quinta-feira, 10 de maio de 2012

"Inquietos" - 2011


“Two Of Us” dos Beatles toca ao fundo enquanto um jovem vestido de terno passa um giz branco contornando o corpo deitado na rua. A cena exibida sem pressa e que se alonga depois para a cidade faz o espectador se interessar logo de cara e é um bonito gol que o diretor Gus Van Sant marca na entrada de “Inquietos” (‘Restless’, no original). O filme do ano passado ganhou lançamento recentemente em DVD aqui no país.

Gus Van Sant vinha de um bom trabalho anterior (“Milk - A Voz da Igualdade” de 2008) e deixava expectativa para o que apresentaria na sequência. Tipo de diretor que pode facilmente ser tanto amado quanto odiado, preencheu a carreira com películas como “Drugstore Cowboy” de 1989 e “Gênio Indomável” de 1997, porém está devendo há algum tempo algo do mesmo nível (“Elefante” de 2003 é razoável e nada além).

E não é com “Inquietos” que ele paga essa dívida. No longa conhecemos Enoch Brae (o estreante Henry Hopper, filho do ator Dennis Hopper), o rapaz que passa giz em volta do corpo. Estranho e reservado possui como atividade principal frequentar velórios como penetra. Em um desses funerais encontra por acaso Annabel Cotton, a bela e competente Mia Wasikowska do “Alice No País das Maravilhas” de Tim Burton.

O caminho dos dois começa a se cruzar com frequência, seja por sorte ou por causa de uma pequena ajuda das partes, e não demora para que um relacionamento amigável se estabeleça. Os dois carregam dores próprias e uma relação bem particular com a morte e o convívio proporciona uma espécie de alívio para essas dores. E a partir disso que o roteiro de Jason Lew já escancara e anuncia a direção básica pela qual o filme será conduzido.

Nesse escancaramento é que “Inquietos” se perde e não consegue se firmar. Nos primeiros 20, 25 minutos iniciais já dá para desenhar o futuro dos personagens com grande exatidão. Já que a surpresa foi logo descartada do roteiro de opções, a intensidade com que a história se desenvolve passa a ser o principal e nesta, apesar de algumas cenas realmente interessantes, Gus Van Sant também não consegue inserir aquilo que almejava.

“Inquietos” tem uma eficiente trilha sonora nas mãos do grande Danny Elfman e traz nomes como o diretor Ron Howard e a atriz Bryce Dallas Howard na produção, mas é um projeto que fracassa nos seus objetivos. Ao escolher a juventude para tratar de temas complicados como mortalidade e medo, Gus Van Sant não brilha e mergulha o seu mais recente trabalho no abarrotado mar de razoabilidade que se habituou a visitar.

Nota: 5,5

Assista ao trailer:



Nenhum comentário: