quarta-feira, 22 de maio de 2013

"Demolidor Noir" - Alexander Irvine, Tomm Coker e Daniel Freedman

Em 2009 a Marvel resolveu criar uma nova linha de quadrinhos baseada nos seus personagens clássicos. A ideia primordial era ambientar essas histórias nos anos 30 e caracterizar estas com um aspecto noir e inspiradas na literatura pulp da época. O noir que como literatura e, principalmente cinema, rendeu ótimos frutos, invadiria assim os quadrinhos com suas tramas policiais com detetives, assassinatos, cores negras, homens dúbios e mulheres provocantes e não confiáveis. A ideia foi dando certo e a Marvel estendeu essa linha para uma gama bem ampla do catálogo.

A Panini Comics começou a publicar esses produtos por aqui e o resultado é sempre mais ou menos satisfatório, apesar de não convencer exatamente pelo brilho do personagem principal e sim por algum outro atrativo, caso dos aspectos sociais e econômicos expostos em Homem-Aranha ou do ritmo de aventura visto em Homem de Ferro. Porém, era meio claro que quem teria mais condições de se adequar a esse estilo era o Demolidor. Era só não estragar tudo como fizeram no horrível filme de 2003.

“Demolidor Noir” foi publicada em terras brazucas agora em 2013 e apresenta as quatro edições lançadas lá fora entre junho e setembro de 2009 em um arco fechado. Com roteiro do escritor Alexander Irvine, arte de Tomm Coker e cores de Daniel Freedman, o homem sem medo é transportado para o período da lei seca, mas continua na Cozinha do Inferno. Lá, ele não é mais um advogado, mas um ajudante do amigo Foggy Nelson, travestido aqui nesta versão em um investigador particular.

O Matt Murdock de “Demolidor Noir” é um homem mais atormentado que de costume, e assim, diferente das outras publicações dessa linha editorial, assume o posto de destaque. Sem encontrar seu lugar, vive sofrendo com dúvidas, inquietações e um sentimento de raiva pela morte do pai que lhe move adiante contra o crime. Seus instintos aumentados são um benefício sem dúvida, mas também uma dor constante, que lhe tiram o sossego e aplicam no seu ego uma confortável e perigosa dose de arrogância.

É essa arrogância que o atira dentro de um caso junto com o rei do crime Wilson Fisk, um novo gângster que tenta lhe roubar o trono e, evidente, uma bela mulher, tão comum nas histórias do Demolidor e do próprio gênero noir. Quando atualmente o personagem passa por mais uma das suas inúmeras (e interessantes) reconstruções pessoais, esse olhar diferente com cores escuras e densas serve para reafirmar o potencial e carisma do Demolidor, mesmo que sempre renegado a mero coadjuvante pela Casa das Ideias.

P.S: Só o uniforme que não ficou lá essas coisas. Perdoável.

Nota: 8,5

Mais sobre os autores Alexander Irvine, Tomm Coker e Daniel Freedman você encontra aqui (http://alexirvine.blogspot.com.br) e aqui (http://www.corvxstudios.com).

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