terça-feira, 5 de julho de 2011

"Contra Corrente" - 2009

O dia amanhece e o cara olha para a cama pensando nas justificativas que pode arrumar para que não se prolongue o caso iniciado com a mulher que se enrola no lençol. Ela entende e se antecipa para sair do quarto. Ele se arremessa em uma cadeira e começa a olhar para um calendário na parede que traz a data de 28 de agosto marcada em destaque. Essa é a cena inicial de “Contra Corrente” (“Against The Current” no original) e dirá bastante sobre o filme que se apresentará a seguir.

Escrito e dirigido por Peter Callahan, o longa foi lançado em 2009 e pode ser encontrado em DVD por aqui. É um trabalho que fala sobre a dificuldade de se encerrar ciclos e seguir em frente mesmo quando uma grande tragédia insiste em não deixar a cabeça em paz. É nesse estado que o cara da primeira cena se encontra. Paul (Joseph Fiennes de “Shakespeare Apaixonado”) está com 35 anos e carrega consigo a dor da morte da esposa e da filha que ainda estava na barriga da mãe.

Vivendo sem muita vontade depois disso, com um trabalho do qual não gosta e se envolvendo o mínimo possível, ele não consegue ir adiante. Em uma ida ao bar do amigo Jeff (o ótimo Justin Kirk, o Andy da série “Weeds”), ele o convence a entrar em um projeto inusitado que é percorrer o rio Hudson por mais de 240 quilômetros até chegar a Nova York. Além de agregar Jeff para o projeto, ainda consegue o apoio de Katie (Samanta Shermann), que se incorpora na jornada marítima.

Enquanto Paul vai nadando e os dois amigos acompanham em um barco velho e lento ao lado, as coisas começam a se explicar e aparece o real motivo que iniciou a aventura. Em homenagem aos 5 anos de falecimento da esposa e da filha, Paul planeja chegar em Nova York e se suicidar. Essa revelação, inegavelmente abala toda a estrutura da viagem, e passa a construir os melhores momentos do filme, que passa a duelar no delicado campo da vontade própria contra os costumes sociais.

O roteiro de “Contra Corrente” exibe algumas falhas quando faz as coisas acontecerem rapidamente e espalha facilidades pelo caminho da viagem. No entanto, isso acaba não sendo tão prejudicial, pois na verdade o filme trata sobre a inabilidade que temos em aceitar as coisas e perceber que tudo uma hora chega ao fim e é preciso continuar caminhando. Sem muito sentimentalismo, vira um bom filme que ao final coroa o espectador com uma bela sequencia ao som de “Holes” do Mercury Rev.

Assista ao trailer em inglês (não achei legendado):


Nenhum comentário: