se preocupando somente com a adrenalina e possíveis ganhos. Em uma pequena reviravolta no desenrolar dos fatos, ele se vê ao lado de Gamora (Zoe Saldana de “Avatar”), Drax (o lutador de MMA Dave Bautista), Groot (feito com computação gráfica e voz de Vin Diesel) e Rocket Raccoon (também feito por computação gráfica e com voz de Bradley Cooper).

Esse bando desconexo e com objetivos distintos entre si acaba por criar uma improvável e torta afeição e se vê correndo contra o tempo para evitar que Ronan, o Acusador (Lee Pace de “Lincoln”) tome conta de um poder imensurável e repasse este para que Thanos (novamente Josh Brolin, assim como na cena extra de “Os Vingadores”) destrua planetas e exerça domínio sobre o universo. Nessa luta para deter os vilões, o diretor James Gunn (do razoável “Super” de 2010 e dos roteiros dos 2 primeiros longas do Scooby-Doo), apresenta uma surpreendente mistura de ação, guerra espacial, cultura pop e humor, muito humor.

Comparado aos quadrinhos (e em adaptações temos sempre que atentar para esse lado) algumas mudanças ficam bem claras. A insensibilidade de Gamora, a “mulher mais perigosa do universo”, é bem acentuada. Já Drax, o Destruidor tem o seu foco de ódio transferido de Thanos para Ronan e aparece em uma versão mais burra que a usual. Outra coisa apresentada de modo diferente é a Tropa Nova (espécie de Tropa das Lanternas Verdes da Marvel) que além de não ter os seus caracteres originais de poder também é carregada de maior humor (com direito até a John C. Reilly como um oficial barrigudo).

Essas diferenças, porém, se chegam a incomodar levemente os mais conhecedores dos personagens (principalmente no caso da “alegria” da Gamora), por outro lado estão ali para que o tom utilizado na película funcione melhor e qualquer indicação de provável demérito seria nada além de mero exercício de rabugice. “Guardiões da Galáxia” é na sua essência um filme do bem contra o mal, de como indivíduos podem descobrir nobreza dentro de si apesar das ações indicarem o inverso, e de como uma amizade pode surgir de onde menos se espera. Contudo, nada disso realmente importa. O que importa é a aventura em si, suas cenas de ação e diálogos.

Com uma trilha sonora impecável com canções dos anos 70 e 80 e que passa por coisas desconhecidas e outras como “Moonage Dream” do David Bowie, “Cherry Bomb” das Runaways e “I Want You Back” dos Jackson 5, tudo por causa de um walkman (sim, um walkman) inserido na trama que se une com referências diversas que vão desde “Star Wars” (nas cenas de batalha com as naves) até “Footloose” (com analogias a danças e o ator Kevin Bacon), “Guardiões da Galáxia” é um filme que deve ser visto seja para rir bastante ou para achar uma das dezenas de insinuações e menções do roteiro. Um filme para não ser levado a sério, no melhor dos sentidos.

P.S: Na cena escondida existe uma referência bem peculiar. Fique na sala.

P.S (mais um): Para quem quer se alongar no tema “Guardiões da Galáxia” antes do segundo filme previsto para 2017 vale correr atrás dos quadrinhos atuais, onde a equipe conta até com o Homem de Ferro no seu quadro e está sendo escrita pelo craque Brian Michael Bendis. Bem recomendável.

P.S (só mais esse, prometo): Rocket Raccoon e Groot estão hilariantes e impagáveis.

Nota: 9,0

Assista a um trailer legendado:



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