quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

"Margin Call - O Dia Antes do Fim" - 2011

Eric Dale (Stanley Tucci) está em frente ao computador de trabalho, com olhar compenetrado no que vê. Nada parece distinguir esse dia de outro dos últimos 19 anos em que é funcionário da mesma empresa, até ser chamado por uma pessoa que nunca viu antes que vem lhe explicar que está demitido (uma pessoa como o Ryan Bingham de “Amor Sem Escalas”). Lá ele ouve sobre o desligamento, fica com raiva, mas aceita. Antes de sair do prédio encontra um dos subordinados e entrega um arquivo em que trabalhava. Pede “cuidado” quando for analisar.

Estamos em setembro de 2008 em plena Wall Street, um dia antes de emergir a pior crise da história estadunidense desde o ano de 1929. A crise que derrubou titãs do mercado financeiro como o banco de investimentos Lehman Brothers (no qual o longa parece livremente se inspirar). E é nesse calamitoso dia que o estreante diretor (e roteirista) J.C. Chandor fez nascer “Margin Call - O Dia Antes do Fim”, um filme que tem a habilidade de balancear estreitos dramas pessoais com o cenário maior que irá se desencadear para milhares de cidadãos.

O arquivo que Eric Dale trabalhava preocupado cai nas mãos do talentoso Peter Sullivan (Zachary Quinto, o Sylar da série “Heroes”) e ele por curiosidade e ambição se debruça nele para concluir. Para tanto, vara a madrugada. O resultado é que parece não ser nada animador, aliás, é completamente alarmante. Os números e projeções indicam que o patrimônio da empresa caminha para a desvalorização quase total, o que significa um desmoronamento rápido e absoluto, causado pela falta de compromisso e de zelo com as regras do mercado.

Ao pressentir a merda que se encaminha para o ventilador, Peter chama o chefe (Paul Bettany) de uma farra e depois todo o alto escalão é convocado como se fosse uma boneca russa se sobrepondo. Primeiro o diretor da seção Sam Rogers (Kevin Spacey), em seguida seu superior Simon Baker (Jared Cohen) e no final mais uma diretora (Demi Moore) e o grande leão da selva, o presidente (ou CEO, como preferir) John Tuld (Jeremy Irons). Em uma reunião farta de cobranças e medo, soluções são buscadas sem se ater a ideia do que é correto, apenas de resistir.

“Margin Call” é uma fotografia bem batida da podridão e egoísmo que o dinheiro faz despertar no ser humano. Em um lugar onde alguns lucram milhões por ano, de nada importa as pessoas que andam pelas ruas sem saber o que vai acontecer no próximo dia, como avalia em certa passagem o personagem de Zachary Quinto. Ao lado de “Trabalho Interno” de Charles Ferguson, o filme de J.C. Chandor forma um panorama abundante da linguagem que os chefões do mercado financeiro dominante no mundo conhecem. A linguagem do lucro e da sobrevivência.

Assista ao trailer:


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